Sofia
Essa dor eu não desejo a ninguém, depois que encontramos nosso pequeno milagre no berço Tobias não falou mais nenhuma palavra. Ele apenas segura firme a manta azul, seu primeiro presente para Caleb, firmemente entre as mãos e olha para o chão. Eu estava sentada na sala de espera do hospital com Tobias em silêncio ao meu lado, esperando pelo médico que iria nos dar a notícia sobre a causa da morte do meu bebê. Meu coração estava pesado, e eu sentia uma dor profunda no meu peito. Tobias parecia estar num estado de choque, catatônico. O médico entrou na sala de espera e se aproximou de nós. Ele tinha um olhar sério e compreensivo. — Sofia, sinto muito pelo que aconteceu com o seu bebê. — o médico fala e eu sinto uma pancada me atingir me lembrando do vazio em meus braços — Nós fizemos todos os exames necessários para determinar a causa da morte, e infelizmente, descobrimos que ele tinha uma doença cardíaca. — Uma doença cardíaca? — repeti um pouco atordoada. — Como isso foi possível? Eu fiz todos os exames durante a gravidez... — Eu sei, Sofia — respondeu o médico. — E é por isso que isso é tão difícil de entender. A doença cardíaca do seu bebê era uma condição rara e não foi identificada nos exames durante a gravidez. — E não havia nada que eu pudesse ter feito para prevenir isso? — Estou me sentindo culpada. — Não, Sofia! — disse o médico. — Você fez tudo o que podia durante a gravidez. Isso foi apenas uma tragédia. Eu senti uma lágrima rolar pelo meu rosto. Eu estava arrasada. Meu bebê, meu pequeno e inocente Caleb, havia sido tirado de mim por uma doença cardíaca que não havia sido identificada durante a gravidez. Olho para Tobias procurando força e apoio, mas ele continua calado olhando para a manta azul enquanto lágrimas molham seu rosto. — O que eu faço agora? — Perguntei ao médico, me sentindo perdida. — Você precisa cuidar de si mesma, Sofia. Seu marido também. — o médico responde. — Vocês precisam dar tempo aos seus corpos e às suas mentes para se recuperarem. E se vocês precisarem de ajuda, não hesitem em me procurar. Eu sabia que tinha um longo caminho pela frente, mas como vou superar essa tragédia e encontrar um sentido para a minha vida novamente? Tobias está arrasado, não consegue nem ouvir o que acontece à sua volta. Eu estava sentada ao lado do meu marido, tentando conversar com ele, mas ele estava completamente catatônico. Estava sentado na cadeira, com os olhos fixos na manta que segurava e torcia com seus dedos, sem expressão alguma além das lágrimas caindo. — Amor, eu sei que isso é difícil, mas eu preciso da sua ajuda. — Falei tentando tocar seu braço. — O que... o que você quer que eu faça? — Tobias me perguntou, com uma voz quase inaudível. — Eu preciso que você me ajude com o velório e o enterro de Caleb! — Respondi, sentindo uma dor profunda no meu coração. — Caleb... — ele falou com uma voz trêmula. — Meu filho... meu pequeno Caleb... Tobias começou a chorar com mais desespero, e eu senti uma onda de dor e tristeza me jogar contra a parede. Eu sabia que ele estava sofrendo muito, e não sabia como ajudá-lo, já que também estou lidando com algo que não consigo suportar. — Amor, eu sei que isso é difícil para nós dois, mas eu preciso que você esteja aqui para mim. — Eu tentei abraçá-lo. — Eu não posso... eu não posso fazer isso. — Tobias fala afastando-se de mim. — Eu não posso enterrar meu filho, Sofia... Senti uma dor profunda no meu coração. Eu sabia que ele estava mergulhado demais na dor do luto, e não sabia como ajudá-lo a superar isso porque estou lidando com o mesmo. — Tobias, por favor... — implorei, tentando convencê-lo. — Eu preciso da sua ajuda. Eu