Thales A porta se abriu antes mesmo que eu chegasse, paralisei por um momento ao revê-la. Os cabelos revoltos em um ruivo suave eram realmente instigantes, porém, o mais exuberante, eram seus olhos cristalinos. Eu me sentia desnudo sob aquele olhar intenso. Como um homem deveria reagir a um olhar que claramente mostrava desejo? Mas isso não era o mais importante, a questão era a minha ansiedade em apenas estar na frente dessa mulher que vi apenas uma vez. — Oi — custei a falar depois que parei na sua frente, ignorei até mesmo o peso da mulher em meus braços — Oi. — Sua resposta demorou. A voz suave me fez hesitar, seus lábios rosados me chamaram a atenção novamente. — Sua mãe. — Olhei a mulher que dormia tranquilamente em meus braços. Que situação estranha. — Ela dormiu. — Ah, desculpe, eu… — Ela passou a mão nos cabelos volumosos ao olhar para a mãe. Isso me prendeu mais do que deveria. — Entre. — Com licença. — Com cuidado, passei pela porta. — Poderia t
ThalesEncarei a madeira escura ainda sem conseguir raciocinar direito. O que foi tudo isso?— Aurora, abra a porta — pedi.— Vai embora ou vou chamar a polícia!! — Foi sua única resposta.Respirei fundo tentando recuperar a calma. Inacreditável. Foi ela quem começou, se ofereceu, me atacou. Como ela pôde me jogar para fora desse jeito? O que ela está pensando?E eu? Onde foi parar meu juízo?— Ah, que se foda!Saí a passos duros, não ia ficar me humilhando depois de levar um pé na bunda. Poderia ter outra mulher quando quisesse, uma normal que começa e termina; e principalmente, uma que não me enfeitiçasse daquela maneira. Agora eu estava com frio e com as bolas doendo e pior, minha ereção não queria diminuir. Aquela sensação inquietante continuava.— Que porra!Entrei no carro assustando Diego.— Thales? — Engasgou-se com a bebida que estava tomando no pequeno cantil e tossiu algumas vezes. Eu tomei o objeto de sua mão dando grandes goladas, a bebida desceu queimando. — O que diabo
AuroraAinda agachada rente a porta, tentava pôr meus pensamentos em ordem. Como eu pude agarrar um desconhecido desse jeito?Que descontrole foi esse?Aquele cheiro… tão perfeito, diferente de tudo que já senti antes. As sensações de beijar sua boca... Sentir o gosto da sua pele… Não conseguia parar.Foi o primeiro beijo que realmente senti algo: prazer, vontade de mais. A boca dele era tão macia, saborosa. Eu ainda sinto a pele formigar devido aos leves arranhões de sua barba.O calor de sua pele...Quase que não consegui colocá-lo para fora, aproveitei o momento de lucidez. Se eu não parasse, iríamos terminar indo longe demais. E, eu não podia ter a minha primeira vez com um estranho, mesmo que ele não saísse dos meus pensamentos.As ações do meu corpo foram tomadas, eu estava consciente, via e sentia tudo, mas… algo mais forte dominou-me, algo havia mudado em meu corpo. Aquele homem… Não podia negar que ele era bonito, os cabelos macios… longos o suficiente para encher as mãos,
Era uma história absurda, mas não me deixou mais abalada do que já estava. O que faltava acontecer? Até mesmo estava comendo carne crua no meio da noite.— Eu estava apenas me enganado sobre uma coisa que já sabia. Eu tinha esperanças que você não fosse como sua mãe.— Um lobo.— Um lobisomem. Sua mãe era um lobisomem.— Acho que não faz diferença ser um ou outro. As duas opções são absurdas. — Você provavelmente é os dois, Aurora.— É para fazer cara de surpresa?— Aurora, isso é um assunto sério!— O que a senhora quer que eu diga? Quer que eu comemore?— Filha…— Essa história é tão absurda quanto a minha vida. E eu não posso discordar porque essa parece ser a explicação mais lógica para tudo. — Levantei me sentindo extremamente irritada. Por que meus sentidos estavam tão aflorados hoje?— Eu vi, Aurora. Vi com meus próprios olhos como sua mãe era. Ela se transformou na minha frente e só me conformei que não estava louca porque Otávio também viu.Sentei novamente e olhei para fren
