Fiquei ali, no pátio do castelo. Observando ao meu redor, era muito maior do que minha antiga casa. Um pouco sombrio até, mas havia certa beleza ali. Notei que tinham muitos serviçais, e cavaleiros para todo canto.
Já estava quase indo até às portas do castelo, quando a carruagem de Elder adentrou pelos portões. Resolvi esperar até que ele estivesse ao meu lado. Prontamente ele saiu de dentro, e logo se aproximou com seus pais ao seu encalço. - o que achou da paisagem querida Amerie? - sua mãe me questionou. - é... Um lugar muito lindo, realmente encantador. - ela sorriu sem demora. - espero que se sinta confortável, afinal está é sua casa agora. - engoli em seco, mas acenei com a cabeça. - Elder, leve Amerie para dentro. Ela deve estar muito cansada, e nervosa por conta de tudo o que aconteceu. - ele me encarou de relance, e logo me entendeu a mão. - vamos lá. - me despedi de seus pais, e segui com ele para dentro. O salão de entrada era enorme, com várias colunas brancas postas em cada canto do lugar. As escadarias mais a frente eram enormes, levando até o andar de cima. Prontamente subimos, Elder sempre ao meu lado. Após caminhar um pouco, e passarmos por alguns corredores e quartos. Chegamos ao nosso, que ficava quase fim do corredor. Entrei primeiro, o quarto era grande. Espaçoso, com uma grande sacada para que pudesse ver o reino. Haviam alguns móveis, um grande sofá e a cama no meio do quarto. Ouvi a porta se fechando atrás de mim, e lentamente ouvi os passos de Elder se aproximando. Rapidamente me virei, para que pudesse o encarar. Ele parou subitamente, já abrindo a lapela de sua camiseta. - sinto muito pelo o que aconteceu na floresta, infelizmente... Esses malditos ladrões de estrada estão aumentando cada dia mais. - ele passou por mim, indo até a cômoda próxima da sacada, pegando uma taça de vinho e bebendo em seguida. - eu estou bem. - ele me fitou. - que bom. - cruzei as mãos. - por quê nunca me falou que tinha um irmão? - logo ele revirou os olhos. - isso de novo? - nos conhecemos desde a infância, nem você... Nem seus pais nunca falaram de um outro filho, por quê? - por quê isso é importante pra você? - está mesmo me perguntando isso? - eu estava tentando ao máximo conter minha irritação, mas já estava ficando insustentável. Ele bufou, colocou a taça na cômoda, e logo sentou-se no sofá tirando as botas. - Eriel nunca foi motivo de orgulho para meus pais, sempre aprontou coisas que comprometeram nosso reino, nossa família. Por isso, durante um tempo... Meus pais resolveram manter a existência dele em segredo. - ergui uma sobrancelha. - isso é cruel. - isso é a realeza. - ele me encarou cheio de convicção. - ele não parece ser uma pessoa ruim. - ele soltou gargalhada sem felicidade. - você falou com ele quatro ou cinco vezes e acha que o conhece? Não seja tão ingênua querida Amerie. - eu me empertiguei. - tem razão, o conheço desde a infância mas desde o momento que disse "sim" parece que você é outra pessoa. - ele parou por um momento, seus olhos encontraram os meus. E eu tive medo, eu não deveria ter falado daquela forma. Ele ficou quieto por um momento, até que logo se pôs de pé e se aproximou. Minha garganta oscilou, ele estendeu a mão e tocou minha bochecha. - você tem razão, tenho sido rude com você. Agido de forma... Confusa. Peço que me perdoe, pelos segredos, por tudo. Eu não quero que me veja diferente. - ele acariciou meu rosto, mas aquilo fez eu me sentir tão estranha. Ele se aproximou um pouco mais, dando alguns passos até estar a centímetros de mim. Evitei contato visual, até que ele ergueu meu queixo e olhou em meus olhos. Lentamente passando o dedo por meu lábio inferior, e sem aviso ele me beijou. Meu coração acelerou, seus lábios começaram a se mover de forma intensa contra os meus. Senti suas mãos subindo por minhas costas, trazendo-me para junto de seu corpo. Apoiei minhas mãos em seu peito, enquanto ele me