não posso fazer isso sozinha... Mas ele apenas balançou a cabeça negando e continuou a chorar. Eu sabia que precisava dar tempo a ele, mas eu também sabia que precisava fazer algo para ajudá-lo a superar essa dor… mas quem vai me ajudar a curar a minha? Eu me levanto e deixo ele ali sentado, preciso ir até o financeiro do hospital pagar a conta. Arrasto meus pés pelo piso, não tenho força ou ânimo para levantá-los. Passo por um homem alto de terno que está falando com alguém, olho rápido, o homem é alto e forte bloqueando a minha visão de quem está na sua frente, escuto apenas parte da conversa. — Eu ainda acredito que vocês poderiam ter salvo a vida da minha esposa. Como vou criar duas recém nascidas sozinho? — O homem está com a voz embargada. Acho que não fui a única a perder um amor hoje. Continuo arrastando meus pés até chegar no financeiro do hospital. A conta do hospital, mais o velório e o enterro saiu muito caro… seis mil dólares. Tive que pedir emprestado a senhora Norman, eu não tinha de onde tirar esse dinheiro, mas precisava dar um enterro digno para o meu filho. Eu estava sentada na igreja, cercada por familiares e amigos, mas me sentia completamente sozinha. O velório do meu pequeno Caleb estava acontecendo, e eu não sabia como lidar com a dor que estava sentindo. Minha mãe se aproximou de mim e me abraçou. — Sofia, sinto muito. Eu não sei o que dizer. — Não há nada para dizer, mãe. — respondi, sentindo uma lágrima rolar pelo meu rosto. — Ele era meu filho... meu pequeno Caleb... Minha sogra, a mãe de Tobias, também se aproximou de mim. — Sofia, eu sinto muito. Tobias está muito abalado... ele não está lidando bem com isso. — Eu sei… — olhei para ela com lágrimas lavando meu rosto — Ele está muito triste... mas eu também estou. Tobias se aproximou de mim, com os olhos vermelhos de chorar. — Sofia, me perdoa. Eu não sei como lidar com isso... eu não sei como viver sem ele. — Eu também não sei, Tobias. Mas nós temos que encontrar um jeito... nós temos que continuar seguindo em frente. A dor não vai passar, nunca. — Voltei meu olhar para o pequeno caixão branco onde meu bebê está. O funeral foi bem difícil para mim. Eu me lembro de ver o caixão do meu filho sendo carregado para fora da igreja, e me senti como se estivesse sendo arrancada do meu próprio corpo. Quando chegamos ao cemitério, me vi em um pesadelo. O caixão do meu filho foi baixado para a terra, e me senti como se estivesse sendo enterrada junto com ele. — Não, não, não… — falei em desespero, sentindo uma dor profunda no meu coração. — Isso não pode estar acontecendo... isso não pode ser real. Tobias me abraçou, a sua dor e sua tristeza estavam nesse abraço. Nós estávamos juntos nessa dor, nós teríamos que encontrar um jeito de lidar com isso juntos, mas como? O funeral terminou, e eu senti como se tivesse um vazio dentro de mim. Não sabia como continuar seguindo em frente, mas eu sabia que tinha que encontrar um jeito. Pelo meu filho arrancado de mim precocemente, pelo meu marido e por mim mesma.AlexanderOlho para Emma e Olivia, não consigo evitar o pensamento de que a morte de Layla é culpa nossa. Nós três somos responsáveis pelo amor da minha vida não está mais respirando.Por que elas tinham que ser tão parecidas com a mãe delas? Vai me lembrar todos os dias que eu tive amor e perdi. Logo escuto as vozes lá fora, minha mãe, meu pai, minha sogra, meu sogro, minha irmã e meu cunhado, todos estão do lado de fora do quarto.Meia hora atrás eu estava lá fora falando com a médica. Estava indignado com o fato deles não terem explorado mais opções para salvar a minha esposa. E agora estou aqui com a família lá fora prestes a entrar e me perguntar o que aconteceu.— Alexander? — minha sogra veio até mim e começou a socar meu tórax — Onde está a Layla? Cadê a minha filha?— Você está ficando louca? — minha mãe empurra Louise e fica entre nós dois — Não bate no meu filho, ele não tem culpa de nada.Minha mãe, me defendendo? Isso para mim é novidade. Ela não faz isso, nunca fez. Ela
