O grito ecoou na mansão. Os pais de Bianca e Velasco, que conversavam na edícula, correram para dentro da casa. Velasco, mais jovem, subiu as escadas rápido. Arfando, ele abriu a porta do quarto. - O que foi, Bianca?Ela o encarou, surpresa.- Que foi o que? Pra que essa correria desenfreada?Os pais dela entraram.- Caiu, filha?- Não, mamãe. Estou bem. Melhor agora, depois da notícia que recebi.- Você deu um grito. Viemos ver o que havia acontecido, Bianca.Disse Velasco, recuperando o fôlego. - Gritei de alegria, oras! Temos que abrir uma champanhe e comemorar. Vamos dar fim ao luto e dar vazão a felicidade.- Comemorar? Há motivos pra isso? Por acaso, está grávida?Ela bateu três vezes na cômoda de madeira.- Cruzes, querido. Não é nada disso. Apollo respondeu positivamente a minha proposta. Ele será o CEO da fundação Hermann.- E devemos comemorar por isso? Ele foi contra o projeto e agora parece ser o único que poderá salvá-lo. Terá poder e um salário astronômico.- Sim. O pr
Wellington se levantou.- Como assim? Você fará parte da equipe do Apollo e me deixou de fora, Stefany. Não acredito.- Ora, o que eu posso fazer? Foi opção dele.- Puxa. Você deveria ter indicado o meu nome pra ele. Posso ser útil.- Tenho certeza disso. Se o Apollo precisar, ele vai lhe convocar, Wellington. A equipe dele será responsável por alavancar os recursos e fazer o projeto andar. Teremos que viajar muito e fazer reuniões. Como advogados, já estamos familiarizados. É muita burocracia.- Entendi, porém posso dar suporte a equipe. Comprar água, sei lá. Dirigir ou cuidar das roupas.Stefany o beijou.- Isso você faz muito bem. Quando eu precisar viajar, farei o possível pra levá-lo comigo.- Está bem. Todo esse trabalho, esse tempo que se dedicará ao Apollo, não vai atrapalhar os preparativos do nosso casório?- Claro que não. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Além do que, Apollo será nosso padrinho.- Olha, qualquer coisa que a equipe precisar, estarei aqui. Estarei to
Jheniffer propôs um brinde.- Estamos aqui, nessa nova pizzaria, do amigo do Bruno, que nos recebeu tão bem. Quero propor um brinde a aniversariante, a nossa Daniella.O garçom trouxe um pequeno bolo de chocolate e nozes. Daniella sorriu.- Chocolate com nozes? Bruno, você revelou o meu bolo favorito?- Não revelei, amor. Eu juro. Acertaram sem querer.Daniella e Bruno se beijaram. Stefany puxou a música do parabéns. Os demais clientes também cantaram e bateram palmas. Nascimento e Marcela se levantaram e a abraçaram. Stefany e Wellington fizeram o mesmo, após Jheniffer e Apollo. Humberto ficou por último.- A gente mal se conhece, nos vimos na live da fundação e nem nos falamos mas sou seu fã, Daniella.- Me abraça logo, Humberto. Apollo me disse o quanto você é carinhoso e humano. Tenho muitos amigos gays e são todos fantásticos.- Estou bege. Apollo disse isso sobre mim? Eu posso ser seu amigo?- Lógico. Já é o meu amigo. De todos aqui também.Humberto estava emocionado.- Quero fa
- Não, filha. É melhor que ela não me veja. Prefiro assim.- Não há problema nenhum, papai. Consuelo saiu do coma mas não reconhece ninguém. Ela assumiu outra personalidade. Se apresentou como Diva Echeverria.Bastian deu uma gargalhada.- O que há de engraçado nisso. Tadinha, não se lembra de nada do que aconteceu, não sabe quem é. Está mais desnorteada que piolho na cabeça de careca.- Diva Echeverria foi uma famosa cantora dos anos quarenta, filha. Teve um sucesso meteórico mas afundou na bebida. Curtiu muito a vida pois se casou doze vezes, todas elas com homens lindos e muito mais jovens que ela. Seu corpo nunca foi encontrado, estava num cruzeiro que afundou nas águas do mediterrâneo. Seu último marido era um bilionário mercador grego.- Puxa vida. O que elas tem em comum é o fato de morrerem numa embarcação. Será que o cérebro dela fez isso?- É possível. O trauma foi grande e grave. Consuelo devia ter sido fã e admirado essa cantora quando adolescente. A mente dela abriu essa
