Após se certificar que os trigêmeos haviam feito os deveres de casa, Vivian ordenou que descansasse já que eles acordariam às cinco da manhã, pois no outro dia teriam aula. Ao contrário dos irmãos, Sofia adormeceu enrolada em seu cobertor.
Em outro quarto, Liz também dormia placidamente. Seu coração estava feliz por ver Elizabeth chegar à idade adulta, mas ainda estava preocupada. A garota estava apaixonada e sonhando com um homem doze anos mais velho do que ela. Não quis nem pensar em como Gabriel surtaria ao descobrir que Liz estava caindo de amores pelo filho mais velho do Doutor Bittencourt.
Em passos cautelosos, Viviane entrou no quarto para não despertar o homem abraçado ao travesseiro. Deu uma olhada nas costas amplas e nos músculos rijos do corpo de seu marido. Apesar dos cabelos que assumiam um tom cinza grisalho, Gabriel exibia uma excelente constituição física aos quarenta e quatro anos e ainda era um amante vigoroso. Se não fosse pelos anticoncepcionais que tomou após o nascimento dos trigêmeos, a casa estaria cheia de filhos.
Após o banho, ela finalmente voltou ao quarto. Antes de se deitar, viu a tela brilhante do iPhone de seu marido e, por curiosidade, leu a mensagem na barra de notificação do celular bloqueado por senha: “Te encontro amanhã à noite, não esqueça do jantar!”. Será que foi um dos motivos pelo qual Gabriel chegou tarde do trabalho? Ela estava a ponto de tocar no aparelho quando ele abriu os olhos.
— Não perde essa mania de me espionar, — disse ele quando viu a esposa desbloquear o celular, a testa estava vincada. — Você sempre foi uma péssima espiã.
— Vai jantar com quem, Gabriel?
— Com uma secretária loira gostosa que contratei, — a expressão sombria suavizou, e então, ele riu de repente. — Não seja boba! Amanhã, nós temos o jantar na casa dos Bittencourt, — ele puxou Vivian para mais perto e beijou-lhe os cabelos sedosos.
— Esse número não é do doutor Alexander, — ela o contestou, não suportaria uma traição, não do homem que prometeu fidelidade. — Está me traindo?
— O Alexander mudou de número desde que a ex-namorada fugiu do hospício. Ele estava recebendo diversas ligações de um número desconhecido.
— E como a Nicole está?
— Com medo da Josephine invadir a casa dela de novo.
— Coitada, além de tudo isso, ainda tem a briga dos filhos.
— Nem toca nesse assunto durante o jantar.
— Claro que não vou falar, a não ser que ela queira desabafar.
— Nicole está arrasada desde que Rodolpho foi embora de casa.
Para Viviane, filhos eram como os dedos das mãos. Todos eram necessários, se lhe faltasse um, faria falta. Não deixou de pensar em Mellanie quando girou para o outro lado e ajeitou o travesseiro abaixo de sua cabeça.
— As coisas já se acalmaram por lá?
— Alexander está furioso com a ex-noiva do Alex.
— Imagino!
— Foi necessário dois seguranças para separar a briga dos gêmeos.
Por um momento, ela pensou se deveria contar ao marido sobre a paixão que Liz nutria por um homem bem mais velho. Apesar de ser uma boa família e um renomado médico, o doutor Alex Bittencourt já tinha 30 anos. Liz era muito jovem e inexperiente.
— Está tensa demais! O que houve? — Passou a barba em seu pescoço.
— Só estava pensando no que vou usar.
— Roupas!
— Não seja bobo, — virou-se de barriga para cima e alisou camisola.
— Não está grávida, está? — Ele apoiou-se no antebraço.
— Lembra como era cuidar dos trigêmeos? Noites de cólicas, pirraças, fraldas para trocar…
— Vamos dormir! — Deitou a cabeça no travesseiro.
As pálpebras pesavam. Gradualmente, Nicole embarcou em um sono calmo quando, de repente, sentiu o colchão afundando. O coração saltitou com o gatilho, ela plantou a mão no peitoral forte do homem que estava sobre ela quando abriu os olhos.
— Calma, — Gabriel passou os dedos no rosto assustado. — Sou eu! — A voz de barítono aveludado a tranquilizou.
— Estou cansada, Gabe.
A barba roçou pelo pescoço, seguindo por sua pele até o decote da camisola.
— Preciso de você! — O ar morno das palavras aqueciam sua pele.
O tom de sua voz tinha um efeito excitante. Gabriel nunca aceitou um não e a provocou até conquistá-la.
Ele alisou o tecido de seda preta da camisola que aderiu às curvas esguias de Vivian como uma segunda pele e abaixou as alças. Puxando a camisola por cima de seus ombros, continuou beijando o seu corpo, deslizando os lábios por cada centímetro de sua pele macia.
Mordendo o lábio inferior, Viviane continha os gemidos. Um arrepio atravessou o seu corpo, Gabriel ainda era um homem atraente, viril e sexy. A imagem erótica fez sua pele arder de paixão diante das possibilidades excitantes que cercavam o final daquela noite. Os beijos de Gabe eram apenas os primeiros passos no caminho lascivo do prazer.
