E só depois de casados que ela me disse que decidiu colocar o nome da irmã em nossa filha. Não vou negar que eu surtei:- Como assim você quer colocar na minha filha, o nome da mulher que me roubou, me traiu da forma mais vil...- Espere, Dilan. Deixa eu explicar. Mas antes, vou te fazer uma pergunta: foram vinte anos com ela, e tudo se resume a isso? Ao roubo e a traição? - Não, claro que não, mas Melissa anulou tudo de bom que ela fez...- Resposta errada, Dilan. Tem duas famílias brasileiras no complexo. Uma delas tem uma filha da minha idade, então crescemos juntas. Quando eu era adolescente, os pais dela se separaram e depois voltaram. Porquê? Porque a mãe dela traiu o pai dela. Na minha cabeça e na de Soraya, a gente não entendia porque o pai dela aceitou. Aí a Anastácia nos disse uma coisa, que eu vou dizer agora pra você e espero que você leve em seu coração: no Brasil, eles dizem que mulher não trai. Mulher se vinga. Quando eu perguntei se o pai dela traiu a mãe primeiro, el
Eu estou olhando a bagunça de presentes no meio do meu apartamento irritada. Hoje a tarde foi a festinha de aniversário de dois anos da Mel. Foi lindo e fazia muito tempo que a gente não conseguia reunir todo mundo em algum evento. Mas também, quando Soraya voltou para Londres, depois da primeira viagem que fez para a inauguração do Novo Amanhecer, ela foi expulsa da escola de dança, disseram que ela não tinha mais o que aprender. Foi inserida na Judson Dance Theater, mas também se apresentou pouco com eles e foi contratada pela Sankai Juku, do Japão, e nos deu ingressos para sua primeira apresentação, como presente de aniversário de casamento. Minha amiga se consolidou na carreira que escolheu, e estava voando, como eu sempre disse que voaria. Mas tirou férias para o aniversário da nossa pretinha. Papai e Mary Jane, são outros que quase não fazem parada em Nova York. Desde que se casaram, logo depois do nascimento da Mel, saíram em lua de Mel e nunca mais apareceram. Quase não rec
POV de Alysson Carimbei a ficha de alta da senhora Crown com um largo sorriso no rosto. Alessa Crown é a mais antiga paciente da clínica do Novo Amanhecer. Um projeto que deu início quatro anos atrás e tem dado muito certo! Pacientes com necessidade de internação, podem ficar em uma ala da clínica, que eu equipei. A senhora Crown tem 48 anos e tem diabetes mellitus. Ela teve pé diabético e nós a internamos, contratamos um médico Clínico geral que vem ver ela e outros pacientes internados. Ele disse que se cuidássemos, conseguiríamos salvar, mas esse diagnóstico veio depois de muitas visitas ao hospital para exames de imagens. Ela vive dando entrada e recebendo alta. É uma diabética rebelde, do tipo que toma refrigerante! Um veneno para qualquer pessoa, mas para um diabético é quase uma sentença de morte! Tratamos dela até com psicólogos na clínica, como fazemos com alguns alcoólatras e viciados em drogas também. Mas meu sorriso, não é somente pela alta da minha diabética rebelde
POV de DilanPrólogo Eu já provei da dor de muitas formas. A dor do abandono, da traição, da perda... mas nada se compara àquele momento. Àquele dia em que o mundo desmoronou sobre mim. As sirenes cortavam o silêncio da noite enquanto eu lutava para chegar até ela. A mulher que amei com cada fibra do meu ser. Meu coração estava despedaçado antes mesmo de encontrá-la. Algo dentro de mim dizia que eu estava chegando tarde demais. E estava. Tudo aconteceu rápido demais, o caos, os gritos, o som ensurdecedor do metal se retorcendo. Eu vi sua silhueta, frágil, ensanguentada, com a vida escorrendo por entre os dedos enquanto ela me dava o maior presente que alguém poderia dar. Uma nova vida... e sua última. Desde aquele momento, algo em mim morreu junto com ela. Uma parte de mim se recusou a aceitar o que restou. O pequeno ser que dependia de mim, que precisava de cuidados, que era o único elo entre nós dois, parecia um lembrete cruel da perda. Eu não conseguia olhar para ele sem s
