Alexander
É estranho dizer que encontrei o amor aos quarenta anos? Minha história de amor poderia ser um filme da Disney, um verdadeiro conto de fadas. Ela era camareira em um dos meus hotéis e eu dei muito trabalho para ela depois de beber demais em uma noite solitária. — Eu não sou feliz… — Minha voz sai arrastada e apática por causa da bebida. — Desculpe, senhor, só vim até o seu quarto porque me pediram para trocar a roupa de cama. — Ela fala gentilmente. — Não vai embora… — passo as duas mãos no meu rosto e volto a olhar para a mulher mais linda que eu já vi — Qual é o seu nome? — Me chamo Layla… Layla Simpson! — Sabe quem eu sou Layla? — me levanto da cama e caminho cambaleando até ela — Sou Alexander Thompson, dono do grupo THG. — Todos aqui sabem quem o senhor é, senhor Thompson. Eu acabei beijando a Layla. Ela poderia me bater, chamar a polícia ou até fazer um escândalo, mas não fez nada disso. Ela apenas me ajudou a voltar para a cama e sussurrou pensando que eu iria esquecer: — Amanhã sei que não vai lembrar de nada, sei que não teria me beijado se estivesse lúcido e que isso foi um reflexo da bebida… eu te perdoo, senhor Thompson. Layla saiu do quarto depois disso. Quando eu despertei tudo o que queria era encontrar a Layla, mas descobri que ela estava de folga por ter trabalhado no turno da noite. Passei o dia e a noite pensando nela, ansioso para que chegasse no hotel. Nessa época eu vivia dormindo pelos hotéis, não fazia isso antes, mas depois de perder meu avô não vi mais sentido morar numa mansão sozinho. Meus pais tinham a mansão deles e para ser sincero eu não conseguiria morar com eles, ambos são narcisistas e manipuladores, mas o meu pai ainda é mais fácil de se conviver do que a minha mãe. Minha irmã casou cedo para sair de casa por causa disso. Finalmente chega a manhã seguinte, espero por Layla na aérea que os funcionários ficam antes de se trocar para começar o dia. Assim que ela entra se surpreende com a minha presença. — Nós precisamos conversar, Layla. — Senhor… — ela olha para os lados e depois para mim — Senhor Thompson, fiz alguma coisa errada? — Sim, me acompanhe, por favor! Eu conseguia sentir o medo dela, em alguns momentos tentei segurar o riso. Me apaixonei por ela estando bêbado enquanto ela usava o uniforme do hotel. Olhando para ela agora só me faz desejá-la mais. Layla tem mais ou menos um e sessenta de altura, cabelos castanhos longos e ondulados, seus olhos castanhos amendoados me fascinam, seu corpo tem curvas arredondadas, ela não é muito magra e me excita. — Senhor Thompson, sinto muito por ontem à noite. Não precisa me demitir, pode me enviar para outro hotel. — Entre, por favor. — Paramos na frente do meu quarto e eu abro a porta sinalizando para ela entrar. Ela entra, aponto para o sofá e Layla se senta segurando firmemente sua bolsa. Ela está com os olhos marejados, sem rodeios pergunto para ela: — Me daria a oportunidade de te conhecer melhor? — O que? — ela pergunta em choque — Senhor, bebeu novamente? — Não entendi a pergunta! — Olhe pra mim, eu não combino com a sua vida. Tenho trinta anos e dois ex-maridos que fazem da minha vida um inferno. — Eu tenho quarenta, não tenho ex-esposas, mas vou adorar te ajudar a se livrar dos seus exs. Layla acabou sorrindo ao me ouvir falar. Quinze dias depois ela já estava na minha vida de forma permanente. Pedi Layla em casamento três meses depois. Minha mãe criou um enorme problema quando descobriu que a Layla não tinha o mesmo status financeiro que eu e tentou de tudo para acabar com o meu relacionamento. — Alexander, não vê que ela só quer o seu dinheiro? Não é um bom partido pra você. — Minha mãe b**e com as mãos na mesa. — É sério que veio no dia do meu casamento para me fazer desistir? Deixa eu te falar uma coisa: casamos no civil semana passada, com comunhão total de bens. — Você é o homem mais burro da face da Terra! Como teve a audácia? — Minha mãe grita. — Ah, eu não sou! Meu pai é, porque ele se casou com você. — Como eu fui parir um imbecil, meu Deus? Não conte comigo pra nada, se arrependimento matasse eu já teria virado pó. Queria voltar no tempo e não permitir que seu pai te entregasse à empresa. — Já que não concorda com meu casamento, suponho que seja melhor a senhora ir embora. Dispenso a presença de quem não gosta da minha esposa. Minha mãe foi embora soltando fogo pelos poros, eu não me importei. Tinha