POV de Alysson
Eu estava vestida com uma calça jeans branca, uma camiseta também branca e meu jaleco estava na bolsa. Mamãe comprou essas roupas pra mim quando comecei o curso, achou que seriam importantes. Estávamos subindo no elevador do Tower, o prédio residencial mais elegante de Nova York e eu desviei um pouco meus pensamentos para comparar todo aquele luxo, com nossas casas simples que incomodavam aquele senhor!
Não preguei os olhos durante toda a noite. Papai não quis discutir o fato de saber que eu dançava na Blue, apenas me mandou encaixotar algumas coisas que ele levaria depois da entrevista. Não me deixou margem pra recusar. Fiquei pensando se era tarde pra aceitar dividir apartamento com Soraya no complexo A. Talvez fosse a melhor opção. Se papai tinha arrumado emprego com moradia, ele que fosse, estaria bem. Eu não conseguiria servir a um homem que eu odiava tanto! Mas papai, com suas surpresas, as cinco da manhã entrou em meu quarto:
— Filha, eu sei que você está com o coração em ebulição. Mas eu quero que você se lembre de tudo o que sua mãe te ensinou.
— Pare de evocar minha mãe toda hora, papai. Ela está morta! E foi por culpa da ganância daquele homem, a quem o senhor quer que eu diga sim senhor, agora!
— Eu conheci o senhor Stain, ele me pareceu surpreso em seu grupo ter comprado o complexo. Mesmo assim, ele disse ter vindo da periferia, e que sente muito pela nossa situação.
— E o senhor acreditou nele? Um homem riquíssimo, que comprou nosso complexo para construir um shopping center, se importa mesmo com os moradores de classe baixa?
— Dê uma chance, Alysson. Por favor, só uma chance! Você tem preconceito com o senhor Stain, pelo dinheiro e poder dele. Você nem o conhece ainda.
— Preconceito, papai? Se o senhor gosta tanto de evocar minha mãe, me conta porque ela dizia que o preconceito é uma merda e vocês se casaram por causa do preconceito dos outros?
— Não é o que está em questão, Hill. Apenas saiba que preconceito é uma merda! Dê uma chance de o senhor Stain provar que não é esse rico soberbo que você pintou em sua cabeça!
— E se ele provar que é, papai?
— Então seja inteligente! Se ele provar que é essa pessoa, você vai estar perto dele, com o filho dele em seu poder. Você vai saber usar isso para salvar o complexo!
Foi uma idéia na qual eu não tinha pensado! Eu só queria arrancar os olhos daquele rico filho da puta! Mas se fosse inteligente, eu poderia convencer ele a tomar outras medidas para o complexo!
Quando entramos no apartamento, fomos recebidos por um senhor branco, muito distinto. Se apresentou como Michael e disse que dona Marie Jane estava se limpando porque o bebê gorfou nela. Perguntei se eu poderia ver o bebê, e ele me entregou.
Meu Deus! Que bebê lindo! Pretinho, dos lábios carnudos. Segurou meu dedo com força e eu comecei a brincar com ele, e tenho certeza que ele riu pra mim. Meu pai disse que eram gazes, que bebês dessa idade não riam! E foi desse jeito que a senhora Marie Jane me encontrou: tentando fazer o bebê rir de novo! E que mulher era a senhora Marie Jane!
Uma negra espalhafatosa, com uma legging preta, uma blusa pink de seda, toda nos postiços, de seios grandes. Por um minuto, me imaginei em um abraço dela, pensando o quanto seria acolhedor como abraço de mãe!
Nos entendemos logo de cara e ela quando abria a boca, já era espalhafatosa como sua figura:
— Mulher, você não tá achando que vai trabalhar toda de branco desse jeito com um bebê gofando em você a cada meia hora, né?
— Se a senhora exigir uniforme, eu uso.
— Não menina, aqui somos o mais informal possível. Gosto do pessoal que minha filha contratou, todo mundo trabalha como quer. Não precisa de uniforme e nem se sentir inferior a gente. Vocês serão os primeiros a usar as dependências para funcionários, minha filha preferia a privacidade dela e contratar pessoas que tivessem horário. Mas tudo está tão diferente agora!
Percebi uma tristeza no rosto de Marie Jane e quase revirei os olhos pra mim mesma. Não fazia dois meses que a filha dela faleceu! Foi nessa hora que ela se virou para se apresentar para meu pai, e então eu vi surpresa:
— Jhon Allister?
— Marie Jane Standart?
— Vocês se conhecem? De onde?
— Foi em outra vida! Quer me dar o bebê pra gente conversar com você mais a vontade?
