Como Chegamos Até Ali

POV de Dilan

Meu nome é Dilan Stain, sou CEO da Stain Inc. Tenho um complexo de escritórios imobiliários no centro comercial de Nova York. E uma cobertura no Central Park Tower. Eu cheguei no topo! Mas foi com muito sacrifício. Melissa e eu começamos a namorar ainda adolescentes, cheios de planos e sonhos. Estudamos, nos destacamos e montamos nossa primeira imobiliária. Sempre fizemos tudo juntos e crescemos juntos. Sempre sabendo que tínhamos que fazer tudo direitinho, porque um casal de negros vindos do subúrbio, quando se destacava virava logo alvo!

No ano anterior, convenci Melissa que já tínhamos atingido níveis muito superiores a nossa expectativa, e estava na hora de ela desacelerar e ter nosso bebê. Não foi uma decisão fácil pra ela, mas depois que a tomou, fez exatamente como sempre fazia em sua vida: se dedicou totalmente a gravidez, ao enxoval, a tudo! Foi uma gravidez tranquila e Cristopher já era muito amado.

No mês passado, recebemos uma proposta para estender nosso nome para Inglaterra e Portugal. Eu não queria ir, mas Melissa achou uma proposta irrecusável. Programei tudo como ela queria e viajei para a Inglaterra, me reunir com alguns possíveis investidores. Queria resolver tudo em 10 dias e voltar, com pelo menos uma semana de folga antes do nascimento de Cristopher.

Mas recebi fotos anônimas de um homem entrando em meu apartamento. Eu tinha certeza de que era um mal entendido de alguém que estava querendo armar pra cima da minha esposa. Como uma mulher grávida de 38 semanas recebia um amante em casa, com sua mãe morando com a gente?

Liguei para o meu COO, que foi até meu apartamento e uma hora depois me fez uma chamada de vídeo, com a polícia em meu apartamento, minha sogra ferida. Melissa tinha sido sequestrada! Voltei pra casa imediatamente, as negociações já tinham começado. Michael estava tratando de tudo com a polícia. Meu nível de stress era absurdo, então eu imaginava o nível de stress da minha mulher, esperando meu filho.

Michael era meu melhor amigo! O branco pobre que não teria como sair dos subúrbios e acabaria entrando na criminalidade. Eu não aceitava! Quando Mel e eu nos casamos, ainda trabalhando para os outros, o buscamos para morar com a gente e estudar. Sempre fazíamos tudo juntos!

Quando meus pais morreram, Michael já tinha o apartamento dele, já estava quase se formando, mas ainda éramos o trio de amigos inseparáveis. Ele quem cuidou de tudo pra mim, e me deu a idéia de pegar o dinheiro da casa dos meus pais e começar meu próprio negócio. Meus dois irmãos viviam em Washington com suas famílias, minha irmã em New Orleans. Concordaram que eu ficasse com a pouca herança que meus pais deixaram e se desse certo, depois eu lhes devolvia. Tínhamos nossas economias, Mel e eu, e assim começamos nosso império! Logo trouxemos Michael pra ser meu vice e por todos esses anos e processos, nunca ficamos separados.

Minha sogra, Mary Jane, é mãe solteira, nunca conhecemos o pai de Mel, mesmo depois que ficamos ricos e famosos. Mel sempre dizia:

— Tem um ditado chinês que fala assim: “prego que se destaca, toma martelada”! Somos dois pregos negros, meu bem. A porretada vem! Logo meu papai querido vai aparecer cobrando os direitos dele sobre nosso destaque.

Mas nunca aconteceu! Mary Jane saiu do subúrbio e demos a ela um apartamento há dez minutos do nosso. Era dessas negras escandalosas que adorava pink, unhas postiças enormes e apliques de cabelos longos, muito jovem para ser avó. Tudo que era postiço, Mary Jane usava e gostava muito do status que a gente podia proporcionar a ela. Tinha uma coisa que ela fazia questão e ensinou Melissa: todos os colaboradores do lar deveriam ser brancos!

— Meninos, não é questão de racismo, mas de equilibrar as coisas. Os brancos adoram ter um negro servindo eles. Porque vamos fazer o mesmo? Não! Oportunidades iguais para todas as raças!

Michael dizia que era racismo sim, mas acabava acatando a força da natureza que era minha sogra. E dessa forma, lá estávamos nós: uma família completamente estranha, mas que se amava e se ajudava. Precisávamos de uma criança pra alegrar nossas vidas, e quando Melissa completou sete meses de gravidez, Mary Jane fechou o apartamento dela e se mudou para o nosso, para ajudar a cuidar da filha e do neto, enquanto ela trabalhava de casa!

Quando acordei do acidente no dia seguinte, que vi minha sogra ao meu lado, eu sabia que Mel não tinha resistido. Se tivesse um mínimo de esperanças, Mary Jane estaria do lado da filha…

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo