- qual seria a casa que você gostaria de viver? - ele me questionou em uma tarde ensolarada enquanto nadavamos no lago. - eu já tenho uma casa. - sabe bem do que eu estou falando. - revirei os olhos, e após algum tempo pensei bastante. - talvez uma casinha de madeira na montanha, cercada por pinheiros, que não ficasse muito longe do riacho. E que tivesse um bom espaço para que eu pudesse plantar várias flores. - ele sorriu enquanto acariciava meu rosto. - e o que mais? - talvez três quarto, dois para as crianças. - ele parou por um instante e me fitou, eu não entendi bem sua expressão. Não parecia feliz. - por que você fez essa cara? - eu não fiz nenhuma "cara." - fez sim, quando eu falei de crianças. Seu silêncio foi uma tortura, toquei sua bochecha. - Eriel, pare de esconder as coisas de mim. - ele suspirou e desviou a atenção de mim. - eu não acho que quero filhos, nunca. - mas... Por que não?- por conta do que eu sou Amerie, eles podem nascer como eu. E eu não desejo
Tentei segurar as tripas enquanto aquela verdade vinha átona, Elder me encarou bravo. - o que você tem caramba? - mas nada saia de minha boca, eu estava em choque. - ela não está se sentindo bem, meu senhor. Acho que está com febre... - dane-se, eu não me importo. - sem demora ele saiu do quarto batendo a porta. Eu deslizei caindo no chão, Lizibeth se agachou tocando meu rosto. - ei, Amerie! Acorde. - eu estou grávida... Grávida dele. - pus minhas mãos sobre meu útero, ela me fitou nervosa. - nós não sabemos disso, talvez o curandeiro esteja errado. - olhei para ela com tristeza, nem mesmo ela acreditava no que estava dizendo. - não precisa se desesperar. - não preciso? Lizibeth Elder não pode ter filhos, e eu estou grávida. Como acha que isso vai funcionar? - pânico tomava minha voz, ela tocou meu rosto.- não se desespere ainda, eu imploro. Vou pegar algo para acalmar seu estômago. - rapidamente ela saiu do quarto, e eu me mantive no chão acariciando minha barriga. Lágrimas
Alguns dias desde a descoberta da gravidez haviam se passado, eu tinha enjôos constantes. O que era um grande incômodo, e também havia uma grande dificuldade para comer. e Eriel, tinha sumido. Já fazia uma semana que ninguém o via no castelo, eu até podia imaginar que ele havia se transformado e sabe-se lá onde estava. Talvez jamais voltasse. Mas eu também não sabia o que fazer em relação a isso, poderia chegar até Elder e mentir, falar que eu estava grávida dele e que tudo aquilo não passou de um engano. Então, naquela tarde, decidi. - tem certeza de que vai fazer isso? - Lizibeth me questionou enquanto me ajudava a me vestir. - eu não tenho opção. - e se algo der errado Amerie? - não vai dar. - eu estava tentando ser confiante, mas meu coração estava na mão. Desci as escadas, pronta para falar com ele e contar a grande novidade. Quando ouvi uma conversa de dentro da sala que ficava próxima ao salão real, lentamente me aproximei. Pois reconheci a voz de Gadriela. A porta estava
Eriel* Meu corpo estava dolorido, eu estava zonzo. Senti meu corpo frio, e logo notei que eu estava dentro da água. Submergi rapidamente, conseguindo voltar a respirar. Sai da água sem dificuldade, e notei que estava nu. Esbravejei para mim mesmo, talvez fazia uma semana que eu estava assim. Transformado, fora da realidade. Eu precisava voltar, eu precisava ver Amerie. O que ela estaria pensando de mim? Consegui arrumar algumas roupas improvisadas, e parti até o castelo. Quando lá cheguei, notei que tudo parecia igual. Adentrei pelas portas do castelo, já procurando o cheiro de Amerie. Mas parecia fraco, pouco. - resolveu voltar para casa. - ouvi a voz irônica e viperina de Gadriela. - demorou dessa vez, o que aconteceu? - onde estão todos? - todos quem exatamente? - pude notar o sarcasmo e a desconfiança em sua voz. - todos! - seu irmão está ocupado resolvendo assuntos reais, e o resto... Não imagino onde possam estar. - me voltei para ela.- o que você está escondendo? - e
