Talvez eu tenha esquecido de dizer para ela com seria a vingança. Se Olívia achava que eu a machucaria, estava muito enganada. Era o pai dela que eu atingiria. Chegava de se bonzinho. Aliás, eu nunca fui. Por que estava demorando tanto para agir? Não deveria ter me afastado dela e sim me aproximado a fim de aplicar o golpe final.Virei-me e não a vi na piscina. Olhei ao redor e ela havia simplesmente desaparecido. Além de insípida, inodora e insignificante ela também conseguia ser invisível?Aproximei-me da piscina e a vi no fundo. Os cabelos se espalhavam pela água como se fossem uma flor. Senti um aperto no peito e pulei, agarrando-a com força. E quando percebi que ela não me segurou de volta vi que tinha sérias chances de eu estar fodido... Totalmente fodido.A retirei da água e deitei-a no chão, percebendo que ela não se movia. O corpo estava totalmente amolecido.- Uma ambulância! – gritei com toda minha força – Chamem uma ambulância!Fique incerto se alguém me ouviu. Toquei seu
E lá estava ela... Descendo as escadas da “minha” casa, com um sorriso esplêndido no rosto, coberta com um pedaço de tecido que ousaria me dizer que se chamava vestido, de cor amarela... Ou seria dourado? Enfim, a porra de uma cor que acho que nem existia na paleta de cores. Os cabelos estavam soltos, descendo em ondas castanhas pelo colo perfeito, e no alto da cabeça tinha o número 22, seguro por uma tiara.Parecia uma modelo desfilando para um estilista famoso, num corpo esbelto, onde qualquer coisa que pusessem ficaria bem. Graciosamente ela descia degrau por degrau, com uma das mãos segurando o corrimão de forma delicada, como se tivesse nascido para aquela entrada triunfal.Nossos olhos se encontraram e ela passou por todos, ignorando os cumprimentos. Chegou na minha frente e sorriu:- Chamei uns amigos para comemorar comigo meus 22 anos. Não se importa, não é mesmo?- Feliz aniversário, querida! – falei num tom suficientemente alto para que todos ouvissem o marido gentil que eu
Até que a vi, de costas, sentada à pequena mesa, com uma vela sobre um cupcake, a fumaça saindo do pavio, certamente recém apagada. O cheiro de de vela tomando conta do ambiente.Ela só tinha ligado uma luz e a cozinha não estava muito iluminada. Percebi que chuchu comia algo e me aproximei, sem fazer nenhum tipo de som.Quando se virou, certamente notando minha presença, ela deu um pulo, assustada. A boca estava cheia e olhei o crème brulée à sua frente.- A diabetes também é mentira?- Você me assustou! – reclamou, voltando a comer.- A casa é minha! Vou onde quero na hora que quero.- Na prática é minha, porque vivo aqui sozinha.- Achei que você não comia doces, “senhora diabetes”.- Shhhh! – pediu silêncio com o dedo indicador na boca – Fale baixo porque estou escondendo de mim mesma que estou comendo este crème brullé.- Seu corpo sabe que está comendo-o.- Não sabe... Sei guardar segredo. – Piscou. – E não venha me interromper no meu momento sagrado! Me deixe ao menos chegar ao
POV OLÍVIANaquela manhã acordei cedo para conseguir falar com Gabe antes que ele saísse. Fazê-lo passar a noite em casa era uma vitória, já que raramente ele aparecia. E eu sabia que era por conta do beijo que trocamos na piscina. Se é que eu poderia chamar aquilo de beijo, já que durou alguns segundos e só deu tempo de eu sentir sua língua morna e ele encerrou o toque.Tive dificuldade de dormir naquela noite por conta do quanto de coisas que desejei fazer com Gabe depois que ele me tocou na piscina. Sonhei com o crème brulée nos seus lábios e o como devia ser bom saboreá-lo dali.Por que aquele homem mexia tanto comigo? Seriam seus belos olhos azuis iceberg? Ou a forma arrogante como me tratava, que me fazia querer fazê-lo sentir a bondade e o amor que existiam dentro de mim?O certo é que toda vingança tinha por trás algo ruim que havia sido feito... Uma coisa que doeu, machucou, feriu demais. Se Gabe ao menos me deixasse ver seu lado da história, para poder acalentá-lo se tivesse
