Eriel* Eu acordei, minha visão estava turva. Meu ombro estava dolorido, queimando como fogo. Mesmo fraco, e desnorteado. Consegui erguer a mão, e arrancar fora a flecha. Ardeu fortemente, gritei de dor. Havia veneno ali, um tipo de veneno bem específico. Mas com certa lentidão, o buraco começou a cicatrizar. Mesmo que estivesse doendo como o inferno. Consegui olhar ao redor, Amerie não estava mais ali. E logo eu lembrei, aqueles bastardos haviam levado ela. Cravei minhas mãos naquela terra fria. Com dificuldade, consegui me colocar de pé. E senti o cheiro, o doce cheiro dela. Indo em direção às colinas, me recompus. Eu não sabia quem eram eles, mas eu mataria cada um deles se colocassem um dedo sequer nela. Corri pela floresta por talvez horas, mesmo fraco e com fome. Mas eu não pararia, não... Nem pensar. Olhei para o céu, o dia estava indo embora. Era minha hora, eu sabia disso. Cheguei o mais próximo possível das montanhas, e tirei minhas roupas fora. - essa vai ser talvez a p
Passamos a noite caminhando pela floresta fria e escura, a tocha que eu segurava já havia se apagado há muito tempo. Lizibeth me lançava olhares furtivos a todo instante, enquanto o noturno andava apressado mais a frente. Parei por um instante, meus joelhos doíam. E eu já não podia mais ouvir os gritos há algum tempo. - por que você parou? - estou exausta, nós duas estamos. - não me diga, eu não me importo. Apenas... Andem! - olhei para ela de relance. - o dia já está nascendo, podemos parar um pouco para beber água? - está vendo algum rio aqui? - eu estou ouvindo, parece ser água corrente. - ele se voltou para Lizibeth. - certo, vão indo. - começamos a seguir o som da água, e após alguns minutos encontramos um lago cristalino no meio da floresta. Foi um grande alívio, me ajoelhei bebendo o máximo que podia. Lizibeth fez o mesmo, se juntando a mim. O noturno se manteve atrás de nós, vigilante e desconfiado. - temos que agir agora. - ela sussurrou tentando não levantar suspeit
Após alguns minutos, o corpo dele começou a voltar ao normal. Foi tão estranho vê-lo perdendo os pêlos, diminuindo. Voltando a ser... Humano. Quando terminou, Lizibeth pôs sobre ele uma espécie de casaco que ela estava vestindo e eu só sabia olhar para a água, tentando raciocinar após ouvir e ver tudo aquilo. Ela se aproximou depois de algum tempo, me mantive sentada próxima a água. - Amerie... - há quanto tempo você sabe? - ela suspirou. - há muitos anos. - nada eu disse, apenas me mantive em silêncio. - eu faço chás e coisas que o ajudam a dormir, e a se manter mais calmo quando as transformações vêem. - era disso que você estava falando aquele dia, sobre... Ele não ser um homem perfeito. - sorri sem felicidade. - você estava tentando me avisar. E você estava discutindo com ele por temer o que ele poderia fazer comigo? - a encarei, ela não retribuiu o olhar. - ele nunca machucaria você. - nunca? - ele a machucou por acaso? - me pus de pé. - eu... Eu ainda estou tentando en
CAPÍTULO NÃO REVISADO!! O caminho de volta para o castelo estava sendo silencioso, e constrangedor. Para todos nós. Eu estava mais a frente, ao lado de Lizibeth. E ele, apenas um pouco distante. Observando ao redor a cada momento. - quem eram eles? - questionei após muito tempo de silêncio. - eu não sei.- mas eles querem matar você, por que? - eles disseram isso? - sim, o homem que estava nos levando. Verbalizou com todas as letras. - ele não disse nada, ficando quieto por muito tempo. Parei, e me voltei para encará-lo. - você está mentindo para mim. - não estou mentindo para ninguém. - está sim, você sabe exatamente quem eles são. Por que não quer me dizer? - que tal você parar de questionar cosias inúteis, e continuar andando? Ainda podemos estar em risco nessa floresta. - questionar coisas inúteis? - parei brava. - eu estou perguntando para você algo de extrema importância! Porquê eu quero saber. - mas não é necessário que você saiba de nada agora! Mulher. - ele tento
