Ainda confusa e meio zonza, Canary acordou novamente naquele quarto imenso.
E novamente do outro lado do quarto, estava Vahem.Ela se pôs de pé imediatamente, e tão rápido quanto ela, ele veio correndo em sua direção.-- eu ajudo você, você precisa ficar deitada Canary você...-- eu não preciso de nada, só preciso que você me diga que aquilo que me falou, é uma grande mentira. -- ela disse furiosa.Vahem a encarou e havia pena em seu olhar.-- infelizmente não posso falar isso Canary.-- e por quê não?-- porquê não é verdade! -- ela o encarou sentindo o mundo desabar novamente, mas dessa vez, ela se segurou.-- meu pai não era alfa!-- ah é? E como você sabe disso! -- ela o encarou nos olhos.-- eu sei que ele não era. -- Vahem riu com escárnio.-- seu ódio por sua própria raça é tão... -- ela lhe deu um tapa, que fez seu rosto virar para o lado.Vahem virou o rosto lentamente, ele segurou sua mão e a recostou contra a parede.Ela sentiu o ar sair de seus pulmões.-- já estou me cansando dessa brincadeira, Canary. -- ele disse lhe mostrando os dentes. Mas ela não se encolheu.-- vamos... Me mostre quem você é de verdade. -- ela disse o desafiando.Algo em seus olhos parecia ter brilhado.Ele respirou fundo, encarou seus lábios e se afastou.Ele ergueu a manga da camisa que estava usando, e lhe mostrou novamente a meia lua.-- vê isso? Sabe o que significa? -- ela tentou desviar o olhar, mas não conseguiu.-- significa que eu sou seu, e você... É minha! Somos um do outro, somos a lua gêmea Canary. -- ela riu com escárnio.-- EU NÃO VOU CEDER A ESSA SUA M*****A TRADIÇÃO LICANO, PORQUÊ EU NÃO SOU UMA LICANO!Seus olhos pareciam estar em chamas.Vahem se afastou, e seus olhos amarelos brilharam.-- quer ficar aqui e se remoer sem aceitar a verdade? Ótimo! Faça isso. -- e logo em seguida ele saiu e bateu a porta.Canary correu até lá, e chutou a porta Furiosa.-- VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE FUGIR SEU MALDITO COVARDE, ISSO NÃO É VERDADE! NÃO É. -- ela gritou ficando sem voz.E logo em seguida, caiu de joelhos em frente a porta.Sentindo a meia lua em seu braço arder.Ela começou a chorar desesperadamente. ****Mais tarde aquela noite, ela não havia descido para comer. E Vahem, bateu na porta.Ela não se virou para olhar para ele.Lentamente ele se aproximou da cama, e sentou ao lado dela. Ela sentiu seu braço quente se aproximando dela, mas ele parou bruscamente.-- não quero fazer isso Canary, não quero tratar você dessa forma! Não quero ser esse tipo de macho. -- ela se encolheu.-- por favor, tente me ouvir. Tente... Tente entender, eu imploro. -- havia sinceridade e cansaço em sua voz.Mas ela se manteve em silêncio.-- você quer fugir? O faça... Vá para onde quiser, eu não vou continuar a tentar. -- sua voz ficou fria, e de repente ele se pôs de pé e rumou até a porta.Mas então ele parou.-- só quero que saiba, eu sou seu Canary. -- e então ele saiu. Mas ela não ouviu a porta sendo trancada.Seu coração disparou, ela não queria ficar ali. Sua mente iria explodir a qualquer momento, ela sabia.Então ela rumou até a porta e saiu correndo em direção as escadas, ela desceu rapidamente e foi em direção ao portão da muralha. Quando estava quase saindo, ela parou bruscamente. Sua meia lua queimou como fogo, e algo em seu coração doeu como se ela estivesse levando uma facada.Mas ela correu sem medo em direção a floresta. ****Ela foi subindo até chegar em uma espécie de penhasco, lágrimas rolavam por seu rosto.Sua meia lua ardeu de forma laciante e ela se jogou no chão, gritando de dor.-- O QUE VOCÊ QUER? -- ela berrou.Sua cabeça começou a doer, sem parar. Ela sentiu seu corpo tremer. Ela gritou de dor. Ela tocou em sua boca, e notou que presas enormes estavam crescendo.Ela começou a chorar ainda mais desesperada, ela sentia que iria morrer. Aquilo não podia ser verdade.-- Canary, shh... Ei! -- Vahem se ajoelhou ao seu lado, a puxando para perto de si.Ele tocou em seu rosto.