SofiaAs coisas em casa não vão ser as mesmas, sei disso. Eu não imaginava como era perder alguém que se ama, tenho toda a minha família viva e saudável.Tobias entrou em casa e ficou um tempo parado olhando para a porta do quarto do nosso filho. Pensei que ele não iria sair dali até que ele se vira para mim e confessa:— Não dá, vou ficar uns dias na casa da minha mãe… se precisar de alguma coisa pode ligar.— Tobias, não faça isso comigo. Eu também estou sofrendo, mas sei que temos que…— Continuar? Seguir em frente? — ele passa as mãos no rosto — Ouvir isso agora não ajuda, Sofia.Tobias entra no nosso quarto e eu o sigo. Vejo ele arrumar uma mochila com poucas roupas e a esperança de que seja apenas poucos dias cresce em mim.Dói ver que vou passar por isso sozinha. Eu não sei o que dizer para o meu marido pra fazê-lo entender que isso não é justo, que ele está sendo egoísta… mas como dizer a alguém que está de luto que sua atitude está errada?Tobias vai para a casa da mãe dele s
AlexanderNão acredito que a Isa me convenceu a colocar uma estranha dentro da minha casa para cuidar das minhas filhas. E o pior de tudo: eu terei que entrevistá-la porque minha irmã acabou de me avisar que não está se sentindo bem.Termino minha reunião e vou para a sala receber a tal Sofia Rodriguez. Quando piso na sala e a vejo de costas meu coração acelera. Ela está usando um vestido preto de alças finas, seu cabelo preto cai em ondas até o meio das costas.— Sofia Rodriguez? — Ela se vira para mim e meu coração para de vez, parece que eu esqueci como se respira e meu corpo reage ao dela de um jeito que não deveria.Os olhos dela, seus lábios tentadores, seus seios visivelmente macios. Por que ela tinha que usar um decote? Minha boca começa a salivar. Droga, Alexander, tinha que se sentir atraído pela babá?— S-sim? — A voz dela me deixa ainda mais excitado, que merda, carência sexual agora não.— Me siga até o meu escritório, por favor!Caminhamos em silêncio, eu tento controlar
SofiaEstou feliz por conseguir o emprego, mas o que foi aquilo com o senhor Thompson? Sofia, é só carência, seu marido não te toca há meses. Você só precisa seduzir seu marido que tudo vai ficar bem.Quando chego em casa pego uma cena que dói na minha alma, Tobias está completamente embriagado caído no chão da sala. Olho para o senhor Willes e falo:— Diga para o senhor Thompson que irei assim que amanhecer, ainda preciso devolver os dinheiro da passagem que depositaram para mim já que vou passar a maior parte do tempo na mansão.— Senhora Martinez, o senhor Thompson gosta que suas ordens sejam cumpridas. Mas a julgar pelo estado do seu marido, vou passar para ele.— Obrigada.Assim que o motorista sai tento colocar Tobias de pé, arrasto ele até o banheiro do nosso quarto, fico de calcinha e sutiã e tiro toda a roupa dele. Coloco o chuveiro no frio e ligo.Com muita força de vontade consigo colocar ele embaixo do chuveiro que geme. Levanto a cabeça dele para que a água bata em seu ro
