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Um Coração Batendo Nos Ouvidos

Alguns dias depois…

Aquela semana tinha sido dolorosa. Meus sintomas cada vez mais fortes eram motivos para as noites pouco dormidas e angústias, principalmente de minha mãe. Eu já não sabia o que fazer, os métodos que usamos ao longo do tempo estavam se tornando inúteis.

Mesmo que tivesse impulsos estranhos para sair de casa, ainda não tinha conseguido, as febres eram fortes até durante o dia. A irritação estava na pele e até o silêncio era incômodo, não tinha paciência nem para pentear meus cabelos que não se decidiam se iriam ser lisos ou enrolados. Bem, de qualquer maneira, não me importava muito em me ajeitar.

E aquele homem perturbava até os meus poucos sonhos. Fora a minha dor, esse era meu único pensamento, chegava a ser obsessivo.

— Droga! — Larguei a faca e olhei o sangue em meu dedo.

Eu só queria fazer um jantar, um bife simples com algum molho, mas talvez perdesse um pedaço do dedo.

liguei a torneira e a água morna lavou o sangue do meu indicador. O corte não era grande, mas um pouco fundo, não que fosse preocupante, cicatrizava rapidamente como se eu fosse um super humano.

Talvez eu fosse um, quem sabe um extraterrestre, ou um lobisomem. A segunda opção era mais aceitável, segundo os filmes, eu tinha sintomas parecidos, mas era tanta coisa bizarra que parei de olhar esse tipo de coisa.

Suspirei.

Terminei de lavar a mão e desliguei a torneira. Os dias estavam mais longos, mas pela hora já era bem tarde. Minha mãe estava atrasada. As notícias ruins devem chegar rápido nessa cidade minúscula, mesmo assim, me preocupava, ela nunca se atrasa para fazer o jantar, eu até faria para ajudar, mas meu dedo cortado — que já não saía sangue — era a prova do meu desastre na cozinha.

Meu celular em cima da mesa era um mero enfeite, não tinha sinal, era assim quase todos os dias e felizmente, o telefone fixo funcionava, mas não adiantava se os celulares não recebessem ligação. Honestamente, que fim de mundo.

— Certo, vamos parar de reclamar e tentar terminar o jantar.

Terminei de preparar a carne e fiquei satisfeita pelo cheiro bom enquanto chiava na frigideira, o arroz estava pronto, soltinho e bem temperado, assim como um purê de milho, claro, não fui eu quem fiz essa parte, mas só de esquentar sem nenhum incidente estava ótimo. Quando finalmente arrumei a mesa, o telefone tocou, em poucos passos estava na sala.

— Alô.

— Oi, boa noite. — O arrepio percorreu meu corpo ao ouvir aquela voz abafada pela ligação — Aqui é Thales, dono do bar. — Sim, eu sabia que era ele antes mesmo que me dissesse.

— Ah, oi, boa noite. — Fiquei um pouco eufórica, mas procurei respirar fundo. — Pois não?

— Aurora, certo? A filha da nova professora.

— Sim, minha mãe é uma professora. — Me senti um pouco idiota em responder dessa forma, principalmente porque ouvi uma leve risada.

— Okay. Lembro de você. — Puxei o ar pela boca ao sentir meu estômago se agitar. Então ele lembra de mim? — Ela está um pouco bêbada e eu preciso fechar o bar antes da neve engrossar.

— Ah, sim, eu… eu vou buscá-la. Eu só preciso…

— Eu posso deixá-la. O carro de vocês está aqui na frente, então liguei apenas para avisar que tomarei a liberdade de dirigi-lo.

— Bom…

— Não se preocupe — interrompeu-me. — Às vezes isso acontece e nós procuramos nos ajudar, somos pessoas de bem. Pode confiar que ela chegará em segurança.

— Então, eh… tudo bem.

— Estarei aí em breve.

Ele encerrou a ligação e fiquei por um momento com o telefone na orelha, estava nervosa e ansiosa.

O que era isso?

Encaixei o aparelho na base, talvez eu só estivesse atordoada devido a febre e irritação constante. Mesmo que ele tivesse chamado minha atenção, eu não devia me sentir assim.

Sentei na cadeira em frente a lareira apagada e respirei profundamente, talvez uma breve meditação me acalmasse, mas comecei a mexer as mãos, a inquietação aumentava, parecia que a sala estava mais quente e de repente aquele conjunto de moletom começou a me incomodar.

Depois do que pareceu horas, ouvi o barulho do carro chegando, andei apressada até a janela e observei os dois veículos, um permaneceu na rua e o outro parou na frente da casa.

Era ele.

Ele saiu do veículo, deu a volta até a outra porta e apoiou minha mãe, mas por fim, a colocou no colo.

Mas esse não era o problema. O problema era meu coração que batia forte, era minha boca mais seca e minha pele com calafrios. Rapidamente, abri a porta e fixei meu olhar no dele. Tudo parou naquele momento, eu apenas ouvia meu coração batendo nos ouvidos.

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