Enquanto entrava no casarão, Canary ouviu alguém atrás dela. Ao se virar bruscamente, não viu ninguém. Ela deu de ombros, e então deu de cara com Vahem, seu olhar estava gélido. Ele parecia estranho. Ela cruzou os braços enquanto seus lábios se curvavam lentamente para cima. -- não pode fazer isso comigo, Canary. -- ele parecia estar tentando se controlar. -- ah é? E por quê não? -- ela perguntou desafiadora. -- quer saber o por quê? -- ele a segurou pela cintura com extrema força e velocidade, e antes que Canary se desse conta. Ela estava contra a parede, enquanto Vahem estava a centímetros de seus lábios. Ela engoliu em seco ao notar a aproximação. -- Vahem... Foi apenas uma... Brincadeira. -- não sabe como essas "brincadeiras" podem ser perigosas, Canary. -- ele disse sussurrando. Algo dentro dela se acendeu. -- por quê são tão perigosas? Ele riu sem felicidade, apertando sua cintura.-- eu sou um macho, e para todos os efeitos estamos... Unidos. Deveríamos... -- ele parou
Sem nem perceberem, uma comoção generalizada começou. Canary escutou pessoas gritando, e vários licanos correndo na direção dos portões. Enquanto Vahem dá algumas ordens. -- preciso que você cuide de Canary, Merydia. -- ele fala ofegante. Canary o encara rapidamente. -- você vai nos deixar? -- preciso lutar contra ele Canary. -- ele não quer você, ele me quer. -- Vahem parou bruscamente. -- eu sei, mas Kyra é vingativo. Ele preza a vingança mais do que a vontade de ter o que quer, ele quer me matar Canary. Vou ser a distração dele, e acabar com ele. -- Merydia se aproximou. -- você ainda está fraco, Vahem. -- ela falou um tanto aflita. Canary olhou para ela rapidamente.-- o que? Como assim... O que aconteceu? -- Vahem lançou um olhar cortante para a irmã. -- não me olhe assim, você sabe que estou falando a verdade. -- não temos tempo para isso Merydia, se eu não for ele vai matar pessoas inocentes! -- Canary jogou os braços para o alto. -- do que vocês dois estão falando?
Canary se jogou contra Kyra, rasgando a pele de seu braço. Fazendo jorrar sangue, ela não parava de ir para cima. Mesmo com ele tentando se defender, ela o mordia com ferocidade. -- eu vou te matar, vou te matar pela minha mãe! E vou te matar por Vahem. -- ela disse sem medo. Ela só via vermelho, ela queria tirar sangue dele. Ela o jogou contra o chão, mordendo seu pescoço, mordendo firme. -- PARE SUA MALDITA VADIA! -- ele falava se contorcendo. Ver ele daquela forma, fez ela rir assustadoramente. Mesmo furiosa, e disposta a matá-lo Canary ainda era nova naquilo, era sua primeira vez e Kyra era há anos mais experiente. Ele conseguiu se soltar, e pegou Canary pelo pescoço, a jogando contra a parede. -- CANARY! -- Merydia gritou do outro lado. Atordoada, ela tentou se pôr de pé, mas Kyra correu até ela. E começou a morder seus braços e costelas com extrema violência. Ele era mais forte, mais velho. Ela não teria chance. Kyra a jogou no chão, ela estava sangrando muito. Ele ficou
-- vo... Você o que? -- Canary questionou sentindo o estômago se revirar. Vahem não a olhava nos olhos. -- VOCÊ O QUE VAHEM!? -- Canary, calma ele... -- Merydia tentou tocar nela, mas Canary se afastou. -- nos deixem a sós. -- ele se direcionou aos seus licanos, que logo saíram da sala.Merydia a encarava com pesar. -- é difícil para explicar Canary... -- Merydia, nos deixe por favor. Canary quer falar apenas comigo. -- ele disse de forma firme. Ela assentiu, sem olhar nos olhos de Canary.Logo os dois ficaram sozinhos, e Canary não conseguia respirar. -- Canary eu... -- você é o monstro? Vahem. Ela perguntou sem desviar o olhar. Ele a encarou rapidamente. -- o que? -- Kyra me disse algumas coisas e agora... -- agora você acredita nele? -- NÃO! Vahem, eu não acredito nele! Mas eu não sei em quem acreditar! Vi você decapitando uma criança, e em seguida... Você me conta que destruiu toda uma capital! COMO? -- novamente ele desviou o olhar, mas se pôs de pé. -- tem algo de