21 anos antes…MaryA barriga de oito meses não era tão grande como já vi em outras mulheres, mas deve ser pelo fato de eu não ser uma mulher comum. O colchão duro deixava minhas costas doloridas, porém, nada naquela sala era para me dar algum conforto, ao contrário, as câmeras posicionadas nos quatro cantos não me deixavam esquecer do porquê estava ali. A sala bem iluminada e insalubre estava bem trancada, através do vidro reforçado, via o corredor branco e vazio.Perdi a noção do tempo que estava ali, é incrível como a vida de uma pessoa pode mudar drasticamente. Há um tempo, eu tinha uma vida “comum”, tinha casa, trabalho, uma vida... tudo o que uma pessoa normal deseja.Mas eu não era uma pessoa normal.Havia uma anomalia em meus genes, herdado dos meus antepassados. Minha mãe certa vez contou sobre a maldição da nossa família, disse que éramos fadados a morte, nunca passávamos dos quarenta anos de idade. Segundo ela, era devido a nossos genes de lupinos.Uma criatura que existiu
— Mary, querida, hoje está um lindo dia! Uma pena que não possa ver já que seu banho de sol foi cortado. Sabe, é difícil achar funcionários hoje em dia e aquele que você estraçalhou me fez muita falta. — sorriu e chegou mais perto. — O quê? Não irá rosnar? Mostrar esses dentes...Permaneci imóvel, olhando-a. Carmem era bastante jovem, era impressionante como uma mulher de beleza angelical poderia ser tão ruim, além disso, era de total confiança do dono desse laboratório, eu o vi apenas uma vez, era horripilante e talvez mais cruel que ela.Amaro me ajudou a deitar na maca fria no meio da sala. Passou as travas de couro por cima dos meus quadris, ombros e pernas. Nos pulsos e tornozelos tinham o mesmo modelo que o da cadeira: um metal reforçado.A bata que usava foi levantada até meus seios, expondo minha barriga. Carmem se ajeitou na cadeira e despejou o gel frio na minha pele para em seguida passar o aparelho de ultrassom. Continuei com os olhos atentos a ela, seus cabelos loiros es
Havia três seguranças dentro da sala em que estive anteriormente. — Paradinha aí lobinha — outro falou com a arma apontada para mim. Rosnei em resposta. Eu odiava esse apelido, eles me chamavam assim enquanto me espancavam ou abusavam de mim. Deixei que minha natureza me dominasse, meu corpo cresceu um pouco mais, minha pele foi coberta com pelos na cor marrom, as garras ficaram maiores assim como os dentes. Senti minha bebê agitar-se, mas ela estava bem, apenas reagindo à loba dentro de mim. Usando da velocidade, peguei a cadeira ao meu lado e a arremessei, o suficiente para eles saírem das posições. O primeiro foi derrubado assim que minhas garras atingiram seu rosto, rasgando a pele. O segundo atirou, fui atingida no braço mas não parei, o ataquei da mesma forma, desarmando-o antes de afundar minhas garras em seu peito e matá-lo. Senti o choque percorrer meu corpo, minha barriga se contraiu e minhas pernas amoleceram, mas não podia parar. Me joguei em cima do terceiro homem
— Tem, mas você não vai abrir a porta, pode ser uma armadilha para um assalto.— É uma mulher ferida, Otávio! — afirmei já abrindo a porta.— Janete! Que mulher teimosa.A mulher se agachou, estava muito ferida, a bata que cobria seu corpo estava ensanguentada. E pior, ela estava grávida.— Me ajude, por favor… — suplicou e se afastou para se escorar em uma árvore. — Minha bebê vai nascer, me ajude.— Podemos levá-la ao hospital. Vem — Peguei em seu braço na intenção de ajudá-la a levantar, mas ela me impediu ao colocar sua mão por cima da minha.— Não vai dar tempo, está na hora. E não posso ir para o hospital, eles irão levá-la de volta para aquelas pessoas. Por favor, me ajude, não permita que ela vire uma cobaia.Apesar de não fazer ideia do que a mulher estava falando, pude sentir o seu medo, havia uma fraca iluminação da lua, ela estava cheia e bem alta no céu devido a hora. A mulher grunhiu se contorcendo, segurando a barriga.— Ela vai nascer agora, por favor…— Otávio, afaste