capítulo 04: olhos vermelhos

Fiquei ali, no pátio do castelo. Observando ao meu redor, era muito maior do que minha antiga casa. Um pouco sombrio até, mas havia certa beleza ali. Notei que tinham muitos serviçais, e cavaleiros para todo canto.

Já estava quase indo até às portas do castelo, quando a carruagem de Elder adentrou pelos portões. Resolvi esperar até que ele estivesse ao meu lado. Prontamente ele saiu de dentro, e logo se aproximou com seus pais ao seu encalço.

- o que achou da paisagem querida Amerie? - sua mãe me questionou.

- é... Um lugar muito lindo, realmente encantador. - ela sorriu sem demora.

- espero que se sinta confortável, afinal está é sua casa agora. - engoli em seco, mas acenei com a cabeça.

- Elder, leve Amerie para dentro. Ela deve estar muito cansada, e nervosa por conta de tudo o que aconteceu. - ele me encarou de relance, e logo me entendeu a mão.

- vamos lá. - me despedi de seus pais, e segui com ele para dentro.

O salão de entrada era enorme, com várias colunas brancas postas em cada canto do lugar. As escadarias mais a frente eram enormes, levando até o andar de cima. Prontamente subimos, Elder sempre ao meu lado.

Após caminhar um pouco, e passarmos por alguns corredores e quartos. Chegamos ao nosso, que ficava quase fim do corredor. Entrei primeiro, o quarto era grande. Espaçoso, com uma grande sacada para que pudesse ver o reino. Haviam alguns móveis, um grande sofá e a cama no meio do quarto. Ouvi a porta se fechando atrás de mim, e lentamente ouvi os passos de Elder se aproximando. Rapidamente me virei, para que pudesse o encarar. Ele parou subitamente, já abrindo a lapela de sua camiseta.

- sinto muito pelo o que aconteceu na floresta, infelizmente... Esses malditos ladrões de estrada estão aumentando cada dia mais. - ele passou por mim, indo até a cômoda próxima da sacada, pegando uma taça de vinho e bebendo em seguida.

- eu estou bem. - ele me fitou.

- que bom. - cruzei as mãos.

- por quê nunca me falou que tinha um irmão? - logo ele revirou os olhos.

- isso de novo?

- nos conhecemos desde a infância, nem você... Nem seus pais nunca falaram de um outro filho, por quê?

- por quê isso é importante pra você?

- está mesmo me perguntando isso? - eu estava tentando ao máximo conter minha irritação, mas já estava ficando insustentável. Ele bufou, colocou a taça na cômoda, e logo sentou-se no sofá tirando as botas. 

- Eriel nunca foi motivo de orgulho para meus pais, sempre aprontou coisas que comprometeram nosso reino, nossa família. Por isso, durante um tempo... Meus pais resolveram manter a existência dele em segredo. - ergui uma sobrancelha.

- isso é cruel.

- isso é a realeza. - ele me encarou cheio de convicção.

- ele não parece ser uma pessoa ruim. - ele soltou  gargalhada sem felicidade.

- você falou com ele quatro ou cinco vezes e acha que o conhece? Não seja tão ingênua querida Amerie. - eu me empertiguei.

- tem razão, o conheço desde a infância mas desde o momento que disse "sim" parece que você é outra pessoa. - ele parou por um momento, seus olhos encontraram os meus. E eu tive medo, eu não deveria ter falado daquela forma. Ele ficou quieto por um momento, até que logo se pôs de pé e se aproximou. Minha garganta oscilou, ele estendeu a mão e tocou minha bochecha.

- você tem razão, tenho sido rude com você. Agido de forma... Confusa. Peço que me perdoe, pelos segredos, por tudo. Eu não quero que me veja diferente. - ele acariciou meu rosto, mas aquilo fez eu me sentir tão estranha. Ele se aproximou um pouco mais, dando alguns passos até estar a centímetros de mim. Evitei contato visual, até que ele ergueu meu queixo e olhou em meus olhos. Lentamente passando o dedo por meu lábio inferior, e sem aviso ele me beijou.

Meu coração acelerou, seus lábios começaram a se mover de forma intensa contra os meus. Senti suas mãos subindo por minhas costas, trazendo-me para junto de seu corpo. Apoiei minhas mãos em seu peito, enquanto ele me beijava. Sem me dar conta, começamos a andar pelo quarto. E logo, caímos na cama.

Eu estava vermelha quando ele afastou os lábios dos meus, pisquei algumas vezes.

- Elder, eu... Eu...

- estamos casados, querida Amerie, não se preocupe. - novamente ele iniciou o beijo, e eu deixei. Ele estava certo, estávamos casados. E mesmo que eu estivesse me sentindo estranha e confusa em relação a ele, aquilo ainda era minha obrigação.

E eu... Ainda era apaixonada por ele, então deixei que tudo acontecesse.

                          ****

Quando a noite chegou, meu momento com Elder já havia terminado há muito tempo. Durante o ato, eu esperava que fosse doer um pouco. Mas, doeu mais do que o esperado. Elder havia sido um tanto apressado, e mal tinha respeitado meus limites. Mas... Éramos casados. Eu ficava repetindo aquilo. me pus de pé. Ele não estava mais na cama, tratei de tomar um banho rápido. E me lavar, havia sangrado um pouco. Após, vesti um simples vestido amarelo e sai do quarto.

O corredor estava escuro, mal iluminado apenas com algumas tochas. Andei lentamente, tentando não esbarrar em nada, Ou ninguém. Desci as escadarias, estava meio silencioso. Não haviam criados ou qualquer pessoa andando por ali, meu estômago roncou. Com dificuldade, e após andar muito. Consegui encontrar a cozinha, vi alguns pães e algumas comidas na mesa. Tratei de comer o máximo que podia, meu estômago estava seco.

Até que ouvi um barulho, da porta dos fundos sendo aberta. Me sobressaltei, e parei abruptamente. Até que, Eriel entrou. Ele estava sem camiseta, estava sujo de terra. E havia um ferimento em seu rosto, ele estava cheirando a sangue. E seu rosto estava extremamente sério, engoli em seco.

- Eriel? - sussurrei, ele olhou em minha direção como se nunca tivesse me visto. E seus olhos, estavam vermelhos como sangue. Eu paralisei, meu coração começou a bater intensamente como se fosse sair pela boca. Seus olhos se mantiveram em mim, até ele ir embora.

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