Em sua elegante sala, Gabriel pegou o copo e tomou um gole do uísque. A bebida com aroma marcante desceu aquecendo a sua garganta. O sabor intenso não era nada comparado a manhã exaustiva da reunião com o conselho. Além das preocupações com alguns investimentos sem retorno, ele ainda tinha que lidar com os problemas da família.
O ringtone da mensagem chamou a atenção do CEO para a tela brilhante do iPhone.
— O que foi? — Atendeu bruscamente. — Como isso aconteceu? — Largou o copo na mesa.
Fechou a pasta com alguns documentos que acabara de assinar e começou a andar de um lado ao outro, com intuito de aliviar a tensão crescente. Exasperado, ele consultou o relógio no pulso direito, faltavam cinco minutos para encontrar a esposa num restaurante.
Pela primeira vez em uma década, a paz e a harmonia de sua família estava ameaçada.
— Ele não pode sair da cadeia! — rebateu, andando de um lado para o outro da elegante sala com móveis clássicos de pés curvos.
Gabriel sabia que esse dia chegaria, mas esperava se mudar definitivamente para Beverly Hills antes que Pietro conseguisse a liberdade.
…
No saguão da Welsch Corporation, Viviane caminhava com uma elegância habitual. Treze anos atrás, ela entrou naquela mesma empresa e conseguiu acessar a sala do presidente com um leve empurrãozinho do destino. Sentia-se grata por encontrar um homem bom com quem construiu uma família.
Um grupo de executivos assentiu com a cabeça ao entrar no elevador. Viviane correspondeu com um sorriso refreado. Os olhos cintilavam quando deu uma olhada no espelho. Os cabelos longos e dourados caíam sobre os ombros. Ajeitou o casaco trench coat preto longo, por baixo da roupa, ela usava uma lingerie vermelha. Queria surpreender o marido e em seguida, conversar sobre a necessidade de Liz ter o próprio para se deslocar até o trabalho.
Quando finalmente saiu do andar da administração, ela mostrou os dentes alinhados num sorriso para a mesma mulher que, há mais de uma década, quase a eliminou do processo seletivo devido ao problema em sua perna. Poderia contar ao marido e pedir que ele a demitisse, mas preferia ver o riso forçado da gerente do Departamento Pessoal todas às vezes que ia visitar o marido na sala do presidente da empresa.
Ao alcançar a porta branca, usou o cartão magnético que lhe dava acesso direto à sala do homem mais poderoso daquela empresa. Sempre que passava por ali, lembrava-se de como enrubescer diante do homem alto, usando um terno bem cortado. Ergueu o rosto com um sorriso largo quando ouviu o ruído do sino, as portas se abriram.
Vivian perscrutava o homem alto parado de frente para a janela era forte e imponente, cabelos escuros com alguns fios grisalhos e um ar constantemente sério. Ele continuou parado, com as mãos enfiadas no bolso.
— O que está fazendo aqui? — A suave perguntou sem perder a firmeza do tom habituado a dar ordens.
Sem ver quem havia entrado em sua sala, ele manteve a arrogância de sua autoridade na empresa. Apenas a secretária ou gerente geral tinham acesso a sua sala, a não ser que fosse…
— Vivian! — A voz assumiu um tom aveludado.
Ao prestar atenção na silhueta refletida no vidro do janelão, ele conteve a frustração e virou para observar a mulher sensual que entrou na sala. Endireitou a postura e forçou-se a assumir uma postura controlada.
Largando a bolsa na poltrona acolchoada ao seu lado, Viviane tocou no casaco, os seus dedos esguios desfizeram o laço lentamente. Sem dizer nenhuma palavra, ela apenas abriu os botões pretos, se despiu do casaco e o lançou sobre a mesa antes de apoiar as mãos na mesma.
O senhor Welsch espremeu os olhos, admirando a renda vermelha da roupa íntima que revelava as curvas de seu corpo esbelto e que valorizava o contorno dos seios. Tirando as mãos do bolso da calça, ele emitiu um rosnado.
Passando as mãos pelos cabelos que lhe cobriam os seios, Vivian caminhou, equilibrando-se sobre a sandália com salto. Não tinha nenhum pudor quando o intuito era conquistar o marido. Puxou o lábio inferior entre os dentes e mostrou um sorriso que o carrancudo CEO não retribuiu. Apenas pelo rosnado, ela sabia que o senhor Welsch estava prestes a atacar.
Atravessou a sala mobiliada com elegante móveis e com livros que cobriam a estante encostada na parede. Desfilando graciosamente, dirigiu-se até o homem que ainda lhe encarava com malícia. Pôs a palma da mão no peitoral que estendia por entre os músculos dos ombros.
— Gostou da surpresa, senhor Welsch? — A voz suave como a seda indagou.
Tocando em seu queixo, ergueu o rosto levando a boca contra os lábios carnudos que a tomaram num beijo cheio de sofreguidão. Entrelaçando as mechas sedosas nos dedos compridos, ele torceu, forçando a inclinar a sua cabeça para trás enquanto aprofundava o beijo e saboreava os fluidos da língua que se enroscavam.