beijava. Sem me dar conta, começamos a andar pelo quarto. E logo, caímos na cama. Eu estava vermelha quando ele afastou os lábios dos meus, pisquei algumas vezes. - Elder, eu... Eu... - estamos casados, querida Amerie, não se preocupe. - novamente ele iniciou o beijo, e eu deixei. Ele estava certo, estávamos casados. E mesmo que eu estivesse me sentindo estranha e confusa em relação a ele, aquilo ainda era minha obrigação. E eu... Ainda era apaixonada por ele, então deixei que tudo acontecesse. **** Quando a noite chegou, meu momento com Elder já havia terminado há muito tempo. Durante o ato, eu esperava que fosse doer um pouco. Mas, doeu mais do que o esperado. Elder havia sido um tanto apressado, e mal tinha respeitado meus limites. Mas... Éramos casados. Eu ficava repetindo aquilo. me pus de pé. Ele não estava mais na cama, tratei de tomar um banho rápido. E me lavar, havia sangrado um pouco. Após, vesti um simples vestido amarelo e sai do quarto. O corredor estava escuro, mal iluminado apenas com algumas tochas. Andei lentamente, tentando não esbarrar em nada, Ou ninguém. Desci as escadarias, estava meio silencioso. Não haviam criados ou qualquer pessoa andando por ali, meu estômago roncou. Com dificuldade, e após andar muito. Consegui encontrar a cozinha, vi alguns pães e algumas comidas na mesa. Tratei de comer o máximo que podia, meu estômago estava seco. Até que ouvi um barulho, da porta dos fundos sendo aberta. Me sobressaltei, e parei abruptamente. Até que, Eriel entrou. Ele estava sem camiseta, estava sujo de terra. E havia um ferimento em seu rosto, ele estava cheirando a sangue. E seu rosto estava extremamente sério, engoli em seco. - Eriel? - sussurrei, ele olhou em minha direção como se nunca tivesse me visto. E seus olhos, estavam vermelhos como sangue. Eu paralisei, meu coração começou a bater intensamente como se fosse sair pela boca. Seus olhos se mantiveram em mim, até ele ir embora.Voltei para o quarto minutos depois, mas a visão de Eriel daquela forma não saia de minha cabeça. O modo como seus olhos estavam, como ele estava... Parecia ser outra pessoa. Cheguei no quarto, Elder ainda não estava lá. Deitei na cama grande e vazia, e encarei o teto. - será que ele está bem? - sussurrei para mim mesma, pensei em sair do quarto. Tentar encontra-lo, mas isso não seria normal. Apenas fechei os olhos, e adormeci. Minha noite havia sido péssima, tive vários pesadelos. Um deles chamou minha atenção, eu era perseguida por uma criatura de olhos vermelhos e brilhantes. Acordei atordoada, o dia já havia nascido. As camareiras estavam abrindo as persianas, me sobressaltei. - bom dia senhora. - uma jovem se aproximou. - ah... Bom dia. - a rainha a espera para o desjejum. - sim, claro. - tratei de pôr meus pés para fora da cama. A jovem me fitou. - irei ajudá-la a se vestir. - sim, certo. - ela me vestiu em um vestido azul escuro, e penteou meus cabelos para trás de for
Voltei ao meu quarto naquela tarde, fiquei andando de um lado para o outro. Tentando pensar em algo para fazer, ter alguma ideia. Mas nada me vinha à mente, e todas as vezes que eu andava pelos corredores me sentia estranha. Era como se aquelas pessoas não me quisessem ali. Suspirei, e logo andei até a sacada. Avistei a aldeia mais a baixo. Eu as entendia, afinal eu era de um reino distante. Elas não tinham obrigação de gostar de mim, mas ainda sim... Era confuso para mim. Ouvi a porta sendo aberta, e me sobressaltei imaginando ser Elder. Mas era aquela jovem camareira que havia me acordado mais cedo, me voltei para ela. - olá. - a moça se sobressaltou, parecia não ter me visto. - senhora, me perdoe. Pensei que o quarto estava vazio. - não, não precisa se desculpar. - lhe lancei um sorriso amigável, ela me fitou. - eu sou Amerie guileard, e você? - eu sei quem a senhora é. - ela sorriu, mas logo parou como se tivesse feito algo errado. - ah perdoe-me pela falta de educação, eu.
