- isso, está perfeita agora. - mamãe disse toda animada, após a serviçal terminar de colocar o terceiro vestido em mim. Era lindo, rosa, longo e apenas um pouco justo na cintura.
- tem certeza que está bom? Me encarei no espelho, meus olhos verdes me encararam de volta. - sim, Elder irá gostar muito. Sorri de relance, eu estava muito nervosa. Mas tentava não transparecer. - se tudo ocorrer bem, o casamento acontecerá logo querida filha. Você sabe como essa união será benéfica para nós. - assenti olhando para ela pelo reflexo do espelho. - sim mamãe, eu estou pronta para cumprir meu dever. - ela se aproximou tocando meu ombro. - boa menina querida filha, agora... Vamos descer. Minha mãe partiu na frente, seguida por mim. Eu estava nervosa, era óbvio. Mas não assustada, Pelo total contrário. Eu era a princesa de alestia, um reino lindo e primaveril. E desde a infância conhecia o príncipe Elder aladian, de delmar. Praticamente crescemos juntos, com o propósito de um dia nos casarmos. E eu aprendi a amá-lo conforme crescia, e agora mal podia esperar para me casar com ele. Para ser sua mulher, sua rainha. E isso era uma sorte para nós, pois se casar com alguém amado na realeza era uma benção. Chegamos até o grande salão principal, Elder estava com meu pai. Lindo como sempre, trajado em uma roupa azul. Cabelos loiros claros, olhos castanhos. Me aproximei lentamente, logo seus olhos me encontraram. - querida Amerie. - ele fez uma breve reverência. - príncipe Elder, é um prazer como sempre. - lhe lancei um leve sorriso, meus pais se entroalharam. Ele se aproximou, e se empertigou. - gostaria de fazer isso de uma forma mais convencional, mas tenho que voltar rapidamente para delmar, para resolver umas coisas. E já falei com seu pai, querida Amerie... Aceita se casar comigo? - meu coração acelerou, eu esperava aquilo há anos. Mas tentei me conter, afinal eu era a princesa. - sim, sim eu aceito meu príncipe. - um largo sorriso surgiu em seus lábios, ele pegou minha mão e deu um leve beijo. - voltarei para delmar, para tratar de outros assuntos. Mas no próximo mês estarei de volta, para nosso casamento. Até lá, lhe mandarei cartas. - sorri contente. - claro, estarei ansiosa por sua volta. **** Elder mandava-me cartas constantemente, falando de nosso casamento. E como logo seríamos um casal, eu sempre respondia com tamanha intensidade e ansiedade. Até que, em uma semana qualquer ele parou de me mandar as cartas, o que me deixou confusa. Mas como se nada tivesse acontecido, ele voltou a manda-las, apenas me fazendo ignorar o ocorrido. Logo, a semana de nosso casamento chegou. O castelo foi preparado, os convidados, nosso reino. E meu vestido. Eu estava pronta, olhando-me pelo espelho. O vestido abraçava meu corpo, haviam alguns detalhes de flores bordadas, que o deixava ainda mais lindo. Meus cabelos castanhos claros longos e ondulados, estavam soltos, o que dava um contraste ainda melhor para o vestido. Suspirei me encarando, eu estava feliz. Era o dia do meu casamento, o dia no qual tanto sonhei. - pronta minha filha? - minha mãe adentrou no quarto, olhei rapidamente para ela. - sim, acho... Que sim. - ótimo querida, seu noivo a espera. - andei até minha mãe, prontamente chegamos até a capela da igreja. Meu pai, estava a minha espera. Sorri de relance, ao olhar para frente e avistar Elder. Ele estava tão lindo, trajando preto. Mas algo me chamou atenção, seu rosto estava sério. Sério como jamais o vira na vida, franzi o cenho. Mas apenas andei com meu pai até o altar. Avistei meus sogros na fileira da frente, sorri de relance para eles. Me surpreendi ao ver o pai de Elder ali, ele já era um homem velho e doente. Enfim, chegamos até o altar. Meu pai me entregou para Elder, que logo segurou minha mão. Mas mal olhou para mim, cerrei os olhos. A cerimônia aconteceu rápida, sem muitas delongas. Elder parecia ansioso, apressado. Quando enfim aceitamos um ao outro, ele apenas me trouxe para perto. Dando-me um beijo rápido e se afastando em seguida. Aquilo me deixou confusa, mas resolvi não pensar tanto em sua atual indiferença. A celebração estava bonita, mas todas as vezes que eu tentava conversar com meu marido. Eu era ignorada, ou apenas deixada falando sozinha. Apertei as mãos, estava sozinha no canto pensando. Quando senti suas mãos em minha cintura. - vamos deitar. - ele sussurrou em minha orelha, podia sentir o cheiro forte de vinho. Mal pude retrucar, enquanto ele me levava para cima. Chegamos até o quarto, ele me jogou para dentro. Fechando a porta atrás de si, o encarei nervosa. - espere, Elder... Está tudo bem? - ele se aproximou rapidamente, segurando-me pela cintura e me