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5 - O Peso da Espera

Os dias se passaram e nada de Julia acordar. Teve que passar por mais cirurgias, e a torcida por sua recuperação era grande, embora se dividisse no medo de seu corpo não mais aguentar.

– Vamos, querida, acorde. – falou Cole certa vez em uma de suas visitas a Julia.

– Parece que ela precisa de mais descanso. – falou Martin, pensativa, para Cole.

– Vamos levá-la para fazer exames. Temos que descobrir se há algo de errado, talvez tenhamos deixado algo passar. – disse Cole, com o temor evidente em sua voz.

– Vamos ver, então, se há algo de errado com ela. – respondeu Martin.

E levaram Julia mais uma vez para fazer exames.

Os resultados mostraram que estava tudo bem, então só restava aguardar.

Diante da preocupação crescente, o chefe dos cirurgiões decidiu convocar uma reunião com os médicos e o marido da paciente. Ele queria explicar que o hospital tinha feito tudo ao seu alcance, mas que o tempo agora era o principal aliado.

– Senhor Green, sei que esta situação é extremamente difícil. – começou o chefe dos cirurgiões, com a voz pausada e séria. – Garanto que nossa equipe está fazendo tudo o que pode. As cirurgias foram um sucesso, os exames não mostram anomalias...

– Por favor, me chame de Otto. – interrompeu ele, ansioso. – Mas, se vocês fizeram tudo, por que ela ainda não acordou? É minha esposa... Não consigo entender! Será que não deixaram passar nada?

O chefe suspirou, mantendo um olhar de compaixão.

– Otto, eu entendo o que você está sentindo, e posso imaginar o quanto essa espera está sendo insuportável. – disse ele, baixando o tom de voz. – O acidente foi muito grave. O corpo dela sofreu traumas severos, e está em um processo lento de recuperação. É como se ela estivesse reunindo forças para voltar.

– Então ela vai acordar, certo? – insistiu Otto, a voz embargada, como se implorasse por uma garantia.

– Não posso dar uma resposta absoluta, mas tudo aponta para isso. – respondeu o chefe, lançando um olhar breve para Cole, que estava ao seu lado.

Cole, percebendo a tensão do marido, se aproximou com os exames nas mãos.

– Veja aqui, Otto. Não há sinais de complicações. O corpo dela só precisa de mais tempo. Eu sei que não é o que você queria ouvir, mas às vezes o processo de cura exige paciência... e fé.

Otto abaixou a cabeça, apertando as mãos contra o rosto.

– Eu só quero minha Julia de volta. Não sei quanto mais consigo esperar...

Cole colocou uma mão firme, mas reconfortante, em seu ombro.

– Estamos com você, Otto. Não vamos desistir dela.

O silêncio na sala foi carregado, mas havia algo de tranquilizador nas palavras e olhares de todos ali.

Eram muitos exames. Vários papéis foram colocados à mesa, e os médicos explicaram tudo calmamente para que Otto entendesse a complexidade da situação.

– Vamos continuar esperando, então. – falou Otto, decidido.

Doutora Martin recolheu os exames, guardando-os cuidadosamente. Já ia saindo, mas parou. Virou-se para Otto e, com o olhar carregado de compaixão, disse:

– Otto, vou ser bem sincera com você. – disse doutora Martin, sua voz carregada de preocupação e doçura. – Se ela acordar, terá uma reabilitação muito longa e dolorosa. Vai haver dias em que ela vai querer desistir, e você precisará estar pronto para apoiá-la.

Otto respirou fundo, sentindo o peso das palavras. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ele manteve a voz firme.

– Eu, com certeza, não faço ideia do que ela vai passar... – pausou, engolindo em seco. – Mas vou estar aqui, ao lado dela, custe o que custar.

Ele abaixou a cabeça, deixando as lágrimas escorrerem livremente.

– Eu só quero que minha esposa acorde e fique bem. – concluiu, sua voz embargada pelo choro.

Doutor Cole mostrou mais documentos a Otto, sua expressão séria, mas carregada de empatia.

– O senhor também precisa estar preparado para a possibilidade de ela não acordar. – falou Cole, com cuidado nas palavras.

– Eu não quero pensar nisso. – respondeu Otto, determinado, desviando o olhar para não encarar os papéis.

– Otto, entenda. Mesmo que as cirurgias tenham sido bem-sucedidas, existe a chance de ela não acordar. O corpo humano é uma caixa de surpresas, e nem sempre podemos prever tudo. – insistiu Cole, tentando fazê-lo compreender a gravidade da situação.

Otto afastou os papéis com um gesto abrupto, a dor evidente em seus olhos.

– Vamos, por favor, só tentar de tudo para que ela acorde e se recupere. – falou, sua voz vacilando. – Se... se não adiantar... – ele hesitou, respirando fundo para conter o choro. – Ela é doadora.

As lágrimas começaram a escorrer novamente, e Otto abaixou a cabeça, o peso daquela possibilidade o esmagando.

Os médicos se entreolharam, compreendendo a dor que Otto estava enfrentando naquele momento. Apesar de precisarem manter o profissionalismo, era impossível ignorar o lado humano que falava mais alto em situações como aquela.

Eles acolheram Otto e Julia da melhor forma possível. Com o passar do tempo, criou-se uma espécie de amizade entre eles. Todos no hospital conheciam a história do acidente e eram extremamente gentis com Otto.

No início, Otto mostrava-se esperançoso. Passava a maior parte do tempo ao lado de Julia, segurando sua mão e falando com ela como se pudesse ouvi-lo. Mas, conforme os dias passavam, o desânimo começou a tomar conta dele.

Ainda assim, as enfermeiras e os médicos nunca desistiam de tentar animá-lo. Ofereciam palavras de conforto, escutavam-no com paciência e faziam o possível para mantê-lo firme. Eles sabiam que, naquele momento, era disso que Otto mais precisava: apoio e esperança.

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