Alexander Estou sentado na minha sala com uma certa ansiedade, não sei de onde saiu isso. Vou para a quarta dose do meu uísque favorito quando meu motorista entra… sozinho.— Onde está a senhora Rodriguez? — Pergunto ao me inclinar para frente.— Senhor Thompson, o marido dela estava desmaiado na sala quando chegamos lá, ela disse que virá cedo amanhã!— Essa mulher precisa saber que gosto que cumpram minhas ordens. Pode ir, não vou precisar de você por hoje.Continuo na sala, bebendo, não quero ir para o quarto agora. Na minha mente passa uma novela da minha vida perfeita que não tenho mais. Quando a garrafa não tinha mais nada para me oferecer, a porta da frente se abre e Sofia entra.A princípio a vi assustada, até que me aproximei e a vi de um jeito que não estava quando saiu daqui mais cedo. Ao descobrir a razão para ela estar com marcas roxas e o lábio cortado me deixou furioso.Ela é tão pequena, frágil, como o homem que deveria amá-la e respeitá-la faz essa atrocidade com ela
SofiaAs gêmeas são lindas, acordam sorridentes. Fico curiosa quando vejo que na roupinha de cada uma tem bordado seu nome e uma linda pulseira de ouro com seus nomes nelas. Olho para Isadora que está sentada e pergunto:— Como sabem quem é quem? Sei que tem pulseiras e as roupas com os nomes bordados, mas no momento do nascimento quem nasceu primeiro?— Emma foi a primeira a nascer, diferença de cinco minutos para Olivia. Layla planejou tudo desde o início para que ninguém as confundisse.— Você manteve alguma rotina com elas? Quer que eu as siga?— Faça do seu jeito, a única coisa que não conseguiremos mudar são as horas das mamadeiras, elas são dois reloginhos.— Ok… Olívia está mais agitada, vou cuidar dela primeiro. Pode ficar de olho na Emma?— Claro que sim, daqui a pouco alguém vai subir com as mamadeiras.Pego Olivia e vou para o banheiro com ela, o banheiro é todo equipado para cuidar das bebês. Coloco Olívia deitada em cima da mesa que está forrada com um colchonete fino e
AlexanderEu me sento em minha cadeira, olhando pela janela do meu escritório em Nova York, e sinto um orgulho imenso ao pensar na empresa que eu fundei há 15 anos. A Thompson Hospitality Group, ou THG, é uma líder no setor de hospitalidade, com uma presença global em mais de 20 países.Eu me lembro dos dias em que tudo começou, quando eu tinha uma visão de criar uma empresa que oferecesse experiências únicas e personalizadas para os hóspedes. Hoje, a THG opera uma variedade de hotéis de luxo, resorts e propriedades de vacância, incluindo as nossas marcas: Grand Thompson Hotels, Thompson Resorts, Thompson Villas e Thompson Boutique Hotels.Nossa equipe de mais de 8.000 funcionários em todo o mundo trabalha arduamente para garantir que cada hóspede tenha uma experiência inesquecível. Além disso, estamos comprometidos com a sustentabilidade e a inovação, sempre buscando maneiras de melhorar nossos serviços e reduzir nosso impacto ambiental.Eu sinto que a THG é mais do que apenas uma em
SofiaDois dias… fazem dois dias que estou aqui na mansão. Isadora já foi embora com o seu marido e agora estou sozinha com as gêmeas. Pensei que não daria conta por serem duas crianças, mas elas são tão boazinhas.Não choram, são sorridentes e sempre reagem às histórias que conto para elas como se pudessem entender cada palavra minha.Uma coisa que achei estranho, a última vez que vi o senhor Thompson foi na madrugada que cheguei aqui. Parece até que ele não existe ou não mora aqui. Observei também que ele não vem ver as filhas.Mas Isadora me contou que ele vive com o tablet que está conectado a babá eletrônica nas mãos olhando elas. Isso quer dizer que ele também vê como cuido delas e acho que isso é bom. Sinto meu celular vibrar e quando leio a mensagem meus olhos se arregalam.— “Sofia, vem pra casa hoje mesmo! Por sua causa fiquei desacordado na porra de um hospital por dois dias. Fui espancado por algum desgraçado a mando seu só porque peguei um pouco mais pesado na cama com vo