beijando. Mas ele estava bêbado, muito bêbado. - Elder! - você é tão linda. - senti suas mãos tocando meu corpo, engoli em seco. Eu sabia que ele era meu marido, mas... Não queria que nossa noite de núpcias fosse assim. - Elder não, espere! - esperar? Sou seu marido! - ele começou a tentar tirar meu vestido, mesmo comigo tentando me desvencilhar. - por favor... Elder! - acabei empurrando ele sem querer, o homem cambaleou. - me... Me perdoe eu... - cale-se. - ele começou a tirar seu terno, eu engoli em seco. - você sabe o que casais fazem? Pois bem... Tem a obrigação de me dar isso! Agora chega. - eu me encolhi no canto do quarto, aquele não parecia em nada com Elder que eu conhecia desde a infância. - não, eu... Eu não quero assim! - ele sorriu sem felicidade. - você não tem que querer. - ele voltou a me agarrar, eu acabei soltando um gritinho nervosa. - Elder por favor! - já estava quase chorando, quando então, alguém entrou no quarto. Fazendo Elder se afastar de mim, e se chocar contra a parede. Eu me sobressaltei, nervosa com tudo aquilo. E pude olhar para aquele alguém. Era um homem alto, cabelos negros, ombros largos e pele bronzeado. - mas que... - é melhor ficar aí, irmão! - meu coração quase saiu pela boca, aquele homem chamou Elder de irmão? E lentamente se voltou para mim. - tudo bem, princesa? - sua voz grave me atingiu de uma forma diferente.Me mantive encolhida no canto do quarto, enquanto encarando aquele homem que havia chamado Elder de irmão. Ele estava usando uma roupa dourada, entre aberta. Seus cabelos estavam bagunçados, e ele não parecia nada contente. Ele se aproximou um pouco mais, estendendo a mão para mim. Fiquei olhando para sua mão ainda meio confusa, mas logo aceitei. Ele manteve seus olhos em mim, e eu fiz o mesmo. Parecia impossível desviar o olhar dele. - você não tem o direito de entrar no meu quarto assim p*rra! Ainda mais na minha noite de núpcias. - o homem se voltou para Elder. - eu ouvi uma discussão, e aparentemente você está bêbado como um porco. - é meu casamento, eu tenho o direito de beber. - você se esquece que também é o casamento dela. Meu coração acelerou, ele voltou a me fitar. - você está bem? - ah eu... - é claro que ela está bem, o que você acha que eu iria fazer? - Elder se pôs de pé, se aproximando. Mas o homem não se afastou de mim. - ela não respondeu minha pergunta. -
O ladrão continou me segurando pelos cabelos, enquanto o outro puxava Elder. Mais a frente, haviam outros com os pais dele como reféns. Meu coração estava acelerado. - onde está o dinheiro? - o ladrão mais velho gritou para Elder. - não há dinheiro Aqui! - quer que eu acredite que a realeza anda sem dinheiro? Ele gargalhou de forma alta e sonora. - sim, nós estamos voltando de longe. Gastamos o resto do dinheiro que havíamos levado, nas paradas que fizemos, agora nos deixem em paz! E talvez vivam! - o outro ladrão pôs uma adaga em meu pescoço, todo o meu sangue gelou. - CADÊ O DINHEIRO? - você é surdo cac*te! Não há dinheiro aqui. - ele deu um soco forte em Elder, eu estava tremendo. - levem... Levem os colares, as jóias. Elas valem muito, por favor... Só não façam nada conosco! - implorei, o ladrão mais velho olhou para mim. - sua mulher tem mais atitude do que você majestade. - uma risada cheia de escárnio, ele se aproximou de mim. Ainda segurando Elder. - sabemos que tem
Fiquei ali, no pátio do castelo. Observando ao meu redor, era muito maior do que minha antiga casa. Um pouco sombrio até, mas havia certa beleza ali. Notei que tinham muitos serviçais, e cavaleiros para todo canto. Já estava quase indo até às portas do castelo, quando a carruagem de Elder adentrou pelos portões. Resolvi esperar até que ele estivesse ao meu lado. Prontamente ele saiu de dentro, e logo se aproximou com seus pais ao seu encalço. - o que achou da paisagem querida Amerie? - sua mãe me questionou. - é... Um lugar muito lindo, realmente encantador. - ela sorriu sem demora. - espero que se sinta confortável, afinal está é sua casa agora. - engoli em seco, mas acenei com a cabeça. - Elder, leve Amerie para dentro. Ela deve estar muito cansada, e nervosa por conta de tudo o que aconteceu. - ele me encarou de relance, e logo me entendeu a mão. - vamos lá. - me despedi de seus pais, e segui com ele para dentro. O salão de entrada era enorme, com várias colunas brancas post
