Enquanto isso, no Brasil.Rafael segurava o celular com as mãos trêmulas, os olhos vermelhos de ansiedade. Discou para o amigo antes mesmo de raciocinar, pressionando o aparelho contra o ouvido.Do outro lado, a voz rouca respondeu: — Natalia não me mandou nada. O que aconteceu entre vocês?— Nada... Foi mal, cara. — A resposta saiu em tom áspero. Ele desligou bruscamente, os dedos deixando marcas de suor na tela escura.Quando o décimo contato da lista também desconhecia o meu paradeiro, algo estalou nas têmporas dele. O aparelho voou contra o azulejo num arco perfeito, se estilhaçando em mil pedaços de vidro temperado que dançaram sob a luz.Nos meus aniversários passados, Rafael surgia como relógio suíço, sempre um dia antes, grudado em mim até a última badalada. Mas esse ano, que devia ser o mais importante, o mundo virou de ponta-cabeça.Naquela manhã, acordava com o braço dormente sob o peso do corpo de Mariana. Ao estender a mão para o criado-mudo, a tela fria do celular confir
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