A garota segurou o balde pesado com a água do rio e viu seu reflexo na água. Olhos azuis exaustos a encaravam de volta. Ela não teve tempo para pensar muito, uma voz masculina atrás dela a fez congelar.
-- Continue inclinada, a visão é prazerosa Canary. -- um deles disse. Ela se se virou com o seu coração acelerado.Diante dela havia três lobos e seus olhares predatórios a fizeram recuar.Canary sabia que os lobos faziam o que queriam, mas ainda assim, ela nunca se imaginou naquela situação.-- Tire suas roupas. -- Ordenou o mais alto deles, enquanto os outros esperavam com expectativa, quando ela não se moveu ele gritou. -- Sua mãe se deitava com qualquer um por um pouco de dinheiro. Quer que eu pague? -- eles riram. E ela se encolheu ainda mais, não tinha o que fazer.Era o seu fim, ela sabia.Mas quando toda sua esperança já havia se esgotado. Outro barulho foi ouvido na floresta, todos encararam a mata. E de lá ele surgiu Um enorme lobo vermelho, com olhos de chamas.Ele rugiu cheio de fúria para os lobos, os ameaçando.E eles fugiram desaparecendo. E ela ficou sozinha com o enorme lobo, que logo se transformou em um lindo homem alto de cabelos ruivos, e músculos definidos. Que estava... Nu.Ao notar que estava o encarando, ela se virou sentindo o rosto queimar.Ainda de costas, ela ouviu uma leve risada rouca.-- me perdoe, mas infelizmente eu não fico com roupas de baixo. -- ela sentiu o coração disparar.Nervosa ela notou que tinha trazido uma pequena toalha, ainda de costas ela a jogou para ele.Novamente um sorriso.-- obrigado. -- após alguns instantes, ele emitiu um novo som. -- já estou decente.Ela se virou ainda nervosa, mas agora a toalha já cobria certas partes.Ele sorriu ao ver seu rosto vermelho.-- O-obrigada, por me ajudar... Muitas vezes eles me perseguem, mas nunca assim. -- o homem cerrou o maxilar.-- eles merecem a morte. -- ela o olhou nos olhos. E se assustou ao ver a cor amarelada.-- também acho. -- seus lábios se curvaram para cima.-- eu sou Vahem. -- ele falou bruscamente.-- Canary, sou Canary D'rue. seus olhos pareciam brilhar.-- Canary... Você canta, não é? -- ela se curvou ao ouvir aquela pergunta. Ninguém sabia que ela cantava. Ela só fazia tal coisa quando estava só, ali naquele lago.-- um... Pouco.-- eu percebi, você tem a voz de uma ninfa quando canta. ela sentiu o coração disparar.-- não é meio perigoso? Ficar vindo aqui sozinha? Aonde está sua família? -- seu coração apertou com aquela pergunta.-- eu não sei quem foi meu pai, e... Minha mãe morreu já tem um tempo. -- era horrivel falar aquilo, ainda mais para um estranho.-- entendo como é, também sou sozinho. __ ele disse com pesar. -- mas... As vezes temos que dar um jeito nas coisas, não é? -- ele a questionou sério.Seu coração disparou outra vez, ao ver um leve sorriso em seus lábios. Mas logo ela desviou. Ele a questionou.-- você mora por aqui? Mesmo. -- ela se encolheu levemente. Era uma triste realidade, ela odiava morar ali.-- infelizmente, mas... Eu tenho um sonho de... -- ela parou bruscamente com vergonha. Mas ele se aproximou.-- fale, pode falar Canary. -- o modo como ele pronunciou seu nome, lhe deu coragem.-- eu... Eu quero morar na capital azul. Minha mãe me contava histórias, lá é um bom lugar. Sem... Esses monstros. Estou juntando dinheiro para ir, não quero mais morar aqui. -- por algum motivo Vahem a encarou de forma estranha.-- é um sonho e tanto! Espero que consiga realizar. ela sorriu levemente. Mas logo desviou o olhar.-- obrigada por me ajudar, mas... Eu preciso ir. -- ele parecia querer dizer algo, mas se manteve aonde estava. Enquanto ela subia a ribanceira para ir embora.-- as coisas vão melhorar Canary. -- ele disse de forma gentil. E por algum motivo, seu coração vibrou. *****Ao chegar em sua cabana que ficava em meio a floresta, Canary notou que sua porta havia sido escancarada. Ela adentrou em casa desesperada, e correu até o quarto da dispensa. Lá ela percebeu que toda sua comida para o inverno, havia sido destruída. Ela não tinha mais alimento. Ela se desesperou de imediato. Mas logo lembrou que havia uma aldeia ali perto, ela pegou algumas moedas e partiu em direção a aldeia atrás de alimento. *****A aldeia era governada por um alfa muito violento e controlador. Logo Canary comprou o que precisava, e já partiu de imediato. Mas antes de sair da aldeia, ela notou uma presença forte e autoritária. Tudo parecia parar, todos param. E quando ela olhou para trás, avistou o alfa. Alto de pele branca, de olhos negros como a noite e cabelos pretos. Ele se aproximou lentamente dela.