POV de Dilan Meu nome é Dilan Stain, sou CEO da Stain Inc. Tenho um complexo de escritórios imobiliários no centro comercial de Nova York. E uma cobertura no Central Park Tower. Eu cheguei no topo! Mas foi com muito sacrifício. Melissa e eu começamos a namorar ainda adolescentes, cheios de planos e sonhos. Estudamos, nos destacamos e montamos nossa primeira imobiliária. Sempre fizemos tudo juntos e crescemos juntos. Sempre sabendo que tínhamos que fazer tudo direitinho, porque um casal de negros vindos do subúrbio, quando se destacava virava logo alvo! No ano anterior, convenci Melissa que já tínhamos atingido níveis muito superiores a nossa expectativa, e estava na hora de ela desacelerar e ter nosso bebê. Não foi uma decisão fácil pra ela, mas depois que a tomou, fez exatamente como sempre fazia em sua vida: se dedicou totalmente a gravidez, ao enxoval, a tudo! Foi uma gravidez tranquila e Cristopher já era muito amado. No mês passado, recebemos uma proposta para estender nosso n
POV de Dilan Cristopher James Stain nasceu forte, saudável, pesando 3,6 kilos e com 52 cm. As enfermeiras chamavam ele de bebê giga. Diziam que nasceu criado. Mary Jane ficava com ele o tempo todo, rodeada de enfermeiras. Quando o levamos pra casa, tivemos uma conversa: — Você precisa olhar para o menino, Dilan. Precisa pegá-lo no colo e mostrar a ele todo o amor que você lhe tinha antes dessa tragédia! Ele não é culpado por Melissa não ter resistido ao acidente. Ela já não estava viva quando usaram a regra dos cinco minutos pra fazer a cesariana. Graças a Deus deu tempo e ele está aqui com a gente, vivo, forte, saudável e lindo! Precisamos seguir com a vida a partir dele. — Contrate babás! Eu tenho uma reunião. Com licença! Eu não conseguia olhar para meu filho, essa era a realidade. Não conseguia esquecer todo o horror que Mel e eu passamos pra ele nascer. Eu não culpava Cristopher, eu culpava a mim! Michael veio morar com a gente, pra dar uma força. Eu era grato a ele, estava
POV de AlyssonEu estava colocando meus cílios postiços quando Soraya entrou estabanada no camarim:— Pode tirar isso que hoje é de máscara! — Mas que merdä! Tirei meus cílios de novo, coloquei meus cabelos dentro de uma meia amarrada e coloquei a peruca de cabelos curtos vermelhos. Ajeitei e estava ajeitando a máscara quando Soraya entrou de novo. — Está atrasada, honey. Vamos logo! Terminei de ajeitar a máscara e sai atrás dela. Ouvi meu nome e abri a porta, entrando no palco e dirigindo um sorriso para o idiotä do senhor Larsson. Claro que era meu nome de guerra: Hell, que quer dizer o inferno. Fiz minha melhor performance direcionada pra aquele desgraçado, que indiretamente era o culpado por eu fazer aquilo! Mal sabia ele que eu o pagava com as próprias gorjetas que ele me dava! Meu nome é Alysson Allister, tenho 21 anos e parei o curso de enfermagem pra dançar na Blue Hot, a Boate no complexo A, que atendia ao ricos babões. Eu danço aqui há dois anos, pouco depois da minha m
POV de Alysson Soraya e eu fomos pra casa desoladas naquela noite:— Agora, Hill, ou contamos para nossos pais que temos dinheiro para alugar em outro lugar, ou alugamos só nós duas no complexo A pra continuar trabalhando na Blue. — Soraya, nenhuma das duas opções é interessante pra mim. Meu pai não vai entender que eu danço nua pra ganhar a vida esse tempo todo, menos ainda que eu menti pra ele! E abandonar meu pai a própria sorte não é opção pra mim, Sora. — Eu sei. Meus pais merecem isso, tio Jhon não. — Ele sempre foi um pai maravilhoso, tenta cuidar da minha honra e de mim. Acha que eu ainda sou aquela menina sonsa que acredita no amor, em um casamento e todo esse blablabla. Quando ele souber que nem virgem eu sou mais, vai ficar decepcionado! — Então é melhor ele não saber. Não sei o que vamos fazer. A salvação do complexo estava em aquele velho tarado aceitar te doar algumas unidades, mas ele vendeu tudo. — A culpa de tudo isso é a ganância daquele maldito Dilan Stain. Nã