Meses depois, a história estava pronta. Catarina ainda tinha o contato de Diana e enviou o esboço para que ela pudesse ler e aprovar. Demorou algumas dias para ela responder, mas a resposta veio em um tom bastante comovente.“Querida CAT, Escrevo assim, porque te acho uma gata, não só pela bela aparência, mas porque tem garra em ir atrás de uma história e fazer ela ser contada. Minha história é como um quebra-cabeças, algumas vezes eu tenho que juntar algumas peças pra voltar a fazer sentido, mas você deixou cada pedacinho dela muito bem posicionado. Eu te agradeço por todos os esforços que fez em me encontrar e encontrar o meu amor e o pai da minha filha. Eu espero muito que você consiga o que tanto almeja: a aprovação em jornalismo. Sinto que seu nível de investigação é sem igual! E você tem ideias brilhantes e cheias de coisas especiais. Obrigada por sempre, com muito amor e carinho de sua vovó, Diana.”Catarina leu a carta e se sentiu orgulhosa, ficou ainda mais feliz por ter
Walter deu um diário que fora escrito por Diana nos anos em que trabalhavam juntos.As memórias de Diana começaram assim:Hoje era dia de trabalhar. Como de costume, eu sempre quando acordava, tentava responder alguma questão para a minha vida. E dessa vez eu tinha a oportunidade de escolher ser o que eu pudesse ser se não fosse eu. Ser uma pessoa diferente do que eu sou... É legal se imaginar assim. A gente nunca tem tempo para se imaginar de outra forma que pudesse ser. Se eu não fosse eu, com certeza me imaginaria como uma pessoa que fez realmente algo legal para a humanidade e trouxe uma evolução. Fazer algo positivo no sentido de nem pensar que aquilo poderia revolucionar... Ser alguém que pensasse em ser mais altruísta.Enfim, consegui completar uma resposta. Acho que é isso. Estender-me e ficar enchendo linguiça não ia ser legal. Quando me arrumei e tomei café fui trabalhar. Cheguei no horário e estava muito feliz. Meu chefe nem havia chegado. Eu trabalhava na redação. Escrevi
Aquela não era uma pergunta na agenda, mas era perfeitamente a pergunta mais perfeita para mim. Eu adorava ouvir “complicated” da Avril Lavigne e me sentir como aquela pessoa da música. Ao andar um pouquinho pelas ruas e ver o comportamento humano, percebi que realmente aquela geração não tinha mais o ser criança dentro de si. Digo isso porque uma mãe queria comprar uma boneca para sua filha e a filha se negou por dizer não ser mais criança. Era óbvio que a menina era ainda uma criança, tinha mais ou menos oito anos. Ela tinha também a opção de escolher outros brinquedos, mas ela queria mesmo era um sapato de salto bem alto. E eu via o absurdo se tornar real. O salto tinha quase uns dez centímetros. Era até prejudicial para ela. A mãe numa atitude desesperadora me pediu uma opinião ou que eu desse um conselho.Eu então falei que na idade dela eu odiava saltos altos, gostava de bonecas, mas o que eu mais adorava era jogar jogos de tabuleiros e escrever histórias. Eu então peguei um
Crise de idade é algo tão avassalador na sua vida. Estava olhando algumas fotos do passado e fiquei pensando como eu podia vestir roupas tão feias. Também me arrependo de alguns lugares que frequentei e de algumas fotos do flogão que postei. Ao me olhar no espelho esqueci de que tenho que renovar o meu estoque de Rennew. E também comprar uns cremes para áreas específicas do corpo. Creme corporal quando se passa em pele oleosa é um problema. As pessoas me perguntam “por que eu não vou mais às festas com facilidade?” e eu repondo que nada melhor do que minha cama quentinha e meus pensamentos para chamarem de meus. A corrida vespertina de um quilômetro no domingo à tarde faz com que meus joelhos reclamem. Ou então, a dor da lombar me faça pensar duas vezes antes de abaixar para pegar algo. Um lado meu diz que aquela senhora megera e rabugenta está ficando louca, enquanto a adolescente está ficando cada vez mais retardada e frustrada. E às vezes, elas misturam os personagens. E ape
