Às vezes me pergunto como eu, uma pessoa tão ambiciosa, ainda moro em Vermont. A cidade é bela, a natureza salva minha alma, mas aqui nada é diferente, é sempre a mesma coisa. Sou dançarina e estudo na Escola de Artes de Stowe. Quando não estou em aula, vou para o bar do Tobias, onde trabalho. Passo poucas horas em casa e, para ser honesta, prefiro assim. São tantas pessoas morando lá que me pergunto se é possível manter a sanidade mental com meus sobrinhos chorando o dia todo. A casa onde moro tem cheiro de madeira antiga e, ao mesmo tempo, de terra molhada — deve ser porque fica em frente ao Lago Richard. O lago é patrimônio da cidade, e é incrível a vibe que traz morar em frente a ele e viver praticamente dentro da maior floresta de Vermont. A casa tem dois andares, dez cômodos, e nela vivem nove pessoas, com nenhum espaço pessoal. Essa é a minha vida. Moro com meus pais, meus irmãos, meus sobrinhos e, de brinde, meu tio recém-divorciado. São seis adultos, três crianças e outros
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