Sofia
Estou completando vinte e cinco anos, não me sinto bem e pergunto para a senhora Norman se posso sair mais cedo. No momento estou cuidando apenas do Ethan já que os outros estão na escola. Ethan já está com pouco mais de quatro anos, seu aniversário é em poucos meses. É um menino doce e tranquilo. O marido da senhora Norman saiu do hospital há um ano, ele ficou com sequelas do acidente e hoje usa uma cadeira de rodas. — Sofia, pode deixar ele aqui na loja comigo. Vou buscar os outros na escola em uma hora e depois vou pra casa. — Obrigada, senhora Norman, eu vou passar no hospital e fazer uns exames. Faço o que eu disse, fico na sala de espera até que escuto meu nome depois de duas horas. O médico sentado do outro lado da mesa parece ter sessenta anos. Ele me lança um sorriso amarelo transmitindo cansaço. — Senhora Martinez, fico feliz em dizer que o que a senhora está sentindo é completamente normal na sua condição. — Doutor, não é normal sentir o estômago desse jeito. Quero uma segunda opinião. — A senhora está grávida, não precisa de uma segunda opinião. Quando ele fala a palavra grávida sinto que minha cabeça parece aquelas televisão com chiado e meu olho começa a piscar sozinho várias vezes. Estou grávida? Recentemente estou tão ativa na cama com o Tobias que eu não parei para perceber que a minha menstruação não desce há dois meses. — Doutor, me desculpe. Fiquei desatenta com o meu corpo, eu deveria imaginar que estou grávida. Obrigada, poderia me dar o exame? Quero surpreender meu marido. Levo o resultado para casa e como Tobias só vai chegar lá pelas sete fui até o supermercado para comprar uns ingredientes para fazer uma lasanha a bolonhesa com queijo extra como ele gosta. Compro uma garrafa de vinho, não somos exigentes, mas hoje não vou acompanhá-lo. Chegando em casa, preparo o jantar favorito do meu marido e depois vou me cuidar para ele. — Sofia? — Tobias chegou — Amor? Esse aroma delicioso é o que eu estou pensando? Assim que ele entra no quarto para de falar ao me ver de camisola. Estou usando uma camisola transparente azul marinho com alça fina e renda por toda a sua extensão. — Sim, é o que você está pensando. Vamos comer? — No momento eu quero comer você! Ele vem para cima de mim sorrindo, ainda bem que não tirei a lasanha do forno, isso ajudou a mantê-la aquecida enquanto meu marido me satisfazia na cama. Estou ansiosa para que ele veja o resultado do exame. Nos sentamos e ele percebe que não estou bebendo vinho, tento esquecer que meu corpo está tremendo e entrego para ele o exame enquanto falo: — O médico não vai gostar se souber que eu estou ingerindo bebida alcoólica. — Sofia?? — Tobias coloca a mão na boca e desvia o olhar do exame para mim — Sofia… eu te amo tanto. Tobias se levanta e me abraça, me tira da cadeira e me suspende. Ele não sabe se sorri ou chora de felicidade. — Precisamos contar para a nossa família, precisamos contar para a minha mãe. Eu preciso… eu preciso… — Calma, amor, desse jeito vai passar mal. Tobias me deita no sofá, ele levanta a minha camisola e beija a minha barriga. Ele coloca seu ouvido abaixo do meu umbigo, parece tentar ouvir algo ou sentir. — Bebê, perdoa o papai pelo que ele fez com a mamãe alguns minutos atrás, em minha defesa eu não sabia que você estava aí. — Isso é sério? — pergunto rindo — Nosso bebê está bem seguro, amor. — Temos que saber quanto tempo de gestação você está. Amor, vou pagar o seu pré-natal no melhor hospital da cidade. Quero o melhor para vocês dois. — Amor, não sei se iremos conseguir. O parto pode custar caro. — Não se preocupe com isso, minha mãe andou juntando um dinheiro para esse momento. Eu fiquei surpresa ao descobrir que a minha sogra estava mesmo juntando dinheiro para quando eu engravidasse. Mesmo com Tobias querendo que eu deixasse de cuidar do Ethan eu continuei no meu trabalho. Queria comprar tudo para o meu bebê. Tobias conseguiu ajuda de alguns amigos do trabalho e depois de conseguir a licença para aumentar nosso pequeno lar ele conseguiu fazer o quarto do bebê. Começamos a decorar e comprar os móveis, algumas coisas ganhamos de presente de parentes e outras coisas compramos com o nosso dinheiro. Em uma consulta durante o ultrassom, descobrimos que estávamos à espera de um menino, nosso pequeno Caleb. Começamos a colocar coisas azuis e verdes no quarto do nosso príncipe. Eu comecei a ficar cada vez mais cansada conforme a barriga ia crescendo e com isso tive que me demitir, a senhora Norman foi muito bondosa comigo. Quando chegou o dia do parto fiquei muito nervosa, o medo de que alguma coisa desse errado estava me enlouquecendo. Mas Tobias segurou firme a minha mão e deu tudo certo. A cena mais linda da minha vida foi ver Tobias com nosso Caleb no colo assim que nasceu. O sorriso dele era tão largo que provavelmente estava deixando suas bochechas doloridas. