Eu poderia contestar, já que mantinha ainda um segurança disfarçado no encalço dela, que naquele momento estava sentado do outro lado da sala da recepção, olhando para o celular como se fosse um paciente ou acompanhante no local. Eu pagaria alguém para proteger chuchu para o resto da vida... Ou ao menos enquanto o pai dela vivesse, já que eu não confiava em Ernest Abertton de jeito algum e tinha medo que sua filha fosse afetada por alguma consequência de seus atos ilícitos.
Me despedi de Olívia com um aceno de cabeça e saí em companhia de minha irmã.
- Queria que eu a visse? – Perguntei-lhe, enquanto abria a porta do carro para ela.
- Claro que sim. – Confessou, com um sorriso.
- Da próxima vez não precisa me chamar. – Pedi.
- E foi melhor do que eu pensava, já que eu não sabia que Jai era o irm&atild
Assim que me viu, arregalou os olhos, preocupado. Deu um salto e sentou-se na cama:- Você... Faz o que aqui?- Que porra... Aconteceu? – Fiquei pasmo ao ver que ele tinha levado uma surra das grandes.Jorel cobriu o rosto e não disse nada. Parecia uma criança, como sempre. Fiquei puto, gritando:- Quando você vai crescer, porra? Não entende que podem matá-lo? Isto são avisos? Me diga!Meu irmão levantou as pernas e descansou a testa nos joelhos, escondendo o rosto de mim.- Eu já vi como você está, Jorel! – Mantive o tom alto, ainda em fúria – Me diga que foi briga por causa de mulher... Por favor! – passei os dedos pelos meus cabelos, sentindo o suor leve no couro cabeludo. Sim, meu irmão fazia eu ficar nervoso daquela forma.- Não foi... – Ele respondeu com a voz baixa, não se atrevendo a explicar o re
Jorel me abraçou, chorando como fazia quando era criança, e eu o acolhia no meu colo e logo depois ele era retirado de mim. Eu ainda carregava os castigos na mente... E na alma.Mas eu conseguia naquele momento, diferentemente de Aneliese, aceitar que nosso pai não estava ali e tudo que acontecia era fruto de nossas memórias, um simples gatilho que nos fez voltar ao passado do qual tantos tentávamos nos livrar.Meu irmão certamente tinha as lembranças dele, mas não eram nada comparadas às minhas e de Aneliese. Jorel era o caçula e por este motivo não sofreu o mesmo que nós, pois passou pouco tempo sob o domínio dos nossos pais. No entanto teve menos atenção ainda de nossa mãe, que quando ele nasceu se encontrava mais dentro dela mesma do que no próprio mundo em que vivia.Hoje eu entendia que aquilo era depressão, mas antigamente achava q
- Naquela noite ele me pegou no quarto, enquanto eu dormia... – ela limpou as lágrimas, fazendo questão de dizer olhando nos nossos olhos – Simplesmente retirou a coberta de cima de mim e pegou-me pelo braço, levando-me para o escritório. Raramente acontecia no mesmo lugar... E nunca foi no meu quarto.- Certamente ele tinha medo que você gravasse... Ou conseguisse qualquer tipo de provas... Por isto trocava o lugar. – Pensei alto.- Eu fiquei feliz quando entrei no escritório – ela sorriu – Sim, pela primeira vez na vida agradeci por ele ter chegado naquela hora e ter me pego... Porque eu sabia que seria o fim de tudo. Quando ele me pôs sobre a mesa, de... De... – ela começou a gaguejar a parecia que a voz não sairia.Jorel a afagou e disse, chorando inconformado:- Não precisa contar os detalhes, porra!- Eu preciso... Porque me calei a vida inteira... – ela engoliu a saliva, parecendo querer limpar a garganta – Ele deitou a parte superior do meu
- E ele pode não crescer mais? – Perguntei – Nunca mais?- Sim... Isto confirmaria que o tratamento o qual fui voluntária foi um sucesso – ela sorriu – Mas não acredito nisto.- Então por que fez?- Porque eu tenho uma filha de 4 anos e não quero que ela saiba no futuro que morri sem tentar.- Não fale besteiras. – Pedi.- Gabe, quando eu me for, quero que você fique com ela.- E eu? – Jorel falou como um menino de cinco anos, até os olhos eram de piedade.- Você será o melhor tio do mundo. Mas não está preparado para assumir uma criança como Rarith, que exige muita responsabilidade.- Ela tem um pai. – Observei.- Sei que ninguém iria contra você, Gabe.- Ele sim. É a filha dele! Ou... Não?- Como eu gostaria de dizer que não... Mas infelizment
