Alguns dias depois…Aquela semana tinha sido dolorosa. Meus sintomas cada vez mais fortes eram motivos para as noites pouco dormidas e angústias, principalmente de minha mãe. Eu já não sabia o que fazer, os métodos que usamos ao longo do tempo estavam se tornando inúteis.Mesmo que tivesse impulsos estranhos para sair de casa, ainda não tinha conseguido, as febres eram fortes até durante o dia. A irritação estava na pele e até o silêncio era incômodo, não tinha paciência nem para pentear meus cabelos que não se decidiam se iriam ser lisos ou enrolados. Bem, de qualquer maneira, não me importava muito em me ajeitar.E aquele homem perturbava até os meus poucos sonhos. Fora a minha dor, esse era meu único pensamento, chegava a ser obsessivo.— Droga! — Larguei a faca e olhei o sangue em meu dedo. Eu só queria fazer um jantar, um bife simples com algum molho, mas talvez perdesse um pedaço do dedo. liguei a torneira e a água morna lavou o sangue do meu indicador. O corte não era grande,
ThalesDesliguei a chamada com aquela sensação inquietante. Eu estava ansioso e já faziam dias.Falar com ela me deixou nervoso como alguém prestes a dar um primeiro beijo. Sua chegada naquele dia foi inesperada, arrebatadora. Ela tinha um olhar confiante quando entrou, eu me senti quase hipnotizado, até mesmo as sardas em seu rosto eram motivos para minha inquietação. Certamente, linda.E não costumava ficar tão impressionado com uma mulher, às vezes me envolvia com uma ou outra, mas nada que tivesse feito meu corpo e mente reagirem daquela forma. Aurora, como sua mãe disse claramente, me causou desejo, sede. Sua mão estava quente quando a toquei e eu quis puxá-la para mim. Era uma sensação louca e tentadora. Uma atração que não conseguia por em palavras, era uma excitação urgente.Ou talvez eu só estivesse impressionado por sua beleza incomum, por aqueles olhos fascinantes e lábios rosados. Até mesmo os cabelos revoltos e ruivos me causavam calor.Queria vê-la novamente e estava a
Thales A porta se abriu antes mesmo que eu chegasse, paralisei por um momento ao revê-la. Os cabelos revoltos em um ruivo suave eram realmente instigantes, porém, o mais exuberante, eram seus olhos cristalinos. Eu me sentia desnudo sob aquele olhar intenso. Como um homem deveria reagir a um olhar que claramente mostrava desejo? Mas isso não era o mais importante, a questão era a minha ansiedade em apenas estar na frente dessa mulher que vi apenas uma vez. — Oi — custei a falar depois que parei na sua frente, ignorei até mesmo o peso da mulher em meus braços — Oi. — Sua resposta demorou. A voz suave me fez hesitar, seus lábios rosados me chamaram a atenção novamente. — Sua mãe. — Olhei a mulher que dormia tranquilamente em meus braços. Que situação estranha. — Ela dormiu. — Ah, desculpe, eu… — Ela passou a mão nos cabelos volumosos ao olhar para a mãe. Isso me prendeu mais do que deveria. — Entre. — Com licença. — Com cuidado, passei pela porta. — Poderia t
ThalesEncarei a madeira escura ainda sem conseguir raciocinar direito. O que foi tudo isso?— Aurora, abra a porta — pedi.— Vai embora ou vou chamar a polícia!! — Foi sua única resposta.Respirei fundo tentando recuperar a calma. Inacreditável. Foi ela quem começou, se ofereceu, me atacou. Como ela pôde me jogar para fora desse jeito? O que ela está pensando?E eu? Onde foi parar meu juízo?— Ah, que se foda!Saí a passos duros, não ia ficar me humilhando depois de levar um pé na bunda. Poderia ter outra mulher quando quisesse, uma normal que começa e termina; e principalmente, uma que não me enfeitiçasse daquela maneira. Agora eu estava com frio e com as bolas doendo e pior, minha ereção não queria diminuir. Aquela sensação inquietante continuava.— Que porra!Entrei no carro assustando Diego.— Thales? — Engasgou-se com a bebida que estava tomando no pequeno cantil e tossiu algumas vezes. Eu tomei o objeto de sua mão dando grandes goladas, a bebida desceu queimando. — O que diabo
