Sofia
As coisas em casa não vão ser as mesmas, sei disso. Eu não imaginava como era perder alguém que se ama, tenho toda a minha família viva e saudável. Tobias entrou em casa e ficou um tempo parado olhando para a porta do quarto do nosso filho. Pensei que ele não iria sair dali até que ele se vira para mim e confessa: — Não dá, vou ficar uns dias na casa da minha mãe… se precisar de alguma coisa pode ligar. — Tobias, não faça isso comigo. Eu também estou sofrendo, mas sei que temos que… — Continuar? Seguir em frente? — ele passa as mãos no rosto — Ouvir isso agora não ajuda, Sofia. Tobias entra no nosso quarto e eu o sigo. Vejo ele arrumar uma mochila com poucas roupas e a esperança de que seja apenas poucos dias cresce em mim. Dói ver que vou passar por isso sozinha. Eu não sei o que dizer para o meu marido pra fazê-lo entender que isso não é justo, que ele está sendo egoísta… mas como dizer a alguém que está de luto que sua atitude está errada? Tobias vai para a casa da mãe dele sem olhar para trás. Me sento no chão de frente para a porta do quarto do Caleb e fico olhando para ela. Eu quero entrar, por um momento sinto uma fúria dentro de mim e um desejo de doar tudo dentro desse quarto me faz levantar do chão. Mas quando toco na maçaneta toda a fúria se esvai e dá lugar a saudade quando sinto meu seio latejar por estar cheio. Coloco minha mão por cima da roupa, nos meus seios e começo a chorar. Faz dois meses que eu perdi meu filho e faz um mês que eu descobri sem querer que Tobias havia voltado para casa, mas estava dormindo no quarto do Caleb. Ele tirou o berço e colocou uma cama de solteiro, mas tirando isso o quarto continua do mesmo jeito. Ele aproveitou o final de semana que fiquei na minha mãe para fazer isso… quero entender porque ele não dorme comigo. — Precisamos conversar, Tobias. — Entro no quarto e ele está de toalha, um desejo e a saudade de ser tocada por ele me lembra que sou uma mulher. — Sofia, por que não bateu na porta? — Isso é sério? Eu te vi nu mais vezes que consigo contar, sou sua esposa, Tobias… bom, eu acho que ainda sou. — O que você quer? — Precisamos começar a pagar a senhora Norman o empréstimo. Não dá mais para adiar e ela está precisando. — Você precisa voltar a trabalhar, eu não tenho como pagar esse empréstimo. Sei que nos ajudou, sei que foi de coração, mas não tenho. — Vai dormir aqui até quando? — Quer que eu volte para a casa da minha mãe? — Por que essa atitude comigo? Está agindo como se eu fosse a culpada. — Porque você me lembra ele! — Tobias grita — Porque cada vez que eu olho nos seus olhos eu vejo os olhos dele… não consigo esquecer, Sofia. Ele sai do quarto e vai se vestir no banheiro. Nosso relacionamento nunca esteve tão próximo do fim como agora. Hoje faz seis meses que eu perdi o meu filho e também consegui fazer uma ficha numa agência de babás. Prometi para a senhora Norman que dessa vez vai dar certo. Eu consegui uns bicos nos últimos meses, mas ainda tenho uma dívida de quatro mil e quinhentos com ela que precisa ser paga. Estou animada, me indicaram essa agência para se cadastrar porque dizem que eles só contratam para trabalhar com crianças ricas. Quero ver se consigo pagar a senhora Norman e depois alugar um lugar para ficar. Não quero me divorciar, mas acho que precisamos de espaço no momento. Estou distraída fazendo um sanduíche pra mim até que recebo uma ligação da agência de babás. — “Senhora Sofia Rodriguez Martinez?” — “Sim, algum problema com o meu cadastro? Estive aí pela manhã, mas posso ir até aí agora.” — “Problema nenhum, por favor, olhe sua