- Que porra é isto na sua mão? – Jorel perguntou enquanto observava minhas mãos no volante do Pagani.- Nada! – Tentei retirar a mão esquerda, que ele puxou com força, decifrando as letras de forma atenta.Ouvi a gargalhada de meu irmão, que riu até que as lágrimas caíssem dos seus olhos.- Acha isto engraçado? – fui sério, já que não via motivo algum para deboche – Estamos num lugar perigoso, para pagar a porra das suas dívidas e você se atreve a rir?- Não estou rindo da situação em que estamos! Estou rindo da porra que você fez no dedo! Estava chapado? Fez isto com uma arma apontada na sua cabeça? Olívia o obrigou? Mas... Vocês não estão se divorciando?Eu não respondi. E nem precisava dar satisfações a ele.- Gosta dela tanto assim
Ele começou a rir e acabei rindo também.- É sobre isto, Jorel... Vai encontrar a pessoa.- E como vou ter certeza que é ela?- Tendo! Seu coração vai bater mais forte quando olhar nos olhos dela. E sentirá algo estranho, como se o sangue fervesse e descesse pelas suas costas, bem no meio da espinha... E tudo vai para o seu pau.- Cara, isto é amor à primeira vista! Esta baboseira não existe.- Você acredita em alguma coisa? Já amou algo ou alguém?- Eu acredito que o 7 é o meu número da sorte. E eu amo o som da bolinha na roleta... E também amo o croupier, quando ele diz “Número 7. Vermelho. Ímpar. Primeira dúzia!”- Você é um idiota!Diminuí a velocidade ao entrar na rua de terra batida e imediatamente os olhos se voltaram para nós. Era uma daquelas vielas q
POV GABEOuvi uma batida na porta e Jorel entrou. Meu irmão era a única pessoa na face da terra que se atrevia a entrar na minha sala sem bater. E que pouco se preocupava em ser anunciado, como se a presença dele fosse importante o bastante para não precisar de nenhuma formalidade.- Recebi seu recado. – Ele sentou-se à minha frente, pegando uma caneta que estava sobre a mesa – Quanto você pagou por esta porra?- Menos do que você paga por uma prostituta. – Mal retirei os olhos do que eu estava fazendo no computador.- Não saio com prostitutas. Sou um homem disputado o bastante para felizmente não precisar pagar ninguém para me satisfazer sexualmente, como “uns e outros” por aí. – Deu uma risadinha debochada.Minimizei a tela importante na qual eu estava trabalhando e o olhei:- Não lembro de ter lhe dado o direito de sequer “pensar” no que faço ou deixo de fazer. – Deixei bem claro.- Quando levanta a sobrancelha deste jeito você parece um velho. – Seguiu me provocando.Respirei fund
- Se eu não casar com ela ficarei sem dinheiro?- Não só isto!- Não? – O olhar dele se estreitou, como se quisesse pagar para ver.- Vou ferrar com a sua vida.- Vou mandar fazer um exame de DNA. Duvido que tenhamos o mesmo sangue nas veias, Gabe. Olhe o que você está me dizendo!- Você poderia ser o bebê da mamãe, Jorel, mas não é o meu! Sabe que meu tempo é precioso para que eu o perca com você. Então não teria lhe chamado aqui para “brincar”.Meu irmão ficou um tempo em silêncio, pensativo. Mas eu o conhecia o bastante para saber o que o atormentava. Ele não era capaz de ficar comendo uma única boceta.- Entenda uma coisa, Jorel. Eu só quero que você case com Olívia Abertton. Em momento algum eu disse que deveria deixar de viver a sua vida como sempre viveu? Aliás, eu já falei sobre um bônus a mais na sua mesada, não é mesmo?- Quer dizer que... Se eu casar com a tal Olívia... Posso continuar fazendo tudo que sempre fiz? E... Ainda vou ganhar uma mesada maior? – Os olhos dele se a