AuroraAinda agachada rente a porta, tentava pôr meus pensamentos em ordem. Como eu pude agarrar um desconhecido desse jeito?Que descontrole foi esse?Aquele cheiro… tão perfeito, diferente de tudo que já senti antes. As sensações de beijar sua boca... Sentir o gosto da sua pele… Não conseguia parar.Foi o primeiro beijo que realmente senti algo: prazer, vontade de mais. A boca dele era tão macia, saborosa. Eu ainda sinto a pele formigar devido aos leves arranhões de sua barba.O calor de sua pele...Quase que não consegui colocá-lo para fora, aproveitei o momento de lucidez. Se eu não parasse, iríamos terminar indo longe demais. E, eu não podia ter a minha primeira vez com um estranho, mesmo que ele não saísse dos meus pensamentos.As ações do meu corpo foram tomadas, eu estava consciente, via e sentia tudo, mas… algo mais forte dominou-me, algo havia mudado em meu corpo. Aquele homem… Não podia negar que ele era bonito, os cabelos macios… longos o suficiente para encher as mãos,
Era uma história absurda, mas não me deixou mais abalada do que já estava. O que faltava acontecer? Até mesmo estava comendo carne crua no meio da noite.— Eu estava apenas me enganado sobre uma coisa que já sabia. Eu tinha esperanças que você não fosse como sua mãe.— Um lobo.— Um lobisomem. Sua mãe era um lobisomem.— Acho que não faz diferença ser um ou outro. As duas opções são absurdas. — Você provavelmente é os dois, Aurora.— É para fazer cara de surpresa?— Aurora, isso é um assunto sério!— O que a senhora quer que eu diga? Quer que eu comemore?— Filha…— Essa história é tão absurda quanto a minha vida. E eu não posso discordar porque essa parece ser a explicação mais lógica para tudo. — Levantei me sentindo extremamente irritada. Por que meus sentidos estavam tão aflorados hoje?— Eu vi, Aurora. Vi com meus próprios olhos como sua mãe era. Ela se transformou na minha frente e só me conformei que não estava louca porque Otávio também viu.Sentei novamente e olhei para fren
21 anos antes…MaryA barriga de oito meses não era tão grande como já vi em outras mulheres, mas deve ser pelo fato de eu não ser uma mulher comum. O colchão duro deixava minhas costas doloridas, porém, nada naquela sala era para me dar algum conforto, ao contrário, as câmeras posicionadas nos quatro cantos não me deixavam esquecer do porquê estava ali. A sala bem iluminada e insalubre estava bem trancada, através do vidro reforçado, via o corredor branco e vazio.Perdi a noção do tempo que estava ali, é incrível como a vida de uma pessoa pode mudar drasticamente. Há um tempo, eu tinha uma vida “comum”, tinha casa, trabalho, uma vida... tudo o que uma pessoa normal deseja.Mas eu não era uma pessoa normal.Havia uma anomalia em meus genes, herdado dos meus antepassados. Minha mãe certa vez contou sobre a maldição da nossa família, disse que éramos fadados a morte, nunca passávamos dos quarenta anos de idade. Segundo ela, era devido a nossos genes de lupinos.Uma criatura que existiu
— Mary, querida, hoje está um lindo dia! Uma pena que não possa ver já que seu banho de sol foi cortado. Sabe, é difícil achar funcionários hoje em dia e aquele que você estraçalhou me fez muita falta. — sorriu e chegou mais perto. — O quê? Não irá rosnar? Mostrar esses dentes...Permaneci imóvel, olhando-a. Carmem era bastante jovem, era impressionante como uma mulher de beleza angelical poderia ser tão ruim, além disso, era de total confiança do dono desse laboratório, eu o vi apenas uma vez, era horripilante e talvez mais cruel que ela.Amaro me ajudou a deitar na maca fria no meio da sala. Passou as travas de couro por cima dos meus quadris, ombros e pernas. Nos pulsos e tornozelos tinham o mesmo modelo que o da cadeira: um metal reforçado.A bata que usava foi levantada até meus seios, expondo minha barriga. Carmem se ajeitou na cadeira e despejou o gel frio na minha pele para em seguida passar o aparelho de ultrassom. Continuei com os olhos atentos a ela, seus cabelos loiros es