A jornalista argentina era linda. Morena, de olhos verdes intensos e naturais que pareciam lentes de contato ao primeiro olhar. A boca carnuda e bem delineada. A voz agradável, macia e pausada soava como um carinho aos ouvidos. O sorriso saia fácil e era igualmente belo. O rosto simétrico. Alessandra Barrionuevo parecia uma boneca desenhada por Da Vinci, esculpida por Rodin e desenhada por Monet. Uma obra prima, eleita pelas revistas uma das três mais belas da Argentina. Faria imenso sucesso na tevê, nas passarelas ou nas telonas mas a moça de Rosário optou pelo jornalismo. A rodada de perguntas chegou até ela, a repórter do canal Cinco. Bianca se ajeitou na cadeira pois sabia que viria chumbo grosso. Alessandra era belíssima e igualmente polêmica. Não fugia da raia e não exitava em pôr o dedo na ferida ao fazer perguntas diretas aos políticos e celebridades. Odiada por uns, amada por outros, ela era a razão do sucesso do programa Fatos e Versões. A repórter mexeu nos cabelos e encar
Alessandra se aproximou de Apollo, que conversava com Bianca e Velasco. Os repórteres e fotógrafos guardavam seus equipamentos.- Com licença, senhor Apollo.- Sim.- Parabéns pela resposta tão elucidativa e sincera. Certamente, nosso público vai aprovar. Seria ótimo se desse uma entrevista completa para o nosso canal.- Não creio que tenha espaço na agenda. Como salientou, os prazos estão atrasados. Tenho muito trabalho. Eu sinto muito.- Não seria especificamente sobre o projeto da fundação mas sobre você.- Sobre mim?Bianca e Velasco sairam e os deixaram a sós. Marcela cutucou Jheniffer, entretida com Stefany e Humberto.- Tem alguém encantada por seu noivo, Jheniffer. Olha como ela olha pra ele, está quase se jogando pra cima do Apollo.- Mais não vai mesmo.Num segundo, Jheniffer estava ao lado de Apollo. Ela pegou seu braço.- Com licença. Querido, o pessoal quer descansar. Ainda teremos a reunião com a diretoria.- Sim. Lamento, senhorita Alessandra. Não será possível essa ent
Apollo e seus amigos retornaram a sede da fundação Hermann. Todos os diretores e advogados estavam presentes. Os vice presidentes, entre os quais Renata, participariam por vídeo conferência. - Nunca pensei que participaria de uma reunião da alta cúpula da fundação.- É uma reunião normal, Humberto. Como qualquer outra de uma fundação ou empresa. Há uma abertura, uma pauta principal, os objetivos, os gestos concretos. Provavelmente, a presidente Bianca fará uma análise final antes de encerrar.- Pra você é simples, Apollo.- Você também é competente, Humberto. Vai tirar de letra.- Assim espero.Apollo, Jheniffer, Humberto, Stefany, Marcela e Nascimento entraram na sala. A grande mesa oval estava com todos os trinta lugares ocupados. Dois garçons serviam água mineral. A secretária de Bianca entrou. Ela distribuiu pastas azuis a todos os presentes. Em seguida , conferiu a imagem e o áudio do telão onde apareciam os vice presidentes. - Humberto. Por favor.- Certo, senhor CEO.Humbert
Apollo prosseguiu.- Medidas extremas deverão ser tomadas, a fim de recolocar o trem nos trilhos. O projeto está bem atrasado, não há motivos para esconder isso da diretoria. Fundamental que a população, a mídia e nossos colaboradores não saibam disso, embora desconfiem. A própria contratação de um CEO é um indicativo que as coisas não correm tão bem. Eu e Jheniffer vamos acompanhar mais de perto a Alpha, do Steven Johansson, que vai liderar as obras nas Américas. Stefany e Humberto vão acompanhar a Seoul Company, do amigo Kim, na Ásia e Oceania. Marcela e Nascimento vão para a Europa e África, onde vão acompanhar o Lemman, da Lemman Associados. A cada hora e dia, receberei relatórios das situações. A presidente Bianca também será informada sobre os avanços, as dificuldades também pois fazem parte do processo. Não podemos esmorecer.Bianca concordou e solicitou uma pausa de quinze minutos para um café.- Puxa. Não sabia desses seus amigos, Apollo.Disse Bianca a Apollo, no refeitório