Alexander
Os dias seguintes foram como viver no inferno. Layla começou a piorar, sentia dores inexplicáveis e a médica só sabia passar mais exames para ela. Sua barriga aumentou de tamanho de uma hora para outra, eu não sabia o que fazer e ficava assistindo o amor da minha vida sofrer demais. Minha mente traiçoeira começou a me culpar. Eu já não viajo mais, estou em casa para cuidar de Layla. Enquanto eu estava em uma ligação de trabalho, uma funcionária me avisa que Layla perdeu os sentidos após se queixar de uma dor intensa próximo a lombar. Levei ela para o hospital o mais rápido que eu pude. Eu estava sentado ao lado da cama de Layla, segurando sua mão e olhando para ela com preocupação enquanto a mesma estava num sono induzido. A médica entrou no quarto e se aproximou de nós. — Alexander, precisamos falar sobre a saúde de Layla. A gravidez está afetando sua saúde de forma grave. Seus rins estão funcionando mal e seu coração está trabalhando demais. — O que isso significa? — Perguntei, sentindo um nó no estômago. — Isso significa que Layla está correndo risco de vida. Mas as bebês também estão em risco. Elas estão crescendo de forma anormal e precisam de cuidados especiais. — O que eu preciso fazer? — Pergunto, me sentindo desesperado. — Alexander, você precisa escolher. Nós podemos salvar a vida de Layla, mas isso pode significar que as bebês não sobrevivam. Ou nós podemos salvar as bebês, mas isso pode significar que Layla não sobreviva. Eu me senti como se tivesse levado um golpe no estômago. Como eu poderia escolher entre a vida da mulher que eu amava e a vida das nossas bebês? — Não há outra opção? — Infelizmente não. Você precisa tomar uma decisão, Alexander. E você precisa tomar agora. Eu olho para Layla, o pedido dela tortura a minha mente. Se eu escolhê-la me garantiu que não continuaria viva por muito tempo. Droga, Layla, por que me colocou contra a parede desse jeito? — A gestação está com quase oito meses, quais são as chances das bebês sobreviverem? — Pergunto com dificuldade. — Ao julgar pelo tamanho e idade gestacional as chances são altas! — Doutora, salve… — o nó na garganta e o choro querendo sair me fazem calar a boca por alguns segundos — Salve minhas filhas. — Vou trazer o documento de risco cirúrgico e autorizações para que assine. Logo alguém vem buscar sua esposa. Eu estava sentado na sala de espera do hospital, segurando a caneta que iria assinar o risco cirúrgico e autorizações do hospital. Eu sabia que essa era a decisão certa, pois era o que Layla queria. Ela me pediu para salvar as nossas filhas, e eu não podia negar isso a ela. Mas, ao mesmo tempo, sentia uma dor imensa no meu coração. Eu sabia que estava perdendo a mulher que eu amava, a minha melhor amiga, a minha parceira. Eu sabia que nunca mais iria ver seu sorriso, nunca mais iria ouvir sua risada, nunca mais iria sentir seu abraço. Eu assinei o papel, sentindo como se estivesse assinando a minha própria sentença de morte. Eu sabia que estava perdendo uma parte de mim mesmo, uma parte que nunca mais iria ser a mesma. A sala de espera estava vazia e silenciosa, exceto pelo som do meu coração batendo forte no meu peito. Eu sentia como se estivesse sozinho no mundo, como se ninguém mais entendesse a minha dor. Depois de alguns minutos, a médica saiu da sala de cirurgia e se aproximou de mim. — Alexander, as suas filhas nasceram. — disse ela, com um sorriso — Elas estão saudáveis e fortes. Eu senti um misto de emoções: alegria pela chegada das minhas filhas, mas também tristeza e dor pela perda da minha esposa. Eu sabia que tinha que ser forte pelas minhas filhas, mas era difícil para mim. Eu me levantei e segui a médica até a sala de neonatologia. Lá, eu vi as minhas filhas pela primeira vez. Elas eram pequenas e delicadas, com olhos grandes e escuros. Eu senti um amor imenso por elas, mas também uma dor profunda pela perda da minha esposa. — Não é justo vocês estarem aqui e ela não. Vocês eram o sonho dela também. — Sussurrei para mim mesmo enquanto olhava para Emma e Olivia. Eu sabia que eu tinha que lidar com o luto enquanto cuidava das minhas filhas, que não seria fácil, mas eu estava determinado a fazer o melhor para elas como Layla queria. Eu estava determinado a ser um bom pai e a dar às minhas filhas a vida que elas mereciam. Mas e essa dor aqui dentro? O que eu faço com ela? E todo esse remorso, essa maldita culpa que enfia uma faca no meu cérebro e no meu coração? — Alexander? — olho para o lado e uma enfermeira se afasta da médica — Acabaram de me avisar que… — Não! — eu soco a janela de vidro