meu pai ao meu lado que mesmo que não concordasse aceitou meu relacionamento, tinha a minha irmã, não precisava de mais nada. — A sua mãe não gosta mesmo de mim, mesmo depois desse tempo todo que estamos juntos. — Não se importe com ela… — falo enquanto dançamos a dança dos noivos — Todos que importam para nós estão à nossa volta comemorando a nossa felicidade. — Eu não pensei que seria possível encontrar o amor depois dos trinta, obrigada por me amar tanto, meu príncipe. — Obrigado por confiar em mim e no nosso amor, minha princesa. Estávamos ansiosos para a lua de mel, foi uma decisão nossa esperar esse momento para a entrega física. Me peguei muitas noites desejando tê-la em nossa cama e agora isso é real. Layla sempre idealizou a lua de mel no Alasca, eu quis dar isso pra ela. Escolhi um chalé para passarmos os dois meses de lua de mel. Ela me fez um pedido, não queria engravidar agora. — Eu quero aproveitar esse primeiro ano ao seu lado. Quero poder te acompanhar para onde for sem me preocupar com alguém que dependa de mim em tempo integral. — O que você quiser, amor, o que quiser. Layla cumpriu sua palavra, nosso primeiro ano de casamento foi uma lua de mel interminável. Tudo estava indo bem até que Layla começou a ficar preocupada. — Não fica assim, não aconteceu ainda porque você está se cobrando muito, amor. — Alexander, isso não é normal. Estamos tentando há três meses, eu já deveria estar grávida só pela quantidade de vezes que fazemos amor durante o dia e a noite. Tem alguma coisa errada comigo. — Talvez seja comigo e não com você, não quero que se cobre tanto. — Você não quer ser pai? — É tudo o que eu mais quero desde que te conheci, mas não quero que fique do jeito que está por isso! Eu abraço Layla, abraço apertado, ela chora. Droga, não queria vê-la chorar. Me sinto um péssimo marido.SofiaUma família unida e amorosa é a base da felicidade. Tenho uma mãe maravilhosa, um padrasto que me criou desde os dez dias de vida e meu irmão, Antunes. Eu trabalho desde os dezessete anos numa floricultura há vinte minutos da casa da minha mãe.No meu aniversário de vinte anos recebi um buquê de flores de um cliente, Tobias Martinez. Ele é gerente da loja de material esportivo que fica de frente para a floricultura.— Não precisava… — Sinto meu rosto esquentar quando ele segura a minha mão livre e diz:— Quero te dar mais do que isso, aceita ir ao cinema comigo?Tobias era o homem dos sonhos, alto, atlético, cheiroso, gentil, cabelos acobreados e olhos castanhos claros. O sorriso dele aquecia meu coração. Eu sempre via ele chegar enquanto abria a floricultura para a senhora Norman. Fiquei com essa função depois que ela descobriu sua terceira gestação aos quarenta anos.Suas manhãs não eram as melhores por causa dos enjôos matinais, então ela só vinha para a floricultura perto d
Alexander Layla e eu fomos até o melhor hospital da cidade, chegando lá fizemos alguns exames. Comigo estava tudo bem, mas com ela… me senti péssimo ao descobrir que a contagem dos óvulos dela estava baixa. É por isso que ela não conseguiu engravidar ainda.Tivemos que esperar alguns dias para ter esse resultado e agora estamos na sala da médica dela esperando um milagre em nossas vidas.Eu estava sentado ao lado de Layla na sala da médica, segurando sua mão e tentando manter a calma. A médica, Dra. Relles, entrou na sala com um sorriso amigável e começou a explicar os resultados dos exames de Layla.— Layla, como você sabe, você veio aqui para discutir a sua dificuldade em engravidar. — começou a médica. — Os exames mostraram que você tem uma ovulação baixa, o que pode estar dificultando a sua capacidade de engravidar.Layla olhou para mim com uma expressão de preocupação, e eu dei um aperto na sua mão para tentar confortá-la.— O que isso significa? — Perguntei à médica.— Isso sig
SofiaEstou completando vinte e cinco anos, não me sinto bem e pergunto para a senhora Norman se posso sair mais cedo. No momento estou cuidando apenas do Ethan já que os outros estão na escola.Ethan já está com pouco mais de quatro anos, seu aniversário é em poucos meses. É um menino doce e tranquilo. O marido da senhora Norman saiu do hospital há um ano, ele ficou com sequelas do acidente e hoje usa uma cadeira de rodas.— Sofia, pode deixar ele aqui na loja comigo. Vou buscar os outros na escola em uma hora e depois vou pra casa.— Obrigada, senhora Norman, eu vou passar no hospital e fazer uns exames.Faço o que eu disse, fico na sala de espera até que escuto meu nome depois de duas horas. O médico sentado do outro lado da mesa parece ter sessenta anos. Ele me lança um sorriso amarelo transmitindo cansaço.— Senhora Martinez, fico feliz em dizer que o que a senhora está sentindo é completamente normal na sua condição.— Doutor, não é normal sentir o estômago desse jeito. Quero um
