AuroraAdelya foi embora na promessa que me ajudaria quando chegasse a hora. Fiquei em silêncio por um longo tempo remoendo aquelas palavras. Eu não tinha razões para duvidar, na próxima lua cheia, eu seria uma loba. Quando chamaram-me para jantar, apenas fui. Não tinha fome, mas sentei à mesa e belisquei a comida, era como se não tivesse gosto. Minha mãe também não estava bem, mas ela se esforçava por mim e isso era tão desgastante.No fim daquele jantar que mais parecia um velório, arrumei a cozinha para que ela descansasse e quando terminei, sentei na sala e olhei o telefone na mesinha ao lado. Será que ele realmente ligaria? Queria ouvir sua voz.Como será que ele vai reagir se souber?Talvez eu não devesse contar, eu poderia manter segredo, mas era provável que não conseguisse levar uma relação normal, agora mesmo, estava febril e com dor nas articulações, já não me incomodava tanto, me acostumei a sentir dor.O telefone tocou e meu coração disparou, me apressei em atender.— Al
AuroraAlguém chorava e me chamava, parecia minha mãe, mas estava escuro e frio, eu não conseguia levantar.“Ainda está fraca”Virei em direção daquela voz e me assustei. Era a face pouco iluminada de um lobo, os olhos amarelos eram vivos e brilhantes. Eu senti medo.“Eu sei que tem medo. — A voz ecoou na minha cabeça. — E é por isso que está fraca”A loba levantou e veio até mim, só então vi nitidamente sua aparência, era grande de pelos vermelhos. Ela lembrava a mim.“É claro, eu sou você e você sou eu.”Não, eu não sou um animal. Eu não quero…Sua lufada quente bateu em meu rosto, ela rosnou baixo e quando expôs seus dentes grossos e longos. Senti sua fúria.“Não me negue! Você pertence a mim. Olhe ao redor, não há para onde correr. Mesmo que corra, não conseguirá fugir de mim, porque somos uma só.”Ela desapareceu e de repente me vi diante de um espelho. Apenas um lado do meu rosto estava iluminado. Meus cabelos estavam revoltos e os olhos amarelos, mesmo o que estava sob a escuri
Thales— Tente se acalmar — pedi a ela, mas eu também estava nervoso. — Vou ligar para Rubens, vamos organizar uma equipe de buscas.— Não, não envolva ninguém. Eles não podem saber.— Janete, o que realmente está acontecendo?— Não temos tempo agora, por favor, ajude-me a achá-la — suplicou. — Depois eu explico o que está acontecendo, mas por…— Tudo bem — interrompi. — Mas se eu não encontrá-la nas próximas horas, vou reunir um grupo de buscas, você querendo ou não. — Muito obrigada.A deixei na sala e voltei ao quarto. Abri o armário e puxei uma calça com proteção para um frio mais intenso, a vesti por cima da que já estava usando. O que diabos está acontecendo? Por que não pode envolver outras pessoas? E que crise é essa?Não sabia nada sobre Aurora, mas esperava conhecê-la aos poucos e entrar na sua vida de maneira natural, mas sendo sincero, nossa aproximação nunca foi comum. Eu me sentia apenas arrastado por essa atração louca. Depois de bem agasalhado, joguei um casaco lon
Thales— Apenas me avise, por favor. E não a deixe sair, nem ninguém vê-la.— Ok. — Pelo visto não iria arrancar nada dela naquele momento. — Logo pela manhã estarei aí, obrigada por cuidar dela.Janete desligou a chamada sem esperar resposta, ela parecia cansada demais. Ao menos sentia o alívio por Aurora estar bem e em segurança na minha casa.Voltei para o quarto. O que ela queria dizer com mudanças no corpo?Claro que havia algo errado com o seu corpo, afinal, ninguém suporta ficar daquele jeito na neve, no entanto, sua face tranquila me dizia o contrário.Busquei uma muda de roupas confortáveis e saí do quarto, eu não tinha um colchão extra e se eu dormisse no quarto de Rubens poderia não ver se ela saísse, então não me restava outra coisa a não ser o tapete da sala. Voltei ao banheiro e ainda estava manchado de sangue, o que restou de sua roupa estava jogada em um canto. Estiquei o tecido, mas todas as explicações iam contra o corpo intacto dela. Bem, ela rasgou minha camisa g