Naquela noite, Elder havia me tocado novamente. Eu não tinha sentido dores, ou desconfortos. Mas também não senti mais nada, enquanto ele fez sons e depois se despejou dentro de mim. Meu corpo não esboçou nenhum sinal de desejo, eu não sabia se para as mulheres era daquela forma. Mas me senti extremamente confusa, e desanimada. Quando o dia chegou, olhei para o lado da cama novamente. Ele não estava lá, eu bufei. Mas as palavras de Eriel voltaram à minha mente, e rapidamente eu me pus de pé. Coloquei um vestido azul claro, prendi meus cabelos em um simples rabo de cavalo e desci as escadas. Haviam poucos criados andando pelo castelo, talvez porque ainda fosse muito cedo. Olhei ao redor no grande salão de entrada, era tão lindo pela manhã. A luz do sol entrava na grande sala escura, contrastando com o brilho. Andei um pouco mais, me aproximando do trono. Era lindo, marrom, cheio de detalhes esculpidos. Mas algo me chamou a atenção, haviam desenhos de figuras do que pareciam ser... L
Após sair de dentro da água, Eriel me fitou de cima a baixo e sorriu. - não vai dar nenhum mergulho? - isso não seria apropriado. - assim como respirar não é apropriado para você. - zombou enquanto andava até o cavalo, bufei já brava com suas provocações. - para você é fácil zombar do meu modo de pensar, você é um príncipe. É homem, tem total direito de fazer qualquer coisa sem receber punições ou reclamações, agora eu... Sou uma princesa. É totalmente diferente para mim, e você sabe disso. - ele me encarou rapidamente, e sorriu de relance. Mas não havia felicidade naquele gesto. - acho que você não me conhece. - assim como você não me conhece. - ele se aproximou, eu me encolhi. - e gostaria que eu conhecesse? - eu franzi o cenho, não havia entendido seu tom de voz. O jeito como ele havia me dirigido a palavra, tinha sido tão... Intenso. - ora mas isso... - é uma brincadeira princesa, agora por favor... Vamos embora? - me estendeu a mão, que prontamente eu segurei. Sem dificu
Quando os aplausos cessaram, Gadriela tomou a frente sorrindo. - é um prazer ter cada um de vocês reunidos em nosso baile está noite, são todos bem vindos. - mais aplausos. - mas este baile, nada mais é do que uma celebração... Para que conheçam nossa querida Amerie aladian, esposa de meu filho mais velho, Elder. Venha até aqui querida. - ela me estendeu a mão, suspirei e prontamente me aproximei. Cada olho naquele grande salão, estava em mim. - vejam como ela é linda. - alguns sorriram, outros cochicharam. - gostaria que todos em nosso reino a tratassem com carinho e afeição, vamos todos mostrar a querida Amerie como somos um povo receptivo, para que ela se sinta sempre em casa. - abri um sorriso gentil, alguns outros me retribuíram. Outros, apenas se mantiveram impassiveis. Gadriela apertou minha mão, trazendo-me ainda mais para frente. - diga alguma coisa querida. Eu sempre havia me considerado uma pessoa tímida, que não gostava de falar ou estar no meio de grandes multidões.
Alguns dias desde o baile, se passaram rapidamente. Minha apresentação ao reino, havia sido muito comentada. Mas eu ainda notava olhares estranhos de algumas pessoas para mim de vez em quando, era algo que me incomodava. Mas eu não queria pensar sobre isso. Elder continuava deixando-me sozinha no quarto na maioria das vezes e sumia por horas, sendo minha única opção ficar trancada no quarto. Mas eu me recusava a fazer aquilo, então passei a andar mais pelos arredores do castelo. Conhecendo melhor o lugar, mesmo que sempre sozinha ou acompanhada de alguma dama de companhia. Eriel, também havia desaparecido. Eu o via de vez em quando pelos corredores, mas ele parecia cada vez mais distante e estranho comigo. Tentei pensar em alguma justificativa para aquela mudança abrupta, muitas coisas me vieram à mente. Eu estava na floresta próxima do jardim, colhendo algumas Flores. Quando avistei Lizibeth, aparentemente ela estava indo até a aldeia. Me aproximei dela sem demora. - Olá Lizibeth
Era uma bela tarde ensolarada, o sol raiava alto no céu. Enquanto os pássaros cantavam, eu estava sentada no banco do pátio do castelo. Observando a beleza do dia, quando avistei Elder se aproximando para passar pelos portões. Me pus de pé em em um salto, e logo segui em sua direção. - está indo até a aldeia?- sim. - irá demorar? - talvez. - me empertiguei, já muito nervosa.- poderia me levar com você? Eu gostaria muito de conhecer. - ele parou subitamente, se voltando para mim em seguida. - é melhor não, sua apresentação ao reino foi um fiasco. Não quer que seja ainda mais envergonhada, quer? - engoli em seco, e o fitei confusa. - mas... Mas como assim um fiasco?- você sequer conseguiu formular uma palavra para os aldeões Amerie, seria melhor ficar aqui e se poupar de mais vergonha. - seu tom era sutil, quase reconfortante. Dei alguns passos para trás, já sentindo uma pontada em meu coração. - certo, tudo bem. - ele continuou a olhar em meu rosto de forma singela, até que s
Fiquei em minha cama grande, revirando-me de um lado para o outro enquanto encarava o teto. Meu encontro recente com Eriel, ainda estava fresco em minha memória. Olhei em direção a porta, e em seguida para a sacada. A lua estava alta no céu, brilhante. Elder estava lá se sabia onde, bufei. Jogando meus pés para fora da cama, em seguida andando lentamente até a sacada. Observei a vastidão da floresta que cobria a montanha, suspirei por alguns instantes. Até que meus olhos avistaram algo estranho, parecia ser alguém saindo pelos portões do castelo. Mas estava usando um capuz, e estava cambaleando. - Elder? - sussurrei para mim mesma, pensando ser ele. Olhei para a porta novamente, se fosse ele. Ele poderia estar precisando de ajuda, corri até a comoda da cama. Pegando um roupão, colocando-o em seguida e seguindo em direção a porta. Desci as escadas em um salto, e já estava quase chegando até as portas do castelo quando avistei vários criados seguindo para fora. Mas aquilo me deixou a