Ser boa ou má. Ser a vilã ou a princesa, eu nunca na verdade parei para pensar... Mas tenho uma teoria. Eu adoro filmes antigos, mas específicos da década de 40. Talvez eu fosse uma grande estrela de cinema que se sentiu tão frustrada e encarnou em uma vida totalmente sem noção. Ou talvez naquela vida passada eu quisesse ser mais do que era, bem arrogante e também neurótica e em frente às câmeras transparecia serenidade, doçura e simplicidade. Eu era uma atriz tão boa que ninguém conseguia desconfiar. Daí, eu me vi tão perdida em mim, me meti em vários escândalos, não suportei a pressão da mídia e bati as botas. Eu adorava encarar personagens na vida real. Eram raros esses acontecimentos, mas eu amava mesmo. Eu decidi então encarar uma admiradora secreta, para isso precisava descolar alguém que fizesse meu coração acelerar, que quando encostasse em mim me desse choque e me fizesse voltar aos quinze anos, ou até mesmo na ilusão de que aquilo poderia ser a maior paixão adolescente da
Às vezes, pensamos que uma banda é formada apenas pelo vocalista. Ou que uma empresa é feita só pelo chefe... Mas vai bem além. Para chegar algo até você há uma produção toda envolvida. Todos merecem reconhecimento. Por trás de um livro também existe o revisor, o ilustrador e não somente o autor. Há sempre uma equipe. O trabalho em equipe só é bem produzido quando todos estão conjuntamente envolvidos. Após pensar um pouco em filosofia e perceber que o conjunto da obra é uma equipe e não somente há uma metade, eu fui ao centro fazer compras para a famosa festa. Como de costume, a dona Lourdes estava sempre lá. Ela sofria com um pouco de Alzheimer. E quase não conhecia tanto as pessoas. De vez em quanto ela se lembrava de mim. Ela dizia que eu era a menina que escrevia na revista. Fui fechar a porta, mas na distração de ver algumas pessoas na rua, acabei deixando meu dedo lá e a idiota aqui não percebeu que era a hora de tirar. Eu só não falei palavrão porque a dor foi mais forte. Na
Colocar expectativa em algo sempre gera frustação, então eu prefiro não pôr nenhuma expectativa, mas sim, trabalhar a confiança, ter mais esforço e dedicação e também aproveitar as horas de lazer como forma trazer uma nova ideia para o meu trabalho. Exercitar a mente de uma forma em que ela saiba separar o que eu guardarei um dia na minha vida e o que eu posso compartilhar com os outros. Faltava um dia para o famoso bailinho de gala. Antes disso, eu sempre estava com minha agenda cheia de perguntas. Isso eu já estava fazendo desde meu aniversário do ano passado. Eu queria ter pelo menos um registro das minhas opiniões. Talvez quando eu estiver um pouco mais velha, elas vão mudar e muito. E ainda bem.Eu sou do tipo de pessoa que antes eu reparava em como os casais protagonistas se davam tão bem em cena. Hoje, ao assistir o mesmo filme eu garanto que eu reparo em alguns detalhes imperceptíveis pela maioria. Tem um filme que o casal de protagonistas acorda e o cara vai fazer o café. E
No período da tarde eu resolvi começar a me arrumar. Fiz a minha própria maquiagem e arrumei meu cabelo. Antes do concurso eu já tinha pedido uma tulipa para dona Lourdes. Eu espero que a Tulipa viva por algumas horas. Eu coloquei o vestido, os sapatos e estava perfeitamente uma senhorita dama do século 21, numa versão que até eu mesma me pegava de tão linda que estava. Eu não sei escrever em algarismos romanos, então coloco a numeração normal mesmo. Uma limusine veio me pegar às dezoito horas, meu pai contratou. Chegamos uma hora depois, havia um trânsito paspalhão no caminho. Quando desci do carro, havia alguns fotógrafos aguardando a minha descida. Eu não entendia o porquê, mas se a Megera Domada pensava que eu estava vestida pessimamente, se enganou completamente. Eu desci, fiz um pequeno aceno e sorri. Parecia que eu era alguém famosa e importante. Mas eu não era ninguém no mundo das aparências, eu só era a jovem pra ser velha e velha pra ser jovem Diana que estava em uma crise