Caminho de um lado a outro na sala da paróquia, com minha mãe e Alice tentando me acalmar. No entanto, só uma pessoa pode me acalmar, mesmo sendo a razão do meu nervosismo.
— Filha, você vai acabar furando o chão. – Minha mãe ralha comigo mais uma vez.— Já falei com ela, dona Mira, mas essa criatura não ouve. – Minha amiga se põe ao lado da minha mãe.— Preciso falar com ele. – Digo, surpreendendo as duas.— Seu noivo não pode te ver vestida de branco, dá azar. – Minha mãe é supersticiosa ao extremo.— Só sairei daqui quando falar com ele, e outra, a senhora sabe que não acredito nessas coisas. Por favor, Mali, você pode chamá-lo, prometo que serei breve. – Faço minha melhor cara de gato de botas, e minha mãe levanta as mãos derrotada.As duas saem, e logo ouço uma batida na porta. Sabia que meu amigo estava aqui; meu coração batia no ritmo de uma bateria de escola de samba.— Oi, estranha. – Ele diz ao entrar.— Noah, não consigo fazer isso. – Desabafo com ele. — Não consigo mentir perante o padre, perante as pessoas.— Se acalme, Avah, nós não estamos mentindo, apenas ocultando alguns fatos.— Ocultando fatos importantes, Noah. Estou com medo, muito medo. – Sinto meu peito se agitar novamente, e antes de ter uma crise de asma, Noah me entrega minha bombinha. Após algumas borrifadas, me sinto tranquila.— Capitã desastre. – Ao ouvir ele dizer meu apelido de infância, olho para ele. — Só confio em você para fazer isso, mas não vou pressioná-la. Se acha que não consegue, posso ir lá fora e cancelar tudo, invento uma desculpa e ponho a culpa em mim – Noah me dá um sorriso indicando que a decisão está em minhas mãos, penso por alguns segundos antes de me sentar derrotada.— Vamos logo com isso, Troll. Não podemos deixar nossos amigos e familiares esperando. – Não acredito que realmente farei isso.— Você quem manda, chaveirinho. Te espero no altar.— Eu serei a de branco. – Ele olha para mim e sorri.— Pensei que se casaria com sacos de lixo.— Haha! Isso é obra da minha mãe. Essa foi a condição dela para que eu visse te visse, você sabe o quanto dona Altamira é religiosa.— Estou doido para ver o que tem debaixo disso. – Dei um soco nele.— Sai logo daqui, o Oscar de la haha. – Antes de se retirar, Noah beija o topo da cabeça e se vai.Respiro fundo e me sento para esperar minha deixa para entrar. Espero sinceramente que essa loucura dê certo para ambos.Sabe aquele dia em que você acorda, mas não tem muita vontade? Pois é, assim estou eu.— Avah Aparecida Telles Cunha, você tem cinco minutos para descer ou vai se atrasar. – Minha mãe gritou pela décima vez nesta manhã.Levantei sem nenhuma vontade, me arrastei para o banheiro e fiz tudo o que precisava fazer. Quando estava pronta, desci e minha mãe me olhava de cara fechada.— Bom dia, mãe.— Bom dia, Avah. Você tem ideia do horário que chegou ontem? – Ela perguntou, e eu neguei com a cabeça. — Filha, sei que você é uma menina estudiosa, trabalhadora e tal, mas precisa parar de sair para beber. Você quase perdeu a hora do seu estágio.— Eu sei, mas é que o Noah insistiu tanto para eu ficar na festa dele mais um pouco que acabei cedendo. – Minha mãe olhou para mim, e eu sabia que o sermão não tinha parado por aí. No entanto, assim que me viu massageando os olhos, ela se calou. Estava levando o copo de café à boca quando meu celular apitou."Oi, babyboo, conseguiu acordar bem?" – Noah
Estava fazendo algumas anotações distraidamente quando meu celular apitou. "Babyboo, já estou chegando para te buscar." – Noah diz e me assusto com o horário, estava tão imersa no trabalho que nem percebi a hora. Arrumei minhas coisas e desci para esperá-lo, não demorou muito Noah chegou e abriu a porta para mim com um sorriso. — Que sorriso é esse? – Pergunto a ele curiosa. — Não é nada, vamos babyboo? – Durante o trajeto para minha casa fomos conversando sobre nossos dias de trabalho e conto a ele que não poderei sair, pois tenho até amanhã para descobrir algo inédito sobre o incidente na casa de Fabrício de Lucca. — Por que a sua chefe não faz a pesquisa? Afinal ela tem muito mais contatos que você. — Até parece que você não conhece Luiza, e conhece bem já que vocês saíram algumas vezes mesmo ela dizendo que ama o noivo. – Ele sorriu da minha careta. — Acho que posso dar um jeito nisso, você só precisa se arrumar e deixar o resto comigo. – Ele diz com seu leve sotaqu
Quando cheguei na casa de Noah, tia Sophie me abraçou apertado.— Minha querida, que saudade de você. Como anda os namoradinhos?— Não tenho tempo para isso. – Tia Sophie olhou para mim e sorri.— Ainda tenho esperança de que você e meu cabeça de vento se casem. – Soltei uma gargalhada, e ela olhou para mim. — Perca as esperanças, pois desse mato não sai coelho.— Nunca diga nunca, querida. – Ela me beijou mais uma vez, e logo meu amigo me levou para longe.Aaron, ao me ver, me abraçou apertado. Florência fez a mesma coisa. Ambos eram uns amores, assim como seus filhos. Estava conversando com Aaron e Florência quando Noah me puxou pelo braço, dizendo que eu precisava ver alguma coisa.— O que foi, seu chato? Eles estavam me contando sobre a viagem deles.— Nada, eu só queria ter a minha amiga só para mim.Nos deitamos no jardim e ficamos admirando as estrelas. Do nada, ele me mostra uma garrafa de vinho e sorri.— Se eu beber hoje, minha mãe vai ficar uma fera comigo.— Relaxa, babybo
