Capítulo 4
Mal entrei no hospital e o tempo voou sem perceber, uma hora inteira havia se passado. Rafael continuava ausente.

— Tem mesmo ninguém vindo te buscar? — A enfermeira voltou a perguntar, agora com voz mais insistente.

Resolvi ligar para Rafael. Na chamada, sua voz vinha cheia de justificativas, como se tivesse apagado completamente da memória o compromisso de me acompanhar.

— Natália, desculpa mesmo. A Mari teve um mal-estar repentino e precisei levar ela para casa...

Antes que completasse a frase, uma exclamação feminina ecoou na linha:

— Seu marido é um amor! Comprou todas essas rosas só porque você comentou que gostava!

A voz inconfundível de Mariana chegou nítida aos meus ouvidos, mesmo com Rafael tentando se afastar rapidamente do local.

Terminei a ligação em silêncio. Minutos depois, chegou a mensagem: [Amor, explico tudo hoje à noite.]

Explicações. Sempre o prelúdio de novas mentiras.

Soltei um riso amargo. Apoiada na muleta, chamei um táxi sozinha.

Naquela noite, não esperei por ele. E ele simplesmente não apareceu.

Já passava da meia-noite quando, após finalizar uma videoconferência internacional e enviar o relatório trimestral de marketing, vi a notificação do WhatsApp piscar: [Mano, está rolando algo com a Mariana? E a Natália?]

A imagem anexada mostrava uma captura de tela do perfil de Mariana. Ela posava entre dezenas de rosas, envolta no casaco que eu havia dado a Rafael, sorriso triunfante estampado no rosto.

A legenda dizia: [Depois de tantas idas e vindas, quem ficou foi você.]

No reflexo do vidro da foto, Rafael aparecia concentrado ajustando o ângulo do celular.

Só então percebi que estava logada na conta dele.

Do outro lado, Rafael respondeu rapidamente: [Para com essa merda!]

O amigo retrucou com emojis de risada.

Desliguei o notebook com uma calma incomum e tive a primeira noite de sono profundo em semanas.

Três dias depois, entreguei minha carta de demissão ao diretor. Embora relutante em me perder, ele sorriu compreensivo.

— Você entrou aqui recém-formada, Natália. Vai fazer falta, mas se encontrou seu caminho...

A equipe insistiu num jantar de despedida. O local escolhido foi o mesmo do nosso primeiro encontro com Rafael, aonde voltávamos todo ano para comemorar nosso aniversário.

Ele sempre dizia que me pediria em casamento ali, na varanda com vista para toda a cidade.

Durante o jantar, levantei para pagar a conta discretamente. Ao dobrar o corredor, esbarrei em Mariana.
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