Apollo e Humberto chegaram ao hotel, no Itaim.- É um lugar luxuoso, Apollo. Estarei feliz em qualquer pensão, meu anjo.- Não é um cinco estrelas. Me passe seu telefone pessoal, pra mantermos contato. - Certo.- Seu telefone é a sua chave pix?- Não, é o meu número de CPF.- Perfeito. Deixarei três semanas de hospedagem pagas. Terá cinco mil na sua conta, caso precise comprar alguma coisa.- Puxa, Apollo. Nem sei como agradecer e retribuir.- Já está fazendo isso, Humberto. Confiando em mim e me abrindo os olhos. O que me contou não tem preço.- O que eu poderia fazer, se você salvou a minha vida? Estou envergonhado. Como administrador da fundação, eu devia ser o exemplo. Diz tudo ao contrário das palestras de médicos, psicólogos e assistentes sociais que eram voluntários na fundação.- Eu entendo, Humberto. O bom padre não é aquele que sabe pregar, falar bonito, cantar ou ser carismático. É bom ser assim mas o fundamental é viver aquilo que prega. Ser cristão é ser seguidor do Cris
Jheniffer e Apollo terminaram o café. Pouco depois, o casal sentou-se, confortavelmente, no sofá. Théo veio da sacada e pulou no colo dela. - Pela sua cara, lá vem bomba.- Sim. E das grandes. Falando em bomba, sabia que a bomba atômica não era pra ter caído em Hiroshima?- Não sabia. Era pra ter caído aonde, em Araçatuba, onde tem muitos japoneses?- Não. Araçatuba e região têm muitos descendentes de japoneses, é verdade. Não era Araçatuba, amor. O alvo era outra cidade, não me lembro o nome mas não era Hiroshima. Acontece que o vôo para a cidade alvo estava compromisso pelo mau tempo. Isso faria abortar a operação de jogar a bomba atômica e forçar o Japão a se render. Informações chegaram que o tempo em Hiroshima estava bom e com ótima visibilidade. O fator clima decidiu que a bomba seria lançada sobre a cidade, o que aconteceu.- Puxa. Vivendo e aprendendo. Voltemos ao Humberto.- Ele estava no velório da Consuelo, Jheniffer. Sabe disso. A novidade é que ele foi procurar um banhei
Sem palavras. Assim estava Jheniffer, após a conversa com Apollo. - Por favor, levante-se.Ele a obedeceu, ainda que sem entender. Jheniffer se levantou e o abraçou. Um carinho demorado, os corpos colados. Apollo deu vazão ao sentimento e as lágrimas dele molharam o ombro dela. Jheniffer também estava emocionada. Eles se beijaram e voltaram as cadeiras.- Obrigado. Eu precisava de um abraço.- Não é só você que lê pensamentos. Depois dessas revelações de Humberto, verdadeiras bombas ainda que a gente desconfiasse, é cruel saber que tudo se confirmou. Tiraram Manoela de você, amor. Podaram a felicidade e o futuro de vocês dois.- É verdade. Saber disso tudo é insano. Tiraram a filha da Consuelo também. Manoela tinha planos espetaculares para a fundação também, uma visão inovadora sempre pautada no respeito e integração dos refugiados. Sua proposta era expandir aos poucos, com recursos próprios.- E os filhos de vocês? Fazia planos?- Sim. Queria dois filhos, um casal. - Já falou com
Jheniffer e Apollo chegaram ao hotel, onde Humberto estava hospedado. Apollo ligou para o rapaz.- Humberto, é o Apollo. Podemos subir?- Sim. Trouxe a Jheniffer?- Ela quis vir para vê-lo.- Não vai ver grande coisa ou a sétima maravilha do mundo mas podem subir. É o quarto 43.Minutos depois, o casal entrou no quarto. Humberto os recebeu com alegria.- Apollo. Que bom receber visitas. Bem vindos ao hotel.- Não se alegre muito, vai me ver quase sempre.- Isso é bom. Jheniffer, obrigada por vir.- Olá, Humberto. Não poderia deixar o Apollo vir sozinho. Da última vez que se viram, ficaram conversando por horas.- Não se preocupe. Ele será só seu. Você está linda, como sempre.- São seus olhos, Humberto. Me alegra ver que está bem, apesar dos pesares. O braço engessado.- Verdade. Estou vivo e isso é motivo de gratidão, ao mundo e ao nosso criador. Que percebi que gosta muito de mim. Apollo tem sido fantástico. Você tem um noivo de ouro.- Com certeza, amigo. - Como você está? - Mel
