Meu interfone tocou e não atendi. Eu estava numa reunião e talvez o secretário sendo novo não sabia que eu não aceitava ser interrompido. No entanto recusei e ele seguiu tentando.
Fiquei irritado com o som estridente e insistente. Peguei o fone para mandá-lo a puta que pariu, depois de manda-lo passar no RH e assinar sua demissão quando ouvi a voz preocupada:
- Senhor Clifford, tem uma mulher aqui que deseja falar com o senhor urgentemente. E disse que não pode esperar... E... Inclusive está tentando invadir a sala. Devo... Chamar a segurança?
Eu sorri. Sabia quem era.
- Mande-a entrar.
Segundos depois a porta se abriu e deparei-me com os traços marcantes e expressivos, com seus olhos grandes e profundos, em um tom castanho-escuro quase melado. O olhar era penetrante e cheio de personalidade. A pele morena clara refletia sua vitalidade e os lábios carnudos destacado
- Por quê? Vai confessar que o filho não é meu na ausência do advogado? Sinceramente, não tenho interesse em ter esta conversa com a senhorita longe do senhor Castro. Afinal, tudo que disser ele certamente usará contra você no tribunal. – Eu ri – Você foi bem pouco inteligente, Ingrid. Eu poderia processá-la antes, pela questão do doping, que já tinha provas, mas não o fiz. E sinceramente foi por falta de tempo, pois minha vida estava de cabeça para baixo. Mas agora estou reorganizando tudo... E a sua presença aqui, justo hoje, me fez lembrar que não é preciso muito para mover um processo contra qualquer pessoa, já que pago advogados para estas coisas. Ou seja, destruirei a sua maldita vida, assim como fez com a minha.- Olívia Abertton nunca o mereceu, senhor Clifford.- Ah... E você me merece! – Gargalhei.- Eu... Am
POV OLÍVIAMal consegui dormir naquela noite que passou, lembrando de Gabe e suas acusações. Ele realmente achava que Jai era meu amante. E sinceramente, eu não daria explicações porque que ele não merecia. Aquele homem tinha feito coisas horríveis para mim para merecer qualquer tipo de consideração.Mas embora eu tivesse ciência de que não lhe devia explicações, ainda assim doía a forma como fui julgada. E a frieza com que me tratou.Antes que eu levantasse da cama a porta se abriu e vi Rita, de camisola, com o telefone na mão. Ela me encarou e perguntou:- Já viu seu celular hoje?Peguei o aparelho na mesa de cabeceira, exclamando:- Não!Antes que eu pudesse ver qualquer coisa na tela do meu aparelho, ela me mostrou o seu. Notícias quentes da internet:🚨 EXCLUSIVO: Ex-secretária da Cliff
Engoli em seco, sentindo o mundo cair sobre a minha cabeça.- É isto que você deseja, não é mesmo, chuchu?- S... S... Sim. – a palavra saiu com dificuldade da minha boca, a ponto de eu achar que nem conseguiria dizer.- O doutor Castro disse que em torno de no máximo dez dias estaremos sendo chamados para assinar tudo. Para agilizar, faremos isto perante o juiz. Nos poupa tempo e segundo ele o processo será rápido, já que ambos estamos de acordo com tudo.- Que... Bom! – Me doeu o fato de ele parecer estar tão tranquilo com aquilo.Pelo visto o coração dele voltou a ficar seco e sem sentimentos. E os “eu te amo”? Tudo foi mentira?- Você ficará com a casa. – Disse de forma firme.- Casa? A que você tomou de mim?- No dia do divórcio receberá os documentos da casa, Olívia. E ju
A fila do sorvete na cabine do Mac Donald’s estava longa. Apesar de tudo, eu não sairia dali sem um sorvete. Era caso de vida ou morte.Respirei fundo, sentindo dor nas pernas enquanto aguardava. E por que a vontade insana de comer aquele sorvete em específico? Desejo?- Eu... Vou ao banheiro. – Avisei Jai, saindo da fila e indo em direção ao local que eu precisava.Sim, senti tudo rodar com a possibilidade que me vinha à mente. Eu já tinha 20 anos menos de vida... E uma gravidez poderia reduzir meu tempo em... Oito ou nove meses apenas... O suficiente para carregar meu bebê no ventre e botá-lo no mundo, entregando-o nas mãos do pai.Senti um nó na garganta e acabei indo de encontro a uma pessoa que passava. Sim, eu sequer olhava por onde andava, como se caminhasse de forma automática para um banheiro que eu nem sabia onde ficava.Levantei a cabeça para d