A noite recaiu sobre nós cedo, Eriel aparentemente não iria dormir. Todas as vezes que eu acordava, ele estava parado no canto. Olhando para todas as direções. - acorde. - ouvi a voz de Lizibeth, que estava me encarando. Lentamente abri os olhos, e a fitei. - vamos embora. - me pus de pé, Eriel estava do outro lado. Me encarando. - já estão prontas? - já. - o que diremos a todos quando voltarmos? - questionei me aproximando. - diremos uma parte da verdade, que vocês foram levadas, e consegui resgatá-las. - assenti brevemente, e logo nossa viagem de volta começou. Após algumas longas horas de caminhada, já podíamos avistar a grande montanha negra do castelo. Enfim, subimos os degraus de escada e chegamos aos portões. - minha nossa! - um dos guardas esbravejou assustado. Fomos todos levados até o grande salão real, e eu só podia sentir nojo. Quando avistei Elder assentado no trono, com uma mulher semi nua. Sentada em seu colo, ao ser avisado sobre nós. Ele parou bruscamente, e
Naquela tarde, fui chamada até o grande salão real. Ao chegar lá, me deparei com Gadriela sentada no trono, ao lado do seu filho incompetente. Eu já até imaginava o que me esperava. - graças a Deus que você voltou minha querida Amerie, ficamos todos preocupados. - é, eu notei a preocupação. - mas que merda! O que aconteceu com você lá? Ficou sem medo da morte? - por que marido, você vai me matar? - ora sua... - já chega! - ela esbravejou. - vejo que você está cansada, e muito nervosa por conta de tudo o que aconteceu. - ah claro, eu sumo por dois dias. E sequer mandam um grupo de soldados atrás de mim, e quando eu volto... Aquele que se diz meu marido, está com uma prostituta bem aqui. Mas não, não! Está tudo ótimo. - seu rosto endureceu, Elder era a personificação da raiva. - mas o importante é que você está de volta! - sem demora ela se pôs de pé, e veio em minha direção. - e seus sequestradores serão encontrados, e punidos devidamente. Sorri sem felicidade. - sabe o que s
- qual seria a casa que você gostaria de viver? - ele me questionou em uma tarde ensolarada enquanto nadavamos no lago. - eu já tenho uma casa. - sabe bem do que eu estou falando. - revirei os olhos, e após algum tempo pensei bastante. - talvez uma casinha de madeira na montanha, cercada por pinheiros, que não ficasse muito longe do riacho. E que tivesse um bom espaço para que eu pudesse plantar várias flores. - ele sorriu enquanto acariciava meu rosto. - e o que mais? - talvez três quarto, dois para as crianças. - ele parou por um instante e me fitou, eu não entendi bem sua expressão. Não parecia feliz. - por que você fez essa cara? - eu não fiz nenhuma "cara." - fez sim, quando eu falei de crianças. Seu silêncio foi uma tortura, toquei sua bochecha. - Eriel, pare de esconder as coisas de mim. - ele suspirou e desviou a atenção de mim. - eu não acho que quero filhos, nunca. - mas... Por que não?- por conta do que eu sou Amerie, eles podem nascer como eu. E eu não desejo
Tentei segurar as tripas enquanto aquela verdade vinha átona, Elder me encarou bravo. - o que você tem caramba? - mas nada saia de minha boca, eu estava em choque. - ela não está se sentindo bem, meu senhor. Acho que está com febre... - dane-se, eu não me importo. - sem demora ele saiu do quarto batendo a porta. Eu deslizei caindo no chão, Lizibeth se agachou tocando meu rosto. - ei, Amerie! Acorde. - eu estou grávida... Grávida dele. - pus minhas mãos sobre meu útero, ela me fitou nervosa. - nós não sabemos disso, talvez o curandeiro esteja errado. - olhei para ela com tristeza, nem mesmo ela acreditava no que estava dizendo. - não precisa se desesperar. - não preciso? Lizibeth Elder não pode ter filhos, e eu estou grávida. Como acha que isso vai funcionar? - pânico tomava minha voz, ela tocou meu rosto.- não se desespere ainda, eu imploro. Vou pegar algo para acalmar seu estômago. - rapidamente ela saiu do quarto, e eu me mantive no chão acariciando minha barriga. Lágrimas