-- qual é o seu nome? -- seu tom de voz era estranhamente potente e amedrontador.-- C-Canary... Alfa. -- seus lábios se curvam levemente para cima.Ele se aproximou mais e anda em volta dela, como se buscasse algo.-- você é linda, magra demais... Mas é linda. -- ela se encolheu levemente. Enquanto todos os encaravam.-- você é daqui?-- não, eu moro na floresta. ele franziu o cenho.-- interessante. -- ele ronronou ao seu ouvido. -- é casada?Ela engoliu em seco.-- não, alfa.-- tem família? -- novamente ela se encolheu.-- não... Minha mãe morreu de febre. -- seus olhos brilharam.-- quero que você seja minha.Ela o encarou sobressaltada.-- o quê?!-- você é linda, quero que seja minha esposa. -- um tom de posse tomou sua voz. Ele falava sério. Canary só queria correr.-- NUNCA!-- nunca? -- ele riu. -- acha que pode me dizer não? É simples Canary. -- ele segurou seu queixo. -- eu a quero, eu a tenho! -- ela tentou correr, tentou se debater.Mas não tinha mais para onde correr, quando os licanos a pegaram a força e a levaram para um casarão enorme no meio da aldeia.De nada seus gritos, seus arranhões adiantaram. Nem mesmo ela implorando.Ela não acreditava que aquilo estava acontecendo, ela não queria se casar. Não o conhecia, não sabia quem ele era.Ela só queria fugir. Mas não era possível, toda a aldeia era cercada por licanos, muito maiores e mais fortes que ela. ******Pouco tempo se passou com ela presa no casarão. Logo mulheres a vestiram com um horrível vestido de noiva, e um homem a levou para o salão principal. Lá haviam muitas pessoas, e o alfa estava no altar a esperando. Ao vê-lo, ela congelou.-- se não quiser morrer moça, é melhor andar. -- o licano que estava ao seu lado, sussurrou.Com a garganta apertada, ela se forçou a andar até o altar. Sentindo as lágrimas quentes, molharem seu rosto.Logo ela estava ao seu lado, o encarando.O alfa sorria triunfante.-- comece. -- ele ordenou ao que parecia ser o pastor.O homem começou a falar e a falar, mas Canary não sabia o que estava acontecendo. Ela só conseguia implorar por socorro em silêncio. encarando cada um, pedindo por ajuda. Mas todos pareciam mortos, frios.O pastor, finalmente terminou o falatório e questionou Canary.-- você... Aceita o alfa como seu marido e seu dono? -- não haviam palavras. Mas o olhar do alfa, era gélido. Ela morreria, ela não aceitaria morrer para ele. Mesmo que isso significasse ter que casar com ele.-- sim... -- o alfa sorrio.Ele assentiu para o bispo, mas antes que o homem oficializasse.Uivos foram ouvidos, os licanos na sala aguçaram seus sentidos.O alfa fez o mesmo. Alguém escancarou a porta de entrada.-- A CASA DE ADORAÇÃO, ESTÁ EM CHAMAS! -- o licano gritou.Todos se puseram de pé.-- PRECISAMOS DE AJUDA. PARECE SER UM ATAQUE, ALFA. -- o alfa rugiu a encarando.-- VÃO TODOS. -- ele ordenou, enquanto Canary se manteve imóvel.Logo todos os licanos saíram correndo em direção a saída.Ela não sabia se estava respirando.Logo apenas ela e o alfa ficaram, assim como dois licanos.Ele a encarava de forma estranha.Uivos e gritos foram ouvidos novamente, e derrepente todas as tochas da sala se apagaram. Os dois licanos se transformaram. E se puseram em posição encarando a porta.Novamente a porta foi aberta, mas foi jogada para longe.Ali de pé, enfrente a ela. Estava ele... Vahem. Em sua forma bestial.O licano estava com a boca cheia de sangue. Os dois licanos foram em sua direção, mas foram rapidamente imobilizados e jogados para longe, com os pescoços quebrados.Canary gritou. O alfa, riu.-- aí está você... Rouge. Quem diria que você ainda guarda tanta mágoa. -- o alfa rosnou, assim como Vahem. -- me encare como homem! Seu bastardo.Mas ele continuou em sua forma bestial. O alfa agarrou a cintura de Canary.