Quando entrei, Luiza me chamou e avisou que enviou algumas matérias para que eu verifique a ortografia. O primeiro era de um cantor que havia sido alvo de um esquema criminoso, o segundo era de atores que estavam especulando que o casamento deles era de fachada. A manchete era bem sensacionalista, e me perguntei quem em sã consciência se casaria com outra pessoa por contrato.— Avah, você viu que Luiz Antonio Calazans e Juliana Calazans estão sendo acusados de ter um casamento de fachada? Quando essa matéria sair, os fãs ficarão enlouquecidos.— Me pergunto se isso é uma fonte segura. – Digo enquanto continuo a ler a matéria.— É sim, pois a Martinha nunca posta uma mentira, eles vão perder muitos contratos, e os haters vão cair de pau neles.— Não sei pra que as pessoas perdem seu precioso tempo se preocupando com a vida alheia. Pra mim, são um bando de desocupados.— Amiga, se fossemos nós a nos casarmos por contrato, ninguém ligaria, agora eles são famosos, é outro nível.Digo a el
Noah SchimidtQuando cheguei em casa, fui recebido com alegria, por todos, quer dizer, quase todos, já que meu pai me encarava com cara de poucos amigos.— Vá descansar, filho, amanhã é um novo dia. – Minha mãe sorriu.— Amanhã temos muito o que conversar. – Meu pai me encarou e se retirou.Seus olhos demonstravam decepção.— Não liga para ele, seu pai é duro, mas está feliz por tê-lo de volta. – Sei, as vezes acho que ele queria ter apenas Aaron como filho, mas também quem pode culpá-lo, não sou o melhor dos filhos. Fui para o meu quarto e me deitei. Antes de dormir, enviei uma mensagem para Avah, e ficamos conversando por horas até que minha mãe entrou me avisando que estava na hora de tomar os meus remédios.No dia seguinte, estava tomando café quando meu pai me chamou para o seu escritório. Quando entrei, ele me pediu para sentar.— Noah, as coisas estão insustentáveis, suas atitudes são inaceitáveis. – Ele me encara severamente.— Pai, apenas me divirto, vai dizer que você nunca
Avah TellesMeu dia estava sendo uma merda. Tudo começou quando minha adorável chefe tentou, de todas as formas, novamente entrar em contato com Fabrício de Lucca, escritor que está sendo acusado de assassinar a esposa. Ele foi inocentado, e minha chefe acha que ele é culpado. Ela é uma vaca, mas tem um excelente faro investigativo. Claro que a “ralé" faz todo o trabalho, e ela leva o crédito.— Avah, você já terminou aquela matéria? – Marcos se aproximou, estalando os dedos na minha frente. Na hora, minha vontade era de socar a cara dele.— Está perguntando se reescrevi aquela porcaria sem sentido que você jogou na minha mesa? – Ele ergueu uma sobrancelha. — Sim, terminei. Vê se da próxima vez se atenta aos erros ortográficos, eles estavam gritantes.— Não me diga o que fazer. Você é uma mera estagiária, e esse é o seu trabalho. Me envia o arquivo pronto agora. – Respira, Avah, você precisa passar por isso para poder conquistar seu objetivo.Finalmente, chegou a hora do meu almoço, m
Noah SchmidtEu precisava consertar as coisas com Avah, minha melhor amiga, minha parceira. Quando minha mãe entrou com uma bandeja repleta de comidinhas.— Como você está meu filho? – Ela sentou ao meu lado.— Estou melhorando, mãe, obrigado. – Sorri para ela que retribuiu.— Você sempre foi meu menino levado, sempre aprontando correndo por aí, arrumando confusão, sempre com seu jeitinho entediado, depois que conheceu Avah vocês se tornaram quase um, uma combinação perfeita, sempre soube que acabariam se apaixonando e se casando no processo. – Seu entusiasmo me fez coçar a testa.Acendi um cigarro, buscando clareza, e liguei para Maciel, pedindo que comprasse sanduíches e suco de laranja, pois sabia que ele era o preferido de Avah. Deixei um bilhete com Maciel antes que saísse.Avah entrou em meu quarto à noite, e o silêncio tenso nos envolveu. Ambos estávamos pensando, meus pais entraram em meu quarto e quando nos viram sorriram, quando meu pai disse que acertaria as coisas com a su
Mais um dia de cão. Luiza, minha chefe, estava gritando feito uma louca no escritório. Parece que ela acordou com o pé esquerdo e decidiu descontar em todos nós. O estresse do trabalho estava me consumindo, e a contagem regressiva para o casamento só intensificava a pressão que estava vivendo. Eu precisava de um momento para respirar, para espairecer antes de surtar de vez.Decidi dar uma escapada na hora do meu intervalo e fui até a cafeteria mais próxima. O aroma do café recém-passado envolvia o ambiente, me acalmando instantaneamente. Enquanto esperava na fila, meu celular não parava de vibrar com mensagens sobre os preparativos do casamento. Entre um gole de café e outro, tentava coordenar todos os detalhes.Ao sair da cafeteria, mergulhada nos meus pensamentos, esbarrei em alguém e, como se fosse uma cena de filme clichê, meu café foi parar na blusa de um desconhecido. Olhei para cima, já pronta para me desculpar, e me deparei com o rosto familiar de um homem. Ele estava disfarça