Acabando a aula naquele fatídico dia, dentro e fora de sua casa, Álex foi um dos primeiros a sair do colégio. Nem mesmo esperou pelos irmãos como sempre o fazia. Por pouco também Cláudio não ficou para trás.
- Ei Álex! Saiu correndo hoje do colégio hein? – disse Cláudio ofegante o alcançando numa esquina um pouco à frente do colégio.
- Pois é. Hoje esse cara me tirou do sério. – disse ele falando de Jeff.
- Não liga para eles. São uns otários que se acham melhores do que todo mundo. – fizeram silêncio e voltaram a caminhar. – Ei! Fiquei sabendo que hoje tem uma balada interessante. Vamos?
- Poxa Cláudio! Sabe que não tenho dinheiro pra esse tipo de programa! Mas, uma cervejinha talvez role.
- Beleza! Já tenho os dois ingressos aqui. Quando receber você me paga!
Os dois riram da situação e continuaram a andar. Logo Cláudio foi para a sua casa e Álex foi para a sua.
Álex chegou a sua casa e sentou-se ao pequeno sofá da sala, escutando a panela de pressão da mãe ao fogo. Ficou pensando em tudo o que acontecera no colégio aquele dia. Estava concluindo os estudos e já tinha carteira de motorista, porém sem carro e com o salário de meio período que estava ganhando, jamais conseguiria comprar um carro, pois ainda ajudava nas despesas de casa.
Logo, seus irmãos chegaram do mesmo jeito de sempre. Afonso indo direto para a televisão e se jogando no sofá ao lado e suas irmãs discutindo, por serem tão diferentes uma da outra. Notando isso, sua mãe chegou e já foi ralhando com todos.
- Tira o tênis sujo do sofá Afonso! – acertou-o com o pano que levava ao ombro para enxugar as mãos. – E vocês duas! Parem já com essa discussão que todo dia é a mesma coisa! Álex! – chamou ela. – Venha à cozinha! Preciso falar com você! – gritou como se não o visse sentado ao sofá no canto.
Como se não bastasse, Afonso esperou sua mãe sair da cozinha e colocou novamente o tênis em cima do sofá e suas irmãs continuaram a discussão sem sentido de que uma era patricinha e a outra desprovida de estilo.
- O que foi mãe? O que precisa falar comigo? – disse chegando à cozinha e pegando uma fruta de dentro do pote da mesa.
- Seu pai ligou meu filho. Disse que precisa que você vá até Aplanador na casa do seu Tio. – disse de costas ainda mexendo em algumas panelas sobre o fogão.
- Como assim? Preciso trabalhar! O Senhor Costa precisa de mim! – disse meio que não gostando do que estava falando.
- Seu pai já ligou para ele. Disse que não ficou muito satisfeito com a sua falta e que irá descontar seu dia de trabalho. Seu pai disse ser muito importante e precisa que você vá!
- Mas, eu nem mesmo tenho dinheiro para a passagem! – disse Álex.
- Pois bem. – disse sua mãe se virando e enxugando a mão no pano em seu ombro e o devolvendo ao mesmo local em seguida. – Espere aqui. – disse indo ao quarto.
Álex olhou ao redor, como se estivesse com a mente em outro lugar. E realmente estava. Ainda pensava em tudo o que havia acontecido em mais um dia naquele colégio. Mastigava a fruta que havia pegado sem ao menos sentir o gosto, mas simplesmente como se fosse uma forma de se manter vivo.
- Aqui está! – disse sua mãe chegando e entregando uma quantia em dinheiro o tirando de seu “transe” temporário.
- Isso é muito! – disse já quase sem perceber.
- O ônibus sai em pouco tempo da rodoviária e não vai dar tempo para você almoçar. Precisa ir agora mesmo filho. Seu Tio está muito doente e quer conhecê-lo antes que morra!
- Então por que ele não veio aqui enquanto ainda se sentia bem? – disse ele.