-- ela é minha. -- Vahem rugiu. O alfa riu. -- ótimo, vamos acabar com isso.Canary caiu no chão de joelhos tremendo.Vahem com extrema rapidez, correu até eles. Canary sentiu uma pressão contra as costas. Tudo ficou rápido e escuro. Ela estava de olhos fechados, e derrepente. Ela sentiu que estava se movendo. Muito rápido.Ao reabrir os olhos, ela estava em cima dele. Vahem em sua forma bestial estava correndo em direção a floresta, enquanto ela ouviu os gritos e uivos do alfa. Vindo da aldeia em sua direção.Canary estava com seus olhos fechados, não dormindo, mas com medo de reabrir os olhos. Mas agora não dava mais para fingir, lentamente ela abriu os olhos.Uma luz forte e quente a assustou. Ela pôs as mãos em volta de onde estava deitada, e notou que era uma cama. Assustada ela abriu um olhos rápido, olhou ao redor e notou que estava em um quarto. Um enorme quarto bem iluminado, deitada em uma cama gigantesca e confortável. Ao vasculhar o quarto com seus olhos ela viu que sentado em uma cadeira, lá estava ele. Vahem.Ela se mexeu um pouco nervosa, e ele abriu os olhos encarando ela de imediato. Seu rosto estava machucado e seu braço esquerdo estava rasgado. -- bom dia, Canary. -- ele disse sorrindo. Ela se sobressaltou. -- aonde estou, o que... O que aconteceu? -- ele se aproximou da cama, e ela se encolheu um pouco. -- não lembra? -- lembro de algumas coisas, mas... Não lembro de ter chegado aqui. -- seus lábios se curvaram levemente para cima. -- aqui é minha casa, está seg
Canary tenta fugir, ou se desvencilhar do alfa. Mas ele a prende com força, em volta de seus braços enquanto seus licanos rugem para ela. Ele segura seu queixo e fala: -- você acha mesmo que vai escapar de mim, assim? -- ele ri de forma irónica. -- magrela e fraca como você é! Não me leve a mal, eu gosto de ser desafiado Canary! Mas... Tudo tem um limite e está na hora de irmos para casa. -- ele a segura com ainda mais força, mas ela consegue lhe dar um tapa bem forte no rosto e se afastar dele. Os licanos vão para cima dela com extrema velocidade, mas Kyra ergue a mão, ordenando que parem. Canary se mantém firme. -- eu não irei com você a lugar algum! Não sou sua esposa, ou seja lá o que você pensa que eu sou! Eu não queria me casar com você! E nunca faria tal coisa! Nem mesmo se eu estivesse louca! -- ela grita em seu rosto. Kyra abre um sorriso assustador e se aproxima dela novamente, fazendo Canary se encolher. -- eu não gosto de repetir as coisas que digo Canary. -- as garra
Ainda confusa e meio zonza, Canary acordou novamente naquele quarto imenso. E novamente do outro lado do quarto, estava Vahem. Ela se pôs de pé imediatamente, e tão rápido quanto ela, ele veio correndo em sua direção. -- eu ajudo você, você precisa ficar deitada Canary você... -- eu não preciso de nada, só preciso que você me diga que aquilo que me falou, é uma grande mentira. -- ela disse furiosa. Vahem a encarou e havia pena em seu olhar. -- infelizmente não posso falar isso Canary. -- e por quê não? -- porquê não é verdade! -- ela o encarou sentindo o mundo desabar novamente, mas dessa vez, ela se segurou. -- meu pai não era alfa! -- ah é? E como você sabe disso! -- ela o encarou nos olhos. -- eu sei que ele não era. -- Vahem riu com escárnio. -- seu ódio por sua própria raça é tão... -- ela lhe deu um tapa, que fez seu rosto virar para o lado. Vahem virou o rosto lentamente, ele segurou sua mão e a recostou contra a parede. Ela sentiu o ar sair de seus pulmões. -- j
Quando voltaram para a aldeia de Vahem, Canary não conseguia parar de pensar em tudo o que havia acontecido. E em como ela iria agir apartir daquele momento. Quando chegaram no casarão, os dois subiram até o andar de cima, ainda em silêncio. Vahem abriu a porta para ela, que logo adentrou. -- obrigada, por tudo. -- ela disse sentindo a garganta seca. -- não precisa me agradecer por nada, Canary. -- os dois se encararam. -- durma um pouco, amanhã... Temos um dia longo. -- ela assentiu se aproximando da cama. Mas quando se virou para trás, Vahem estava bem atrás dela. Sobressaltada ela se recostou contra a parede. -- o que há? -- ela questionou fitando seu rosto, ele engoliu em seco se aproximando dela. -- eu... Eu só preciso saber se você está bem. -- ele se aproximou ainda mais. Ficando a poucos centímetros dela. -- eu... Eu estou bem. -- não minta para mim. -- ele a olhou no fundo dos olhos. -- não estou. -- ela disse quase como um transe. Ele ergueu levemente uma das mão