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, ele não queria entregar nosso pequeno para a enfermeira. Uma semana… a minha alegria acabou uma semana depois quando eu me levantei pela manhã animada para cuidar do amor da minha vida e ao tocar nele o senti gelado. — Tobias… — Meu grito foi tão alto que os vizinhos começaram a bater na porta tentando saber se eu estava bem. O Tobias que estava no banheiro saiu com uma toalha enrolada na cintura. Assim que ele entrou no quarto do nosso filho me viu de joelhos no chão chorando desesperadamente. Quando ele chegou no berço e tocou no nosso filho entrou em angústia. — Não… não, Deus, não… não, por favor, não. Tobias se ajoelhou do meu lado e colocou a testa nas grades do berço, chorando de um jeito que eu nunca vi. Nossos vizinhos conseguiram entrar e quando viram o que estava acontecendo tentaram nos ajudar, mas nós nos recusamos a sair de perto do nosso filho.Alexander Os dias seguintes foram como viver no inferno. Layla começou a piorar, sentia dores inexplicáveis e a médica só sabia passar mais exames para ela. Sua barriga aumentou de tamanho de uma hora para outra, eu não sabia o que fazer e ficava assistindo o amor da minha vida sofrer demais. Minha mente traiçoeira começou a me culpar.Eu já não viajo mais, estou em casa para cuidar de Layla. Enquanto eu estava em uma ligação de trabalho, uma funcionária me avisa que Layla perdeu os sentidos após se queixar de uma dor intensa próximo a lombar. Levei ela para o hospital o mais rápido que eu pude.Eu estava sentado ao lado da cama de Layla, segurando sua mão e olhando para ela com preocupação enquanto a mesma estava num sono induzido. A médica entrou no quarto e se aproximou de nós.— Alexander, precisamos falar sobre a saúde de Layla. A gravidez está afetando sua saúde de forma grave. Seus rins estão funcionando mal e seu coração está trabalhando demais.— O que isso significa? — Per
SofiaEssa dor eu não desejo a ninguém, depois que encontramos nosso pequeno milagre no berço Tobias não falou mais nenhuma palavra. Ele apenas segura firme a manta azul, seu primeiro presente para Caleb, firmemente entre as mãos e olha para o chão.Eu estava sentada na sala de espera do hospital com Tobias em silêncio ao meu lado, esperando pelo médico que iria nos dar a notícia sobre a causa da morte do meu bebê. Meu coração estava pesado, e eu sentia uma dor profunda no meu peito. Tobias parecia estar num estado de choque, catatônico.O médico entrou na sala de espera e se aproximou de nós. Ele tinha um olhar sério e compreensivo.— Sofia, sinto muito pelo que aconteceu com o seu bebê. — o médico fala e eu sinto uma pancada me atingir me lembrando do vazio em meus braços — Nós fizemos todos os exames necessários para determinar a causa da morte, e infelizmente, descobrimos que ele tinha uma doença cardíaca.— Uma doença cardíaca? — repeti um pouco atordoada. — Como isso foi possív
AlexanderOlho para Emma e Olivia, não consigo evitar o pensamento de que a morte de Layla é culpa nossa. Nós três somos responsáveis pelo amor da minha vida não está mais respirando.Por que elas tinham que ser tão parecidas com a mãe delas? Vai me lembrar todos os dias que eu tive amor e perdi. Logo escuto as vozes lá fora, minha mãe, meu pai, minha sogra, meu sogro, minha irmã e meu cunhado, todos estão do lado de fora do quarto.Meia hora atrás eu estava lá fora falando com a médica. Estava indignado com o fato deles não terem explorado mais opções para salvar a minha esposa. E agora estou aqui com a família lá fora prestes a entrar e me perguntar o que aconteceu.— Alexander? — minha sogra veio até mim e começou a socar meu tórax — Onde está a Layla? Cadê a minha filha?— Você está ficando louca? — minha mãe empurra Louise e fica entre nós dois — Não bate no meu filho, ele não tem culpa de nada.Minha mãe, me defendendo? Isso para mim é novidade. Ela não faz isso, nunca fez. Ela