São Paulo, inverno brasileiro.- Hora de voltar a realidade, bebê.Jheniffer saiu da cama, dando as costas para Bruno, o rapaz de ombros largos e abdômen trincado, esparramado na cama. Ele admirou o corpo dela. Uma perfeição. Uma grande tatuagem se destacava nas costas da moça. - Linda essa tattoo. O que significa?Ela se virou.- É um nó celta, um amuleto. Significa trindade, unidade e eternidade.- Que profundo.Ele abraçou o travesseiro.- Quero fazer um mantra no braço direito, Bruninho.Jheniffer esvaziou a taça de champanhe. Em seguida, vestiu a lingerie preta.-Seria capaz de ficar a vida inteira aqui, Jheniffer.Ela sorriu.- A vida não é só prazer e glamour.- Seus treinos têm dado resultado. Você está com um corpo incrível.- Sei disso. Você não é o único que repara. Tenho que voltar ao trabalho. Vou passar no fórum pra recolher uns documentos.Ela sentou-se na cama pra calçar as sandálias. Bruno a abraçou.- Foi mara. Teremos um replay?Ela colocou o relógio, a pulseira e
- Sou Alfredo Nascimento, advogado e fiscal do concurso. Que Deus lhe dê em dobro o que fez por mim.Jheniffer estendeu a mão.- Amém. Prazer, sou Jheniffer Stuart, estudante de Direito e, se passar nessa prova, talvez uma funcionária do INSS.Nascimento riu. Ela bateu no ombro dele com a palma da mão, uma de suas manias.- Pode rir. Sei que meu nome remete a personagens de livros de romance americano ou daquelas séries policiais. Acho que foi de onde meus pais tiraram meu nome.- É um nome forte, diferente. Você se expressa muito bem. Já comprovei que é uma pessoa gentil e bondosa. Trabalha onde?-Era garçonete mas fiz um acordo. Forneci o traseiro, a empresa forneceu o pé. Fui despedida por me atrasar. Estou desempregada. Preciso de um emprego pra ajudar meus pais a pagarem minha facul.Nascimento tirou um cartão do bolso.- Nascimento e Gomes Advocacia. Passe lá, na segunda feira. Temos uma vaga de secretária, se quiser. Poderá também me auxiliar nos processos. Ela tremia ao pegar
- Terminei minha rotina, Stefany. Faria uma aula de pilates, se não tivesse que pousar no hospital, como acompanhante do Nascimento.Como de praxe, o movimento da academia aumentou no fim da tarde. Jheniffer e Stefany foram até a área das bicicletas ergométricas.- Vamos pedalar um pouco. Apreciar o movimento e a música.- Você quer dizer paquerar.- Isso, Stefany. Ver se tem carne nova no açougue. Um boy magia ou um novinho.- Esse é o horário dos bombados. Disfarça, Stefany. Tem três deles nos secando, na prancha abdominal. Melhor olhar para a recepção. O próximo que entrar, é seu. Se for um gato, é meu.Stefany lidava bem com o fato dos rapazes terem mais olhos pra Jheniffer, que realmente era linda e chamava muito a atenção.- Jheniffer, você é terrível. Passa o rodo geral. Tirando os instrutores, que são gays por imposição do Michel, todos pagam pau pra você.- Esqueceu das mulheres. Não é minha praia mas respeito. Por enquanto, não.- Olha. Novidade isso. Ficaria com outra mul
Tempo depois, após um banho e um lanche rápido, Jheniffer chegou ao hospital Redenção. Preferiu ir num carro de aplicativo, pra não ter que deixar o seu veículo na rua. Estava de tênis, calça jeans e camiseta. Tinha uma sacola com cobertor e toalha de rosto. Levou um livro, maçãs, uma caixa de bombons e duas tupperwares. Numa delas, torradas com geléia de mirtilo. Noutra, frango grelhado com batata doce e quinoa.- Marcela. Cheguei.Ela abraçou a esposa de Nascimento, na recepção do hospital.- Que bom que veio, Jheniffer. Fred, meu sobrinho, ficou com ele um pouco. Nascimento ainda está dormindo. Já está no quarto, o que é ótimo. Eu entrei pra vê-lo, rapidinho.- Está bem. Que boa notícia. Ele vai se recuperar. Vim de máscara contra o Covid19, ainda que as medidas de proteção tenham diminuído, estamos num hospital. Trouxe até meu álcool gel. Eu assumo o turno da noite. Precisarei de carona, amanhã cedo.- Sem problemas. Eu virei, às seis da manhã, na troca de turno. Eu a levarei, c