caixa de e-mail. Enviamos para a senhora um contrato de trabalho, leia atentamente e nos retorne assim que possível. Esse trabalho é para iniciar amanhã.” A mulher desliga e eu abro meu e-mail. Comecei a ler o contrato, o endereço fica há duas horas da minha casa. Gêmeas de seis meses? Nossa, salário inicial de oito mil dólares? Vou conseguir pagar a senhora Norman e ainda vai sobrar um dinheiro. É claro que vou aceitar. Ligo de volta para a agência e aviso que vou aceitar, a mulher que atendeu me diz para assinar o contrato no meu e-mail de forma digital e enviá-lo de volta. Foi transferido para a minha conta a passagem do táxi para trinta dias de trabalho. Droga, não conferi se tenho direito a folga semanal, mas de qualquer jeito o salário é alto. Acordei cedo, Tobias ainda estava dormindo. Não contei para ele que consegui o emprego e ao julgar pela sua falta de preocupação comigo ele nem vai perceber que eu não estou em casa. Estava no táxi indo pelo caminho de entrada da mansão de Alexander Thompson, e eu não podia acreditar no que estava vendo. A mansão era enorme, com jardins luxuosos e uma fachada impressionante. Eu me senti como se estivesse entrando em um mundo diferente. Quando o táxi parou eu saí e vi o mesmo indo embora devagar, um homem veio até mim e se apresentou como o mordomo da casa. — Bem-vinda, Sofia. Eu sou o sr. Jenkins. Vou mostrar a casa para você. O senhor Thompson está em uma ligação importante agora e a irmã dele vai vê-la em breve. Eu segui o sr. Jenkins até a entrada da mansão, e quando eu entrei, fiquei sem fôlego. A entrada era enorme, com um lustre de cristal pendurado no teto e um tapete vermelho que se estendia até o final do corredor. — A casa tem 10 quartos, 5 banheiros, uma sala de estar, uma sala de jantar, uma cozinha e um jardim. — Fala o sr. Jenkins, enquanto me levava em uma turnê pela casa. Eu vi uma sala de estar com uma lareira enorme e uma sala de jantar com uma mesa de jantar que podia acomodar facilmente 12 pessoas. A cozinha era enorme, com todos os aparelhos que você podia imaginar. — E as gêmeas? — perguntei ao sr. Jenkins. — Onde elas estão? — As gêmeas estão no quarto delas. Ele me levou até o quarto das gêmeas, e quando eu entrei vi duas criancinhas adoráveis dormindo em suas camas. Senti uma onda de amor e carinho por elas, foi instantâneo. — Elas são lindas. — Sim, elas são. E precisam de alguém especial para cuidar delas. Eu sorri, me sentindo grata por ter sido escolhida para cuidar das gêmeas. Depois sou levada de volta para a sala e deixada sozinha ali até que escuto uma voz masculina chamar meu nome: — Sofia Rodriguez? — Assim que eu me viro congelo, meu coração acelera um pouco. — S-sim? O homem não fala mais nada, ficamos presos um no olhar do outro o que parece uma eternidade.AlexanderNão acredito que a Isa me convenceu a colocar uma estranha dentro da minha casa para cuidar das minhas filhas. E o pior de tudo: eu terei que entrevistá-la porque minha irmã acabou de me avisar que não está se sentindo bem.Termino minha reunião e vou para a sala receber a tal Sofia Rodriguez. Quando piso na sala e a vejo de costas meu coração acelera. Ela está usando um vestido preto de alças finas, seu cabelo preto cai em ondas até o meio das costas.— Sofia Rodriguez? — Ela se vira para mim e meu coração para de vez, parece que eu esqueci como se respira e meu corpo reage ao dela de um jeito que não deveria.Os olhos dela, seus lábios tentadores, seus seios visivelmente macios. Por que ela tinha que usar um decote? Minha boca começa a salivar. Droga, Alexander, tinha que se sentir atraído pela babá?— S-sim? — A voz dela me deixa ainda mais excitado, que merda, carência sexual agora não.— Me siga até o meu escritório, por favor!Caminhamos em silêncio, eu tento controlar
