Jheniffer e Apollo retornaram ao apartamento.- Não tinha pensado por esse lado.- Quando a Bianca garantiu livre acesso aos arquivos e registros da fundação, me deu o estalo na hora, querido. Poderá investigar livremente e sem suspeitas.- De fato, seria uma oportunidade rara. Saber o passado de Velasco e, principalmente da Estela, seria fundamental para resolver essa trama de vez. Você, brilhante como sempre.- Os advogados são bem pagos pra isso. Assessorar e estudar cada item e detalhes, achar brechas e investigar. É ser um pouco filósofo, analisar por todos os ângulos. Por um momento, achei que você iria responder não.- Assim, na lata?- Sim. Na lata da Bianca. Foi até bom ver a moça ajoelhada, implorando seu perdão e pedindo pra que salve o projeto dela.- A vida dá voltas.- Pois é. O mundo não gira, ele capota. Você, que foi contra o projeto, agora é chamado para salvar esse mesmo projeto. Que aliás, não esqueça que foi por causa desse grande e ambicioso projeto que você e Co
- Onde estou?- Como assim, Apollo?! Na nossa casa.Respondeu Jheniffer, assustada pelo fato de Apollo despertar desnorteado. Ela o abraçou com ternura.- Está tudo bem. Teve um pesadelo apenas.- Um sonho estranho. Eu estava no programa Masterchef.- Sério? Pela sua cara, deve ter feito um prato intragável, ruim mesmo. Levou esporro do Fogaça, da Paola e do Jacquin?- Não. Eu ganhei, fui o campeão.- Era pra ter acordado feliz e não desse jeito.- Eu estava procurando a Consuelo, encontrei a Manoela. Tinha uma ilha, algo assim. Não me recordo direito.- Você já me disse, certa vez, que sonhos sempre querem dizer alguma coisa. É preciso distingui os significados. A pessoa que aparece nos sonhos, nem sempre é aquela que a mensagem quer atingir.- Exato. Eu queria conselhos da Consuelo.- Era a pessoa certa para lhe aconselhar sobre a sua decisão de aceitar ou não ser o CEO. Isso é fato.- Mas a Consuelo faleceu.- Sim. Porquê fui até a Manoela?- Porquê ela está no céu. É o que nós acr
A juíza Marcela e o esposo, Nascimento, chegaram ao apartamento de Jheniffer e Apollo.- Abram as garrafas, o Bob Esponja chegou.Nascimento olhou feio para a juíza.- Marcela. Assim você me deixa com vergonha. Esse era o meu apelido na faculdade. Atualmente não posso exagerar no álcool.- Você pode tomar um copo de vinho apenas, segundo seu médico.- Um? Melhor que nenhum, querida. Obrigado por me lembrar.Eles cumprimentaram Jheniffer, Apollo e Stefany. - Foi uma luta pra nos desvencilhar de nossos filhos. Falamos que essa era uma reunião de advogados e que o assunto era chato. Queriam vir de qualquer maneira.Explicou a juíza.- Aqueles dois são muito espertos. Pressentiram no ar que íamos almoçar aqui.Acrescentou Nascimento. Eles sentaram-se. Apollo iniciou a conversa.- O motivo dessa reunião é uma proposta feita a mim, pela presidente da fundação Hermann. Bianca me convidou pra ser o CEO.Nascimento lhe estendeu a mão.- Parabéns, Apollo.A juíza e Stefany também o cumprimenta
Stefany pediu água. Jheniffer foi a cozinha e trouxe a jarra para a mesa.- Estou vendo a listagem dos refugiados assistidos pela fundação, no Brasil, Apollo. Me lembro da Stefany ter citado o CEO da Dínamo Copy, na Alemanha. Ele reergueu a empresa utilizando a mão de obra dos próprios moradores da cidadezinha, muitos deles aposentados na própria empresa. A cidade, cuja economia sempre girou em torno da empresa, abraçou o projeto e o sucesso foi certeiro. Todos lucraram, a comunidade e a empresa.- E o que pensou, Nascimento?- Que possa usar, caso aceite o cargo de CEO, os profissionais assistidos pela fundação pois muitos são engenheiros, pedreiros, carpinteiros, motoristas, mestres de obras, entre outros. Eles amam a fundação e trabalharão com afinco, empenho e amor. Farão de tudo pelo sucesso do projeto.- É uma ótima idéia, Nascimento.- Poderia fazer um levantamento, nas localidades onde estão sendo construídas as casas e instalações da fundação, o número de pessoal disponível e