-- eu estou aqui! Está bem? -- ela assentiu ainda sentindo muita dor.Ele a envolveu em seus braços, ela se deixou sentir aquela sensação. A dor da meia lua, passou instantemente.Era como se... Ela estivesse chamando ele.Sem avisar, Vahem tocou seu queixo a encarou no fundo dos olhos, enxugou suas lágrimas e a beijou.Canary sentiu todo o seu corpo estremecer, mas não de uma forma ruim. Ela passou as mãos por cima de sua nuca e o puxou para perto, o retribuindo.Foi um beijo... Confuso. Ela não sabia porque estava fazendo isso.Mas então, eles se afastaram e Canary o encarou sem lágrimas nos olhos.-- quem foi meu pai? -- Vahem parou bruscamente.-- Canary...-- é ele? -- ela sentiu o estômago revirar. Vahem abaixou sua cabeça, e a encarou cheio de remorso.-- sim, é ele. -- ela quis vomitar naquele instante.-- como?-- ele era obcecado por sua mãe, mas ela não o queria! Ele a obrigou Canary. -- ela queria gritar.-- como você sabe disso?-- foi eu quem a salvou, bem... Quem tentou. -- ela sentiu impotência em sua voz.Ela se pôs pé rapidamente, e gritou Furiosa. Ela só queria matar Kyra, acabar com ele de dentro para fora.-- Canary... Ei! -- Vahem segurou em seus ombros. -- sei o que você está pensando, mas não deve agir ainda... Você tem algo dentro de você Canary, algo que eu nunca vi! É uma força desenfreada, que precisa ser estudada! -- ela tentou desviar o rosto, mas ele segurou seu queixo.-- sei que você não me ama, e nem quer fazer tal coisa! Mas eu... Posso ajudar você! Posso ajudar você a descobrir quem é! Mas para isso, você precisa estar junto de mim, Canary. -- ele se afastou bruscamente.Ela o encarou no fundo dos olhos.-- quer dizer... Ser sua lua?-- sim. -- ele disse sem desvirar o olhar.-- não precisa me amar, ou... Ter qualquer obrigação comigo! Só precisa estar ligada a mim, para que os outros... A aceitem e a ajudem. -- Canary se encolheu levemente. Ela se afastou um pouco.Ela o encarou de repente e falou:-- você disse lá no quarto, que... Eu poderia fugir. Mas você veio atrás de mim... Por quê? -- ele engoliu em seco.E tocou o braço aonde estava a marca.-- eu ouvi minha lua chamar, e não ficaria parado lá. -- algo dentro de seu coração acelerou.Ela tocou na marca e então o encarou sem medo.-- serei sua lua, para que possa matar o Kyra. Mas... Apenas por isso. -- seus olhos amarelos pareciam brasas.-- se assim desejar. -- ele disse sem receio.Ela se aproximou dele.-- e... Como celamos isso? -- ele a trouxe para perto, pegou seu braço esquerdo e tocou na marca.Lentamente ele levou o braço dela até os lábios, e beijou a meia lua.Canary sentiu um breve arrepio.-- vai doer só um pouco. -- ele mordeu seu braço, derramando um pouco de sangue. Logo em seguida ele fez o mesmo com seu braço.E lentamente ele juntou as luas no mesmo sangue.Ele tocou o queixo de Canary.-- só servirei a você... Minha lua. -- ele disse sem receio. E aquilo fez o coração dela acelerar.-- e eu... A você.Ela dizia a si mesma que era apenas por sua vingança, e ela queria muito acreditar nisso naquele momento.Quando voltaram para a aldeia de Vahem, Canary não conseguia parar de pensar em tudo o que havia acontecido. E em como ela iria agir apartir daquele momento. Quando chegaram no casarão, os dois subiram até o andar de cima, ainda em silêncio. Vahem abriu a porta para ela, que logo adentrou. -- obrigada, por tudo. -- ela disse sentindo a garganta seca. -- não precisa me agradecer por nada, Canary. -- os dois se encararam. -- durma um pouco, amanhã... Temos um dia longo. -- ela assentiu se aproximando da cama. Mas quando se virou para trás, Vahem estava bem atrás dela. Sobressaltada ela se recostou contra a parede. -- o que há? -- ela questionou fitando seu rosto, ele engoliu em seco se aproximando dela. -- eu... Eu só preciso saber se você está bem. -- ele se aproximou ainda mais. Ficando a poucos centímetros dela. -- eu... Eu estou bem. -- não minta para mim. -- ele a olhou no fundo dos olhos. -- não estou. -- ela disse quase como um transe. Ele ergueu levemente uma das mão
