Sentada em outra sala bem arejada, Liz aguardava o médico que iria atendê-la, pois o doutor Alex havia acompanhado Mellanie até a sala de fisioterapia. O celular tremeu várias vezes dentro da bolsa, mas ela não quis saber. Naquela altura, o pai super protetor já devia estar sabendo. Em seus pensamentos, já se preparava para ouvir um longo sermão de Gabriel. Apertando a alça da bolsa, olhou para o lado oposto, esperando que a moça com traços orientais não a visse ali. A Doutora Jenny era gerente administrativa do hospital com quem conversou durante o processo seletivo para o estágio. — Elizabeth! O esforço foi em vão, Jenny tinha olhos de lince, podia enxergar uma pessoa ou um objeto mesmo que estivesse no fim do amplo corredor. — Por que não está trabalhando? — A doutora Kim chegou mais perto da garota cabisbaixa que cobria a testa com a mão direita. — Devia encontrar o médico responsável por sua equipe há uma hora. — A Liz sofreu um acidente e está esperando para realizar a tomog
Uma das enfermeiras solicitou que dois homens de trajes negros entrassem depois de Viviane. Eles seguraram o homem que invadiu a sala de tomografia sem autorização. No momento em que viu um dos seguranças pegando a esposa pelo braço, o senhor Welsch cerrou o punho e desferiu um golpe no rosto do segurança. O outro homem de pele bronzeada partiu para cima e dominou o grandalhão com uma chave de braço. — Solte ele! — O médico ordenou — O senhor Welsch é o pai da minha paciente. Logo que o soltaram, Gabriel empurrou o homem para longe. Pondo a mão no antebraço do marido, Vivian tentou tranquilizá-lo. — Pare com isso, pai ! — Reclamou. Ela abaixou a cabeça e colocou o óculos para esconder o rosto tão vermelho quanto um tomate. Se fosse possível, Liz cavaria o chão e enfiaria a cabeça no buraco igual a um avestruz. — Onde está o seu pai? — Gabriel se agigantou diante do Dr. Alex. — O meu pai está em uma reunião do conselho. — Ele deveria observar os tipos de funcionários que o depar
Elizabeth já tinha saído da sala antes que os pais voltassem. Ainda estava com muita vergonha pela cena que Gabriel realizou na sala de exames. Mesmo que sua testa ainda estivesse latejando, a jovem decidiu trabalhar. Colocando os óculos, ajeitou os cabelos no rabo de cavalo enquanto estava no banheiro. Tentou soltar alguns fios para ocultar o calombo em sua testa, mas foi em vão. Ainda no vestiário, ela trocou a roupa, enquanto calçava o sapato, uma mulher de meia-idade com traços hispânicos adentrou. Liz deu um sorriso contido e em seguida, levantou-se do banco.— Conheço você! — A mulher falou de repente.— Sim, — Elizabeth concordou com a cabeça.Não dava para esquecer de Lana, já que ela era esposa da doutora Jenny Kim e ambas sempre estavam nas festas da família Bittencourt.— Você é a filha da Vivian, — sorriu. — Soube que ia começar o estágio hoje. Por falar nisso, — verificou a hora no relógio de prata no pulso esquerdo, — você está atrasada.— Me desculpe! — A voz consternad
O quarto abafado estava cheirando a couro envelhecido e a madeira polida. Cada móvel daquele quarto não era feios, mas gritava rústico. Naquele pequeno aposento, tudo era estranhamente opressivo, já que Mellanie estava habituada a decorações suntuosas. Esticada sobre a cama, ela olhava para o teto enquanto o corpo do jovem suado esfregava contra a sua pele e o quadril se chocava contra a sua pelve. Estava ansiando para que Giovanni terminasse de uma vez. Ela vislumbrou as janelas altas, parecia estarem fechadas. Um urro dava fim a agonia do homem que enrijeceu o pescoço e o corpo. Finalmente, ele acabou. Nesse instante, ela moveu os olhos para o rosto com traços bem marcados e eram amenizados com um corte de cabelo que valorizava as dimensões da região entre a boca e a sobrancelha negras.Aquele homem seria um importante aliado em seu plano de vingança contra a babá e o CEO. Astuta, ela sabia que Giovanni a compreenderia melhor quando estivesse totalmente relaxado. Eles mal haviam tid
