Me ajuda, Josh.

Cada passo é uma luta. Minhas roupas molhadas e pesadas grudam no corpo, e o frio da noite parece se infiltrar em meus ossos. Meus pés afundam na terra molhada enquanto continuo a caminhada, com o corpo exausto, mas a mente em alerta. A floresta, embora quieta, ainda guarda ecos dos gritos dos homens que deixei para trás. Não consigo evitar olhar por cima do ombro, sentindo que eles poderiam aparecer a qualquer momento.

Depois de caminhar por quilômetros, vejo um brilho fraco no horizonte. Uma estrada. É uma visão surreal, quase inacreditável, e sinto uma pequena onda de alívio ao saber que estou perto de alguma forma de civilização. Me aproximo rapidamente e avisto, na beira da estrada, um telefone público. Sem hesitar, corro até ele e, com as mãos trêmulas, coloco algumas moedas que encontrei no bolso. Disco o número de Josh, e, após alguns segundos, ele atende.

“Alô?” A voz dele soa cansada, mas familiar. Um alívio imediato me invade.

“Josh… sou eu. Alex.” Minha voz sai quase como um sussurro, rouca e instável.

“Alex? Meu Deus, você está bem? O que aconteceu?” Ele parece alarmado, e posso ouvir o pânico crescendo em seu tom.

“Josh, eles… tiraram minha família. Todos eles… Eu vi tudo.” Minha voz falha, e sinto as lágrimas ameaçando cair de novo, mas me forço a manter o controle. “Preciso que venha me buscar. Estou na estrada próxima à floresta, perto da entrada sul.”

“Eu estou indo agora!” ele diz rapidamente, a voz carregada de determinação. “Fique onde está, vou chegar o mais rápido possível. Só… segura firme, Alex.”

Desligo o telefone, e a solidão se instala novamente. Cada minuto esperando parece uma eternidade, o silêncio da estrada me dando espaço para reviver cada detalhe daquela cena horrível. Fecho os olhos, tentando bloquear as imagens, mas elas voltam com ainda mais força.

Finalmente, vejo os faróis de um carro se aproximando pela estrada. Quando Josh para o carro, corro para ele e me jogo em seus braços, sentindo todo o peso das últimas horas se dissolver um pouco. Ele me segura firme, sem dizer nada, apenas me dando aquele momento para respirar.

“Vamos sair daqui,” ele finalmente sussurra, ajudando-me a entrar no carro. Assim que estamos prontos para partir, ele acelera, os olhos sérios e focados na estrada. “Alex, me desculpa… eu nunca imaginei que… você realmente passou por isso.”

“Nem eu, Josh,” respondo, a voz fraca. “Mas eu preciso de respostas. Preciso saber quem fez isso.”

Antes que ele possa responder, um barulho metálico atinge o carro com força, forçando Josh a frear bruscamente. O impacto nos sacode, e o motor faz um som de protesto antes de morrer.

“O que foi isso?” pergunto, com o coração batendo descontrolado.

Josh tenta dar partida novamente, mas antes que possa tentar qualquer outra coisa, vejo uma figura surgindo na escuridão. Um dos homens que estavam atrás de mim, reconheço pela postura ameaçadora e pela frieza em seu olhar. Ele está a poucos metros de distância, com o rosto parcialmente iluminado pelos faróis.

“Josh… a gente precisa sair daqui. Agora.”

“Estou tentando!” Ele finalmente consegue ligar o carro, mas o homem se aproxima ainda mais, com uma expressão cruel. Antes que Josh possa acelerar, ele faz um movimento ameaçador, forçando o motor a engasgar outra vez.

“Saiam do carro, agora!” o homem ordena, a voz carregada de ameaça.

Eu me viro para Josh, o olhar decidido. “Quando eu contar até três, corre para a floresta. A gente se encontra depois, só… confia em mim.”

Ele me encara por um segundo, os olhos cheios de medo, mas então assente. “Tudo bem… três.”

Antes que o homem possa reagir, ambos abrimos as portas ao mesmo tempo, cada um correndo para lados opostos. Eu ouço o som dos passos dele se afastando, e, sem olhar para trás, me lanço novamente na direção da floresta, ouvindo o homem gritar ordens para os outros. A escuridão é minha aliada, e sei que se conseguir correr rápido o suficiente, posso despistá-los.

Corro entre as árvores, o som dos meus passos abafado pelo chão de folhas úmidas. A adrenalina assume o controle, me mantendo em movimento. Ao longe, consigo ouvir Josh também correndo, seguido pelos homens que o perseguem. Espero que ele esteja bem, mas preciso continuar, preciso sobreviver.

Depois de alguns minutos, o som dos passos atrás de mim começa a desaparecer, até que tudo o que resta é o silêncio. A noite ao meu redor se acalma, e paro finalmente para respirar, ofegante e com o corpo inteiro dolorido. Escapar foi só o começo, e sei que a luta ainda está longe de terminar.

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