Ao decorrer da cerimônia, Canary foi apresentada a todos os licanos da aldeia, como a lua de Vahem. Sua companheira oficial. Mesmo nervosa por estar nessa posição, Canary não se deixou abalar. -- você está indo bem, não se preocupe. São apenas... Regras bobas. -- Merydia disse em seu ouvido. Ela sorriu para Merydia e assentiu ficando meio tensa. Quando enfim foi apresentada para toda a sociedade licano, ela se sentia exausta. Vahem rumou até ela e o modo como ele a encarava era... Intenso.-- precisamos subir agora. -- ele disse em seu ouvido. Ela o fitou. -- tão abrupto? -- ele riu. -- eles precisam nos ver subindo juntos, para que saibam que iremos... -- ele parou bruscamente e engoliu em seco. Canary sentiu o corpo paralisar. -- está bem, vamos. -- ela disse sem medo, por alguma razão. Vahem sorriu novamente para ela. Merydia ficou encarregada de se despedir dos convidados, enquanto ela e Vahem rumavam até o casarão. Canary estava bem ao seu lado, quando Vahem a puxou para
Após Vahem confirmar que seu treinamento começaria no dia seguinte, Canary mal pôde dormir. E não apenas por isso, mas porque ela ainda estava dormindo no mesmo quarto que ele. Na manhã seguinte, ela levantou muito cedo. Mas para sua surpresa, Vahem não estava mais no quarto. Ela se pôs de pé confusa.-- bom dia. -- ela se assustou com a voz de Merydia que já estava entrando no quarto. -- bom dia, como... -- eu senti que você havia acordado, então logo resolvi vir até você. -- Canary a encarou de esguelha. -- você... Sentiu? -- ela riu olhando para Canary. -- é algo que eu conto depois, para você. Agora... Temos coisas melhores para fazer.E logo em seguida ela deu ordens para algumas mulheres entrarem no quarto. Todas traziam roupas de várias formas para Canary. As roupas foram postas em cima da cama, e quando as mulheres saíram Canary correu até as peças, checando cada uma um tanto receosa. -- elas... Elas são para mim? Merydia assentiu sorridente. -- mandei fazê-las para
Enquanto entrava no casarão, Canary ouviu alguém atrás dela. Ao se virar bruscamente, não viu ninguém. Ela deu de ombros, e então deu de cara com Vahem, seu olhar estava gélido. Ele parecia estranho. Ela cruzou os braços enquanto seus lábios se curvavam lentamente para cima. -- não pode fazer isso comigo, Canary. -- ele parecia estar tentando se controlar. -- ah é? E por quê não? -- ela perguntou desafiadora. -- quer saber o por quê? -- ele a segurou pela cintura com extrema força e velocidade, e antes que Canary se desse conta. Ela estava contra a parede, enquanto Vahem estava a centímetros de seus lábios. Ela engoliu em seco ao notar a aproximação. -- Vahem... Foi apenas uma... Brincadeira. -- não sabe como essas "brincadeiras" podem ser perigosas, Canary. -- ele disse sussurrando. Algo dentro dela se acendeu. -- por quê são tão perigosas? Ele riu sem felicidade, apertando sua cintura.-- eu sou um macho, e para todos os efeitos estamos... Unidos. Deveríamos... -- ele parou
Sem nem perceberem, uma comoção generalizada começou. Canary escutou pessoas gritando, e vários licanos correndo na direção dos portões. Enquanto Vahem dá algumas ordens. -- preciso que você cuide de Canary, Merydia. -- ele fala ofegante. Canary o encara rapidamente. -- você vai nos deixar? -- preciso lutar contra ele Canary. -- ele não quer você, ele me quer. -- Vahem parou bruscamente. -- eu sei, mas Kyra é vingativo. Ele preza a vingança mais do que a vontade de ter o que quer, ele quer me matar Canary. Vou ser a distração dele, e acabar com ele. -- Merydia se aproximou. -- você ainda está fraco, Vahem. -- ela falou um tanto aflita. Canary olhou para ela rapidamente.-- o que? Como assim... O que aconteceu? -- Vahem lançou um olhar cortante para a irmã. -- não me olhe assim, você sabe que estou falando a verdade. -- não temos tempo para isso Merydia, se eu não for ele vai matar pessoas inocentes! -- Canary jogou os braços para o alto. -- do que vocês dois estão falando?