Viviane saiu do táxi e parou para admirar o lindo cenário após fechar a porta do veículo. Uma paleta de cores começava a surgir no céu. Tons suaves de rosa e laranja, que se misturavam delicadamente com o azul-claro do céu, refletiam nas cores no espelho d'água da lagoa. O silêncio era quebrado pelo som suave dos pássaros voando sobre as águas e das pedaladas das bicicletas na ciclovia ao redor.Ela suspirou calmamente e então, decidiu atravessar a rua. Acenou para o porteiro do prédio que a atendeu e seguiu direto para o apartamento onde sua mãe morava desde que saiu da prisão. Após ficar encarcerada por alguns anos, Otávia cumpria o restante de sua sentença em prisão domiciliar.Vivian era a única que a visitava e na maioria das vezes, trazia os remédios receitados pelo médico de sua mãe. — Mamãe, cheguei — a voz serena avisou.— Estou aqui, — Otávia respondeu.A senhora de cabelos brancos estava de costas. Otávia estava na varanda, regando as plantas.— Trouxe os seus remédios.Viv
O jantar na mansão da família Bittencourt estava permeado por risadas, conversas animadas e sabores exóticos. Elizabeth, uma jovem inteligente e encantadora, sentia-se um tanto introvertida naquele ambiente luxuoso, mas não podia deixar de aproveitar a ocasião para socializar com os amigos de seus pais. Enquanto circulava pela sala, Elizabeth avistou uma figura familiar atravessando o salão. Seus olhos se encontraram com os do homem com o porte físico bem cuidado. Alex estava ainda mais bonito naquela camisa social branca e sua calça preta. Ele avistou a garota que havia mudado bastante desde a última vez que a viu no hospital. Apesar do belo vestido preto que realça o seu corpo esguio, ele apreciou o sorriso tímido que ela lhe deu. O coração de Liz deu um pequeno salto. À medida que a noite avançava, Elizabeth percebeu que Alex continuava a observá-la furtivamente. Seu olhar carinhoso parecia lhe revelar um interesse genuíno. Doutor Alex sempre foi um rapaz adorável e inteligente,
A sala de jantar luxuosa no estilo clássico era um verdadeiro oásis de elegância e requinte. Os detalhes meticulosamente trabalhados nos móveis e na decoração criavam uma atmosfera sofisticada. Todos estavam sentados nas cadeiras estofadas com tecidos luxuosos e ornamentos delicados, em volta da mesa de jantar imponente, feita de madeira rica, com acabamentos dourados e entalhes intrincados. Uma linda cúpula de cristal pendia do teto iluminando suavemente o ambiente, lançando reflexos cintilantes em cada canto da sala de jantar. Nas paredes, painéis de madeira esculpidos e pinturas clássicas adicionavam um toque de arte refinada. As cortinas pesadas vermelhas em tecidos opulentos conferiam um ar de exclusividade. — Como vocês duas estão depois do acidente? — O velho doutor Bittencourt perguntou para Elizabeth e Mellanie, logo em seguida, ele sacudiu a perna embaixo da mesa após levar um beliscão de sua esposa Nicole. — Estou ótima, tio, — Mellanie esboçou um sorriso lascivo. Inc
Viviane e Gabriel se despediam do atencioso casal Nicole e Alexander, que lhes ofereceram um agradável jantar. O senhor Welsch estaria com a feição mais animada se não fosse pela demora de Mellanie no quarto de Alex.Do outro lado da sala, Nicole estava rendendo elogios a Elizabeth e expressando o seu orgulho por vê-la trabalhando para conquistar o seu próprio dinheiro. Elas ainda conversavam quando os risos de Mellanie interromperam-nas. O braço direito da garota estava em torno do pescoço forte de Alex que a auxiliava a descer da escada, já que Mellanie ainda usava o compressor de tornozelo.Vendo que Elizabeth estava com os olhos caídos, a mãe de Alex deu-lhe o braço e a acompanhou até a varanda. Ainda que estivesse triste, Liz deu um leve aceno se despedindo dos outros e acompanhou Nicole.Enquanto Gabriel caminhava para a porta na companhia do doutor Bittencourt carro, Viviane se aproximou da outra filha que ainda estava apoiada em Alex.— Mellanie, querida, venha se despedir de