capítulo 02: o irmão

Me mantive encolhida no canto do quarto, enquanto encarando aquele homem que havia chamado Elder de irmão. Ele estava usando uma roupa dourada, entre aberta. Seus cabelos estavam bagunçados, e ele não parecia nada contente. Ele se aproximou um pouco mais, estendendo a mão para mim. Fiquei olhando para sua mão ainda meio confusa, mas logo aceitei.

Ele manteve seus olhos em mim, e eu fiz o mesmo. Parecia impossível desviar o olhar dele.

- você não tem o direito de entrar no meu quarto assim p*rra! Ainda mais na minha noite de núpcias. - o homem se voltou para Elder.

- eu ouvi uma discussão, e aparentemente você está bêbado como um porco.

- é meu casamento, eu tenho o direito de beber.

- você se esquece que também é o casamento dela.

Meu coração acelerou, ele voltou a me fitar.

- você está bem?

- ah eu...

- é claro que ela está bem, o que você acha que eu iria fazer? - Elder se pôs de pé, se aproximando. Mas o homem não se afastou de mim.

- ela não respondeu minha pergunta.

- sim, eu... Eu estou bem. - ele continuou me fitando, até que assentiu. E prontamente, soltou minha mão.

Eu me enrijece onde estava, e suspirei.

- esperem, vocês... São irmãos? - Elder cambaleou até a cama.

- sim, ainda não tinha notado isso? - zombou de forma grosseira, eu voltei a olhar para o homem de cabelos negros.

- mas você nunca me disse que tinha um irmão.

- agora você sabe, grande merda. - o homem se aproximou de Elder, e o impediu de pegar outra garrafa de vinho. Jogando-a pela janela.

- mas o que você...

- você precisa dormir e se recompor.

- dormir, acha que é isso que eu vou fazer? - ele sorriu de forma estranha.

- sim, porque se ela não quiser dormir com você é isso que você irá fazer. - sua voz ficou mais grave, eu encarei os dois. Minha cabeça estava girando, por quê ele nunca havia me falado sobre um irmão?

Ele se afastou de Elder, e lentamente se aproximou de mim.

- eu sou Eriel, sinto muito por nos conhecermos apenas agora. Mas... Teve motivos para isso, princesa.

Olhei dentro de seus olhos, e me mantive imóvel. Eriel olhou para trás, e se empertigou.

- ele não vai mais incomodá-la essa noite, já está adormecido. - olhei para cama, Elder já estava roncando. Ele voltou a me fitar.

- bem, foi um prazer. - logo, ele andou até a porta, minha garganta oscilou.

- ah... Obrigada, por ter intervido. - ele parou e se voltou para mim novamente.

- se precisar de ajuda, é só gritar. - ele manteve seus olhos nos meus por alguns instantes, até que partiu em seguida fechando a porta atrás de si. E me deixando com um turbilhão de pensamentos estranhos e confusos. 

Com certa dificuldade, consegui tirar meu vestido de noiva. E tomar um banho rápido, quando voltei ao quarto. Elder ainda estava dormindo, profundamente.

Olhei para ele, e várias perguntas me vinham a mente. Será que ele teria me forçado a deitar com ele mesmo se eu não quisesse?

Me abracei, eu não queria pensar isso. Eu era apaixonada por ele, sempre fui. Talvez ele só... Estivesse nervoso demais, suspirei e logo deitei na cama ao seu lado. Me acomodei, mas Enquanto olhava para o teto, tudo no que eu conseguia pensar era em Eriel entrando no quarto sem pensar duas vezes, para me ajudar.

                        ****

Quando o dia chegou, acordei lentamente e logo olhei para o lado. Mas Elder não estava mais ali, suspirei pesadamente. Logo pus os pés para fora da cama, e me espreguicei. Estava quase levantando, quando ele entrou no quarto. Seus olhos estavam inchados, e sua expressão não era nada boa.

- estamos partindo para delmar. - franzi o cenho.

- tão rápido?

- estamos casados não é? Então, suas coisas já estão preparadas. Desça, se despeça de seus pais, e vamos partir. - eu mal tive tempo de retrucar, ele logo saiu do quarto novamente.

Quando me vesti, desci as escadas. E o encontrei com meus pais, ao lado dos seus. Olhei ao redor, mas não vi Eriel.

Me aproximei de minha mãe e abracei fortemente, ela beijou o topo de minha cabeça.

- seja muito feliz, e trate de nos dar netos rápido. - sorri meio sem vontade, eu queria conversar com ela. Falar o que havia acontecido, mas não podia.

Eu não queria ir embora, queria ficar ali um pouco mais.

Mas Elder, me puxou pela cintura. Levando-me até sua carruagem, quando entramos. Ele bateu as portas, e tudo o que eu pude ver foi meu reino ficando para trás. Sentei no banco, e o fitei.

- por quê nunca me falou do seu irmão? - ele sequer olhou para mim, apenas ficou encarando a janela.

- Elder você escondeu isso de mim por quê? - eu estava começando a ficar brava, ele me encarou sem vontade.

- cuidado com o tom que fala comigo, eu sou seu marido. Me deve respeito. - franzi o cenho, e me empertiguei. Eu não acreditava que aquele homem era mesmo Elder.

Passamos dois dias na estrada, seus pais estavam em uma carruagem mais a frente. E eu sequer sabia onde estava seu irmão, e com certeza não queria perguntar.

O tempo se passou um pouco mais, e logo eu avistei as montanhas de árvores vermelhas de delmar. O grande castelo monumental de pedras negras lá em cima, era realmente lindo. Até que, a carruagem parou de repente. E gritos foram ouvidos, eu me sobressaltei.

- que merda está acontecendo aí cocheiro?

Mas não houve resposta, e então sem aviso a porta da carruagem foi aberta abruptamente. E ladrões de estrada surgiram.

- olha quem está aqui, é a realeza. - eles gargalharam. Tentei me aproximar de Elder, mas ele sequer tentou me segurar. Quando um dos ladrões me puxou pelos cabelos, me jogando para fora da carruagem.

- ME LARGA! - gritei, mas ele me bateu. Enquanto o outro tirava Elder de dentro da carruagem, meu coração estava acelerado. Eu mal podia imaginar o que aqueles desgraçados fariam conosco.

- é melhor colaborarem, ou irão sofrer as consequências. - o líder disse com frieza.

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