- Onde estou?- Como assim, Apollo?! Na nossa casa.Respondeu Jheniffer, assustada pelo fato de Apollo despertar desnorteado. Ela o abraçou com ternura.- Está tudo bem. Teve um pesadelo apenas.- Um sonho estranho. Eu estava no programa Masterchef.- Sério? Pela sua cara, deve ter feito um prato intragável, ruim mesmo. Levou esporro do Fogaça, da Paola e do Jacquin?- Não. Eu ganhei, fui o campeão.- Era pra ter acordado feliz e não desse jeito.- Eu estava procurando a Consuelo, encontrei a Manoela. Tinha uma ilha, algo assim. Não me recordo direito.- Você já me disse, certa vez, que sonhos sempre querem dizer alguma coisa. É preciso distingui os significados. A pessoa que aparece nos sonhos, nem sempre é aquela que a mensagem quer atingir.- Exato. Eu queria conselhos da Consuelo.- Era a pessoa certa para lhe aconselhar sobre a sua decisão de aceitar ou não ser o CEO. Isso é fato.- Mas a Consuelo faleceu.- Sim. Porquê fui até a Manoela?- Porquê ela está no céu. É o que nós acr
A juíza Marcela e o esposo, Nascimento, chegaram ao apartamento de Jheniffer e Apollo.- Abram as garrafas, o Bob Esponja chegou.Nascimento olhou feio para a juíza.- Marcela. Assim você me deixa com vergonha. Esse era o meu apelido na faculdade. Atualmente não posso exagerar no álcool.- Você pode tomar um copo de vinho apenas, segundo seu médico.- Um? Melhor que nenhum, querida. Obrigado por me lembrar.Eles cumprimentaram Jheniffer, Apollo e Stefany. - Foi uma luta pra nos desvencilhar de nossos filhos. Falamos que essa era uma reunião de advogados e que o assunto era chato. Queriam vir de qualquer maneira.Explicou a juíza.- Aqueles dois são muito espertos. Pressentiram no ar que íamos almoçar aqui.Acrescentou Nascimento. Eles sentaram-se. Apollo iniciou a conversa.- O motivo dessa reunião é uma proposta feita a mim, pela presidente da fundação Hermann. Bianca me convidou pra ser o CEO.Nascimento lhe estendeu a mão.- Parabéns, Apollo.A juíza e Stefany também o cumprimenta
Stefany pediu água. Jheniffer foi a cozinha e trouxe a jarra para a mesa.- Estou vendo a listagem dos refugiados assistidos pela fundação, no Brasil, Apollo. Me lembro da Stefany ter citado o CEO da Dínamo Copy, na Alemanha. Ele reergueu a empresa utilizando a mão de obra dos próprios moradores da cidadezinha, muitos deles aposentados na própria empresa. A cidade, cuja economia sempre girou em torno da empresa, abraçou o projeto e o sucesso foi certeiro. Todos lucraram, a comunidade e a empresa.- E o que pensou, Nascimento?- Que possa usar, caso aceite o cargo de CEO, os profissionais assistidos pela fundação pois muitos são engenheiros, pedreiros, carpinteiros, motoristas, mestres de obras, entre outros. Eles amam a fundação e trabalharão com afinco, empenho e amor. Farão de tudo pelo sucesso do projeto.- É uma ótima idéia, Nascimento.- Poderia fazer um levantamento, nas localidades onde estão sendo construídas as casas e instalações da fundação, o número de pessoal disponível e
Apollo bocejou. Seria o momento de pôr um fim a reunião?- Creio que terminamos. Esmiuçamos o projeto todo, não? Queria a opinião final de cada um.Disse Apollo, se colocando de pé.- Primeiro eu. É inegável que é um abacaxi grande pra descascar. Apollo tem capacidade para a tarefa e fará isso brilhantemente. Primeiro porquê ama a fundação. Às vezes tinha ciúmes da Hermann. Tinha, agora não mais. Acredito que é por isso que aceitará ser o CEO. Não pelo projeto mas por amar a fundação. Stefany foi a próxima a dar sua opinião.- Os números apontam para o caos. Faço minhas as palavras de Jheniffer. Apollo é o cara pra ser a cara da fundação, o CEO. Parodiando o título do livro, Tapa na Cara, de um amigo escritor, o Juliano Schiavo. Será um tapa na cara de muita gente se o Apollo reverter esse quadro e colocar o projeto no eixo. Oxalá consiga. Desde já, me disponho a fazer parte de sua equipe de apoio, caso monte uma. Se for o CEO, terá que ter uma equipe de apoio e estudos. Não será
