Alysson

POV de Alysson

Eu estava colocando meus cílios postiços quando Soraya entrou estabanada no camarim:

— Pode tirar isso que hoje é de máscara! 

— Mas que merdä! 

Tirei meus cílios de novo, coloquei meus cabelos dentro de uma meia amarrada e coloquei a peruca de cabelos curtos vermelhos. Ajeitei e estava ajeitando a máscara quando Soraya entrou de novo. 

— Está atrasada, honey. Vamos logo! 

Terminei de ajeitar a máscara e sai atrás dela. Ouvi meu nome e abri a porta, entrando no palco e dirigindo um sorriso para o idiotä do senhor Larsson. Claro que era meu nome de guerra: Hell, que quer dizer o inferno. Fiz minha melhor performance direcionada pra aquele desgraçado, que indiretamente era o culpado por eu fazer aquilo! Mal sabia ele que eu o pagava com as próprias gorjetas que ele me dava! 

Meu nome é Alysson Allister, tenho 21 anos e parei o curso de enfermagem pra dançar na Blue Hot, a Boate no complexo A, que atendia ao ricos babões. Eu danço aqui há dois anos, pouco depois da minha mãe morrer. A gente vivia com dificuldades, mas vivia bem. Ela era nosso elo com a vida. Meus pais eram amigos, se davam bem e em casa não tinha dinheiro, mas tinha amor. Minha mãe fazia faxina em sete casas, pra conseguir pagar meu curso. Isso queria dizer que tinha dia que ela faxinava duas casas. Assim, consegui fazer quase um ano de curso. Até o primeiro ataque! A guerra imobiliária pelo complexo B começou com eles atacando os proprietários. Soltaram um gás que a maioria das pessoas ficaram doentes. Alguns foram embora, a maioria tinha dinheiro para as despesas médicas e se tratou, aguentaram bravamente! Meus pais não tinham o dinheiro! Em poucos meses, minha mãe começou a definhar e eu comecei a fazer as faxinas para ela. Perdeu três casas, já que os proprietários foram embora. Eu não contei para ninguém que não dava pra pagar o curso e comecei a sair com Soraya nos dias que não tinha faxina. Procurava emprego, pra ajudar meu pai a comprar a medicação da minha mãe, que não demorou para morrer. O segundo ataque da guerra imobiliária, veio diretamente do senhor Larsson. Proprietário de várias casas alugadas do complexo, inclusive a minha, ele aumentou o aluguel desproporcionalmente, já que não podia nos despejar por causa da lei do inquilinato. Ele queria vender a parte dele para o mercado imobiliário, então se os próprios inquilinos saíssem, ele não seria responsabilizado. 

Como a maioria ficou, ele passou a dar informações privilegiadas, para as pessoas perderem seus empregos. E poucos meses depois que minha mãe morreu, eu perdi todas as casas e a gente já não podia pagar o aluguel. Aquele velho nojento foi até minha casa cobrar e me deu um prazo! Eu poderia pagar ou dormir com ele! 

Na época, eu namorava com o idiota do Sammuel, primo da Soraya. O pai dele tinha feito um investimento que deu muito certo na bolsa e comprou uma casa no complexo A, pouco antes dessa porcaria toda começar. A gente estava se vendo pouco, pois o pai dele dizia pra ele não vir para o B, porque eles não pertenciam mais a esse lugar. Eu decidi que iria pedir a ajuda dele, e lembro que Soraya ainda tentou me avisar: 

— Amiga, na boa, meus pais não falam mais com meu tio. Eles acham que meu tio George nos vendeu para a comunidade imobiliária. 

— Isso é horrível, Soraya. Mas mesmo que fosse verdade, o que Sammuel tem a ver com o que o pai dele fez? 

— Eu não sei, amiga. Mas convenhamos, se ele te amasse mesmo e quisesse manter esse relacionamento com você, ele viria mais aqui e vocês não ficariam namorando por mensagem. 

— Você acha que Sammuel quer me dar o pé? 

— Eu não sei, amiga. Eu nunca o vi na boate, mas também, só trabalho lá no final de semana. Eu acho que vou pedir para trabalhar de semana também. 

— E como vai enganar seus pais? 

— Não sei. Do mesmo jeito que você. Que diz pro tio Jhon que está no curso. 

Eu chamei Sammuel, dizendo que tinha algo importante e que precisaria de ajuda. Ele me convidou pra ir na casa dele e eu, trouxa, fui, sozinha porque Soraya não quis ir comigo. Demorei pra perceber que estávamos sozinhos na casa dele e depois que lhe contei a proposta do senhor Larsson, ele me abraçou, as coisas começaram a esquentar. Eu tentei negar, mas Sammuel disse que eu já tinha ido até lá, a gente já namorava a algum tempo. Me deixei levar pela carência e acabei me entregando. 

Foi horrível! Minha única experiência sexual em minha vida foi péssima. Doeu a beça, Sammuel não teve o carinho que eu esperava pra minha primeira vez, e depois que terminou, o idiota ainda teve a cara de pau de dizer: 

— Melhor dar pra mim primeiro antes daquele velho, né? 

— Eu realmente não entendi, o que você está querendo dizer? 

— Você veio aqui atrás de vender pra mim o que o velho queria comprar. Eu não posso te ajudar, Alysson. Meu pai e minha mãe decidiram que Joseph e eu vamos nos formar antes de começar a trabalhar. Minha mesada mal dá para os meus gastos, você vai ter que se deitar com o velho pra pagar seu aluguel. 

— Você é um escroto. 

Saí de lá me desmanchando em lágrimas, o pior foi saber que naquela noite, Soraya teve que usar máscara, porque enfim o idiota foi na boate com o irmão Joseph, e mais uns colegas idiotas como ele. Os colegas pagaram a rodada e foram pagar a aposta que fizeram, que ele conseguiria me arrastar.

Fiquei com tanto ódio, e ainda estava desesperada, com o senhor Larsson insistindo pra eu pagar o aluguel. Minha única opção, seria começar a dançar na Blue Hot também, como Soraya. E foi um estouro! 

Com o coração quebrado e o corpo subjugado, deixei de ser aquela menina bestä que acreditava em contos de fadas. O senhor Hunt, dono da BLUE, era um amor de pessoa. Não aceitava programas, nos protegia e se precisasse, protegia nossas identidades. Tinha umas três ou quatro meninas que tinham conhecidos no complexo A, e ele sempre avisava quando esses iam na casa. Só tinha um cliente do complexo B: o senhor Larsson! E ele insistia horrores pra fazer programa comigo. Já tinha oferecido tudo o que tinha pra conseguir. O senhor Hunt detestava ele e começamos a planejar um motim para evitar a venda do complexo B. 

Naquele dia, quando aquele homem me tocou para colocar a gorjeta em minha calcinha, me deu vontade de furar os olhos dele. Mas ainda não era a hora! Senhor Hunt me instruiu a aceitar o programa na próxima semana em troca de três casas do complexo. Eles estavam negociando. Se ele conseguisse, filmariamos toda a negociação e íamos jogar na mídia. Eu só precisava ter um pouco de paciência, que ia dar certo…

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