Apollo bocejou. Seria o momento de pôr um fim a reunião?- Creio que terminamos. Esmiuçamos o projeto todo, não? Queria a opinião final de cada um.Disse Apollo, se colocando de pé.- Primeiro eu. É inegável que é um abacaxi grande pra descascar. Apollo tem capacidade para a tarefa e fará isso brilhantemente. Primeiro porquê ama a fundação. Às vezes tinha ciúmes da Hermann. Tinha, agora não mais. Acredito que é por isso que aceitará ser o CEO. Não pelo projeto mas por amar a fundação. Stefany foi a próxima a dar sua opinião.- Os números apontam para o caos. Faço minhas as palavras de Jheniffer. Apollo é o cara pra ser a cara da fundação, o CEO. Parodiando o título do livro, Tapa na Cara, de um amigo escritor, o Juliano Schiavo. Será um tapa na cara de muita gente se o Apollo reverter esse quadro e colocar o projeto no eixo. Oxalá consiga. Desde já, me disponho a fazer parte de sua equipe de apoio, caso monte uma. Se for o CEO, terá que ter uma equipe de apoio e estudos. Não será
- Nossa filha desmaiou novamente na escola, Bastian.- Deve ser fome, Joana. Essa menina não come uma fruta sequer, vai pra escola sem tomar leite, não sei como aguenta!- Leite faz mal pra menina. Angelita nunca gostou de leite de vaca, muito menos de queijo. Você, ignorante, sempre disse ser frescura.- E não é. Ela já tem sete anos, mulher.- Já tem mas notou que é muito menorzinha que as crianças da mesma idade? - Amanhã a levarei ao deputado Izquierdo.- Até parece que o seu patrão vai resolver alguma coisa. Os filhos dele sim, são gordos e vivem no luxo. Estudam nas escolas particulares e comem do bem e do melhor, a custa do trabalho escravo dos homens da vila, incluindo você.- Pare de falar asneiras, mulher. O deputado mandará um dos homens a cidade, Angelita passará com um bom médico.- Duvido, Bastian.Angelita mal tocou na sopa do jantar. Joana lhe deu um achocolatado com bolachas de maisena, as preferidas da garota, única filha do casal. Joana passou a noite na cama da fi
O casal sentou-se de frente pra mesa da presidente da fundação.- Não precisam ficar envergonhados, somos todos iguais. Sou toda ouvidos.Bastian e Joana confiaram em Consuelo, receptiva e simpática.- É que a gente ouvia tantos nãos, dona. Nossa filha, Angelita, começou a ir mal na escola, as notas abaixaram demais. A cabeça dela doía, começou a desmaiar e mal se alimentava. Não é de reclamar de dores mas a gente vai que ela estava sofrendo. Vieram as dores no peito e cansaço. Meu marido buscou ajuda com os patrões e outras pessoas, tudo em vão.- Entendo.- No último desmaio, ela parecia morta, sem ânimo algum. O médico disse que ela sofre de uma doença rara. A cirurgia é feita só nos Estados Unidos. Não temos dinheiro pra passagem de avião, muito menos pra cirurgia. Ela poderá morrer a qualquer momento.- Sei, minha amiga. Muita gente não ajuda pois teme ser golpe. Há pessoas de todo o tipo no mundo, que usam as imagens de crianças doentes pra arrecadarem dinheiro.- Foi isso que o
Adele e Herculana, as suas enfermeiras, cumprimentaram a doutora Angelita.- O bom doutor terminou sua missão na ilha. Está visivelmente cansado e será reconduzido ao continente.O médico riu.- De fato, capitão. Aguentei até onde pude mas confesso que os mosquitos da ilha venceram. - Ainda assim, fez um belíssimo trabalho, amigo. Receberá todo o dinheiro que lhe prometi. Sua missão era assegurar que a nossa paciente ficasse fora de risco de morte.- Eu consegui? Não, meu caro. Nós conseguimos. As enfermeiras, os seus homens garantiram as acomodações e benefícios. Também a eles deve agradecimentos.- Concordo. Muito obrigado, doutor. A minha filha assumirá daqui pra frente. Amanhã, a equipe dela chegará a ilha.- Que tenham sucesso, é o que eu desejo, do fundo do coração, capitão Bastian. Embora não saiba a identidade da paciente da ilha, eu a tratei com carinho.- Pra sua segurança e pra minha, é bom que a identidade dela fique anônima, doutor. Seu dinheiro está no barco de Gino. S