Canary se jogou contra Kyra, rasgando a pele de seu braço. Fazendo jorrar sangue, ela não parava de ir para cima. Mesmo com ele tentando se defender, ela o mordia com ferocidade. -- eu vou te matar, vou te matar pela minha mãe! E vou te matar por Vahem. -- ela disse sem medo. Ela só via vermelho, ela queria tirar sangue dele. Ela o jogou contra o chão, mordendo seu pescoço, mordendo firme. -- PARE SUA MALDITA VADIA! -- ele falava se contorcendo. Ver ele daquela forma, fez ela rir assustadoramente. Mesmo furiosa, e disposta a matá-lo Canary ainda era nova naquilo, era sua primeira vez e Kyra era há anos mais experiente. Ele conseguiu se soltar, e pegou Canary pelo pescoço, a jogando contra a parede. -- CANARY! -- Merydia gritou do outro lado. Atordoada, ela tentou se pôr de pé, mas Kyra correu até ela. E começou a morder seus braços e costelas com extrema violência. Ele era mais forte, mais velho. Ela não teria chance. Kyra a jogou no chão, ela estava sangrando muito. Ele ficou
-- vo... Você o que? -- Canary questionou sentindo o estômago se revirar. Vahem não a olhava nos olhos. -- VOCÊ O QUE VAHEM!? -- Canary, calma ele... -- Merydia tentou tocar nela, mas Canary se afastou. -- nos deixem a sós. -- ele se direcionou aos seus licanos, que logo saíram da sala.Merydia a encarava com pesar. -- é difícil para explicar Canary... -- Merydia, nos deixe por favor. Canary quer falar apenas comigo. -- ele disse de forma firme. Ela assentiu, sem olhar nos olhos de Canary.Logo os dois ficaram sozinhos, e Canary não conseguia respirar. -- Canary eu... -- você é o monstro? Vahem. Ela perguntou sem desviar o olhar. Ele a encarou rapidamente. -- o que? -- Kyra me disse algumas coisas e agora... -- agora você acredita nele? -- NÃO! Vahem, eu não acredito nele! Mas eu não sei em quem acreditar! Vi você decapitando uma criança, e em seguida... Você me conta que destruiu toda uma capital! COMO? -- novamente ele desviou o olhar, mas se pôs de pé. -- tem algo de
Canary foi caminhando atrás de Vahem, olhando para cada canto daquele acampamento. Haviam tantos licanos, todos olhavam para ela com curiosidade. Ela se encolheu. Vahem parou, enfim, enfrente a uma tenda que ficava no meio do acampamento. Ele a fitou de cima a baixo. -- por favor, seja gentil Canary. -- ela lhe lançou um olhar cortante. -- pode deixar, lorde. -- logo ele desviou o olhar, adentrando na tenda. Canary logo em seguida, era quente. Bem iluminada, haviam camas, cadeiras, mesas. Parecia uma casa. -- não estou acreditando. -- ela ouviu uma voz masculina falar. -- você veio mesmo irmão.Um macho alto, de olhos verdes, cabelos negros em tranças curtas, e pele como a de Merydia. Rumou até Vahem o abraçando fortemente. -- eu estou aqui, irmão! Eu prometi! Não foi? -- o macho sorriu alegremente. -- é, e olha que você é péssimo com promessas. -- alguns licanos riram. Vahem sorria alegremente, de forma que Canary nunca havia visto. O macho parecia ter notado a existência d