Todos os capítulos do Senhorita Pouplain: uma herdeira perfídia : Capítulo 21 - Capítulo 30
42 chapters
Destino de libélula
A sombra que você projeta, nem sempre é a sua imagem.”Taís pensou em verossimilhança na afirmação de um adulto. E ela sabia que isso era conversa que tinha alguma coisa por trás. No seu último aniversário, pediu de presente um passarinho, bem colorido e totalmente azul.Quando ganhou o passarinho, disse que cuidaria dele, com muito carinho. Ela criou o passarinho dentro de casa, o bichinho estava solto, mas se sentia preso. O passarinho começou a cada dia que se passava, por mais carinho que recebesse, mais acuado ficava. Ele estava triste e muito triste, mal conseguia cantar. A menina percebendo que o passarinho era calado pediu para que ele pudesse cantar. Mas o passarinho não cantava e Taís o achava bastante mudo e até falou a sua mãe. Um certo dia, o passarinho viu a janela aberta, tentou voar, mas de tristeza não conseguia. Taís o viu no chão e colocou em suas mãos, ele estava frio demais. Ela pediu para sua mãe esquentar o forno numa temperatura agradável e fazer um processo
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A cineasta
— Prazer, eu me chamo Taís Lopes. E essa é a minha produtora, passarinho azul. Bom, ela se chama assim, pois desde pequena queria ter um dessa cor. Cheguei a ter, mas ele não durou muito. Foi uma das minhas maiores frustrações da vida. — Olá, Taís! Eu conheci sua mãe, a Diana e ela me recomendou conhecer sua produtora. Me chamo Catarina Francisco e sou uma jovem que gosta de escrever fics sobre histórias de amor. — Ah, então você deve ser a mocinha que está gravando depoimentos da minha mãe.— Ela te contou? — Claro. Foi uma das coisas que ela falou a semana inteira. Mas ela nunca me revelou quem seria meu pai, eu tenho uma suspeita, mas ela nunca disse nada. Eu li as cartas, sei que ele se chamava Jobim. Desconfio que seja um ator chamado Jobim Alencar, que trabalhava na mesma produtora que ela, porém, nunca fiz contato. — Bem, acho que suas suspeitas estão certas e posso te dizer que ele está por aqui, pela cidade. — Então, temos que fazer um convite. Ele precisa conhecer
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O reencontro
Um mímico olhava para o alto, de um lado e para o outro. De onde vinha aquela sonata? O ar tinha um cheiro de coco típico do clima. As flores convidavam as pessoas para sorrir, algumas folhas se desmanchavam na rajada de vento... De uma lado uma jovem senhora saía de casa, atrasada. Seu nome era Perfídia, mas poderia ser uma Alice vestida de laranja. Não existia um coelho que poderia lhe explicar sobre os minutos, mas as horas, já falavam honestamente que o tempo era precioso demais.Do outro lado, um jovem senhor também saiu atrasado de casa, justo naquele dia, o primeiro dia do reencontro. Ele jamais admitia se atrasar, mas o tempo lhe permitiu para que o destino pudesse unir o que algum dia fez separar. No caminho, a senhora que devido ao atraso não havia tomado café decidiu parar rapidamente e comprar um achocolatado com alguns pães para comer no caminho, mas o máximo que encontrou foi uma sorveteria. Optou assim por levar um sorvete de copo, chamado gelatto, sabor de doce de le
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Pousos de Prata
De Taís para a menina com ares reflexivos ainda adolescente. Ela cresceu, ainda tem medo de ser vulnerável, mas é melhor escrever para se disfarçar diante dele. Estou voando agora em modo avião, querido. Não se preocupe. Um dia retornarei. O segundo lugar de um pódio pode ser tudo, mas é o lugar onde estou, do que restou, dos pedaços e das falhas que estou construindo. Estou desembarcando, deixando para trás o que quero esquecer e um sussurro pela lembrança vai me recordar você. Eu persigo o silêncio ou ele me persegue? Observo as fábulas de um realismo mágico na vida real, tipo quando bate a luz do sol na poeira e as partículas cirandam sem uma direção específica. Já perdi algumas conexões das muitas que um dia o destino quisera. Agora mudo a direção, mesmo sem uma tempestade iminente. A espera aqui é saber no que confiar e em quem...Eu estou procurando pelos pousos de prata. À espera do segundo lugar de todos os que dizem não ser nada, embora acredite ser um precipício se
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Pingos nos "is"
Algumas coisas precisavam ser esclarecidas nos diálogos entre pai e filha. Jobim errou em nunca mais ter contato com uma das mulheres que fez parte da sua vida e agora, queria reparar o erro e pedir o perdão necessário para que pudesse novamente ter a paz de espírito que tanto precisava, assim como seus amores: Diana e Taís. Taís era uma exímia cineasta. Já havia conhecido diversas técnicas de filmagem e uma delas, gravava todo aquele momento especial de reencontro dos seus pais. Ao finalmente descobrir quem era seu pai, tornou-se a brilhar as lentes, não apenas as fotográficas, mas aquelas que pertenciam ao seu olhar. — Não acredito que finalmente eu encontrei você! — Minha filha, querida... me orgulho tanto por estar presente neste momento pra você. Ambos se emocionaram e se sentiram em paz. — Que bom que nos encontramos pela primeira vez. A propósito, adorei sua produtora. Todas as cores vibrantes são encantadoras. Como teve a ideia das cores? Taís estava em estado co
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A publicação
