POV de Dilan
Cristopher James Stain nasceu forte, saudável, pesando 3,6 kilos e com 52 cm. As enfermeiras chamavam ele de bebê giga. Diziam que nasceu criado. Mary Jane ficava com ele o tempo todo, rodeada de enfermeiras.
Quando o levamos pra casa, tivemos uma conversa:
— Você precisa olhar para o menino, Dilan. Precisa pegá-lo no colo e mostrar a ele todo o amor que você lhe tinha antes dessa tragédia! Ele não é culpado por Melissa não ter resistido ao acidente. Ela já não estava viva quando usaram a regra dos cinco minutos pra fazer a cesariana. Graças a Deus deu tempo e ele está aqui com a gente, vivo, forte, saudável e lindo! Precisamos seguir com a vida a partir dele.
— Contrate babás! Eu tenho uma reunião. Com licença!
Eu não conseguia olhar para meu filho, essa era a realidade. Não conseguia esquecer todo o horror que Mel e eu passamos pra ele nascer. Eu não culpava Cristopher, eu culpava a mim!
Michael veio morar com a gente, pra dar uma força. Eu era grato a ele, estava ajudando bastante a Mary Jane com os Cris. Eu não conseguia, não podia olhar meu filho e saber que não pude proteger a mãe dele, e o deixei sem ela!
Faziam quase 30 dias que estávamos em casa, e eu não olhei nenhuma vez para o Cris. Vi de relance que ele era mais clarinho que Mel e eu, o que fortalecia nossa teoria de que o pai dela era branco. Ela tinha os olhos cor de mel, quase verdes. E essa lembrança me fez chorar de saudade dela novamente.
Saí sem dar tchau par os dois que brincavam com meu filho no quarto enquanto trocavam. No dia anterior, tive uma pequena discussão com Mary Jane. Ela disse que estava sobrecarregada e que eu deveria pelo menos contratar uma babá para o menino. Que ela não estava encontrando ninguém que ele se adaptasse. Falei pra ela parar de frescura, que Cris não tinha um mês e meio pra querer escolher quem iria cuidar dele. E avisei que ia sair de viagem. Ia voltar para a Inglaterra, fechar o negócio interrompido pelo nascimento do meu filho. Eu preferia pensar assim: o nascimento do meu filho, não a morte da minha esposa!
Quando cheguei no escritório, tinha uma confusão na recepção. Um senhor com um terno gasto, tentava a todo custo passar pela segurança, e as recepcionistas assustadas, estavam atrás dos seguranças, o que me fez acreditar que talvez o homem tenha sido agressivo. Me aproximei, perguntando o que houve, e o homem branco, na casa dos seus 50 anos, se voltou para mim, bravo:
— Eu estou procurando o senhor Dilan Stain, eu quero falar com ele e esses brutamontes não me deixam passar.
— Talvez porque o senhor esteja tentando passar com grosseria e não com a educação que esse prédio exige!
— O senhor Stain perdeu todo o respeito que conquistou com suas ações.
— O que o senhor disse?
— Por favor, senhor, se retire ou vou ter que chamar a polícia. — Um dos seguranças falou, pegando nos braço do homem e tentando tirá-lo dali a força.
— Largue ele, agora! Eu sou Dilan Stain, o senhor quem é?
— Meu nome é Jhon Allister, e eu sou morador do complexo B.
— Não sei do que se trata, mas deve ser muito importante para o senhor, por favor, me acompanhe e vamos conversar.
Depois que fiz as recepcionistas registrarem o homem e o levei até meu escritório na cobertura pelo elevador privativo, ele me contou que minha empresa comprou o complexo B e exigiu a desocupação imediata para a construção de um shopping center.
Eu não fiz isso e não autorizei. O complexo B era um emaranhado de casas populares, uma área não tão nobre de Nova York. O complexo A tinha sido modernizado, com estrutura e paisagismo de condomínios de classe alta, e vendido para novos ricos. A população tinha sido transferida para a periferia da cidade. Agora os moradores do complexo A, com a soberba de quem entrou na sociedade abastada de Nova York, não queria estar de frente para a pobreza e simplicidade. Fazia um tempo que o mercado imobiliário estava com aquele problema e eu já tinha dito que não iria me envolver, embora tivesse recebido várias propostas milionárias para isso.
Eu prometi ao homem que ia tentar descobrir o que aconteceu quando eu voltasse da Inglaterra, e ele com toda autoridade, me perguntou:
— E onde minha filha e eu vamos ficar até lá?
— Vocês não foram remanejados?
— Fomos despejados. Quem era proprietário de suas casas foram indenizados, mas quem alugava suas propriedades como eu e uma boa parte, não tem pra onde ir assim, de uma hora pra outra. Eu estou desempregado, minha filha está fazendo estágios não remunerados como enfermeira para conseguir o diploma dela. Como vou alugar outro lugar? E assim como eu, existem muitos nessa situação.