que trinca na mesma hora — Eu pensei que havia uma esperança de vocês salvá-la e me dizer que tudo não passou da porra de um pesadelo. — eu grito, a médica apenas me encara — Salva ela… ainda dá tempo. Meu choro dói, dói demais. A médica apenas me olha e coloca a mão no meu ombro ao dizer: — Eu sinto muito, mas eu nunca te dei esperança de salvá-la. Te avisei que não dava para salvar as três. O corpo dela vai ser levado para o necrotério. Eu me encostei na janela de vidro e deixei meu corpo escorregar até eu me sentar no chão. Escondi meu rosto nas minhas pernas e chorei como se tivesse perdido um braço ou qualquer parte do meu corpo muito importante pra mim. A culpa é minha, ela se foi e eu permiti isso. Tenho que me levantar, não contei para ninguém da família o que aconteceu com Layla e agora tenho que dizer que ela partiu. Eu não consigo levantar do chão, não consigo segurar meu celular… eu só quero chorar. Ligo para a minha sogra e ela atende animada, mas ao ouvir meu choro se cala. — Eu sinto… eu sinto muito. — ela começa a hiperventilar do outro lado da linha — Eu sinto muito, Louise, eu sinto… Escuto minha sogra gritar e o telefone cai da minha mão. O nó na garganta me sufoca.SofiaEssa dor eu não desejo a ninguém, depois que encontramos nosso pequeno milagre no berço Tobias não falou mais nenhuma palavra. Ele apenas segura firme a manta azul, seu primeiro presente para Caleb, firmemente entre as mãos e olha para o chão.Eu estava sentada na sala de espera do hospital com Tobias em silêncio ao meu lado, esperando pelo médico que iria nos dar a notícia sobre a causa da morte do meu bebê. Meu coração estava pesado, e eu sentia uma dor profunda no meu peito. Tobias parecia estar num estado de choque, catatônico.O médico entrou na sala de espera e se aproximou de nós. Ele tinha um olhar sério e compreensivo.— Sofia, sinto muito pelo que aconteceu com o seu bebê. — o médico fala e eu sinto uma pancada me atingir me lembrando do vazio em meus braços — Nós fizemos todos os exames necessários para determinar a causa da morte, e infelizmente, descobrimos que ele tinha uma doença cardíaca.— Uma doença cardíaca? — repeti um pouco atordoada. — Como isso foi possív
AlexanderOlho para Emma e Olivia, não consigo evitar o pensamento de que a morte de Layla é culpa nossa. Nós três somos responsáveis pelo amor da minha vida não está mais respirando.Por que elas tinham que ser tão parecidas com a mãe delas? Vai me lembrar todos os dias que eu tive amor e perdi. Logo escuto as vozes lá fora, minha mãe, meu pai, minha sogra, meu sogro, minha irmã e meu cunhado, todos estão do lado de fora do quarto.Meia hora atrás eu estava lá fora falando com a médica. Estava indignado com o fato deles não terem explorado mais opções para salvar a minha esposa. E agora estou aqui com a família lá fora prestes a entrar e me perguntar o que aconteceu.— Alexander? — minha sogra veio até mim e começou a socar meu tórax — Onde está a Layla? Cadê a minha filha?— Você está ficando louca? — minha mãe empurra Louise e fica entre nós dois — Não bate no meu filho, ele não tem culpa de nada.Minha mãe, me defendendo? Isso para mim é novidade. Ela não faz isso, nunca fez. Ela
SofiaAs coisas em casa não vão ser as mesmas, sei disso. Eu não imaginava como era perder alguém que se ama, tenho toda a minha família viva e saudável.Tobias entrou em casa e ficou um tempo parado olhando para a porta do quarto do nosso filho. Pensei que ele não iria sair dali até que ele se vira para mim e confessa:— Não dá, vou ficar uns dias na casa da minha mãe… se precisar de alguma coisa pode ligar.— Tobias, não faça isso comigo. Eu também estou sofrendo, mas sei que temos que…— Continuar? Seguir em frente? — ele passa as mãos no rosto — Ouvir isso agora não ajuda, Sofia.Tobias entra no nosso quarto e eu o sigo. Vejo ele arrumar uma mochila com poucas roupas e a esperança de que seja apenas poucos dias cresce em mim.Dói ver que vou passar por isso sozinha. Eu não sei o que dizer para o meu marido pra fazê-lo entender que isso não é justo, que ele está sendo egoísta… mas como dizer a alguém que está de luto que sua atitude está errada?Tobias vai para a casa da mãe dele s