Ao decorrer da cerimônia, Canary foi apresentada a todos os licanos da aldeia, como a lua de Vahem. Sua companheira oficial. Mesmo nervosa por estar nessa posição, Canary não se deixou abalar. -- você está indo bem, não se preocupe. São apenas... Regras bobas. -- Merydia disse em seu ouvido. Ela sorriu para Merydia e assentiu ficando meio tensa. Quando enfim foi apresentada para toda a sociedade licano, ela se sentia exausta. Vahem rumou até ela e o modo como ele a encarava era... Intenso.-- precisamos subir agora. -- ele disse em seu ouvido. Ela o fitou. -- tão abrupto? -- ele riu. -- eles precisam nos ver subindo juntos, para que saibam que iremos... -- ele parou bruscamente e engoliu em seco. Canary sentiu o corpo paralisar. -- está bem, vamos. -- ela disse sem medo, por alguma razão. Vahem sorriu novamente para ela. Merydia ficou encarregada de se despedir dos convidados, enquanto ela e Vahem rumavam até o casarão. Canary estava bem ao seu lado, quando Vahem a puxou para
Após Vahem confirmar que seu treinamento começaria no dia seguinte, Canary mal pôde dormir. E não apenas por isso, mas porque ela ainda estava dormindo no mesmo quarto que ele. Na manhã seguinte, ela levantou muito cedo. Mas para sua surpresa, Vahem não estava mais no quarto. Ela se pôs de pé confusa.-- bom dia. -- ela se assustou com a voz de Merydia que já estava entrando no quarto. -- bom dia, como... -- eu senti que você havia acordado, então logo resolvi vir até você. -- Canary a encarou de esguelha. -- você... Sentiu? -- ela riu olhando para Canary. -- é algo que eu conto depois, para você. Agora... Temos coisas melhores para fazer.E logo em seguida ela deu ordens para algumas mulheres entrarem no quarto. Todas traziam roupas de várias formas para Canary. As roupas foram postas em cima da cama, e quando as mulheres saíram Canary correu até as peças, checando cada uma um tanto receosa. -- elas... Elas são para mim? Merydia assentiu sorridente. -- mandei fazê-las para
Enquanto entrava no casarão, Canary ouviu alguém atrás dela. Ao se virar bruscamente, não viu ninguém. Ela deu de ombros, e então deu de cara com Vahem, seu olhar estava gélido. Ele parecia estranho. Ela cruzou os braços enquanto seus lábios se curvavam lentamente para cima. -- não pode fazer isso comigo, Canary. -- ele parecia estar tentando se controlar. -- ah é? E por quê não? -- ela perguntou desafiadora. -- quer saber o por quê? -- ele a segurou pela cintura com extrema força e velocidade, e antes que Canary se desse conta. Ela estava contra a parede, enquanto Vahem estava a centímetros de seus lábios. Ela engoliu em seco ao notar a aproximação. -- Vahem... Foi apenas uma... Brincadeira. -- não sabe como essas "brincadeiras" podem ser perigosas, Canary. -- ele disse sussurrando. Algo dentro dela se acendeu. -- por quê são tão perigosas? Ele riu sem felicidade, apertando sua cintura.-- eu sou um macho, e para todos os efeitos estamos... Unidos. Deveríamos... -- ele parou
Sem nem perceberem, uma comoção generalizada começou. Canary escutou pessoas gritando, e vários licanos correndo na direção dos portões. Enquanto Vahem dá algumas ordens. -- preciso que você cuide de Canary, Merydia. -- ele fala ofegante. Canary o encara rapidamente. -- você vai nos deixar? -- preciso lutar contra ele Canary. -- ele não quer você, ele me quer. -- Vahem parou bruscamente. -- eu sei, mas Kyra é vingativo. Ele preza a vingança mais do que a vontade de ter o que quer, ele quer me matar Canary. Vou ser a distração dele, e acabar com ele. -- Merydia se aproximou. -- você ainda está fraco, Vahem. -- ela falou um tanto aflita. Canary olhou para ela rapidamente.-- o que? Como assim... O que aconteceu? -- Vahem lançou um olhar cortante para a irmã. -- não me olhe assim, você sabe que estou falando a verdade. -- não temos tempo para isso Merydia, se eu não for ele vai matar pessoas inocentes! -- Canary jogou os braços para o alto. -- do que vocês dois estão falando?