- Meu filho! – disse a mãe indo em direção a ele e o abraçando. – As coisas acontecem de uma forma inesperada. – soltou-o e olhou em seus olhos com aqueles olhos grandes, calmos e claros como uma mãe olha para seu rebento. - Às vezes, - disse ela - quando ainda temos saúde e dinheiro, o orgulho não nos faz pensar claramente. E quando perdemos nossa saúde e vemos que nada temos é aí que recobramos a consciência do que deveríamos ter feito. Vá! Antes que perca o ônibus! – terminou sua mãe o soltando e em seguida o empurrando literalmente porta a fora.
Álex entrou no ônibus depois de fazer um lanche rápido em um estabelecimento dentro da rodoviária. No caminho, ficou pensando em tudo novamente e como aquilo o que aconteceu no colégio o deixava cada vez mais irritado. Lembrou-se também de seu “subemprego”, porque realmente o que fazia na empresa de materiais de construção não era mesmo um emprego. Trabalhava para o Sr. Costa que era um daqueles velhos chatos que tinha uma loja com uma fachada antiga. Justamente muito parecida com o dono. Uma passada no pensamento pela Rose também foi incondicional. Sempre em momentos que não havia nada para fazer dentro de seu trabalho, o pensamento buscava o rosto magnífico de Rose. Chegando à rodoviária de Aplanador, Álex desceu e logo em seguida já encontrou com seu pai. - Fez boa viagem Álex? – disse ele com uma cara animada para uma notícia de velório. - Sim pai. Foi tranquila. O que está acontecendo para que eu tivesse que perder um dia de trabalho para vir até
O Advogado disse que a morte era iminente e que iria arrumar os papéis para passar tudo ao jovem Álex e assim saiu. O Mordomo da casa se retirou para arrumar algo para os dois herdeiros comerem e se recostarem, pois poderia ser a morte de seu Tio em poucos minutos ou até em alguns dias.No meio da madrugada aconteceu o que já era esperado. O grande e extremamente rico Sr. Sebastião Oliviére havia completado seu ciclo neste mundo e assim morreu. Sebastião e seu filho foram acordados pelo mordomo e se levantaram rapidamente. O médico veio até eles depois que estes já estavam à frente do quarto do seu Tio.- Fizemos tudo o que nos foi possível para que ele morresse sem sofrimento. Embora sua doença já estivesse avançada. – disse ele em condolência aos familiares e herdeiros.- Sabemos que estivera presente em sua vida durante muito tempo e o quanto o
Álex sentou-se dentro do carro e olhou aquele painel a qual ficava sonhando todas as noites, como um sonho de consumo completamente irreal para ele. Trabalhando durante anos talvez pudesse comprar somente um carro usado com quilometragem alta. Tocou o volante com uma profunda paixão. Olhou para o seu pai que naquele momento estava entrando na Limusine, também olhando tudo aquilo com olhos tão brilhantes quanto o interior do carro.- Ei pai! – chamou Álex parando seu carro perto da porta da limusine. – Hoje não vou pra aula, como pode ver mesmo que quiséssemos não chegaríamos antes das 10 horas da manhã.- Sim, sim. Você está certo meu filho. Vou direto para casa e pegar sua mãe, nos encontramos no colégio? – disse ele.- Sim, sim. Você vai ficar com a mansão de Encantos Verdes, não é?- Tenho certeza que sim. &ndash
Abrindo a porta do elevador, uma imensa porta estava à sua frente. Colocou a mão na maçaneta e ela abriu suavemente, quase sem fazer barulho e o chão de pisos negros e reluzentes foi se abrindo à sua frente. Logo viu que seus funcionários o aguardavam. Esperavam por ele, um mordomo, duas cozinheiras e duas faxineiras. Cumprimentou a todos se apresentando e recebendo as apresentações em seguida. - Acho que gostaria de conhecer sua nova residência, não estou certo Sr. Olivier? – disse Frank, o mordomo, com aquela mesma entonação ao ter que mudar repentinamente o sobrenome que há tantos anos pronunciava em outra entonação. - Sim. Gostaria sim. – respondeu com Sofia e Cláudio à “tiracolo”. Frank, o Mordomo, começou a mostrar o grande apartamento. Por onde entraram, logicamente era a sala. Grande e com a vista inteira da cidade pela grande janela de vidro, de um canto a outro. Um sofá bem luxuoso e confortável estava posto diante um grande aparelho de TV, com tudo