Alexander Os dias seguintes foram como viver no inferno. Layla começou a piorar, sentia dores inexplicáveis e a médica só sabia passar mais exames para ela. Sua barriga aumentou de tamanho de uma hora para outra, eu não sabia o que fazer e ficava assistindo o amor da minha vida sofrer demais. Minha mente traiçoeira começou a me culpar.Eu já não viajo mais, estou em casa para cuidar de Layla. Enquanto eu estava em uma ligação de trabalho, uma funcionária me avisa que Layla perdeu os sentidos após se queixar de uma dor intensa próximo a lombar. Levei ela para o hospital o mais rápido que eu pude.Eu estava sentado ao lado da cama de Layla, segurando sua mão e olhando para ela com preocupação enquanto a mesma estava num sono induzido. A médica entrou no quarto e se aproximou de nós.— Alexander, precisamos falar sobre a saúde de Layla. A gravidez está afetando sua saúde de forma grave. Seus rins estão funcionando mal e seu coração está trabalhando demais.— O que isso significa? — Per
SofiaEssa dor eu não desejo a ninguém, depois que encontramos nosso pequeno milagre no berço Tobias não falou mais nenhuma palavra. Ele apenas segura firme a manta azul, seu primeiro presente para Caleb, firmemente entre as mãos e olha para o chão.Eu estava sentada na sala de espera do hospital com Tobias em silêncio ao meu lado, esperando pelo médico que iria nos dar a notícia sobre a causa da morte do meu bebê. Meu coração estava pesado, e eu sentia uma dor profunda no meu peito. Tobias parecia estar num estado de choque, catatônico.O médico entrou na sala de espera e se aproximou de nós. Ele tinha um olhar sério e compreensivo.— Sofia, sinto muito pelo que aconteceu com o seu bebê. — o médico fala e eu sinto uma pancada me atingir me lembrando do vazio em meus braços — Nós fizemos todos os exames necessários para determinar a causa da morte, e infelizmente, descobrimos que ele tinha uma doença cardíaca.— Uma doença cardíaca? — repeti um pouco atordoada. — Como isso foi possív
AlexanderOlho para Emma e Olivia, não consigo evitar o pensamento de que a morte de Layla é culpa nossa. Nós três somos responsáveis pelo amor da minha vida não está mais respirando.Por que elas tinham que ser tão parecidas com a mãe delas? Vai me lembrar todos os dias que eu tive amor e perdi. Logo escuto as vozes lá fora, minha mãe, meu pai, minha sogra, meu sogro, minha irmã e meu cunhado, todos estão do lado de fora do quarto.Meia hora atrás eu estava lá fora falando com a médica. Estava indignado com o fato deles não terem explorado mais opções para salvar a minha esposa. E agora estou aqui com a família lá fora prestes a entrar e me perguntar o que aconteceu.— Alexander? — minha sogra veio até mim e começou a socar meu tórax — Onde está a Layla? Cadê a minha filha?— Você está ficando louca? — minha mãe empurra Louise e fica entre nós dois — Não bate no meu filho, ele não tem culpa de nada.Minha mãe, me defendendo? Isso para mim é novidade. Ela não faz isso, nunca fez. Ela
SofiaAs coisas em casa não vão ser as mesmas, sei disso. Eu não imaginava como era perder alguém que se ama, tenho toda a minha família viva e saudável.Tobias entrou em casa e ficou um tempo parado olhando para a porta do quarto do nosso filho. Pensei que ele não iria sair dali até que ele se vira para mim e confessa:— Não dá, vou ficar uns dias na casa da minha mãe… se precisar de alguma coisa pode ligar.— Tobias, não faça isso comigo. Eu também estou sofrendo, mas sei que temos que…— Continuar? Seguir em frente? — ele passa as mãos no rosto — Ouvir isso agora não ajuda, Sofia.Tobias entra no nosso quarto e eu o sigo. Vejo ele arrumar uma mochila com poucas roupas e a esperança de que seja apenas poucos dias cresce em mim.Dói ver que vou passar por isso sozinha. Eu não sei o que dizer para o meu marido pra fazê-lo entender que isso não é justo, que ele está sendo egoísta… mas como dizer a alguém que está de luto que sua atitude está errada?Tobias vai para a casa da mãe dele s