SofiaEstou feliz por conseguir o emprego, mas o que foi aquilo com o senhor Thompson? Sofia, é só carência, seu marido não te toca há meses. Você só precisa seduzir seu marido que tudo vai ficar bem.Quando chego em casa pego uma cena que dói na minha alma, Tobias está completamente embriagado caído no chão da sala. Olho para o senhor Willes e falo:— Diga para o senhor Thompson que irei assim que amanhecer, ainda preciso devolver os dinheiro da passagem que depositaram para mim já que vou passar a maior parte do tempo na mansão.— Senhora Martinez, o senhor Thompson gosta que suas ordens sejam cumpridas. Mas a julgar pelo estado do seu marido, vou passar para ele.— Obrigada.Assim que o motorista sai tento colocar Tobias de pé, arrasto ele até o banheiro do nosso quarto, fico de calcinha e sutiã e tiro toda a roupa dele. Coloco o chuveiro no frio e ligo.Com muita força de vontade consigo colocar ele embaixo do chuveiro que geme. Levanto a cabeça dele para que a água bata em seu ro
Alexander Estou sentado na minha sala com uma certa ansiedade, não sei de onde saiu isso. Vou para a quarta dose do meu uísque favorito quando meu motorista entra… sozinho.— Onde está a senhora Rodriguez? — Pergunto ao me inclinar para frente.— Senhor Thompson, o marido dela estava desmaiado na sala quando chegamos lá, ela disse que virá cedo amanhã!— Essa mulher precisa saber que gosto que cumpram minhas ordens. Pode ir, não vou precisar de você por hoje.Continuo na sala, bebendo, não quero ir para o quarto agora. Na minha mente passa uma novela da minha vida perfeita que não tenho mais. Quando a garrafa não tinha mais nada para me oferecer, a porta da frente se abre e Sofia entra.A princípio a vi assustada, até que me aproximei e a vi de um jeito que não estava quando saiu daqui mais cedo. Ao descobrir a razão para ela estar com marcas roxas e o lábio cortado me deixou furioso.Ela é tão pequena, frágil, como o homem que deveria amá-la e respeitá-la faz essa atrocidade com ela
SofiaAs gêmeas são lindas, acordam sorridentes. Fico curiosa quando vejo que na roupinha de cada uma tem bordado seu nome e uma linda pulseira de ouro com seus nomes nelas. Olho para Isadora que está sentada e pergunto:— Como sabem quem é quem? Sei que tem pulseiras e as roupas com os nomes bordados, mas no momento do nascimento quem nasceu primeiro?— Emma foi a primeira a nascer, diferença de cinco minutos para Olivia. Layla planejou tudo desde o início para que ninguém as confundisse.— Você manteve alguma rotina com elas? Quer que eu as siga?— Faça do seu jeito, a única coisa que não conseguiremos mudar são as horas das mamadeiras, elas são dois reloginhos.— Ok… Olívia está mais agitada, vou cuidar dela primeiro. Pode ficar de olho na Emma?— Claro que sim, daqui a pouco alguém vai subir com as mamadeiras.Pego Olivia e vou para o banheiro com ela, o banheiro é todo equipado para cuidar das bebês. Coloco Olívia deitada em cima da mesa que está forrada com um colchonete fino e