Os lençóis roçavam sob suas costas quando o colchão afundou. Apoiando-se nos pés, ele movia-se sobre o seu corpo de cima para baixo num ritmo, inicialmente calmo, abrigando cada centímetro dentro de seu corpo encharcado.
— Ah, Vivian! — A voz rouca exultou.
— Shiu, todos vão ouvir
— Não me importo, — grunhiu entre os dentes cerrados.
— Tocando em sua barba, ela puxou o rosto quadrado para abafar os gemidos roucos com os seus lábios.
Gabriel continuou beijando-a enquanto os corpos unidos seguiam em ritmos opostos. Apoiando nos braços, ele subia e descia agitadamente, impondo mais força para ir mais fundo.
— Não feche os olhos, — segurou em seu rosto, — olhe para mim.
Ele insistia para que Viviane mantivesse o contato visual, não permitindo que o trauma do passado estragasse os momentos íntimos com sua esposa. Com o corpo queimando no calor abrasador do amor, ela o apertou, prendendo-o dentro de si. Derramando-se em sua amada, Gabriel tomou os seus lábios num beijo apaixonado. Tinham treze anos de casados e, a cada dia, ele a amava ainda mais.
Elizabeth não sabia o que vestir naquela manhã, mas não importava. Assim que chegasse ao hospital, teria de tirar o lindo vestido. Ela suspirou vagando os olhos sobre os vestidos da Gucci jogados sobre a cama e passou a mão no tecido azul-celeste que marcava a cintura esguia. O vestido evasê sem decote tinha um cinto da mesma cor que acentuou a forma de triângulo invertido de seu corpo. Ao descer para o café da manhã, beijou o rosto da mãe e passou direto pelo pai. Ainda estava aborrecida com Gabriel. — Onde está a sua educação? — A voz firme e profunda replicou. — Bom dia, pai! — Cumprimentou num murmúrio. Gabriel não sabia que o tempo passaria tão rápido. A filha tinha crescido e se parecia cada dia mais com a mãe. A única diferença era que Liz ainda tinha o gênio do pai biológico. — Quer uma carona? — Ele perguntou. — Não! — Liz respondeu com veemência. — Eu preferia ir no meu próprio carro, mas não tenho. Emitindo o rosnado, Gabriel trincou a mandíbula, mas se controlou pa
— Ele não é tão ruim quanto Gabriel e Vivian falam. — Gabriel e Vivian são nossos pais! — Liz enfatizou. — Você sabe que eles me adotaram por pena depois que a minha mãe morreu, — fez uma careta e voltou a prestar atenção na rua enquanto conduzia o automóvel. Liz desistiu de discutir sobre esse assunto, não queria brigar com a irmã que não via há dias. Pretendia aproveitar a carona e a liberdade de poder ir a algum lugar sem a companhia dos guarda-costas. — Por que foi ver aquele homem? — Queria saber porque ele matou a minha mãe. — A mamãe está viva! — Que merda, Liz! — Deu um soco na buzina para apressar o automóvel na frente. Mellanie tragou o cigarro e expeliu a fumaça antes de dizer: — A minha mãe se chama Andréia e ela está morta. — Pensei que já tinha resolvido isso na terapia. — Nenhum terapeuta conseguirá eliminar a dor que eu sinto… O silêncio imperou entre elas. Apesar de Liz ter feito terapia para se libertar do trauma que vivenciou no shopping treze anos atrás, a
Em sua elegante sala, Gabriel pegou o copo e tomou um gole do uísque. A bebida com aroma marcante desceu aquecendo a sua garganta. O sabor intenso não era nada comparado a manhã exaustiva da reunião com o conselho. Além das preocupações com alguns investimentos sem retorno, ele ainda tinha que lidar com os problemas da família. O ringtone da mensagem chamou a atenção do CEO para a tela brilhante do iPhone. — O que foi? — Atendeu bruscamente. — Como isso aconteceu? — Largou o copo na mesa. Fechou a pasta com alguns documentos que acabara de assinar e começou a andar de um lado ao outro, com intuito de aliviar a tensão crescente. Exasperado, ele consultou o relógio no pulso direito, faltavam cinco minutos para encontrar a esposa num restaurante. Pela primeira vez em uma década, a paz e a harmonia de sua família estava ameaçada. — Ele não pode sair da cadeia! — rebateu, andando de um lado para o outro da elegante sala com móveis clássicos de pés curvos. Gabriel sabia que esse dia