Peguei um saco de arroz e uma panela. A coloquei no fogo e abri o saco de plástico com os dentes, de forma desajeitada, fazendo com que todos os grãos caíssem no chão. Vi que o fogo estava ligado, mas não na panela que eu coloquei e sim numa frigideira.Todas as crianças se aproximaram e juntei os grãos de arroz rapidamente para que não engolissem. Um dos bebês que aprendera a caminhar a bem pouco tempo topou no banco de madeira, que bateu no fogão e fez com que a frigideira com óleo fervente caísse, pegando diretamente nele. Como eu estava abaixada, parte caiu na minha nuca, grudando chumaços de cabelos na pele.Aquele foi o meu último dia naquela casa. Fui jogada para fora e sequer me deixaram saber o que aconteceu com o bebê. Eu sabia o caminho de casa e fui para lá sozinha. Mas não tinha chave. Então fiquei sentada na porta, esperando minha mãe até o outro dia de manhã.A queimadura doía. Mas o medo de ficar sozinha ali na porta durante toda a noite era ainda pior. Quando minha mã
Virei as costas e deparei-me com Rose. Passei por ela, fingindo não a ver. Eu não lhe devia explicações da minha vida, principalmente agora que sequer morava em sua casa. Quando quisesse saber notícias de meu pai perguntaria ao próprio hospital.- Vai simplesmente virar as costas e nos deixar aqui? – Ela perguntou.- Quer que eu faça o quê? – A encarei.- Precisamos de dinheiro. Este hospital é horrível.- Papai parece estar sendo bem atendido. O que mais de aparelhos poderiam colocar nele que não está utilizando aqui? – Minha voz embargou.- Mal temos dinheiro para pagar esta espelunca, Olívia! Você precisa providenciar um lugar decente para o seu pai.- Eu... Vou tentar.- Não pode “tentar”. Precisa “fazer”.- Como você soube o que aconteceu?- Me ligaram do hospital. Quando cheguei ele já estava neste estado.- Como sabe que bateram nele?- Foi socorrido depois de ter apanhado covardemente de vários homens. O chutaram, socaram... O tornozelo direito está quebrado. Perdeu dois dente
A mulher que me acompanhava lhe disse que não precisava falar comigo como uma criança porque eu já tinha passado por tudo na vida. Então ele disse: “Olá, talvez eu seja o seu pai. Irei levá-la para fazer um exame de DNA para ter certeza disto, embora você seja bem parecida comigo – naquela parte percebi emoção da parte dele - Se realmente for a minha filha, a levarei para morar na minha casa, com a minha família”.Então eu tirei a sorte grande, porque meu sangue era o mesmo daquele homem cheiroso e bonito. E ele me levou para a sua casa, que a meu ver era como um castelo de conto de fadas. E tinha uma bebê linda e uma garota simpática e bonita que falava comigo de forma doce e gentil. A esposa dele nunca me aceitou. A parte estranha é que Rose nunca se deu em conta de que eu era uma criança, tão vítima quanto ela.Desde que Ernest Abertton disse: “sou seu pai”, ele foi literalmente um paizão. E com minha nova família eu aprendi sobre carinho, amor e proteção. E dei tanto valor àquela
Eu queria mais que Ernest Abertton morresse. Mas pelo visto outras pessoas tinham o mesmo desejo, porém agiam enquanto eu ficava fazendo ameaças e não dava um passo sequer para que fossem cumpridas.Decidi que não iria para a mansão Clifford naquela noite. Havia sido um dia cheio com Olívia e eu não queria ficar tentado a acalmá-la de alguma forma.Precisava me afastar daquela mulher. Chuchu me deixava um pouco vulnerável e fraco e eu não queria de forma alguma botar tudo a perder por conta do meu pau que não respeitava minha mente.Fui para minha casa e tomei dois copos de uísque antes de dormir. Minha mente dava voltas e voltas e eu precisava descansar, já que no dia seguinte tinha uma importante reunião de negócios.Jorel havia sido convidado a se retirar do Four Season em Nova York e ainda assim não voltou para Noriah Norte. E por algum motivo aquilo me tranquilizou. Nunca o quis tão longe quanto naquele momento. Que ele ficasse nos Estados Unidos para sempre.Eu já estava deitado