AlexanderEu me sento em minha cadeira, olhando pela janela do meu escritório em Nova York, e sinto um orgulho imenso ao pensar na empresa que eu fundei há 15 anos. A Thompson Hospitality Group, ou THG, é uma líder no setor de hospitalidade, com uma presença global em mais de 20 países.Eu me lembro dos dias em que tudo começou, quando eu tinha uma visão de criar uma empresa que oferecesse experiências únicas e personalizadas para os hóspedes. Hoje, a THG opera uma variedade de hotéis de luxo, resorts e propriedades de vacância, incluindo as nossas marcas: Grand Thompson Hotels, Thompson Resorts, Thompson Villas e Thompson Boutique Hotels.Nossa equipe de mais de 8.000 funcionários em todo o mundo trabalha arduamente para garantir que cada hóspede tenha uma experiência inesquecível. Além disso, estamos comprometidos com a sustentabilidade e a inovação, sempre buscando maneiras de melhorar nossos serviços e reduzir nosso impacto ambiental.Eu sinto que a THG é mais do que apenas uma em
SofiaDois dias… fazem dois dias que estou aqui na mansão. Isadora já foi embora com o seu marido e agora estou sozinha com as gêmeas. Pensei que não daria conta por serem duas crianças, mas elas são tão boazinhas.Não choram, são sorridentes e sempre reagem às histórias que conto para elas como se pudessem entender cada palavra minha.Uma coisa que achei estranho, a última vez que vi o senhor Thompson foi na madrugada que cheguei aqui. Parece até que ele não existe ou não mora aqui. Observei também que ele não vem ver as filhas.Mas Isadora me contou que ele vive com o tablet que está conectado a babá eletrônica nas mãos olhando elas. Isso quer dizer que ele também vê como cuido delas e acho que isso é bom. Sinto meu celular vibrar e quando leio a mensagem meus olhos se arregalam.— “Sofia, vem pra casa hoje mesmo! Por sua causa fiquei desacordado na porra de um hospital por dois dias. Fui espancado por algum desgraçado a mando seu só porque peguei um pouco mais pesado na cama com vo
Alexander Depois de chegar em casa me esgueirando pelos corredores para que ninguém me visse do jeito que eu estava, bêbado e desarrumado, entrei no meu quarto. Depois que sai da delegacia eu só pensava em voltar e me entregar, mas ao invés disso fui para o bar.Briguei com o Larry porque não me deixou beber mais. Em casa, me joguei na cama do jeito que estava e fiquei naquela posição por meia hora até que levantei e tomei um banho.Apenas enrolei a toalha na minha cintura e peguei o tablet, precisava ver minhas filhas. Mas a cena que eu vi me fez chorar, vi Sofia praticamente sendo uma mãe para as gêmeas e minha mente alcoolizada trocou Sofia por Layla.Me sentei na cama, com uma das mãos na boca tentando cobrir um soluço de choro enquanto a imagem transmitida no tablet não era real, aquela não era a Layla, mas eu queria que fosse.Deitei, apoiei o tablet no travesseiro e fiquei olhando até adormecer. Quando despertei a noite já estava atenta lá fora, olhei para o tablet e vi Sofia
Sofia Não acredito que adormeci no quarto das gêmeas. Eu deveria ter ido para o meu quarto e acabei dormindo aqui. Só que tem algo estranho, tenho certeza que não me cobri ontem a noite… será que foi o senhor Jenkins?Meus pensamentos se perdem quando escuto a gargalhada da Olivia, e acabo de perceber que estou conseguindo distinguir quem é quem por pequenos sons.— Sua danadinha, vai acordar a sua irmã. Vamos tomar banho?Ela sorri e mexe as mãozinhas e as pernas na minha direção. Assim que termino de cuidar da Olivia a Emma desperta. Desci para o café da manhã com elas e hoje decidi dar uma maçã raspadinha para elas.O café da manhã foi estranho, foi a primeira vez que o senhor Thompson tomou café comigo e as filhas à mesa. Pelo que entendi foi insistência da Isadora. Depois do bom dia o silêncio reinou do lado dele e foi trabalhar sem olhar para nós.Eu estava cuidando das gêmeas, Olivia e Emma, como sempre fazia. Olivia estava dormindo tranquilamente após a mamadeira, mas quando