Já havíamos saído dos arredores do castelo há dois dias, estávamos sempre andando pela floresta para não chamar atenção de ninguém. E infelizmente, não tínhamos conseguido um cavalo ou uma carruagem para nos levar para fora de delmar.- quando chegarmos nas cruzadas da floresta, há um vilarejo onde poderemos pedir um cocheiro. - Lizi, eu já disse que estou bem. - eu sei, mas você está grávida. Todo cuidado é pouco. - assenti observando a floresta. - já faz dois dias, ele não vai mandar ninguém atrás de mim. - nunca se sabe. - Lizi, o bom é que teremos paz. - Elder é extremamente bipolar, por isso devemos ter cuidado. - novamente assenti. Após andarmos um pouco mais, ouvimos o som de água corrente próxima. Nos aproximamos para beber, e lavarmos o rosto. Olhei ao redor, fiquei imaginando se Eriel poderia estar por ali. Lizibeth pareceu decifrar meus pensamentos, e tocou meu braço. - ele pode estar vindo, quem sabe. - não me iludo com isso, depois da nossa conversa nada agradável
Eu fiquei sem reação naquele banheiro, rapidamente peguei um roupão e o coloquei sem demora. - Lizi? - a procurei no quarto, mas ela não estava lá. - Lizibeth? - o uivo ficou mais alto, as pessoas que estavam nos corredores ou no andar de baixo da taberna começaram a correr e a gritar. - A BESTA! SE ESCONDAM! - sai do quarto a procura de Lizibeth, mas ela não estava em lugar algum. Até que tive a ideia de ir até o quarto de Caster, quando lá entrei arregalei os olhos. Os dois estavam se beijando, e de forma nada sútil. Rapidamente ela se afastou dele, e engoliu em seco. - Amerie, eu... - vocês não estão ouvindo isso? - isso o que? - ela saiu de dentro do quarto desconfiada, e então se empertigou me encarando nervosa. - é ele. - sim. - Caster se aproximou. - ele quem? Do que vocês... - rapidamente ele também começou a escutar. - é a besta. - puxei Lizibeth para longe dele. - o que eu faço Lizi? - você não pode ir lá. - mas ele pode entrar. - ele não vai. - Lizibeth... -
- como você pôde fugir com ela assim Lizibeth? - ele esbravejou com aquela carranca de bravo.- você queria que eu tivesse deixado ela vir sozinha? - não! Mas deveria tê-la obrigado a ficar. - ah... E você acha que eu não tentei isso? Ela estava decidida! - você só pode estar brincando comigo... - já chega! - me aproximei furiosa. - eu estou bem aqui, eu não queria que ela viesse comigo. Mas ela veio, e eu não ficaria naquele castelo, não depois do que eu escutei. - o que exatamente você escutou? - bufei tentando encontrar as palavras certas. - sua mãe... Ela já estava desconfiando da gravidez, e eu ouvi bem quando ela disse que se fosse verdade eu deveria ser morta. - seu rosto se contraiu de uma forma feroz. - eu poderia voltar lá e matar aquele incompetente do Elder. - de qualquer forma não importa mais, eu já estou aqui. - não importa mais? Amerie você foi embora daquele jeito! Poderia ter me esperado. - eu sorri sem felicidade, Lizibeth se colocou de pé pronta para ir e
Acordei pela madrugada, meu estômago estava se revirando mais do que o normal. Olhei para o lado, Lizibeth dormia profundamente. Logo pus os pés para fora da cama, e levantei. Dei uma olhada no canto do quarto, Eriel estava deitado lá. Mesmo contra minha vontade, ele não parecia nada confortável. Rapidamente corri até o banheiro, me abaixei ao lado da privada, e comecei a botar tudo para fora. Continuei vomitando sem forças, enquanto tentava segurar meus cabelos quando senti sua mãos em minhas costas. - tudo bem. - ele se agachou ao meu lado, segurando meus cabelos e acariciando minhas costas de forma gentil. Após alguns longos instantes vomitando toda a comida, enfim acabou. Ele me ajudou a sentar.- fique aqui. - não demorou muito e logo ele voltou, estava com um copo de água que prontamente me entregou. - beba tudo. - não ousei discutir, ele se aproximou um pouco mais. Tentando prender meus cabelos em uma espécie de coque, e após muito tentar conseguiu. Lhe entreguei o copo, e t