Saíram dali e foram para o shopping da cidade para comprar coisas que achariam necessárias para a sua nova vida. Anteriormente, somente viam as vitrines e não possuíam condições para comprar roupas, tênis e outros acessórios. Um guarda-roupa novo é o que estavam pensando, mas, outros artefatos tecnológicos também. Pararam o carro dentro do estacionamento do shopping. O sorriso e a alegria, juntamente com a excitação de todos eles eram contagiantes. Se ninguém soubesse o que havia com eles, diriam na certa que eram jovens rebeldes e drogados. No momento em que entraram, pararam em uma loja de aparelhos eletroeletrônicos. Álex pediu para ver os computadores portáteis. Cláudio ficou ao seu lado. Sofia foi se entreter com os celulares de última geração. Logicamente, em toda a transição feita anteriormente a chegada de Álex à casa de Sebastião, seu Tio, tudo já havia sido arrumado. Com a entrega do testamento e com toda a esperada morte de seu Tio, tudo já estava
Na manhã seguinte, todos acordaram no horário que sempre era imposto. Álex viu seu mordomo entrar em seu quarto dizendo bom dia e abrindo a cortina da janela de seu quarto. - Você irá fazer isso sempre Frank? – perguntou ainda debaixo das cobertas. - Sim Senhor. Acaso não saiba, um mordomo cuida de seu patrão e em especial para que ele cumpra com todas as suas obrigações. Trabalho, reuniões, ginásticas e entre outras responsabilidades. No seu caso especificamente, colégio! – disse ele sem restrições e com aquela pompa de luxo em seu serviço de despertador chato. Desceram todos e se encontraram na mesa do café. Álex estava vestido muito bem com roupas de grife, porém, todas elas ainda insistiam e demonstrar a rebeldia do jovem. Para a surpresa de todos, Sofia estava se vestindo praticamente igual, se não fosse pelos detalhes dos acessórios serem ligeiramente femininos. Mostrou que também era rebelde assim como seu irmão e demonstrando também quão bonita era, n
Começaram a andar em seguida. Riram de tudo o que estava acontecendo e foram encontrar com os irmãos de Álex. Todos eles estavam juntos em um canto, pela primeira vez isso acontecia. Afonso disse que iria para a casa de uns amigos novos e que gostou de tê-los conhecido. Fernanda estava a toda e nem queria ficar ali batendo papo com os irmãos. Logo algumas de suas amigas vieram para chamá-la, o que em resposta aos seus irmãos disse que iria “tratar de sua vida social no colégio”, pois tudo havia mudado agora. Sofia contou sobre o que aconteceu a ela e disse que achou ridícula a atitude daquela garota. Estava começando a colocar para fora tudo o que sempre havia guardado. Mostrou-se ser sempre uma garota forte em conversas e argumentos com seu irmão, o que agora, estava começando a eclodir essa personalidade para os outros e principalmente no colégio. Antes, apenas em casa se colocava fortemente em relação a algo ou argumentação com sua família. - Bom! E agora? – pergu
Já era por volta das 11 horas da noite de uma bela terça feira. Em alguns momentos as pessoas estariam esperando na fábrica abandonada, onde iria acontecer uma corrida imprevisível. Álex terminava de sair de seu quarto e encontra com Cláudio sentado ao sofá da sala da grande cobertura. Sofia estava com ele. - E o que acha que vai acontecer Sofia? – perguntou Cláudio sem ao menos perceber a chegada de Álex. - Não sei Cláudio. Mas, espero sinceramente que meu irmão vença. Ao mesmo tempo, espero que pare por aí essa vingança. É só o que tenho medo. – disse Sofia. - Você não entende, não é? – disse Álex se mostrando presente logo atrás deles. - É assim que eu penso Álex. Desculpe-me se eu penso de forma diferente de você! – disse Sofia se levantando e os dois viram que ela estava de pijama. – Já está bom! – disse ela quando passava perto de Álex. – Somos ricos e temos tudo o que sempre desejamos e o que desejarmos podemos comprar! Não importa mais esses c