Capítulo Dois

Estava fazendo algumas anotações distraidamente quando meu celular apitou.

"Babyboo, já estou chegando para te buscar." – Noah diz e me assusto com o horário, estava tão imersa no trabalho que nem percebi a hora.

Arrumei minhas coisas e desci para esperá-lo, não demorou muito Noah chegou e abriu a porta para mim com um sorriso.

— Que sorriso é esse? – Pergunto a ele curiosa.

— Não é nada, vamos babyboo? – Durante o trajeto para minha casa fomos conversando sobre nossos dias de trabalho e conto a ele que não poderei sair, pois tenho até amanhã para descobrir algo inédito sobre o incidente na casa de Fabrício de Lucca.

— Por que a sua chefe não faz a pesquisa? Afinal ela tem muito mais contatos que você.

— Até parece que você não conhece Luiza, e conhece bem já que vocês saíram algumas vezes mesmo ela dizendo que ama o noivo. – Ele sorriu da minha careta.

— Acho que posso dar um jeito nisso, você só precisa se arrumar e deixar o resto comigo. – Ele diz com seu leve sotaque alemão.

Noah me deixa em casa e ao entrar vejo minha mãe sentada assistindo novela das seis, dou um beijo em seu rosto e vou para o meu quarto, chegando lá faço mais algumas pesquisas sobre o caso do escritor e não encontro nada de novo, se pelo menos conhecesse alguma fonte que pudesse revelar alguma coisa, cogitei dar uma volta onde ele mora, mas como é um condomínio luxuoso, duvido que as pessoas falaram algo. Guardei tudo e fiquei olhando para o teto, as vezes me pergunto como minha amizade com Noah perdura por tanto tempo. Sou transportadora para alguns anos atrás quando a família de meu amigo chegou aqui.

* Flashback On*

Meu pai acabará de falecer a alguns meses e minha mãe e eu estávamos em luto, mas as contas começaram a chegar e o dono do imóvel onde morávamos pediu para que nos retirassemos, pois não havíamos pago o aluguel. Minha mãe é cozinheira, mas tinha abdicado de trabalhar para ficar comigo, meu pai era quem trabalhava para prover o sustento.

— Filha, sei que você só tem sete anos, mas já consegue entender o que estamos passando aqui, seu pai foi arrancado de nós e agora somos apenas você e eu, precisamos nos manter e você vai precisar me ajudar. – Não entendi muito bem o que minha mãe estava dizendo só sabia que ela precisava de mim. — Uma amiga conseguiu um trabalho para mim na casa de uma familia que estão se mudando para o Brasil, eles tem um filho da sua idade e preciso que você o ajude a se adaptar, também preciso que se comporte já que vamos morar em sua casa. – Apenas balançava a cabeça afirmando.

Entregamos a casa em que morávamos e guardamos as nossas coisas na casa da minha vó, o plano do meu pai sempre foi reformar a casa para morarmos, mas como o dinheiro estava sempre curto o sonho foi adiado, a casa estava mofada e caindo aos pedaços, mas não tínhamos outro lugar para guardar as coisas, minha mãe prometeu que quando começasse a ganhar dinheiro iria reformar a casa.

Chegamos a mansão e fiquei encantada logo de cara, o lugar era muito grande, minha mãe chamou um dos seguranças e explicou quem era e logo o portão foi aberto para nós. Quando entramos na casa principal me senti em um castelo, minha mãe me alertou para não mexer em nada e ficar ao seu lado e foi o que fiz.

Uma mulher que falava português bem enrolado nos chamou para sentar e conversou com a minha mãe explicando sobre o trabalho a dieta do marido e tals, eu como era muito pequena estava achando a conversa muito chata e queria mesmo era poder explorar o casarão. A mulher se voltou para mim e sorriu perguntando meu nome, logo em seguida ela chamou os seus filhos e os apresentou, Aaron estava com dez anos e era lindo, nem preciso dizer que me apaixonei por ele (rs), desceu um menino que regulava ter a minha idade, ele também era bonito mais a sua cara fechada e entediada não o deixava bonito, dona Sophie nós apresentou e Noah fez uma cara de tanto faz.

No outro dia fomos para a casa deles, minha mãe tinha um quarto amplo e muito bonito dona Sophie insistiu para que eu tivesse meu próprio quarto mais minha mãe negou dizendo que ficaríamos juntas. A princípio me dava muito bem com Aaron ele me fazia perguntas engraçadas e eu o auxiliava, já Noah sempre que podia se isolava e fingia que eu não era ninguém, mas tudo mudou no dia em que ele me deu um tapa, fiquei com tanta raiva que fui pra cima dele e o bati até Aaron chegar e me tirar de cima do irmão. Quando chegamos a cozinha minha mãe ralhou comigo dizendo que eu era uma mocinha e não deveria brigar que agora ela seria demitida por isso e nessa hora fiquei com medo, mas para nossa surpresa dona Sophie ficou ao meu lado ela viu toda a cena de longe e disse que o filho precisava aprender uma lição, minha mãe ficou aliviada e depois desse dia não nos desgrudamos mais.

* Flashback Off*

— Você ainda não está pronta? – Noah pergunta me assustando, perguntei a ele quanto tempo estava aqui. — Estou aqui a tempo suficiente para ver a sua cara de pamonha, anda logo ele diz e foi até o meu guarda-roupa e escolheu uma roupa e jogou na cama estava distraída e nem percebi que ele havia aberto a minha gaveta de calcinha.

— Babyboo, você precisa de calcinhas melhores, essas calcinhas da vovó corta o tesão de qualquer um. – Me levantei correndo e tentei pegar uma calcinha que estava em sua mão, mas o idiota a levantava no alto rindo, para piorar a cena minha mãe apareceu e fiquei ainda mais constrangida.

— Tá vendo o que você fez idiota, agora minha mãe vai pensar besteiras.

— Dona Mira sabe que somos melhores amigos.

— Só somos amigos porque acabei com você quando éramos crianças.

— Naquele dia você virou um demônio 2.0, ai pensei, se não posso com a inimiga me juntarei a ela.

Ele ria e nesse momento consegui tirar a minha calcinha de sua mão, sai do quarto e fui para o banheiro tomar banho e me vestir, assim que voltei para o quarto meu amigo assobiou e joguei minha toalha nele. Descemos e minha mãe nos interceptou perguntando onde iríamos.

— Aaron voltou da viagem de férias com a família e vou levar Avah para o jantar de boas vindas. –Minha mãe olhou para nós por algum tempo e depois assentiu.

— Vê se não bebe hoje, por que tem bebido demais, uma hora dessas vai acabar dando ruim pra você.

— Pode deixar mãe. – Nos despedimos dela e entramos no carro.

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