Os lábios carnudos ainda estavam sobre os seus, invadindo a sua boca com uma voracidade esplendorosa enquanto as mãos compridas tentavam arrancar a roupa íntima. Viviane estava enlouquecida, encharcada pelo desejo inebriante de senti-lo se movendo dentro de seu corpo. Ela se abriu ainda mais, estava pronta para recebê-lo quando o som da campainha a despertou. De repente, as enormes portas se abriram. — Oh, meu Deus! — A secretária estava boquiaberta com a cena exibida diante de seus olhos. — Porra! — Gabriel vociferou. Pegando o blazer preto, ele jogou sobre os ombros da esposa e se escondeu atrás de Vivian. Imediatamente, ele fechou o zíper da calça. — O que veio fazer aqui? — Gabriel esbravejou grosseiramente. — Saia daqui! — Perdoe, senhor Welsch! — A secretária já estava de costas para o casal. — É urgente! O rosto de Viviane queimou diante do constrangimento. Escondida atrás do homem comprido, ela encolheu os ombros. — Já mandei sair da minha sala. — É sobre as suas filha
Sentada em outra sala bem arejada, Liz aguardava o médico que iria atendê-la, pois o doutor Alex havia acompanhado Mellanie até a sala de fisioterapia. O celular tremeu várias vezes dentro da bolsa, mas ela não quis saber. Naquela altura, o pai super protetor já devia estar sabendo. Em seus pensamentos, já se preparava para ouvir um longo sermão de Gabriel. Apertando a alça da bolsa, olhou para o lado oposto, esperando que a moça com traços orientais não a visse ali. A Doutora Jenny era gerente administrativa do hospital com quem conversou durante o processo seletivo para o estágio. — Elizabeth! O esforço foi em vão, Jenny tinha olhos de lince, podia enxergar uma pessoa ou um objeto mesmo que estivesse no fim do amplo corredor. — Por que não está trabalhando? — A doutora Kim chegou mais perto da garota cabisbaixa que cobria a testa com a mão direita. — Devia encontrar o médico responsável por sua equipe há uma hora. — A Liz sofreu um acidente e está esperando para realizar a tomog
Uma das enfermeiras solicitou que dois homens de trajes negros entrassem depois de Viviane. Eles seguraram o homem que invadiu a sala de tomografia sem autorização. No momento em que viu um dos seguranças pegando a esposa pelo braço, o senhor Welsch cerrou o punho e desferiu um golpe no rosto do segurança. O outro homem de pele bronzeada partiu para cima e dominou o grandalhão com uma chave de braço. — Solte ele! — O médico ordenou — O senhor Welsch é o pai da minha paciente. Logo que o soltaram, Gabriel empurrou o homem para longe. Pondo a mão no antebraço do marido, Vivian tentou tranquilizá-lo. — Pare com isso, pai ! — Reclamou. Ela abaixou a cabeça e colocou o óculos para esconder o rosto tão vermelho quanto um tomate. Se fosse possível, Liz cavaria o chão e enfiaria a cabeça no buraco igual a um avestruz. — Onde está o seu pai? — Gabriel se agigantou diante do Dr. Alex. — O meu pai está em uma reunião do conselho. — Ele deveria observar os tipos de funcionários que o depar
Elizabeth já tinha saído da sala antes que os pais voltassem. Ainda estava com muita vergonha pela cena que Gabriel realizou na sala de exames. Mesmo que sua testa ainda estivesse latejando, a jovem decidiu trabalhar. Colocando os óculos, ajeitou os cabelos no rabo de cavalo enquanto estava no banheiro. Tentou soltar alguns fios para ocultar o calombo em sua testa, mas foi em vão. Ainda no vestiário, ela trocou a roupa, enquanto calçava o sapato, uma mulher de meia-idade com traços hispânicos adentrou. Liz deu um sorriso contido e em seguida, levantou-se do banco.— Conheço você! — A mulher falou de repente.— Sim, — Elizabeth concordou com a cabeça.Não dava para esquecer de Lana, já que ela era esposa da doutora Jenny Kim e ambas sempre estavam nas festas da família Bittencourt.— Você é a filha da Vivian, — sorriu. — Soube que ia começar o estágio hoje. Por falar nisso, — verificou a hora no relógio de prata no pulso esquerdo, — você está atrasada.— Me desculpe! — A voz consternad
O quarto abafado estava cheirando a couro envelhecido e a madeira polida. Cada móvel daquele quarto não era feios, mas gritava rústico. Naquele pequeno aposento, tudo era estranhamente opressivo, já que Mellanie estava habituada a decorações suntuosas. Esticada sobre a cama, ela olhava para o teto enquanto o corpo do jovem suado esfregava contra a sua pele e o quadril se chocava contra a sua pelve. Estava ansiando para que Giovanni terminasse de uma vez. Ela vislumbrou as janelas altas, parecia estarem fechadas. Um urro dava fim a agonia do homem que enrijeceu o pescoço e o corpo. Finalmente, ele acabou. Nesse instante, ela moveu os olhos para o rosto com traços bem marcados e eram amenizados com um corte de cabelo que valorizava as dimensões da região entre a boca e a sobrancelha negras.Aquele homem seria um importante aliado em seu plano de vingança contra a babá e o CEO. Astuta, ela sabia que Giovanni a compreenderia melhor quando estivesse totalmente relaxado. Eles mal haviam tid