O silêncio do apartamento era opressor. Babi se espreguiçou no sofá velho e olhou para o teto manchado, perdida em pensamentos. A conversa com Zoe ainda ecoava na sua cabeça, mas outra lembrança começou a tomar espaço, uma que nunca a abandonava de verdade. Ela fechou os olhos e viu sua mãe. Nos últimos anos de vida, a doença a consumiu rapidamente. Primeiro, era só uma tosse ocasional, algo que os médicos pareciam não levar tão a sério. Mas então vieram os acessos de falta de ar, as noites intermináveis de tosse seca e dolorosa. O diagnóstico veio tarde demais: fibrose pulmonar. Os médicos disseram que não havia muito o que fazer. O ar começou a lhe faltar mais do que nunca, e, em pouco tempo, sua mãe já não conseguia andar sem perder o fôlego. Babi tinha apenas doze anos quando a viu definhar. As mãos da mãe, antes fortes, tornaram-se frágeis, ossudas. Seu olhar, que um dia brilhava com vida e afeto, ficou opaco, resignado. No fim, ela mal conseguia falar sem se engasgar com
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