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Todos os capítulos do Sob o Seu Domínio - Morro: Capítulo 1 - Capítulo 10
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Capítulo 1
AVISOS: ESTA OBRA TRATA-SE DE UM DARK ROMANCE, PODE CONTER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (AGRESSÃO FÍSICA E VERBAL), PALAVRAS DE BAIXO CALÃO, USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS, HOMICÍDIO, SUICÍDIO, CENAS DE SEXO EXPLÍCITO, ENTRE OUTRAS COISAS. LEIA POR SUA CONTA E RISCO. A OPNIÃO POLÍTICA E RELIGIOSA DA AUTORA NÃO É EXPRESSA NA OBRA. A AUTORA NÃO COMPACTUA, NEM CONCORDA COM NENHUMA DAS AÇÕES ACIMA MENCIONADAS, MENOS AINDA, ESTÁ ROMANTIZANDO RELACIONAMENTO ABUSIVO E AFINS, PORÉM, TRAZ AQUI FATOS REAIS DA VIDA DE MUITAS MULHERES E MORADORES DAS FAVELAS DO BRASIL. LEMBRE-SE: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É CRIME, DENUNCIE! LIGUE 180. (...) Malu — Corre, Malu! Abaixa a porta! — Eloá grita, enquanto sai do banheiro às pressas, fechando o zíper da calça jeans e vindo em minha direção e as outras correm para uma parte segura do lugar, onde não há risco de uma bala perfurar as paredes ou a porta e atingir alguém. Não conseguimos ouvir nada além do som de tiros do lado de fora do salão de beleza. Meu co
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Capítulo 2
Malu Depois de algum tempo me debulhando em lágrimas no sofá, decidi levantar e tomar um banho para ao menos tentar relaxar — algo que sei que seria quase impossível, porque cada instante em que eu fechava os olhos, a imagem da minha mãe completamente transtornada, vinha em minha mente. Fico um bom tempo debaixo da água fria do chuveiro tentando compreender como nossas vidas chegaram a esse ponto… A mulher que me deu à luz, que cuidou de mim com todo amor que tinha para oferecer, que prometeu jamais me abandonar, jamais agiria dessa forma comigo, a única coisa que podia explicar tudo isso era seu vício. Não há outra explicação. Eu só queria, sei lá… Que as coisas fossem diferentes… É pedir demais para uma jovem no auge dos seus dezenove anos, desejar uma família estruturada, viver cercada de pessoas amorosas? Não que eu não tenha pessoas que me amem, pelo contrário, apesar de a vida, por vezes, me obrigar a comer o pão que o diabo amassou, tenho, sim, quem se importe comigo. Com a
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Capítulo 3
Pardal Estava na boca, sentado em minha cadeira, folheando a porra do caderno vermelho e fumando um beck para tentar me acalmar, fiquei puto vendo o nome de tanta gente me devendo. Esses pregos devem estar pensando que meu morro é bagunça, todo dia chega um filho da puta me pedindo pra vender e deixar no prego, se não tem dinheiro, que se foda, vão pra puta que pariu. Permanecia olhando página por página do caderninho, com uma mão no queixo, enquanto segurava o cigarro entre os dedos, já indignado, ouvi meu radinho chiar. — Que é, porra? Tô ocupado! — Foi mal aí, patrão. Tem uma mina aqui querendo bater um teti a teti contigo, tá ligado? — a voz do Cara de Rato soou no radinho. — Tô afim de papo com puta hoje não, manda meter o pé. — respondi trincando os dentes. — Ela disse que é importante. E aí, deixa passar ou não? Bufei e passei a mão nos cabelos. — Espero que seja importante mermo, não tenho tempo a perder com puta. Deixei o radinho sobre a mesa e fechei o caderno par
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Capítulo 4
Malu — Oi? Terra chamando Malu… — a voz da Yasmin, seguida do estalar de seus dedos repetidamente em frente ao meu rosto, me faz voltar à realidade. Pisco algumas vezes, a encarando e noto seu cenho franzido. — O que disse? — lhe pergunto. — Tava no mundo da lua, foi? Pigarreio. — Acho que só fiquei assustada com o que acabou de acontecer, nunca tinha visto esse cara tão perto. — minto, não em mencionar que o Pardal e eu nunca estivemos muito perto, mas sobre o fato de ter viajado por causa disso. A verdade é que algo naquele homem tão imponente e cheio de si, me deixou paralisada e, como se não bastasse, com a calcinha molhada. O Pardal não faz o meu tipo, então, por que fiquei assim? — Ah, deixa de ser mole, foi bem maneiro a cena. — Yasmin diz em tom de descontração e me dá um soquinho de leve no ombro. — Não foi nada maneiro, Ys. Já pensou se aqueles caras resolvem matar o Cezinha? Nós seríamos testemunhas de um crime, se liga. — lhe dou um peteleco na testa. — Vamos sen
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Capítulo 5
Malu Na manhã seguinte, ao acordar, passo a mão pela cama e tudo o que sinto é o colchão vazio e o lençol esparramado. Vou abrindo os olhos aos poucos, tentando me acostumar com a claridade do sol que entra pela parte de vidro da janela de alumínio e, olhando ao redor, me certifico que realmente não tem ninguém. Fico imaginando se o ocorrido da noite passada foi coisa da minha cabeça ou se sonhei com a mamãe voltando, mas não é possível que seja isso. Olho as horas no visor do meu celular que está na mesinha do abajur ao lado da cama e vejo que estou super no horário, não me atrasei para o trabalho, apesar de ter bebido um pouco ontem. Levanto e pego a toalha pendurada no varal que fica do lado de fora da janela. É o único lugar onde podemos estender nossas roupas, por ventar bastante, já que não temos quintal. Saio do quarto para ir ao banheiro, mas sinto um cheiro delicioso de ovo frito na margarina. Sorrio, porque somente uma pessoa costuma fazer isso para mim, desde que eu era cr
