Todos os capítulos do O Sequestro de Grace - Volume I: Capítulo 1 - Capítulo 10
28 chapters
Prólogo
Setembro de 2016Você conhece uma garota sem identidade? Uma garota sem identidade que tem sonhos, planos e quer ter uma vida normal? Sou eu. Mas, eu não consigo. Quero saber quem eu sou.Tentei fazer amizade com um, com outro, mas não consegui. Sempre me sentava quieta em meu canto na sala de aula. Até tentei participar das aulas, mas tinha vergonha de questionar meus professores, do que iriam pensar.Em uma noite, o pessoal do colégio me convidou para ir a uma festa. Como eu não tinha amigos além de Sara, pensei ser a oportunidade perfeita para novas amizades.Quando cheguei, espiei pelas janelas e vi um grupo de pessoas da escola bebendo, dando uns amassos e fazendo tudo o que se espera de uma festa de adolescentes.Por que ninguém nunca dava festas de leitura? Eu adoraria esse tema.Os cômodos da casa começaram a ficar mais cheios, lotando conforme a noi
Ler mais
Capítulo 1
Maio de 2018"Viro-me depressa, abro o vidro da janela do carro depois que um tiro acerta o espelho lateral. Coloco metade do corpo para fora, e tento atirar neles. Harry está dirigindo rapidamente, tentando desviar dos disparos. Ele faz uma curva rápido demais e perco o equilíbrio.— Cuidado, Grace — Harry avisa, focado na estrada. O vento sopra em meus ouvidos quando acerto um tiro em um dos pneus. Depois que atinjo o segundo pneu, volto para dentro do carro, respirando pesadamente. Três tiros são disparados na minha direção e eu me abaixo.Há uma pausa. Volto meu olhar para trás e vejo o carro diminuir a velocidade.— Harry... eles estão parando — comento.— Você atirou nos pneus — murmura.— Não. Eles só pararam — explico, confusa.No silêncio que se seguiu, escutamos o barulho do vento, soprando fortemente. Mas esse silêncio foi mais curto do que eu esperava. Ouvimos um alto woosh, e então vejo uma chama brilhante vindo até nós. Eles nos lançaram um explosivo. E está vindo para o
Ler mais
Capítulo 2
Uma semana depois e estou começando a aprender como é a rotina dessas garotas. São sete horas da manhã de segunda-feira e estou na cozinha preparando o café para elas. Depois de terminar, eu ainda tenho quinze minutos para ver se Katherine se vestiu. Ela está naquela idade que quer escolher suas próprias roupas. Na maioria das vezes, eu a deixo escolher, porque gosto da ideia da liberdade de expressão. Mas ela tem três anos e quer usar seu tutu em todos os lugares. Houve momentos em que tive que convencê-la do contrário. Jenny geralmente se veste enquanto estou fazendo o café da manhã. Ela nunca consegue decidir, por isso temos um desfile de roupas em potencial entre colheradas de cereal. Aos sete anos, ela tem mais roupa do que eu poderia imaginar. O resto do dia é dividido entre aulas de balé, ginástica, aulas de natação, música e, no meio disso, o almoço. São crianças ocupadas. Elas têm um calendário social maior do que a maioria dos adultos. Jenny senta-s
Ler mais
Capítulo 3
Junho de 2018  Katherine está em pé no meio do corredor, completamente nua, com um picolé na mão. Tem sido uma longa batalha para levá-la para o banho, e eu estou prestes a acenar a bandeira branca. Por alguma razão, as duas meninas têm uma aversão extrema para água e sabão. — Katherine Mary Burton — ofego. — Estou pedindo a você com muito carinho. Tiro o cabelo do rosto, e coloco as mãos na cintura. Se há uma lição nisso, é que eu estou fora de forma. Perseguir uma criança de três anos de idade por dois lances de escadas e em torno de uma sala de brinquedos não foi fácil. Eu fiz uma nota mental para colocar um lembrete em meu celular para ir para uma corrida na próxima semana, se houver tempo. Vou começar a estudar inglês hoje à noite – faz parte do pacote de intercâmbio. — Agora, eu vou contar até três, e se você não entrar no banheiro, vamos descer e assistir aquele filme sobre a importância da higien
Ler mais
Capítulo 4
Observei Harry. Ele ficou em silêncio o tempo todo, com sobrancelhas franzidas e mordendo os lábios. Percebi que eu estava assim também, e suando de nervosismo. Já não basta ser sequestrada por um psicopata maníaco, tenho que estar ao lado de Harry!  — O que vamos fazer agora? — pergunta a garota ruiva. Acho que nome dela é Irma. — Não sei, acho que devemos tentar descansar...  ele disse que amanhã de manhã vamos ser treinados, então... — Kyle responde.  Todos concordam com a cabeça e se levantam para ir, mas não consigo sair do meu lugar, parece que estou congelada. Ajeito uma mecha do meu cabelo atrás da orelha enquanto tento organizar as ideias e lembrar que fui raptada e que provavelmente serei morta, mas... não consigo. Não seja esquisita, não seja esquisita, repito para mim mesma ao mover meus pés e parar na frente dele. Há milhares de possíveis frases passando pela minha cabeça. Harry vai
