O homem no centro do círculo não hesitou e disse:
– Não vim aqui para ser perdoado. Vim fazer uma última aposta na qual a minha vitória, caso exista, será também a sua e só por isso me importo. A vida deve ser isso. Uma partida de xadrez, na qual tudo se converge no inevitável desfecho anunciado e nos resta a escolha de considerar apenas o fim ou toda a jornada e acho que está certa. Toda a minha jornada foi toda. Aceito sua condição.
– Últimas palavras? – Phemba do fogo quis saber.
Onda se virou para os gatos e falou:
– Acho que agora é uma despedida de fato. Como entenderam, eu não volto, seja como for.
– E como vamos saber se sua teoria estava certa ou não? – Einnie perguntou, dando um passinho à frente.
– É provável que não tenham certeza – Onda respond
Phemba retirou a pedra do pescoço e a arremessou no ar. Ela se desdobrou num imenso dragão negro feito a ônix da qual se originou e os gatos tiveram de cravar suas garras no chão por causa do vento gerado pelo bater de asas dele, até o imenso ser pousar diante deles.A deusa caminhou na direção da criatura e se virou para os felinos. Ela estava diante do peito do dragão. O anel de cristal no dedo dela brilhou até ser absorvido e desaparecer.– É o momento de eu aceitar meu poder pleno e fazer o que precisa ser feito – ela falou.A deusa deu um passo para trás e desapareceu dentro do dragônix que brilhou em pura luz até mudar de forma e deixar se apagar. O corpo que resultou disso foi o de uma criatura draconiana, embora humanoide. Não tinha uma cabeça de dragão e nem de humana e sim um aspecto que lembrava quase uma leoa de escamas.&nbs
Todos os direitos reservados e protegidos pela lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios existentes ou que venham a ser criados no futuro, sem a autorização prévia, por escrito, do autor.Contato com o autor: portalwillmor@gmail.comNota do autor:Ônix é uma obra oriunda de uma possibilidade. Recorre a um possível futuro. Uma única linha entre infinitas, num mar de universos paralelos.Tal futuro, em tal universo, no entanto, nasceu a partir desse tempo presente, neste universo.Cada livro da Saga do Novo Tempo é um relato sobre alguns personagens desse futuro. Cada livro é independente, embora se complementem. Ônix é um deles.O livro Ônix, entret
Prelúdio I - Rabiscos numa mesa.Aquela escolha determinaria meu futuro e tive plena consciência disso. Lembro de ter pensado: “Hoje vou cometer o maior erro da minha vida. E já não era sem tempo.”Era julho de 2002 do calendário cristão e o tédio me consumia. Estava no escritório de contabilidade no qual trabalhava. Tinha uma sala só minha. Um ano como office-boy e fui promovido para trabalhos internos no setor fiscal. Perdi o hífen. Ganhei um espetacular aumento salarial. Graças a isso, me estabilizei. Podia cuidar da minha família. E minha alma morria em silêncio...Era o segundo escritório de contabilidade no qual trabalhava. Depois do primeiro, havia prometido nunca mais trabalhar nesse ramo novamente. Quebrei uma promessa para estar ali e logo completariam três anos.O telefone não t
Capítulo II – O príncipeEra uma noite de cerimônias e o rei Ulysses de Valdrick tinha muitos visitantes importantes em seu castelo. Muitos espetáculos seriam apresentados, em comemoração ao tratado assinado. O mais esperado deles era o enforcamento de um pirata, devidamente aprisionado numa das celas. Tal morte estava marcada para a manhã seguinte.O ano era 523 do Novo Tempo. Um ano antes do encontro de Ônix com o mestre das apostas.O Rei Valdrick estava sentado em seu trono, no salão real, lotado de nobres. Ele tinha cabelo longo e grisalho. A barba, bem aparada, também era cinza, em concordância com a prata da armadura e coroa; escolhidas para a ocasião. A única cor estava em sua capa, de um azul escuro.No trono, à esquerda do rei, estava a rainha. Tra
– Má qualéseu jogo mais favorito, pirata? Um breve sorriso despontou novamente no canto esquerdo da boca de Ônix. Ele sentia a expectativa refletida em todos os olhares ao seu redor. Sabia o quanto era admirado pelos bêbados ali. Isso, no entanto, não o deixava nervoso; pelo contrário. Ele tinha um nome pelo qual zelar e não decepcionaria seus admiradores. Atéaquele dia, brindavam ao maior feito do pirata Pedra-Negra: a morte do príncipe Aleck de Valdrick.– Ah! Sim, meu jogo! – exclamou Ônix Pedra-Negra, fechando e pendurando, cuidadosamente, sua garrafa de rum no cinto. Depois, em passos cambaleantes, tirou seu chapéu de três pontas e o colocou bem afastado, virado de cabeça para baixo. Só depois voltou para o lado do mestre das apostas e do homem prometido de morte, ainda de joelhos no chão.– Arremessarei uma carta.
Prelúdio II - HeróisPoucos meses depois de ter completado dezoito anos de vida, meu mundo mudava drasticamente e eu mudava junto.Era outubro do ano de 1997 do calendário cristão e logo me tornaria um contador. O ensino médio de curso técnico estava quase no fim. Teria um diploma.Havia acabado de pedir demissão na academia de Taekwon-do na qual havia trabalhado por um ano. O proprietário era também o professor e o melhor no ramo. Havia poucos dedos numa mão, onde eu podia contar quantos mestres de verdade encontrei nessa vida. Ele era um deles. Ele tinha meu respeito. Além de trabalhar na academia dele, eu era seu aluno. Adorava aquele lugar. Era, porém, uma questão de pouco tempo até ele desistir da academia. Ante tal perspectiva, considerei outra proposta de trabalho; sem deixar de lamentar.Como muita coisa na vida, aquela
A luz do sol vazava entre as frestas da madeira da taverna do Coelho Caolho, clareando o final daquela festa. A música alegre se esvaía. Momentos de celebração naquela taverna vinham tão rápido quanto iam. Os Bardos Barbados se sentaram e apenas dedilhavam notas descompromissadas em seus bandolins. Os outros bêbados voltaram aos assentos e deram boas tragadas em suas bebidas. Essas explosões comemorativas traziam mais sede e garantiam um bom consumo. Os Bardos agradeceram quando Gertrudes recarregou suas canecas. Tinham um acordo.Pierre já não era prisioneiro do mestre das apostas e estava feliz como nunca.– Ah, meu amigo! – exclamou o maltrapilho, ao se sentar àmesa de Ônix. Esfregava o lado direito do rosto, ainda quente e vermelho. Sim, Gertrudes era canhota. O mundo voltou ao foco para Ônix. A paralisia momentânea se foi e ele p&oci
– Você se tornou mesmo um pirata de verdade, nãoé? Este mundo não tem mais um herói... – Pierre lamentou. Sorriu sem graça e desviou os olhos para contemplar a imunda taverna do Coelho Caolho, onde quase foi morto.Os olhos de Ônix miraram o fundo de seu copo e, mesmo se esforçando para parecer indiferente, ele não esquecia o passado, e o rum nunca aquecia seu peito o suficiente. O vazio nele era maior e nem todo rum do mundo seria o bastante para preenchê-lo. Mas Ônix nunca desistiria de cumprir sua promessa. Por sua princesa, ele se obrigava a sobreviver a todo o custo. Ele sequer temia a morte, como descobriu na prisão do castelo do rei Ulysses de Valdrick, no dia da morte do príncipe Aleck.Uma certeza inabalável e inexplicável de sobreviver até cumprir seu papel no grande palco da vida, concedia a Ônix ousadia suficiente para se