AlexanderNão acredito que a Isa me convenceu a colocar uma estranha dentro da minha casa para cuidar das minhas filhas. E o pior de tudo: eu terei que entrevistá-la porque minha irmã acabou de me avisar que não está se sentindo bem.Termino minha reunião e vou para a sala receber a tal Sofia Rodriguez. Quando piso na sala e a vejo de costas meu coração acelera. Ela está usando um vestido preto de alças finas, seu cabelo preto cai em ondas até o meio das costas.— Sofia Rodriguez? — Ela se vira para mim e meu coração para de vez, parece que eu esqueci como se respira e meu corpo reage ao dela de um jeito que não deveria.Os olhos dela, seus lábios tentadores, seus seios visivelmente macios. Por que ela tinha que usar um decote? Minha boca começa a salivar. Droga, Alexander, tinha que se sentir atraído pela babá?— S-sim? — A voz dela me deixa ainda mais excitado, que merda, carência sexual agora não.— Me siga até o meu escritório, por favor!Caminhamos em silêncio, eu tento controlar
Alexander É estranho dizer que encontrei o amor aos quarenta anos? Minha história de amor poderia ser um filme da Disney, um verdadeiro conto de fadas. Ela era camareira em um dos meus hotéis e eu dei muito trabalho para ela depois de beber demais em uma noite solitária.— Eu não sou feliz… — Minha voz sai arrastada e apática por causa da bebida.— Desculpe, senhor, só vim até o seu quarto porque me pediram para trocar a roupa de cama. — Ela fala gentilmente.— Não vai embora… — passo as duas mãos no meu rosto e volto a olhar para a mulher mais linda que eu já vi — Qual é o seu nome?— Me chamo Layla… Layla Simpson!— Sabe quem eu sou Layla? — me levanto da cama e caminho cambaleando até ela — Sou Alexander Thompson, dono do grupo THG.— Todos aqui sabem quem o senhor é, senhor Thompson.Eu acabei beijando a Layla. Ela poderia me bater, chamar a polícia ou até fazer um escândalo, mas não fez nada disso. Ela apenas me ajudou a voltar para a cama e sussurrou pensando que eu iria esquec
SofiaUma família unida e amorosa é a base da felicidade. Tenho uma mãe maravilhosa, um padrasto que me criou desde os dez dias de vida e meu irmão, Antunes. Eu trabalho desde os dezessete anos numa floricultura há vinte minutos da casa da minha mãe.No meu aniversário de vinte anos recebi um buquê de flores de um cliente, Tobias Martinez. Ele é gerente da loja de material esportivo que fica de frente para a floricultura.— Não precisava… — Sinto meu rosto esquentar quando ele segura a minha mão livre e diz:— Quero te dar mais do que isso, aceita ir ao cinema comigo?Tobias era o homem dos sonhos, alto, atlético, cheiroso, gentil, cabelos acobreados e olhos castanhos claros. O sorriso dele aquecia meu coração. Eu sempre via ele chegar enquanto abria a floricultura para a senhora Norman. Fiquei com essa função depois que ela descobriu sua terceira gestação aos quarenta anos.Suas manhãs não eram as melhores por causa dos enjôos matinais, então ela só vinha para a floricultura perto d
Alexander Layla e eu fomos até o melhor hospital da cidade, chegando lá fizemos alguns exames. Comigo estava tudo bem, mas com ela… me senti péssimo ao descobrir que a contagem dos óvulos dela estava baixa. É por isso que ela não conseguiu engravidar ainda.Tivemos que esperar alguns dias para ter esse resultado e agora estamos na sala da médica dela esperando um milagre em nossas vidas.Eu estava sentado ao lado de Layla na sala da médica, segurando sua mão e tentando manter a calma. A médica, Dra. Relles, entrou na sala com um sorriso amigável e começou a explicar os resultados dos exames de Layla.— Layla, como você sabe, você veio aqui para discutir a sua dificuldade em engravidar. — começou a médica. — Os exames mostraram que você tem uma ovulação baixa, o que pode estar dificultando a sua capacidade de engravidar.Layla olhou para mim com uma expressão de preocupação, e eu dei um aperto na sua mão para tentar confortá-la.— O que isso significa? — Perguntei à médica.— Isso sig
SofiaEstou completando vinte e cinco anos, não me sinto bem e pergunto para a senhora Norman se posso sair mais cedo. No momento estou cuidando apenas do Ethan já que os outros estão na escola.Ethan já está com pouco mais de quatro anos, seu aniversário é em poucos meses. É um menino doce e tranquilo. O marido da senhora Norman saiu do hospital há um ano, ele ficou com sequelas do acidente e hoje usa uma cadeira de rodas.— Sofia, pode deixar ele aqui na loja comigo. Vou buscar os outros na escola em uma hora e depois vou pra casa.— Obrigada, senhora Norman, eu vou passar no hospital e fazer uns exames.Faço o que eu disse, fico na sala de espera até que escuto meu nome depois de duas horas. O médico sentado do outro lado da mesa parece ter sessenta anos. Ele me lança um sorriso amarelo transmitindo cansaço.— Senhora Martinez, fico feliz em dizer que o que a senhora está sentindo é completamente normal na sua condição.— Doutor, não é normal sentir o estômago desse jeito. Quero um