SofiaAs coisas em casa não vão ser as mesmas, sei disso. Eu não imaginava como era perder alguém que se ama, tenho toda a minha família viva e saudável.Tobias entrou em casa e ficou um tempo parado olhando para a porta do quarto do nosso filho. Pensei que ele não iria sair dali até que ele se vira para mim e confessa:— Não dá, vou ficar uns dias na casa da minha mãe… se precisar de alguma coisa pode ligar.— Tobias, não faça isso comigo. Eu também estou sofrendo, mas sei que temos que…— Continuar? Seguir em frente? — ele passa as mãos no rosto — Ouvir isso agora não ajuda, Sofia.Tobias entra no nosso quarto e eu o sigo. Vejo ele arrumar uma mochila com poucas roupas e a esperança de que seja apenas poucos dias cresce em mim.Dói ver que vou passar por isso sozinha. Eu não sei o que dizer para o meu marido pra fazê-lo entender que isso não é justo, que ele está sendo egoísta… mas como dizer a alguém que está de luto que sua atitude está errada?Tobias vai para a casa da mãe dele s
AlexanderNão acredito que a Isa me convenceu a colocar uma estranha dentro da minha casa para cuidar das minhas filhas. E o pior de tudo: eu terei que entrevistá-la porque minha irmã acabou de me avisar que não está se sentindo bem.Termino minha reunião e vou para a sala receber a tal Sofia Rodriguez. Quando piso na sala e a vejo de costas meu coração acelera. Ela está usando um vestido preto de alças finas, seu cabelo preto cai em ondas até o meio das costas.— Sofia Rodriguez? — Ela se vira para mim e meu coração para de vez, parece que eu esqueci como se respira e meu corpo reage ao dela de um jeito que não deveria.Os olhos dela, seus lábios tentadores, seus seios visivelmente macios. Por que ela tinha que usar um decote? Minha boca começa a salivar. Droga, Alexander, tinha que se sentir atraído pela babá?— S-sim? — A voz dela me deixa ainda mais excitado, que merda, carência sexual agora não.— Me siga até o meu escritório, por favor!Caminhamos em silêncio, eu tento controlar
SofiaEstou feliz por conseguir o emprego, mas o que foi aquilo com o senhor Thompson? Sofia, é só carência, seu marido não te toca há meses. Você só precisa seduzir seu marido que tudo vai ficar bem.Quando chego em casa pego uma cena que dói na minha alma, Tobias está completamente embriagado caído no chão da sala. Olho para o senhor Willes e falo:— Diga para o senhor Thompson que irei assim que amanhecer, ainda preciso devolver os dinheiro da passagem que depositaram para mim já que vou passar a maior parte do tempo na mansão.— Senhora Martinez, o senhor Thompson gosta que suas ordens sejam cumpridas. Mas a julgar pelo estado do seu marido, vou passar para ele.— Obrigada.Assim que o motorista sai tento colocar Tobias de pé, arrasto ele até o banheiro do nosso quarto, fico de calcinha e sutiã e tiro toda a roupa dele. Coloco o chuveiro no frio e ligo.Com muita força de vontade consigo colocar ele embaixo do chuveiro que geme. Levanto a cabeça dele para que a água bata em seu ro
Alexander Estou sentado na minha sala com uma certa ansiedade, não sei de onde saiu isso. Vou para a quarta dose do meu uísque favorito quando meu motorista entra… sozinho.— Onde está a senhora Rodriguez? — Pergunto ao me inclinar para frente.— Senhor Thompson, o marido dela estava desmaiado na sala quando chegamos lá, ela disse que virá cedo amanhã!— Essa mulher precisa saber que gosto que cumpram minhas ordens. Pode ir, não vou precisar de você por hoje.Continuo na sala, bebendo, não quero ir para o quarto agora. Na minha mente passa uma novela da minha vida perfeita que não tenho mais. Quando a garrafa não tinha mais nada para me oferecer, a porta da frente se abre e Sofia entra.A princípio a vi assustada, até que me aproximei e a vi de um jeito que não estava quando saiu daqui mais cedo. Ao descobrir a razão para ela estar com marcas roxas e o lábio cortado me deixou furioso.Ela é tão pequena, frágil, como o homem que deveria amá-la e respeitá-la faz essa atrocidade com ela
SofiaAs gêmeas são lindas, acordam sorridentes. Fico curiosa quando vejo que na roupinha de cada uma tem bordado seu nome e uma linda pulseira de ouro com seus nomes nelas. Olho para Isadora que está sentada e pergunto:— Como sabem quem é quem? Sei que tem pulseiras e as roupas com os nomes bordados, mas no momento do nascimento quem nasceu primeiro?— Emma foi a primeira a nascer, diferença de cinco minutos para Olivia. Layla planejou tudo desde o início para que ninguém as confundisse.— Você manteve alguma rotina com elas? Quer que eu as siga?— Faça do seu jeito, a única coisa que não conseguiremos mudar são as horas das mamadeiras, elas são dois reloginhos.— Ok… Olívia está mais agitada, vou cuidar dela primeiro. Pode ficar de olho na Emma?— Claro que sim, daqui a pouco alguém vai subir com as mamadeiras.Pego Olivia e vou para o banheiro com ela, o banheiro é todo equipado para cuidar das bebês. Coloco Olívia deitada em cima da mesa que está forrada com um colchonete fino e