— Quantos anos tem a sua filha?
— 21 anos, senhor.
— Ela é branca?
— Que pergunta mais sem cabimento é essa?
— Me desculpe. Eu estou precisando de uma babá, mas a minha sogra só aceita pessoas brancas.
— O senhor vai dar um emprego para minha filha?
— Sim, e para o senhor também. Sabe dirigir?
— Claro que sei.
— Ótimo, a partir de hoje o senhor é motorista do meu filho e sua filha a babá dele. E vão morar no meu apartamento, nas dependências para empregados. Porque sua filha precisa dormir no quarto com o Cristopher. Eu vou apurar o que aconteceu, e tentar segurar as obras. Mas até lá, essa é a solução que encontro pra vocês, tudo bem?
— O senhor existe?
— Vim da periferia, meu amigo. Eu nem consigo imaginar o que é ser despejado do lugar onde você sempre morou, mas sei o que é não ter dinheiro nem pra comprar um sapato, quanto mais um imóvel.
Mandei o homem ir com a filha conversar com Mary Jane, e comecei me preparar para os dois problemas ao mesmo tempo: Inglaterra e complexo B!
POV de AlyssonEu estava colocando meus cílios postiços quando Soraya entrou estabanada no camarim:— Pode tirar isso que hoje é de máscara! — Mas que merdä! Tirei meus cílios de novo, coloquei meus cabelos dentro de uma meia amarrada e coloquei a peruca de cabelos curtos vermelhos. Ajeitei e estava ajeitando a máscara quando Soraya entrou de novo. — Está atrasada, honey. Vamos logo! Terminei de ajeitar a máscara e sai atrás dela. Ouvi meu nome e abri a porta, entrando no palco e dirigindo um sorriso para o idiotä do senhor Larsson. Claro que era meu nome de guerra: Hell, que quer dizer o inferno. Fiz minha melhor performance direcionada pra aquele desgraçado, que indiretamente era o culpado por eu fazer aquilo! Mal sabia ele que eu o pagava com as próprias gorjetas que ele me dava! Meu nome é Alysson Allister, tenho 21 anos e parei o curso de enfermagem pra dançar na Blue Hot, a Boate no complexo A, que atendia ao ricos babões. Eu danço aqui há dois anos, pouco depois da minha m
POV de Alysson Soraya e eu fomos pra casa desoladas naquela noite:— Agora, Hill, ou contamos para nossos pais que temos dinheiro para alugar em outro lugar, ou alugamos só nós duas no complexo A pra continuar trabalhando na Blue. — Soraya, nenhuma das duas opções é interessante pra mim. Meu pai não vai entender que eu danço nua pra ganhar a vida esse tempo todo, menos ainda que eu menti pra ele! E abandonar meu pai a própria sorte não é opção pra mim, Sora. — Eu sei. Meus pais merecem isso, tio Jhon não. — Ele sempre foi um pai maravilhoso, tenta cuidar da minha honra e de mim. Acha que eu ainda sou aquela menina sonsa que acredita no amor, em um casamento e todo esse blablabla. Quando ele souber que nem virgem eu sou mais, vai ficar decepcionado! — Então é melhor ele não saber. Não sei o que vamos fazer. A salvação do complexo estava em aquele velho tarado aceitar te doar algumas unidades, mas ele vendeu tudo. — A culpa de tudo isso é a ganância daquele maldito Dilan Stain. Nã
POV de Alysson Eu estava vestida com uma calça jeans branca, uma camiseta também branca e meu jaleco estava na bolsa. Mamãe comprou essas roupas pra mim quando comecei o curso, achou que seriam importantes. Estávamos subindo no elevador do Tower, o prédio residencial mais elegante de Nova York e eu desviei um pouco meus pensamentos para comparar todo aquele luxo, com nossas casas simples que incomodavam aquele senhor! Não preguei os olhos durante toda a noite. Papai não quis discutir o fato de saber que eu dançava na Blue, apenas me mandou encaixotar algumas coisas que ele levaria depois da entrevista. Não me deixou margem pra recusar. Fiquei pensando se era tarde pra aceitar dividir apartamento com Soraya no complexo A. Talvez fosse a melhor opção. Se papai tinha arrumado emprego com moradia, ele que fosse, estaria bem. Eu não conseguiria servir a um homem que eu odiava tanto! Mas papai, com suas surpresas, as cinco da manhã entrou em meu quarto: — Filha, eu sei que você está com
