O casal sentou-se de frente pra mesa da presidente da fundação.- Não precisam ficar envergonhados, somos todos iguais. Sou toda ouvidos.Bastian e Joana confiaram em Consuelo, receptiva e simpática.- É que a gente ouvia tantos nãos, dona. Nossa filha, Angelita, começou a ir mal na escola, as notas abaixaram demais. A cabeça dela doía, começou a desmaiar e mal se alimentava. Não é de reclamar de dores mas a gente vai que ela estava sofrendo. Vieram as dores no peito e cansaço. Meu marido buscou ajuda com os patrões e outras pessoas, tudo em vão.- Entendo.- No último desmaio, ela parecia morta, sem ânimo algum. O médico disse que ela sofre de uma doença rara. A cirurgia é feita só nos Estados Unidos. Não temos dinheiro pra passagem de avião, muito menos pra cirurgia. Ela poderá morrer a qualquer momento.- Sei, minha amiga. Muita gente não ajuda pois teme ser golpe. Há pessoas de todo o tipo no mundo, que usam as imagens de crianças doentes pra arrecadarem dinheiro.- Foi isso que o
Adele e Herculana, as suas enfermeiras, cumprimentaram a doutora Angelita.- O bom doutor terminou sua missão na ilha. Está visivelmente cansado e será reconduzido ao continente.O médico riu.- De fato, capitão. Aguentei até onde pude mas confesso que os mosquitos da ilha venceram. - Ainda assim, fez um belíssimo trabalho, amigo. Receberá todo o dinheiro que lhe prometi. Sua missão era assegurar que a nossa paciente ficasse fora de risco de morte.- Eu consegui? Não, meu caro. Nós conseguimos. As enfermeiras, os seus homens garantiram as acomodações e benefícios. Também a eles deve agradecimentos.- Concordo. Muito obrigado, doutor. A minha filha assumirá daqui pra frente. Amanhã, a equipe dela chegará a ilha.- Que tenham sucesso, é o que eu desejo, do fundo do coração, capitão Bastian. Embora não saiba a identidade da paciente da ilha, eu a tratei com carinho.- Pra sua segurança e pra minha, é bom que a identidade dela fique anônima, doutor. Seu dinheiro está no barco de Gino. S
- E a necrópsia dela, o velório. Como fez, papai?- No meu barco, vimos que Consuelo estava ainda viva. Em estado grave, muito machucada mas viva, graças a Deus. Expliquei aos meus homens que aquela senhora tinha salvo a minha filha. Eu tinha uma dívida com ela. Eles entenderam e prometeram me ajudar a salvá-la. Receberiam uma boa soma pra me ajudarem. Imediatamente, liguei para o delegado Angione, amigo de Consuelo e também meu. Costumávamos pescar em Lá Union, sempre com uma boa garrafa de vinho euita conversa. Ele veio da capital, com seus homens, para Lá Union. Angione sabia que teriam que reconhecer o corpo e fazer a necrópsia. O delegado tomou as rédeas do caso, junto aos seus amigos da marinha. Ele e seus homens elaboraram o laudo. Seus peritos estavam no Instituto Médico Legal.- Quanto trabalho.- Pois é. Para a surpresa dos peritos, um homem misterioso apareceu e lhes ofereceu muito dinheiro, suborno para colocarem acidente com curto circuito na causa da explosão. O delegado
O grito ecoou na mansão. Os pais de Bianca e Velasco, que conversavam na edícula, correram para dentro da casa. Velasco, mais jovem, subiu as escadas rápido. Arfando, ele abriu a porta do quarto. - O que foi, Bianca?Ela o encarou, surpresa.- Que foi o que? Pra que essa correria desenfreada?Os pais dela entraram.- Caiu, filha?- Não, mamãe. Estou bem. Melhor agora, depois da notícia que recebi.- Você deu um grito. Viemos ver o que havia acontecido, Bianca.Disse Velasco, recuperando o fôlego. - Gritei de alegria, oras! Temos que abrir uma champanhe e comemorar. Vamos dar fim ao luto e dar vazão a felicidade.- Comemorar? Há motivos pra isso? Por acaso, está grávida?Ela bateu três vezes na cômoda de madeira.- Cruzes, querido. Não é nada disso. Apollo respondeu positivamente a minha proposta. Ele será o CEO da fundação Hermann.- E devemos comemorar por isso? Ele foi contra o projeto e agora parece ser o único que poderá salvá-lo. Terá poder e um salário astronômico.- Sim. O pr