Ler mais
Capítulo 5
Quando estamos terminando de comer, ouvimos um clique na porta de entrada, que abre automaticamente. Então as grades, que fechavam as janelas e portas, sobem, trazendo a luz do sol, e vejo que estamos em uma casa de campo, só há árvores e montanhas à nossa volta, um lindo gramado na frente e, da janela da cozinha, vejo um campo que parece ser de treinamento, com vários equipamentos, e um ginásio ao lado. Sinto um nó no estômago. Nunca fui boa nesse tipo de coisas. Alguns levantam para olhar à nossa volta e quando Natan corre para a porta, um homem alto, bonito e musculoso aparece, vestindo calça preta e uma camiseta preta, os braços cruzados ao olhar para nós seriamente.  — Bom dia, sou o Will, e serei o instrutor de vocês.  — Podemos saber por quê? Por que seremos treinados? — indaga Alex. — Sinto muito, mas estou como vocês. Fui capturado e obrigado a seguir as ordens deles, caso contr
Ler mais
Capítulo 6
Julho de 2018   Tive pesadelos durante a noite. Eu me vi sozinha, afogando-me em águas paradas e profundas. Via as árvores me olharem, seus galhos se curvando para a superfície trêmula. Sentia a água tremer como se estivesse viva e depois perdia de vista as árvores e os galhos, tragada no líquido que me aspirava, cada vez mais fundo. Meus braços se estendiam dolorosamente para aquela luz, para aquele céu inacessível, apesar de meus esforços para soltar os pés e subir à tona para respirar. Acordo exausta e, encharcada de suor e trêmula por causa do sonho, caminho até o banheiro para tomar um banho e me trocar. Quando saio, a porta do meu quarto está aberta e alguém escreveu a palavra “puritana” em vermelho na porta.  Onde conseguiram a tinta?  A cama e o travesseiro estão manchados com a mesma tinta. Olho ao redor, com o coração batendo forte de raiva. Devon aparece na por
Ler mais
Capítulo 7
Eles cobrem meus olhos com uma faixa grossa, e amarram minhas mãos por trás. Com isso, o medo instintivo de não saber onde colocarei os pés, me trava. Me esforço para andar normalmente, mas tropeço a cada dois passos e sou levantada pelos guardas, avançando sem querer. Ouço alguns cliques e então o barulho de uma porta pesada se abre. Dentro do ambiente está gelado: ar condicionado. Ouço barulhos de pessoas trabalhando, como um escritório: papéis, teclado, bips. Escuto uma voz que parece estar no comando. Ele fala com alguém e tenho certeza de que não está contente. Tenho a impressão de ouvi-lo dizer "desse jeito você vai acabar com eles". Depois, há gritos e ordens sendo dadas. Muito depressa, os guardas me levam para a sala designada. Desamarram minhas mãos e a venda é retirada depois que a cortina da sala da enfermaria se fecha. Uma enfermeira está na minha frente, me olhando com pesar e compaixão. Quero falar, interrogá-la, mas nada me vem à mente. Ela me
Ler mais
Capítulo 8
Começo a subir e, quando já estou a alguns metros do chão, ele me segue. Move-se mais rápido do que eu, e logo suas mãos seguram o galho onde meus pés acabaram de pisar. A altura está me deixando tonta, minhas mãos doem de segurar os galhos e minhas pernas estão tremendo, mas não sei bem o motivo. Não é a altura que me assusta. De repente, percebo o que está me deixando tonta. É ele. Algo nele faz com que me sinta prestes a despencar. Ou derreter. Ou arder em chamas. Minha mão quase erra o galho seguinte. Uma rajada de vento bate contra o lado esquerdo do meu corpo, jogando o meu peso para a direita. Perco o fôlego, desequilibrando-me. A mão de Harry segura o lado do meu quadril, me ajuda a me equilibrar e me empurra suavemente para a esquerda.  Agora eu é que não consigo respirar.  Fico parada, olhando para as minhas mãos, com a boca seca. Sinto a presença de sua mão que já não encosta mais em mim, de seus dedos longos e estreitos. — Você e
Ler mais
Capítulo 9
Descobri o mundo da insônia desde que cheguei nesse local. Em uma dessas noites, escutei uma conversa cochichada dos guardas, como se estivessem muito próximos da minha janela. Ouvi um deles dizer que por um triz não tínhamos conseguido fugir. Que se fôssemos mais espertos, teríamos visto o portão logo atrás das árvores, que permaneceu aberto por alguns minutos, por conta de uma falha elétrica. Eu vi o portão. Quando subi naquela árvore, pude ver o que está ao nosso redor. É uma selva densa, não vi nada além de árvores e montanhas, mas avistei o enorme portão escondido entre elas. Então a conversa mudou de rumo... parei de ouvir depois disso. Deito-me olhando para o teto, no escuro do meu quarto. Por fim, acabo fechando os olhos e começo a cochilar.                                                      *** — Que bom ver você po
Ler mais