Estranhei que rapidamente Marie Jane mudou de postura. Não queria entregar o bebê, mas era dela e não meu, e eu nem sabia se iria ficar com o emprego, então estendi para ela, mas ele começou a chorar e ela disse que eu poderia ficar, olhando pra ele e falando:
— Traidor! Está contratada! Ele nunca ficou tão confortável no colo de ninguém! Dilan me disse que você estuda, que vai precisar do horário noturno. Eu tomei a liberdade de procurar uma instituição mais próxima, para que você não perca muito tempo pra voltar, tudo bem? Vamos adequar nossas agendas para eu cuidar dele enquanto você está na escola. Seu pai vai levar e buscar você no curso com o carro da família.
— Senhora, eu parei o curso por falta de condições de pagar as mensalidades...
— Não se preocupe com isso, menina. Seu emprego te dá uma bolsa para isso. Dilan é muito sensato, ele não iria estragar a formação de uma moça tão jovem pra cuidar do filho dele. Foi pensando que com educação é que se vence, que ele chegou tão longe na vida! Agora vamos, vou te mostrar o quarto do Cris e a rotina, e deixar seu pai conversando com Michael sobre a contratação de vocês.
Segui Marie Jane sorridente. Parecia um sonho: casa, comida, emprego, estudo. Sem me preocupar com nada? Cadê o senhor Dilan Stain pra eu arrancar os olhos? Resolvi prestar atenção na senhora exuberante, ela parecia não parar de falar nem pra respirar. E eu queria agradar ela ao máximo, se não fosse por tudo que aquele emprego representava, ainda tinha aquele bebê lindo em meus braços por quem eu me apaixonei à primeira vista!
POV de Alysson O mês passou que eu nem me dei conta! Nem acreditava que estava vivendo um sonho! Uma vida normal, sem ter que tirar a roupa para aqueles tarados. Cristopher era um bebê encantador. Eu dormia no quarto com ele, e era infinitamente mais confortável que em minha antiga casa. Michael voltou para o apartamento dele com minha contratação e eu fiquei mais à vontade. Não sei, ele me olha de um jeito estranho. Fiquei pensando se por acaso ele não me viu dançando e está tentando me reconhecer. Prefiro que ele tenha ido embora mesmo. Não quero que ninguém saiba que uma streaper está cuidando do Cris. Eu achei muito estranho não ver o senhor Dilan em nenhum momento. Mary Jane me explicou tudo o que aconteceu, e eu quase deixei de odiar ele e ter compaixão: — Eu tive Melissa muito jovem, imatura. Tinha 16 anos, solteira, cortei um dobrado pra criar. Meu pai me expulsou de casa, minha tia me acolheu, mas me escravizava. Cuidei daquela velha solteirona por 13 anos, quando ela e
POV de Dilan Não estava sendo rápido e nem fácil entender o que estava acontecendo em minha vida! Quando cheguei na Inglaterra, descobri que Alex Silver estava esperando uma proposta minha, pois minha empresa é quem tinha solicitado a parceria. Fiquei muito nervoso, queria voltar imediatamente pra casa e resolver toda aquela bagunça que se estabeleceu em minha empresa. Mas Debby Silver, esposa de Alex intercedeu: — Fique para almoçar conosco. Você não veio dos Estados Unidos até aqui só para fazer cara feia para nós e ir embora, não é? Preparei hospedagem para você em minha casa e pedi folga para te receber. — Pediu folga? Vocês não são sócios? — Eu jamais conseguiria trabalhar no mesmo ambiente que meu marido. Aliás, esse negócio de se verem todos os dias e passar o tempo todo juntos é coisa de vocês americanos. Dependendo do meu caso, chegamos a passar semanas sem nos ver. — A senhora Silver me entregou um cartão, onde pude ler: Debby Silver, investigadora Scottland Yard. De
POV de Dilan Quando saí do banho, de calção e sem camisa como sempre fazia quando estava em casa, procurei por Mary Jane. Queria conversar com ela e saber da índole de pai e filha que estavam morando lá. Meu intuito era descobrir se eram infiltrados para nos fazer mal ou colher informações. Mas quando cheguei na sala, só encontrei aquela menina brincando com o Cris. Ele estava no bercinho móvel em cima do sofá e ela se curvava e levantava, rindo pra ele e fazendo voz de desenho animado. Perdi a concentração olhando aquele lindo traseiro em posição nada decorosa. Ela estava com uma bermuda ciclista de coton verde musgo, e cada vez que se abaixava, ficando quase de quatro, a marca da calcinha aparecia no tecido. Mordi o lábio e senti uma ereção se formando, quando reparei nas curvas bem delineadas da cintura e o traseiro avantajado. Fiquei me imaginando segurando ela pela cintura e puxando de encontro a mim naquela posição, todo enterrado dentro dela. Rápido balancei a cabeça para