Voltei para o quarto minutos depois, mas a visão de Eriel daquela forma não saia de minha cabeça. O modo como seus olhos estavam, como ele estava... Parecia ser outra pessoa. Cheguei no quarto, Elder ainda não estava lá. Deitei na cama grande e vazia, e encarei o teto. - será que ele está bem? - sussurrei para mim mesma, pensei em sair do quarto. Tentar encontra-lo, mas isso não seria normal. Apenas fechei os olhos, e adormeci. Minha noite havia sido péssima, tive vários pesadelos. Um deles chamou minha atenção, eu era perseguida por uma criatura de olhos vermelhos e brilhantes. Acordei atordoada, o dia já havia nascido. As camareiras estavam abrindo as persianas, me sobressaltei. - bom dia senhora. - uma jovem se aproximou. - ah... Bom dia. - a rainha a espera para o desjejum. - sim, claro. - tratei de pôr meus pés para fora da cama. A jovem me fitou. - irei ajudá-la a se vestir. - sim, certo. - ela me vestiu em um vestido azul escuro, e penteou meus cabelos para trás de for
Voltei ao meu quarto naquela tarde, fiquei andando de um lado para o outro. Tentando pensar em algo para fazer, ter alguma ideia. Mas nada me vinha à mente, e todas as vezes que eu andava pelos corredores me sentia estranha. Era como se aquelas pessoas não me quisessem ali. Suspirei, e logo andei até a sacada. Avistei a aldeia mais a baixo. Eu as entendia, afinal eu era de um reino distante. Elas não tinham obrigação de gostar de mim, mas ainda sim... Era confuso para mim. Ouvi a porta sendo aberta, e me sobressaltei imaginando ser Elder. Mas era aquela jovem camareira que havia me acordado mais cedo, me voltei para ela. - olá. - a moça se sobressaltou, parecia não ter me visto. - senhora, me perdoe. Pensei que o quarto estava vazio. - não, não precisa se desculpar. - lhe lancei um sorriso amigável, ela me fitou. - eu sou Amerie guileard, e você? - eu sei quem a senhora é. - ela sorriu, mas logo parou como se tivesse feito algo errado. - ah perdoe-me pela falta de educação, eu.
Naquela noite, Elder havia me tocado novamente. Eu não tinha sentido dores, ou desconfortos. Mas também não senti mais nada, enquanto ele fez sons e depois se despejou dentro de mim. Meu corpo não esboçou nenhum sinal de desejo, eu não sabia se para as mulheres era daquela forma. Mas me senti extremamente confusa, e desanimada. Quando o dia chegou, olhei para o lado da cama novamente. Ele não estava lá, eu bufei. Mas as palavras de Eriel voltaram à minha mente, e rapidamente eu me pus de pé. Coloquei um vestido azul claro, prendi meus cabelos em um simples rabo de cavalo e desci as escadas. Haviam poucos criados andando pelo castelo, talvez porque ainda fosse muito cedo. Olhei ao redor no grande salão de entrada, era tão lindo pela manhã. A luz do sol entrava na grande sala escura, contrastando com o brilho. Andei um pouco mais, me aproximando do trono. Era lindo, marrom, cheio de detalhes esculpidos. Mas algo me chamou a atenção, haviam desenhos de figuras do que pareciam ser... L
Após sair de dentro da água, Eriel me fitou de cima a baixo e sorriu. - não vai dar nenhum mergulho? - isso não seria apropriado. - assim como respirar não é apropriado para você. - zombou enquanto andava até o cavalo, bufei já brava com suas provocações. - para você é fácil zombar do meu modo de pensar, você é um príncipe. É homem, tem total direito de fazer qualquer coisa sem receber punições ou reclamações, agora eu... Sou uma princesa. É totalmente diferente para mim, e você sabe disso. - ele me encarou rapidamente, e sorriu de relance. Mas não havia felicidade naquele gesto. - acho que você não me conhece. - assim como você não me conhece. - ele se aproximou, eu me encolhi. - e gostaria que eu conhecesse? - eu franzi o cenho, não havia entendido seu tom de voz. O jeito como ele havia me dirigido a palavra, tinha sido tão... Intenso. - ora mas isso... - é uma brincadeira princesa, agora por favor... Vamos embora? - me estendeu a mão, que prontamente eu segurei. Sem dificu
Quando os aplausos cessaram, Gadriela tomou a frente sorrindo. - é um prazer ter cada um de vocês reunidos em nosso baile está noite, são todos bem vindos. - mais aplausos. - mas este baile, nada mais é do que uma celebração... Para que conheçam nossa querida Amerie aladian, esposa de meu filho mais velho, Elder. Venha até aqui querida. - ela me estendeu a mão, suspirei e prontamente me aproximei. Cada olho naquele grande salão, estava em mim. - vejam como ela é linda. - alguns sorriram, outros cochicharam. - gostaria que todos em nosso reino a tratassem com carinho e afeição, vamos todos mostrar a querida Amerie como somos um povo receptivo, para que ela se sinta sempre em casa. - abri um sorriso gentil, alguns outros me retribuíram. Outros, apenas se mantiveram impassiveis. Gadriela apertou minha mão, trazendo-me ainda mais para frente. - diga alguma coisa querida. Eu sempre havia me considerado uma pessoa tímida, que não gostava de falar ou estar no meio de grandes multidões.