Meses depois, a história estava pronta. Catarina ainda tinha o contato de Diana e enviou o esboço para que ela pudesse ler e aprovar. Demorou algumas dias para ela responder, mas a resposta veio em um tom bastante comovente.“Querida CAT, Escrevo assim, porque te acho uma gata, não só pela bela aparência, mas porque tem garra em ir atrás de uma história e fazer ela ser contada. Minha história é como um quebra-cabeças, algumas vezes eu tenho que juntar algumas peças pra voltar a fazer sentido, mas você deixou cada pedacinho dela muito bem posicionado. Eu te agradeço por todos os esforços que fez em me encontrar e encontrar o meu amor e o pai da minha filha. Eu espero muito que você consiga o que tanto almeja: a aprovação em jornalismo. Sinto que seu nível de investigação é sem igual! E você tem ideias brilhantes e cheias de coisas especiais. Obrigada por sempre, com muito amor e carinho de sua vovó, Diana.”Catarina leu a carta e se sentiu orgulhosa, ficou ainda mais feliz por ter
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A outra face de Diana:
Walter deu um diário que fora escrito por Diana nos anos em que trabalhavam juntos.As memórias de Diana começaram assim:Hoje era dia de trabalhar. Como de costume, eu sempre quando acordava, tentava responder alguma questão para a minha vida. E dessa vez eu tinha a oportunidade de escolher ser o que eu pudesse ser se não fosse eu. Ser uma pessoa diferente do que eu sou... É legal se imaginar assim. A gente nunca tem tempo para se imaginar de outra forma que pudesse ser. Se eu não fosse eu, com certeza me imaginaria como uma pessoa que fez realmente algo legal para a humanidade e trouxe uma evolução. Fazer algo positivo no sentido de nem pensar que aquilo poderia revolucionar... Ser alguém que pensasse em ser mais altruísta.Enfim, consegui completar uma resposta. Acho que é isso. Estender-me e ficar enchendo linguiça não ia ser legal. Quando me arrumei e tomei café fui trabalhar. Cheguei no horário e estava muito feliz. Meu chefe nem havia chegado. Eu trabalhava na redação. Escrevi
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Leitura do diário de Diana
Aquela não era uma pergunta na agenda, mas era perfeitamente a pergunta mais perfeita para mim. Eu adorava ouvir “complicated” da Avril Lavigne e me sentir como aquela pessoa da música. Ao andar um pouquinho pelas ruas e ver o comportamento humano, percebi que realmente aquela geração não tinha mais o ser criança dentro de si. Digo isso porque uma mãe queria comprar uma boneca para sua filha e a filha se negou por dizer não ser mais criança. Era óbvio que a menina era ainda uma criança, tinha mais ou menos oito anos. Ela tinha também a opção de escolher outros brinquedos, mas ela queria mesmo era um sapato de salto bem alto. E eu via o absurdo se tornar real. O salto tinha quase uns dez centímetros. Era até prejudicial para ela. A mãe numa atitude desesperadora me pediu uma opinião ou que eu desse um conselho.Eu então falei que na idade dela eu odiava saltos altos, gostava de bonecas, mas o que eu mais adorava era jogar jogos de tabuleiros e escrever histórias. Eu então peguei um
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Ainda sobre o Diário de Diana
Crise de idade é algo tão avassalador na sua vida. Estava olhando algumas fotos do passado e fiquei pensando como eu podia vestir roupas tão feias. Também me arrependo de alguns lugares que frequentei e de algumas fotos do flogão que postei. Ao me olhar no espelho esqueci de que tenho que renovar o meu estoque de Rennew. E também comprar uns cremes para áreas específicas do corpo. Creme corporal quando se passa em pele oleosa é um problema. As pessoas me perguntam “por que eu não vou mais às festas com facilidade?” e eu repondo que nada melhor do que minha cama quentinha e meus pensamentos para chamarem de meus. A corrida vespertina de um quilômetro no domingo à tarde faz com que meus joelhos reclamem. Ou então, a dor da lombar me faça pensar duas vezes antes de abaixar para pegar algo. Um lado meu diz que aquela senhora megera e rabugenta está ficando louca, enquanto a adolescente está ficando cada vez mais retardada e frustrada. E às vezes, elas misturam os personagens. E ape
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Descobrindo mais do diário de Diana
Ser boa ou má. Ser a vilã ou a princesa, eu nunca na verdade parei para pensar... Mas tenho uma teoria. Eu adoro filmes antigos, mas específicos da década de 40. Talvez eu fosse uma grande estrela de cinema que se sentiu tão frustrada e encarnou em uma vida totalmente sem noção. Ou talvez naquela vida passada eu quisesse ser mais do que era, bem arrogante e também neurótica e em frente às câmeras transparecia serenidade, doçura e simplicidade. Eu era uma atriz tão boa que ninguém conseguia desconfiar. Daí, eu me vi tão perdida em mim, me meti em vários escândalos, não suportei a pressão da mídia e bati as botas. Eu adorava encarar personagens na vida real. Eram raros esses acontecimentos, mas eu amava mesmo. Eu decidi então encarar uma admiradora secreta, para isso precisava descolar alguém que fizesse meu coração acelerar, que quando encostasse em mim me desse choque e me fizesse voltar aos quinze anos, ou até mesmo na ilusão de que aquilo poderia ser a maior paixão adolescente da
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