— Oh, Gabriel! — Arquejou quando virou o rosto para buscar o ar.
Estava à mercê dos beijos furiosos que lhe roubavam a sanidade. Aquele homem sabia tocá-la com suas carícias vorazes e não tinha nenhuma objeção quanto ao local quando o objetivo era dar e receber prazer. Já tinha sentido o calor de sua mulher na piscina de casa, no carro, no cruzeiro durante uma viagem de lua de mel e por inúmeras vezes, em seu escritório.
Os fios da barba de Gabriel roçavam por sua pele macia, deixando-a ainda mais vermelha. As mãos vigorosas apertavam as suas costas quando ele inclinou a cabeça para beijar-lhe o colo dos seios que já escapavam do bojo do sutiã e enfiou a mão para dentro do tecido de renda, friccionando-a ao meio de suas coxas. Um gemido escapou dos lábios finos, o corpo já estava em chamas.
O calor da língua parecia incendiar todo o seu corpo e a boca traçava um caminho, seguindo para a barriga. Vivian sentiu o quadril batendo contra a mesa, abaixou o rosto para ver o homem pondo-se de joelhos diante dela.
Os lábios carnudos ainda estavam sobre os seus, invadindo a sua boca com uma voracidade esplendorosa enquanto as mãos compridas tentavam arrancar a roupa íntima. Viviane estava enlouquecida, encharcada pelo desejo inebriante de senti-lo se movendo dentro de seu corpo. Ela se abriu ainda mais, estava pronta para recebê-lo quando o som da campainha a despertou. De repente, as enormes portas se abriram. — Oh, meu Deus! — A secretária estava boquiaberta com a cena exibida diante de seus olhos. — Porra! — Gabriel vociferou. Pegando o blazer preto, ele jogou sobre os ombros da esposa e se escondeu atrás de Vivian. Imediatamente, ele fechou o zíper da calça. — O que veio fazer aqui? — Gabriel esbravejou grosseiramente. — Saia daqui! — Perdoe, senhor Welsch! — A secretária já estava de costas para o casal. — É urgente! O rosto de Viviane queimou diante do constrangimento. Escondida atrás do homem comprido, ela encolheu os ombros. — Já mandei sair da minha sala. — É sobre as suas filha
Sentada em outra sala bem arejada, Liz aguardava o médico que iria atendê-la, pois o doutor Alex havia acompanhado Mellanie até a sala de fisioterapia. O celular tremeu várias vezes dentro da bolsa, mas ela não quis saber. Naquela altura, o pai super protetor já devia estar sabendo. Em seus pensamentos, já se preparava para ouvir um longo sermão de Gabriel. Apertando a alça da bolsa, olhou para o lado oposto, esperando que a moça com traços orientais não a visse ali. A Doutora Jenny era gerente administrativa do hospital com quem conversou durante o processo seletivo para o estágio. — Elizabeth! O esforço foi em vão, Jenny tinha olhos de lince, podia enxergar uma pessoa ou um objeto mesmo que estivesse no fim do amplo corredor. — Por que não está trabalhando? — A doutora Kim chegou mais perto da garota cabisbaixa que cobria a testa com a mão direita. — Devia encontrar o médico responsável por sua equipe há uma hora. — A Liz sofreu um acidente e está esperando para realizar a tomog
Uma das enfermeiras solicitou que dois homens de trajes negros entrassem depois de Viviane. Eles seguraram o homem que invadiu a sala de tomografia sem autorização. No momento em que viu um dos seguranças pegando a esposa pelo braço, o senhor Welsch cerrou o punho e desferiu um golpe no rosto do segurança. O outro homem de pele bronzeada partiu para cima e dominou o grandalhão com uma chave de braço. — Solte ele! — O médico ordenou — O senhor Welsch é o pai da minha paciente. Logo que o soltaram, Gabriel empurrou o homem para longe. Pondo a mão no antebraço do marido, Vivian tentou tranquilizá-lo. — Pare com isso, pai ! — Reclamou. Ela abaixou a cabeça e colocou o óculos para esconder o rosto tão vermelho quanto um tomate. Se fosse possível, Liz cavaria o chão e enfiaria a cabeça no buraco igual a um avestruz. — Onde está o seu pai? — Gabriel se agigantou diante do Dr. Alex. — O meu pai está em uma reunião do conselho. — Ele deveria observar os tipos de funcionários que o depar