POV de Alysson O mês passou que eu nem me dei conta! Nem acreditava que estava vivendo um sonho! Uma vida normal, sem ter que tirar a roupa para aqueles tarados. Cristopher era um bebê encantador. Eu dormia no quarto com ele, e era infinitamente mais confortável que em minha antiga casa. Michael voltou para o apartamento dele com minha contratação e eu fiquei mais à vontade. Não sei, ele me olha de um jeito estranho. Fiquei pensando se por acaso ele não me viu dançando e está tentando me reconhecer. Prefiro que ele tenha ido embora mesmo. Não quero que ninguém saiba que uma streaper está cuidando do Cris. Eu achei muito estranho não ver o senhor Dilan em nenhum momento. Mary Jane me explicou tudo o que aconteceu, e eu quase deixei de odiar ele e ter compaixão: — Eu tive Melissa muito jovem, imatura. Tinha 16 anos, solteira, cortei um dobrado pra criar. Meu pai me expulsou de casa, minha tia me acolheu, mas me escravizava. Cuidei daquela velha solteirona por 13 anos, quando ela e
POV de Dilan Não estava sendo rápido e nem fácil entender o que estava acontecendo em minha vida! Quando cheguei na Inglaterra, descobri que Alex Silver estava esperando uma proposta minha, pois minha empresa é quem tinha solicitado a parceria. Fiquei muito nervoso, queria voltar imediatamente pra casa e resolver toda aquela bagunça que se estabeleceu em minha empresa. Mas Debby Silver, esposa de Alex intercedeu: — Fique para almoçar conosco. Você não veio dos Estados Unidos até aqui só para fazer cara feia para nós e ir embora, não é? Preparei hospedagem para você em minha casa e pedi folga para te receber. — Pediu folga? Vocês não são sócios? — Eu jamais conseguiria trabalhar no mesmo ambiente que meu marido. Aliás, esse negócio de se verem todos os dias e passar o tempo todo juntos é coisa de vocês americanos. Dependendo do meu caso, chegamos a passar semanas sem nos ver. — A senhora Silver me entregou um cartão, onde pude ler: Debby Silver, investigadora Scottland Yard. De
POV de Dilan Quando saí do banho, de calção e sem camisa como sempre fazia quando estava em casa, procurei por Mary Jane. Queria conversar com ela e saber da índole de pai e filha que estavam morando lá. Meu intuito era descobrir se eram infiltrados para nos fazer mal ou colher informações. Mas quando cheguei na sala, só encontrei aquela menina brincando com o Cris. Ele estava no bercinho móvel em cima do sofá e ela se curvava e levantava, rindo pra ele e fazendo voz de desenho animado. Perdi a concentração olhando aquele lindo traseiro em posição nada decorosa. Ela estava com uma bermuda ciclista de coton verde musgo, e cada vez que se abaixava, ficando quase de quatro, a marca da calcinha aparecia no tecido. Mordi o lábio e senti uma ereção se formando, quando reparei nas curvas bem delineadas da cintura e o traseiro avantajado. Fiquei me imaginando segurando ela pela cintura e puxando de encontro a mim naquela posição, todo enterrado dentro dela. Rápido balancei a cabeça para
POV de Dilan Eu estava sentado no carro de Melissa, estacionado em uma lanchonete próximo ao curso da menina que era babá do meu filho, e eu nem sabia o nome! Olhei para o Cris dormindo na cadeirinha. E pensei que ainda bem ele ser um menino, porque a vida era muito engraçada: eu era um viúvo, pai de menino, e mesmo assim era dominado pelas mulheres. A começar por Marie Jane, que foi embora sem nem me dar tchau, igual eu fiz no dia que conheci o pai da babá. Ela decidiu que era hora de eu interagir com o meu filho e simplesmente foi embora, me deixando com ele, decidindo a minha vida e como eu reagiria as minhas dores. Depois tinha a babá, Allister, uma moça que me lembrei que tinha 21 anos, segundo o pai dela, mas parecia menos: tinha um rostinho de 17 anos, era linda, meiga e doce. Até abrir a boca, aí se via que era uma Fiona: uma princesa ogra. Já estava dominando meus pensamentos e manipulando minhas ações. Agora tinha Debby Silver, que de outro país, outro continente, me dava o
POV de Alysson Quando o senhor Dilan pigarreou na sala, tive a noção de que estava em posição sedutora. Tratei de me recompor rapidamente. Não queria que ninguém associasse o que eu fazia antes com a minha profissão atual. Eu estou feliz! Estudando o que sempre quis, cuidando de um bebê como era meu desejo. Bem empregada, vivendo bem na casa dos Stain. Mesmo que eu me irrito com as atitudes do senhor Dilan para o complexo B, não posso ser injusta. Conversei com Soraya por chamada de vídeo no dia anterior, ela me disse: — Os despejos foram cancelados sem previsão de retorno, estamos vivendo nossas vidas e os aluguéis foram suspensos porque a ordem de despejo foi emitida. Continuamos vivendo aqui, gratuitamente. Até alguns moradores que saíram no susto com a ordem de despejo para a casa de parentes, voltaram com o comunicado que é oficial e até saiu no jornal. Verdade seja dita, por enquanto, Dilan Stain até melhorou nossa vida. — Aquele homem não tem coração, Soraya. Deve ser