POV de Dilan Eu estava sentado no carro de Melissa, estacionado em uma lanchonete próximo ao curso da menina que era babá do meu filho, e eu nem sabia o nome! Olhei para o Cris dormindo na cadeirinha. E pensei que ainda bem ele ser um menino, porque a vida era muito engraçada: eu era um viúvo, pai de menino, e mesmo assim era dominado pelas mulheres. A começar por Marie Jane, que foi embora sem nem me dar tchau, igual eu fiz no dia que conheci o pai da babá. Ela decidiu que era hora de eu interagir com o meu filho e simplesmente foi embora, me deixando com ele, decidindo a minha vida e como eu reagiria as minhas dores. Depois tinha a babá, Allister, uma moça que me lembrei que tinha 21 anos, segundo o pai dela, mas parecia menos: tinha um rostinho de 17 anos, era linda, meiga e doce. Até abrir a boca, aí se via que era uma Fiona: uma princesa ogra. Já estava dominando meus pensamentos e manipulando minhas ações. Agora tinha Debby Silver, que de outro país, outro continente, me dava o
POV de Alysson Quando o senhor Dilan pigarreou na sala, tive a noção de que estava em posição sedutora. Tratei de me recompor rapidamente. Não queria que ninguém associasse o que eu fazia antes com a minha profissão atual. Eu estou feliz! Estudando o que sempre quis, cuidando de um bebê como era meu desejo. Bem empregada, vivendo bem na casa dos Stain. Mesmo que eu me irrito com as atitudes do senhor Dilan para o complexo B, não posso ser injusta. Conversei com Soraya por chamada de vídeo no dia anterior, ela me disse: — Os despejos foram cancelados sem previsão de retorno, estamos vivendo nossas vidas e os aluguéis foram suspensos porque a ordem de despejo foi emitida. Continuamos vivendo aqui, gratuitamente. Até alguns moradores que saíram no susto com a ordem de despejo para a casa de parentes, voltaram com o comunicado que é oficial e até saiu no jornal. Verdade seja dita, por enquanto, Dilan Stain até melhorou nossa vida. — Aquele homem não tem coração, Soraya. Deve ser
POV de Alysson Discutimos naquela noite, depois que eu coloquei Cris para dormir. Falei pra ele que não tinha o direito de me buscar em meus compromissos, mesmo porque eu já trabalhava sem folgas e eu tinha o direito de uma vida pessoal, independente deles. No dia seguinte, Dilan não foi trabalhar e Mary Jane veio nos visitar: — O que você está fazendo em casa, Dilan. — Com licença, vou dar privacidade para vocês conversarem. — Não! Você fica. Eu vim aqui pra conversar com você e não com esse daí, que nem sabia que estava faltando no serviço! — Eu deveria estar na Europa, se lembra? Vou aproveitar esse tempo sem avisar na empresa que voltei. Mas depois de ontem, percebo que vou precisar tirar uma licença — É mesmo? E por que? — Eu preciso parar, Marie Jane. Não adianta ir pra Europa, Inglaterra nem qualquer outro lugar do mundo. A dor está aqui dentro e eu não posso fugir dela! Os dois se abraçaram e meus olhos encheram d'água. Estou há bastante tempo julgando
POV de Alysson O apartamento de Dilan ficava a duas quadras do Central Park. Do quarto de Cris, dava pra ver a mata fechada e é uma visão espetacular. Fomos andando até o parque e Dilan foi empurrando o carrinho. Eu preparei água pra nós, mamadeira para o Cris e peguei uns chocolates na geladeira, caso desse fome. O passeio foi muito agradável, passamos muito da hora do almoço, passeando com o Cris no carrinho. Descobri que Dilan era uma pessoa muito agradável e a conversa fluiu bastante. E principalmente, sabia sorrir! Fui ao banheiro, fazer a troca do Cris e percebi quanto o meu rosto estava vermelho de andarmos no sol. Eu tinha passado protetor antes de sair, em mim e no Cris, mas só trouxe na bolsa o protetor solar para criança. Apliquei no nos bracinhos e perninhas dele, enquanto sorria pra mim. Brinquei com ele, que parece que gostou do geladinho do protetor no corpo. Terminei de trocar ele, pensando em perguntar para Dilan se iríamos demorar pra voltar. Porque eu já estava
POV de DilanForam dez dias de silêncio total de Debby sobre o caso. No segundo dia, mandei mensagem para ela, que me mandou calar os dedos e deixar ela trabalhar, que quando tivesse novidades, me diria! Eu não sabia mais quanto tempo ia aguentar aquilo. Enfiado dentro de casa, com uma menina que me fazia tomar banho gelado a todo momento! Não sei o que estava acontecendo comigo! Eu nunca fui tão ligado em sexö dessa forma. Tinha meus desejos, reação natural do corpo, Mel e eu tínhamos uma boa relação nesse sentido, com uma frequência boa, acho que normal. Não pensava muito nisso, nunca traí minha mulher. Tive um caso passageiro com duas mulheres antes dela, com sexö bom, mas eu não era do tipo que queria nada diferente do tradicional. Mel era uma criança de 13 anos e eu 18 quando começamos a namorar. Eu tinha medo de ela virar estatística, de estragar o futuro dela. Planejamos tudo como deveria ser em nossas vidas. Desde o princípio, nada era no susto, no atropelo ou impulso. Apren