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Capítulo Três

Quando cheguei na casa de Noah, tia Sophie me abraçou apertado.

— Minha querida, que saudade de você. Como anda os namoradinhos?

— Não tenho tempo para isso. – Tia Sophie olhou para mim e sorri.

— Ainda tenho esperança de que você e meu cabeça de vento se casem. – Soltei uma gargalhada, e ela olhou para mim. — Perca as esperanças, pois desse mato não sai coelho.

— Nunca diga nunca, querida. – Ela me beijou mais uma vez, e logo meu amigo me levou para longe.

Aaron, ao me ver, me abraçou apertado. Florência fez a mesma coisa. Ambos eram uns amores, assim como seus filhos. Estava conversando com Aaron e Florência quando Noah me puxou pelo braço, dizendo que eu precisava ver alguma coisa.

— O que foi, seu chato? Eles estavam me contando sobre a viagem deles.

— Nada, eu só queria ter a minha amiga só para mim.

Nos deitamos no jardim e ficamos admirando as estrelas. Do nada, ele me mostra uma garrafa de vinho e sorri.

— Se eu beber hoje, minha mãe vai ficar uma fera comigo.

— Relaxa, babyboo! A vida foi feita para ser curtida.

— E a dor de cabeça para ser sentida. – Digo, pegando o seu cigarro e apagando em seguida. — Você sabe que odeio quando fuma, isso faz mal.

— Está preocupada comigo, minha chaveirinho?

— Não quero perder o meu melhor amigo; você ainda precisa me dar sobrinhos e outra para de dizer que sou sua, isso é irritante.

Ele olhou para mim dando seu sorriso torto. Nossa amizade tem uma leveza perfeita. Somos opostos que dão certo juntos. Noah acabou me convencendo, como sempre faz, e acabei bebendo. Já estávamos no último gole da garrafa quando tio Joseph nos chamou para jantar.

O jantar foi regado a conversas animadas e palhaçadas de Noah e minha também, confesso. Ele me chamou para o balanço, e ficamos brincando como se fôssemos crianças.

— Estamos ficando velhos para essas coisas. – Meu amigo me encarou.

— Idade é só um número; temos que aproveitar cada segundo para viver o aqui e o agora.

Noah é aquele típico badboy que os pais mandam se afastar. Gosta de motos, fuma que nem uma chaminé, bebe que nem um opala. "Se bem que bebo igualmente." Mas ele tem um bom coração, é prestativo, carinhoso, e...

— No que está pensando? – Ele soprou a fumaça na minha cara e depois riu quando lhe dei um soco. — Sério, no que está pensando? Você estava com aquela cara de paisagem.

— Estou pensando que preciso ir embora. A sua vida está ganha, mas a minha não está.

Noah finalizou o seu cigarro e me chamou para irmos. Me despedi de sua família, que nos convidaram, a mim e a minha mãe, para um churrasco no final de semana. Dona Altamira tenho certeza de que não irá; ela acha estranho frequentar a casa dos antigos patrões, mesmo eles nos tratando como parte da família.

— Chegamos, girassol. Quer que eu te leve para o trabalho amanhã?

— Você é meu amigo e não meu chofer. E outra coisa, se continuar assim, ficarei mal acostumada.

— Eu gosto de mimar a minha melhor amiga.

— Hum! – Nossa conversa foi interrompida pelo toque do seu celular. Quando ouvi o nome Amanda, revirei os olhos. Ela é o que há de pior. Amanda é uma mistura de todas as patricinhas insuportáveis de filme adolescente, só que ao contrário das meninas ela é uma mulher de 28 anos.

— O que foi? – Noah olhou para mim enquanto me preparava para sair.

— Vai lá curtir com a sua patricinha piriguete.

— Isso tudo é ciúmes de mim?

— No dia que eu sentir ciúmes de você, as calotas polares serão extintas. – Ele gargalhou e me lançou um beijinho no ar, enquanto eu lhe dei o dedo do meio.

Minha mãe estava fazendo tricô e quando me viu olhou para mim e depois para o relógio que ficava em cima da televisão, lhe desejei boa noite e fui dormir. Na manhã seguinte não tinha a mínima vontade de levantar, mas sabia que como estagiária não podia me dar ao luxo. Enquanto escovava meus dentes, olhei-me no espelho e recitei meu mantra. “Avah Aparecida Telles Cunha, hoje você precisa dar o melhor de si.” Já devidamente vestida fui para o ponto de ônibus, enquanto esperava a condução, pus meus fones e escolhi uma música do Ed Sheeran, meu ruivinho favorito. Estava animada balançando meu corpo ao ritmo da música, quando sinto alguém me abraçar por trás. No mesmo momento, dei uma cotovelada na pessoa que protesta; rapidamente tirei meu fone e vi que era Noah.

— Nossa, que cotovelo de elefante você tem. – Ele massageava o local que o atingi.

— Você me assustou; sabe que eu tenho um bom reflexo.

— Isso eu sei, mas pensei que você saberia que era eu. – Me aproximei dele e o cheirei; as pessoas que estavam no ponto me observaram pensando que eu era louca. — O que foi? Gostou do meu cheiro? – Ele perguntou sorridente.

— Está com cheiro de vadia, por isso que não te reconheci. Você dormiu com a Amanda, né? Nem precisa me dizer, pelo cheiro eu já sei que sim, e depois me pergunta por que eu te chamo de galinheiro.

Noah balançou a cabeça e foi para o seu carro; acho que ele ficou chateado pelo o que disse.

— Calma, babyboo! Posso ter outras, mas você sempre será a

única. – Ele gritou do seu carro chamando ainda mais atenção para nós, e eu não sabia onde enfiar a cara. — Vamos, vou te levar para o trabalho.

Abaixei a cabeça envergonhada e caminhei até o seu carro; quando entrei, perguntei se precisava de tudo aquilo, e ele disse que era vingança por eu tê-lo chamado de galinheiro.

— Da próxima vez te chamo de aparador de puta. – Estava emburrada pela vergonha.

— Você quem sabe, eu tenho um repertório para te envergonhar.

Me despedi dele, que me avisou que me levaria para almoçar; o lembrei que ao contrário dele sou uma “lacaia” e não tenho tanto tempo de almoço.

— Darei meio jeitinho com a sua chefe. – Noah me deu sua famosa piscadela e se foi.

Jeitinho? Sei exatamente o que ele fará. Luiza é noiva e parece não se importar com seu noivo; é por isso que não ponho a mão no fogo por ninguém.

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