- Nossa filha desmaiou novamente na escola, Bastian.- Deve ser fome, Joana. Essa menina não come uma fruta sequer, vai pra escola sem tomar leite, não sei como aguenta!- Leite faz mal pra menina. Angelita nunca gostou de leite de vaca, muito menos de queijo. Você, ignorante, sempre disse ser frescura.- E não é. Ela já tem sete anos, mulher.- Já tem mas notou que é muito menorzinha que as crianças da mesma idade? - Amanhã a levarei ao deputado Izquierdo.- Até parece que o seu patrão vai resolver alguma coisa. Os filhos dele sim, são gordos e vivem no luxo. Estudam nas escolas particulares e comem do bem e do melhor, a custa do trabalho escravo dos homens da vila, incluindo você.- Pare de falar asneiras, mulher. O deputado mandará um dos homens a cidade, Angelita passará com um bom médico.- Duvido, Bastian.Angelita mal tocou na sopa do jantar. Joana lhe deu um achocolatado com bolachas de maisena, as preferidas da garota, única filha do casal. Joana passou a noite na cama da fi
O casal sentou-se de frente pra mesa da presidente da fundação.- Não precisam ficar envergonhados, somos todos iguais. Sou toda ouvidos.Bastian e Joana confiaram em Consuelo, receptiva e simpática.- É que a gente ouvia tantos nãos, dona. Nossa filha, Angelita, começou a ir mal na escola, as notas abaixaram demais. A cabeça dela doía, começou a desmaiar e mal se alimentava. Não é de reclamar de dores mas a gente vai que ela estava sofrendo. Vieram as dores no peito e cansaço. Meu marido buscou ajuda com os patrões e outras pessoas, tudo em vão.- Entendo.- No último desmaio, ela parecia morta, sem ânimo algum. O médico disse que ela sofre de uma doença rara. A cirurgia é feita só nos Estados Unidos. Não temos dinheiro pra passagem de avião, muito menos pra cirurgia. Ela poderá morrer a qualquer momento.- Sei, minha amiga. Muita gente não ajuda pois teme ser golpe. Há pessoas de todo o tipo no mundo, que usam as imagens de crianças doentes pra arrecadarem dinheiro.- Foi isso que o
Adele e Herculana, as suas enfermeiras, cumprimentaram a doutora Angelita.- O bom doutor terminou sua missão na ilha. Está visivelmente cansado e será reconduzido ao continente.O médico riu.- De fato, capitão. Aguentei até onde pude mas confesso que os mosquitos da ilha venceram. - Ainda assim, fez um belíssimo trabalho, amigo. Receberá todo o dinheiro que lhe prometi. Sua missão era assegurar que a nossa paciente ficasse fora de risco de morte.- Eu consegui? Não, meu caro. Nós conseguimos. As enfermeiras, os seus homens garantiram as acomodações e benefícios. Também a eles deve agradecimentos.- Concordo. Muito obrigado, doutor. A minha filha assumirá daqui pra frente. Amanhã, a equipe dela chegará a ilha.- Que tenham sucesso, é o que eu desejo, do fundo do coração, capitão Bastian. Embora não saiba a identidade da paciente da ilha, eu a tratei com carinho.- Pra sua segurança e pra minha, é bom que a identidade dela fique anônima, doutor. Seu dinheiro está no barco de Gino. S
- E a necrópsia dela, o velório. Como fez, papai?- No meu barco, vimos que Consuelo estava ainda viva. Em estado grave, muito machucada mas viva, graças a Deus. Expliquei aos meus homens que aquela senhora tinha salvo a minha filha. Eu tinha uma dívida com ela. Eles entenderam e prometeram me ajudar a salvá-la. Receberiam uma boa soma pra me ajudarem. Imediatamente, liguei para o delegado Angione, amigo de Consuelo e também meu. Costumávamos pescar em Lá Union, sempre com uma boa garrafa de vinho euita conversa. Ele veio da capital, com seus homens, para Lá Union. Angione sabia que teriam que reconhecer o corpo e fazer a necrópsia. O delegado tomou as rédeas do caso, junto aos seus amigos da marinha. Ele e seus homens elaboraram o laudo. Seus peritos estavam no Instituto Médico Legal.- Quanto trabalho.- Pois é. Para a surpresa dos peritos, um homem misterioso apareceu e lhes ofereceu muito dinheiro, suborno para colocarem acidente com curto circuito na causa da explosão. O delegado