Elizabeth já tinha saído da sala antes que os pais voltassem. Ainda estava com muita vergonha pela cena que Gabriel realizou na sala de exames. Mesmo que sua testa ainda estivesse latejando, a jovem decidiu trabalhar. Colocando os óculos, ajeitou os cabelos no rabo de cavalo enquanto estava no banheiro. Tentou soltar alguns fios para ocultar o calombo em sua testa, mas foi em vão. Ainda no vestiário, ela trocou a roupa, enquanto calçava o sapato, uma mulher de meia-idade com traços hispânicos adentrou. Liz deu um sorriso contido e em seguida, levantou-se do banco.— Conheço você! — A mulher falou de repente.— Sim, — Elizabeth concordou com a cabeça.Não dava para esquecer de Lana, já que ela era esposa da doutora Jenny Kim e ambas sempre estavam nas festas da família Bittencourt.— Você é a filha da Vivian, — sorriu. — Soube que ia começar o estágio hoje. Por falar nisso, — verificou a hora no relógio de prata no pulso esquerdo, — você está atrasada.— Me desculpe! — A voz consternad
O quarto abafado estava cheirando a couro envelhecido e a madeira polida. Cada móvel daquele quarto não era feios, mas gritava rústico. Naquele pequeno aposento, tudo era estranhamente opressivo, já que Mellanie estava habituada a decorações suntuosas. Esticada sobre a cama, ela olhava para o teto enquanto o corpo do jovem suado esfregava contra a sua pele e o quadril se chocava contra a sua pelve. Estava ansiando para que Giovanni terminasse de uma vez. Ela vislumbrou as janelas altas, parecia estarem fechadas. Um urro dava fim a agonia do homem que enrijeceu o pescoço e o corpo. Finalmente, ele acabou. Nesse instante, ela moveu os olhos para o rosto com traços bem marcados e eram amenizados com um corte de cabelo que valorizava as dimensões da região entre a boca e a sobrancelha negras.Aquele homem seria um importante aliado em seu plano de vingança contra a babá e o CEO. Astuta, ela sabia que Giovanni a compreenderia melhor quando estivesse totalmente relaxado. Eles mal haviam tid
Viviane saiu do táxi e parou para admirar o lindo cenário após fechar a porta do veículo. Uma paleta de cores começava a surgir no céu. Tons suaves de rosa e laranja, que se misturavam delicadamente com o azul-claro do céu, refletiam nas cores no espelho d'água da lagoa. O silêncio era quebrado pelo som suave dos pássaros voando sobre as águas e das pedaladas das bicicletas na ciclovia ao redor.Ela suspirou calmamente e então, decidiu atravessar a rua. Acenou para o porteiro do prédio que a atendeu e seguiu direto para o apartamento onde sua mãe morava desde que saiu da prisão. Após ficar encarcerada por alguns anos, Otávia cumpria o restante de sua sentença em prisão domiciliar.Vivian era a única que a visitava e na maioria das vezes, trazia os remédios receitados pelo médico de sua mãe. — Mamãe, cheguei — a voz serena avisou.— Estou aqui, — Otávia respondeu.A senhora de cabelos brancos estava de costas. Otávia estava na varanda, regando as plantas.— Trouxe os seus remédios.Viv
O jantar na mansão da família Bittencourt estava permeado por risadas, conversas animadas e sabores exóticos. Elizabeth, uma jovem inteligente e encantadora, sentia-se um tanto introvertida naquele ambiente luxuoso, mas não podia deixar de aproveitar a ocasião para socializar com os amigos de seus pais. Enquanto circulava pela sala, Elizabeth avistou uma figura familiar atravessando o salão. Seus olhos se encontraram com os do homem com o porte físico bem cuidado. Alex estava ainda mais bonito naquela camisa social branca e sua calça preta. Ele avistou a garota que havia mudado bastante desde a última vez que a viu no hospital. Apesar do belo vestido preto que realça o seu corpo esguio, ele apreciou o sorriso tímido que ela lhe deu. O coração de Liz deu um pequeno salto. À medida que a noite avançava, Elizabeth percebeu que Alex continuava a observá-la furtivamente. Seu olhar carinhoso parecia lhe revelar um interesse genuíno. Doutor Alex sempre foi um rapaz adorável e inteligente,
A sala de jantar luxuosa no estilo clássico era um verdadeiro oásis de elegância e requinte. Os detalhes meticulosamente trabalhados nos móveis e na decoração criavam uma atmosfera sofisticada. Todos estavam sentados nas cadeiras estofadas com tecidos luxuosos e ornamentos delicados, em volta da mesa de jantar imponente, feita de madeira rica, com acabamentos dourados e entalhes intrincados. Uma linda cúpula de cristal pendia do teto iluminando suavemente o ambiente, lançando reflexos cintilantes em cada canto da sala de jantar. Nas paredes, painéis de madeira esculpidos e pinturas clássicas adicionavam um toque de arte refinada. As cortinas pesadas vermelhas em tecidos opulentos conferiam um ar de exclusividade. — Como vocês duas estão depois do acidente? — O velho doutor Bittencourt perguntou para Elizabeth e Mellanie, logo em seguida, ele sacudiu a perna embaixo da mesa após levar um beliscão de sua esposa Nicole. — Estou ótima, tio, — Mellanie esboçou um sorriso lascivo. Inc