Canary foi caminhando atrás de Vahem, olhando para cada canto daquele acampamento. Haviam tantos licanos, todos olhavam para ela com curiosidade. Ela se encolheu. Vahem parou, enfim, enfrente a uma tenda que ficava no meio do acampamento. Ele a fitou de cima a baixo. -- por favor, seja gentil Canary. -- ela lhe lançou um olhar cortante. -- pode deixar, lorde. -- logo ele desviou o olhar, adentrando na tenda. Canary logo em seguida, era quente. Bem iluminada, haviam camas, cadeiras, mesas. Parecia uma casa. -- não estou acreditando. -- ela ouviu uma voz masculina falar. -- você veio mesmo irmão.Um macho alto, de olhos verdes, cabelos negros em tranças curtas, e pele como a de Merydia. Rumou até Vahem o abraçando fortemente. -- eu estou aqui, irmão! Eu prometi! Não foi? -- o macho sorriu alegremente. -- é, e olha que você é péssimo com promessas. -- alguns licanos riram. Vahem sorria alegremente, de forma que Canary nunca havia visto. O macho parecia ter notado a existência d
Canary começou a correr o mais rápido que suas pernas conseguiam, mas ele estava transformado. E para todos os efeitos, naquele momento ela era só uma humana fraca. Ela tentou se transformar, mas nada veio. Ela não poderia fugir dele. Ela se jogou em uma ribanceira, caindo em um lago. E correu ainda mais, mesmo ferida. Ela se escondeu atrás de arbustos, e ele parecia ter sumido. O som de seus rosnados atrás dela, haviam cessado.Ela tentou respirar o mais devagar que podia. Até ouvir a respiração dele atrás dela.Ela gritou de pavor, e tentou fugir. Mas Vahem se jogou contra ela, a prendendo contra seu corpo. Ele era pesado, ela mal estava aguentando. -- Vahem... Vahem sou eu, Canary! Por favor... -- ele rugiu em seu rosto, lhe mostrando as enormes presas. Ela não entendia, ele estava irracional. Aquele era... Seu lado sombrio, o lado ruim. -- Vahem por favor, não faça nada me perdoe eu... -- ela começou a procurar por alguma pedra, ou galho ao seu redor, mas nada encontrou. Até
Canary encarou Dennyel, e respirou fundo. -- então... Me sangue é mágico? -- o macho sorriu para ela, e negou com a cabeça. -- não, não é bem assim! Mas seu sangue tem propriedades que podem nos ajudar. -- ela o fitou. -- ainda é confuso para mim, como descobriram isso? E como sabem que pode dar certo? -- estamos estudando você a muito tempo, Canary. -- ela ouviu a voz de Merydia. -- estão é? -- ela questionou encarando Vahem. Mas ele não olhou para ela. -- e por quê vocês simplesmente não me falaram isso? Talvez eu teria vindo de boa vontade, se soubesse que meu sangue poderia ajudar dessa maneira. -- Vahem continuo distante. -- você estava com raiva de mim...-- estou. -- ela corrigiu prontamente. Ele a fitou rapidamente, mas logo desviou o olhar. -- está! E você estava fugindo, eu não queria perder essa oportunidade Canary. -- ela cruzou os braços. -- bem e você... -- e seu sangue pode nos ajudar a derrotar não só Kyra, mas muitos outros que já nos fizeram mal. -- Mery
Merydia estava pálida, enquanto encarava o casarão antigo. Canary a fitou, ainda pasma pela revelação que havia acabado de receber. -- vocês... Tem mais um irmão? Um irmão gêmeo? -- ela assentiu com pesar. Canary notou como aquilo parecia difícil para ela. -- não precisa me contar nada, se for duro para você Merydia. -- ela sorriu gentilmente para Canary. -- não, você precisa saber. Nós vivíamos aqui, há... Muitos, muitos anos atrás. -- Canary se sobressaltou. -- Vahem e Klaus foram os primeiros filhos de meus pais, eu cheguei apenas alguns anos depois. Mas crescemos juntos, ou... Quase isso. -- ela disse com pesar. -- meu pai era bom apenas em poucas lembranças minhas, mas na verdade ele era um monstro! Um maldito licano que não amava ninguém. -- Merydia cuspiu no chão. -- ele não me amava, nunca me amou. Por isso, eu vivia mais próxima de minha mãe, sabe? Ele detestava ter uma filha mulher, ele quase me matou no nascimento, mas minha mãe implorou por mim e ele... Me deixou. --