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Capítulo 6
Pardal— E aí, paizão! Qual vai ser? — um dos meus vapores perguntou, enquanto estávamos sentados em meu escritório na boca, resolvendo uns corre que temos que fazer.— Dessa vez eu quero todo mundo colando comigo, os cu azul tão achando que podem comigo. — Mas se for todo mundo, o morro vai ficar desprotegido. E se eles tentarem invadir quando nós tiver fora? Bota a cabeça pra funcionar, Pardal. — Rabicó comentou, batendo os dedos na testa pra que eu me ligasse no esquema.Respirei fundo, passei a mão nos cabelos e senti a raiva e a ansiedade querendo chegar. Peguei um cigarro de maconha e acendi, fumando e soprando a fumaça, tentando manter a calma. Já tem um tempo que os cu azul estão tentando invadir o morro, mas todas as vezes que eles tentaram, não conseguiram, porque estamos preparados pra tudo, tá ligado? Só que eu já tô puto com isso, a vontade mesmo é sair metendo bala em geral, botar minha cara pra jogo mesmo, papo reto. O que não me deixa fazer isso é pensar na coroa, eu s
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Capítulo 7
Malu Saí daquele bar revoltada da vida, cuspindo fogo, com vontade de meter uma bala no meio da testa daquele filho da puta do Pardal. Quem ele pensa que é? Acha que eu sou um dos pentes dele, que pode fazer o que quiser comigo? Pois, ele pode tirar o cavalinho da chuva, porque não sou esse tipo de pessoa. Segui pelo meio-fio, segurando dois sacos na mão, um com os refris e outro com o fardo de latão, estava meio pesado e, para completar ainda mais o cenário, ainda tinha a porcaria do sol escaldante, que parecia mais que iria me derreter ali mesmo no asfalto. Acho que se colocasse um ovo, ele saía frito e pronto para comer. — Demorou, hein! — Julia comentou assim que entrei, pisando duro no salão. — Não me enche a porra do saco, Julia. Toma aí! — entreguei os sacos nas mãos dela, que me olhou sem entender nada, com o cenho franzido. — O que rolou, gata? Tá precisando de pica, meu anjo? — perguntou com deboche. Bufei e sentei em uma das poltronas. — Desculpa, não queria descontar
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Capítulo 8
MaluDurante o restante do dia, minha mente esteve longe, não houve um só momento em que eu não estivesse pensando em minha mãe, pedindo mentalmente que as horas passassem rápido para que eu pudesse ir embora e me certificar que o aperto no peito que eu estava sentindo era coisa da minha cabeça e quando eu chegasse em casa, ela estaria sentada no sofá, assistindo novela e comendo pipoca ou cozinhando para mim.Assim que encerrei meu expediente, me apressei em organizar minhas coisas para ir embora. Aparentemente, a Joice estava com medo de mim, porque ficava me olhando de soslaio e quando eu a desafiava, olhando bem na cara dela, desviava o olhar. Chegava a ser engraçado, confesso. Mas isso é ótimo, pessoas preconceituosas precisam aprender onde é o seu lugar.Segui meu caminho até em casa, vendo novamente o vapor do Pardal bem perto, a vontade que eu tenho de meter a mão na cara dele e perguntar porque está rondando é imensa. É óbvio que não farei isso, pois, corro o sério risco de le
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Capítulo 9
MaluÀs vezes penso que não já sofri o suficiente nessa vida, por isso que, volta e meia, acontece alguma merda. Ali, naquele exato momento, vendo a minha mãe, a mulher que me deu a vida, que fez tudo o que esteve ao seu alcance por mim, completamente sem vida, sentia como se o meu mundo estivesse acabado. Se ainda restava algo de valor em mim, não existia mais.Ajoelhada no chão e segurando a cabeça dela, choro copiosamente, sentindo como se o meu peito estivesse se rasgando pouco a pouco. — Mãe… Por favor… Volta… — chamo por ela, mesmo sabendo que não irá voltar, porque ainda há um fio de esperança em meu peito.— Amiga, não há mais o que ser feito, ela se foi. Você precisa ser forte, meu anjo. — Yasmin tenta me afastar do corpo da minha mãe, me forçando a olhar para ela, abaixada ao meu lado.— Não, ela não foi. Sei que não. — profiro, balançando a cabeça para os lados, sem conseguir parar de chorar e sem querer aceitar.— Malu, por favor, me escuta, mona — ela segura meu rosto ent
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Capítulo 10
MaluO dia anterior foi bem agitado, quando parei em casa, já estava morta de cansaço. Minha amiga e sua mãe insistiram durante todo o dia para que eu levasse o corpo da minha mãe para ser velado, mas, para mim, isso seria apenas prolongar ainda mais o meu sofrimento. Sem esquecer de mencionar que, levando em consideração a fama que ela teve todos esses últimos anos, desde começou a ganhar a vida se prostituindo e usar drogas, seria muita hipocrisia da parte dos moradores da comunidade, irem se despedir dela.Não, eu jamais permitiria isso. Dessa forma, a primeira pessoa para quem liguei, foi a Elô, mas nem precisei me explicar, porque, obviamente, os rumores já haviam se espalhado e, entre esses burburinhos, já era possível ouvir, até mesmo, que minha mãe morreu por causa de dívida de droga, ou pior, que algum dos caras que frequentavam o lugar em que ela trabalhava, a matou. Pois é, o defunto ainda nem esfriou e as fofocas já começaram a surgir. Não que eu estivesse surpresa.Depois
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