Wellington se levantou.- Como assim? Você fará parte da equipe do Apollo e me deixou de fora, Stefany. Não acredito.- Ora, o que eu posso fazer? Foi opção dele.- Puxa. Você deveria ter indicado o meu nome pra ele. Posso ser útil.- Tenho certeza disso. Se o Apollo precisar, ele vai lhe convocar, Wellington. A equipe dele será responsável por alavancar os recursos e fazer o projeto andar. Teremos que viajar muito e fazer reuniões. Como advogados, já estamos familiarizados. É muita burocracia.- Entendi, porém posso dar suporte a equipe. Comprar água, sei lá. Dirigir ou cuidar das roupas.Stefany o beijou.- Isso você faz muito bem. Quando eu precisar viajar, farei o possível pra levá-lo comigo.- Está bem. Todo esse trabalho, esse tempo que se dedicará ao Apollo, não vai atrapalhar os preparativos do nosso casório?- Claro que não. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Além do que, Apollo será nosso padrinho.- Olha, qualquer coisa que a equipe precisar, estarei aqui. Estarei to
Jheniffer propôs um brinde.- Estamos aqui, nessa nova pizzaria, do amigo do Bruno, que nos recebeu tão bem. Quero propor um brinde a aniversariante, a nossa Daniella.O garçom trouxe um pequeno bolo de chocolate e nozes. Daniella sorriu.- Chocolate com nozes? Bruno, você revelou o meu bolo favorito?- Não revelei, amor. Eu juro. Acertaram sem querer.Daniella e Bruno se beijaram. Stefany puxou a música do parabéns. Os demais clientes também cantaram e bateram palmas. Nascimento e Marcela se levantaram e a abraçaram. Stefany e Wellington fizeram o mesmo, após Jheniffer e Apollo. Humberto ficou por último.- A gente mal se conhece, nos vimos na live da fundação e nem nos falamos mas sou seu fã, Daniella.- Me abraça logo, Humberto. Apollo me disse o quanto você é carinhoso e humano. Tenho muitos amigos gays e são todos fantásticos.- Estou bege. Apollo disse isso sobre mim? Eu posso ser seu amigo?- Lógico. Já é o meu amigo. De todos aqui também.Humberto estava emocionado.- Quero fa
- Não, filha. É melhor que ela não me veja. Prefiro assim.- Não há problema nenhum, papai. Consuelo saiu do coma mas não reconhece ninguém. Ela assumiu outra personalidade. Se apresentou como Diva Echeverria.Bastian deu uma gargalhada.- O que há de engraçado nisso. Tadinha, não se lembra de nada do que aconteceu, não sabe quem é. Está mais desnorteada que piolho na cabeça de careca.- Diva Echeverria foi uma famosa cantora dos anos quarenta, filha. Teve um sucesso meteórico mas afundou na bebida. Curtiu muito a vida pois se casou doze vezes, todas elas com homens lindos e muito mais jovens que ela. Seu corpo nunca foi encontrado, estava num cruzeiro que afundou nas águas do mediterrâneo. Seu último marido era um bilionário mercador grego.- Puxa vida. O que elas tem em comum é o fato de morrerem numa embarcação. Será que o cérebro dela fez isso?- É possível. O trauma foi grande e grave. Consuelo devia ter sido fã e admirado essa cantora quando adolescente. A mente dela abriu essa
A jornalista argentina era linda. Morena, de olhos verdes intensos e naturais que pareciam lentes de contato ao primeiro olhar. A boca carnuda e bem delineada. A voz agradável, macia e pausada soava como um carinho aos ouvidos. O sorriso saia fácil e era igualmente belo. O rosto simétrico. Alessandra Barrionuevo parecia uma boneca desenhada por Da Vinci, esculpida por Rodin e desenhada por Monet. Uma obra prima, eleita pelas revistas uma das três mais belas da Argentina. Faria imenso sucesso na tevê, nas passarelas ou nas telonas mas a moça de Rosário optou pelo jornalismo. A rodada de perguntas chegou até ela, a repórter do canal Cinco. Bianca se ajeitou na cadeira pois sabia que viria chumbo grosso. Alessandra era belíssima e igualmente polêmica. Não fugia da raia e não exitava em pôr o dedo na ferida ao fazer perguntas diretas aos políticos e celebridades. Odiada por uns, amada por outros, ela era a razão do sucesso do programa Fatos e Versões. A repórter mexeu nos cabelos e encar