POV GABEOuvi uma batida na porta e Jorel entrou. Meu irmão era a única pessoa na face da terra que se atrevia a entrar na minha sala sem bater. E que pouco se preocupava em ser anunciado, como se a presença dele fosse importante o bastante para não precisar de nenhuma formalidade.- Recebi seu recado. – Ele sentou-se à minha frente, pegando uma caneta que estava sobre a mesa – Quanto você pagou por esta porra?- Menos do que você paga por uma prostituta. – Mal retirei os olhos do que eu estava fazendo no computador.- Não saio com prostitutas. Sou um homem disputado o bastante para felizmente não precisar pagar ninguém para me satisfazer sexualmente, como “uns e outros” por aí. – Deu uma risadinha debochada.Minimizei a tela importante na qual eu estava trabalhando e o olhei:- Não lembro de ter lhe dado o direito de sequer “pensar” no que faço ou deixo de fazer. – Deixei bem claro.- Quando levanta a sobrancelha deste jeito você parece um velho. – Seguiu me provocando.Respirei fund
- Se eu não casar com ela ficarei sem dinheiro?- Não só isto!- Não? – O olhar dele se estreitou, como se quisesse pagar para ver.- Vou ferrar com a sua vida.- Vou mandar fazer um exame de DNA. Duvido que tenhamos o mesmo sangue nas veias, Gabe. Olhe o que você está me dizendo!- Você poderia ser o bebê da mamãe, Jorel, mas não é o meu! Sabe que meu tempo é precioso para que eu o perca com você. Então não teria lhe chamado aqui para “brincar”.Meu irmão ficou um tempo em silêncio, pensativo. Mas eu o conhecia o bastante para saber o que o atormentava. Ele não era capaz de ficar comendo uma única boceta.- Entenda uma coisa, Jorel. Eu só quero que você case com Olívia Abertton. Em momento algum eu disse que deveria deixar de viver a sua vida como sempre viveu? Aliás, eu já falei sobre um bônus a mais na sua mesada, não é mesmo?- Quer dizer que... Se eu casar com a tal Olívia... Posso continuar fazendo tudo que sempre fiz? E... Ainda vou ganhar uma mesada maior? – Os olhos dele se a
POV OLÍVIADesci as escadas correndo atrás de Isa, que decidiu me torturar com cócegas quando encontrei um “Isa e Marcelo” no seu caderno, escrito com a sua letra. Ela gargalhava e fugia de forma ágil, como sempre. Eu tentava desviar dos tapetes e pulava por cima dos degraus. E assim chegamos na sala de jantar.Rose nos olhou com cara de insatisfação. Dei um beijo no meu pai e sentei-me à mesa, de frente para Isabelle.- Como foi seu dia, pai? – perguntei enquanto via a comida ser posta no meu prato: peixe com leguminosas.Olhei para o macarrão com camarão que seria o prato principal dos demais e cheguei a sentir água na boca.- Se comportar-se eu lhe dou um camarão depois. – Isabelle provocou, pegando um com a mão e me mostrando, rindo.Fiz careta para ela e lambi os beiços ao ver o camarão:- Isto é injusto, sua pestinha. Eu com este peixe sem tempero e você com um camarão gigante.- Injusto? – Rose riu, daquele jeito cruel – Deve dar-se por satisfeita de ter um prato diferente para
Engoli em seco, de certa forma entendendo Rose.- Tudo bem! – sorri, fingindo que não me abalei com as palavras dela – Fico em casa. Quem sabe acenda a lareira e mexa com os borralhos... E espere a fada madrinha – brinquei – E papai, por favor, não morra!- Corre o risco de mamãe trancar Olívia no sótão. – Isabelle gargalhou.- Não temos sótão. – Rose contestou, de forma séria.- Talvez me faça ter como única companhia os ratinhos – suspirei – Não se preocupe, Rose, sei que você não seria uma “má”drasta comigo. – Sorri, tentando não parecer irônica.Rose respirou fundo e gritou para a empregada:- Pode tirar meu prato! Perdi a fome. Sem contar que não posso comer mais nada nas próximas 24 horas. Tenho que ficar magra e esquelética para entrar num vestido da Prada que comprei há um tempo atrás e não usei. Ou acha que devo comprar um novo, querido?- Sem compras, Rose. Já vai ser difícil o jatinho. – Papai disse de uma forma tão séria que até me preocupei.- Tudo certo então... Uso o ve