ThalesAurora grunhiu alto, apertou minhas mãos e a beijei mais uma vez enquanto meu pau entrava cada vez mais em seu canal quente. Soltei suas mãos e suas unhas afiadas romperam a pele das minhas costas no momento que a penetrei mais, indo até o limite possível, sendo esmagado por seu aperto. — Meu… marque-me com teu cheiro, com tua semente.Gemi e em submissão, tirei o suficiente para estocar com força. Meus desejos, meus sentimentos… tudo estava preso a ela. Eu sentia essa conexão inexplicável e insana. Um desejo de possuir, mas principalmente de ser possuído pelo seu domínio.Era instintivo, carnal. Minha cabeça apenas sucumbia àquele prazer louco, meu corpo se movendo rápido… Desde o primeiro encontro não tive dúvidas, ela era intensa demais, sem freios, guiada apenas pelo instinto, quando olhava para Aurora, eu via uma fera.Alguém que eu não seria capaz de domar.Ou, talvez eu não quisesse.Suas unhas afiadas passaram suavemente por minhas costas, me arrepiando por inteiro. T
Thales— Onde você a encontrou? Suspirei ao me lembrar daquela cena.— Não muito longe daqui, estava ensanguentada, em trapos. — Janete não demonstrou surpresa, parecia apenas analisar. — O sangue não era dela.— E seu corpo? Notou algo de diferente.— Janete, o que realmente ela é? Aurora me disse que é uma loba. O que isso significa? Ela tem aqueles olhos e pelos. Eu não entendo.— Eu não tenho o direito de falar, acho que somente ela deveria esclarecer, eu só peço que não tenha medo e nem a repudie depois.— Não seria capaz de repudiá-la. Não sei explicar porquê, mas sinto uma grande necessidade de estar com ela, tudo é estranho e ao mesmo tempo, normal. — Respirei fundo e cruzei os braços. Estava mais impaciente e ansioso.— Eu entendo, às vezes também é difícil pra mim. Agora temos que levá-la para casa.— Ela pode ficar aqui, Janete, já disse que estou cuidando dela.— Eu não duvido, mas seu irmão está em casa e Aurora pode acordar assustada ou até mesmo com alguma característi
AuroraNão me lembro da última vez que me senti tão bem assim, aquele conforto de estar entre minhas cobertas fofas, mas não tinha o cheiro de sempre e sim, o cheiro dele… Parecia que ele estava ali. Me mexi e enfim abri os olhos. A claridade era impedida de entrar parcialmente pela cortina, eu não fazia ideia de que que horas eram, só sabia que estava com fome. Virei-me e meu coração acelerou. Ele estava ali, dormindo.O que ele estava fazendo na minha cama?Passei a mão no meu corpo e estava vestida, mas aquela camisa não era minha, não tinha mais nada além dela e do cheiro dele. Como essa camisa veio parar no meu corpo? Só lembro de ter sentido aquela tontura. Levei a gola ao nariz e cheirei… aquele cheiro que tanto me enlouquecia… Thales tinha uma mão na barriga e o outro braço no por cima dos olhos, dormia de forma relaxada. Ele não estava embrulhado, então analisei todo seu corpo, desde a meia escura que sumia por dentro da calça, até a gola alta da camisa.Inclinei-me para v
Aurora— E você está achando ruim essa de agora? — perguntei, insegura. Eu, certamente, sou muito sem graça e talvez ele só tivesse se interessado por mim devido a ligação de almas. Se não fosse isso, ele não se interessaria.— Eu também gosto dessa sua versão, a verdadeira Aurora, que fica incrivelmente bela com as bochechas coradas.Falhei na tarefa de segurar o sorriso, meu peito se encheu de felicidade ao ouvir isso, era um sentimento gostoso de sentir. O telefone tocou na sala, mas Thales se levantou primeiro.— Eu atendo, deve ser meu irmão, estava esperando sua ligação. Termine de comer, não demoro.Concordei e comi mais um pouco. Ele parecia ser muito calmo, isso me dava um pouco mais de coragem para esclarecer tudo. Talvez ele compreendesse não só a noite que eu não lembro, mas também o resto. Sorri, esperançosa.Quando Thales voltou, pereceu tenso e a minha preocupação retornou fortemente.— Aconteceu alguma coisa? — perguntei.— Sim, aconteceu. — Thales me encarou por um l