Capítulo Cinco

Noah Schimidt

Quando cheguei em casa, fui recebido com alegria, por todos, quer dizer, quase todos, já que meu pai me encarava com cara de poucos amigos.

— Vá descansar, filho, amanhã é um novo dia. – Minha mãe sorriu.

— Amanhã temos muito o que conversar. – Meu pai me encarou e se retirou.

Seus olhos demonstravam decepção.

— Não liga para ele, seu pai é duro, mas está feliz por tê-lo de volta. – Sei, as vezes acho que ele queria ter apenas Aaron como filho, mas também quem pode culpá-lo, não sou o melhor dos filhos. 

Fui para o meu quarto e me deitei. Antes de dormir, enviei uma mensagem para Avah, e ficamos conversando por horas até que minha mãe entrou me avisando que estava na hora de tomar os meus remédios.

No dia seguinte, estava tomando café quando meu pai me chamou para o seu escritório. Quando entrei, ele me pediu para sentar.

— Noah, as coisas estão insustentáveis, suas atitudes são inaceitáveis. – Ele me encara severamente.

— Pai, apenas me divirto, vai dizer que você nunca fez isso? – Perguntei a ele.

— Sempre tive responsabilidades, você daqui a pouco terá 30 anos. E precisa agir como tal. – Meu pai fala como se eu fosse fazer trinta anos amanhã, ainda sou jovem. 

Ele chamou minha mãe para participar da conversa e depois de resolver algo em seu celular, olhou para mim.

— Noah, assim que você se recuperar, nós vamos a uma agência de casamento.

Minha mãe e eu olhamos para meu pai incrédulos.

— Tá de sacanagem? Você quer que eu me case com uma completa estranha? Está achando que isso me fará sossegar?

— Joseph querido n...

— Sophie, nosso filho é adulto e age como um adolescente, ele vai agir como um homem da sua idade e o primeiro passo é se casar – meu pai interrompeu a minha mãe.

— Acha que isso me fará mudar? – Perguntei reprimindo a vontade de rir. 

— Você tem duas opções: Ou se casa, ou será deserdado? A escolha é toda sua. – Duas opções furadas.

Minha mãe tenta interceder, mas sem sucesso, meu pai estava irredutível.

— Não posso me casar pai. – Digo a ele que me encara.

— Mas vai. – Nós três ficamos em silêncio por um bom tempo até que algo passou pela minha cabeça.

— Não posso me casar com uma completa estranha.

— Você tem algum bom motivo para que eu não arranje um casamento para você?

— Eu amo alguém e estou tendo um relacionamento com ela. – Os dois me encaram surpresos.

— Quem é essa mulher, Noah? – Minha mãe perguntou. 

— Avah, nós meio que estamos namorando e é por esse motivo que não posso me casar com outra. 

Na mesma hora, meus pais sorriram empolgados. Eu sabia que quando dissesse o nome de Avah, eles se empolgariam.

— Eu sabia! Aquele abraço no hospital ia muito além de um abraço entre amigos. – Minha mãe sorria de orelha a orelha. 

— Que ótima notícia filho. Então podemos marcar a data do casamento já que a consideramos da família.

— Eu não posso fazer isso com a Avah, ela começou a estagiar no emprego que sempre almejou e ainda é jovem, não posso prendê-la a um casamento.

— Um casamento não prende ninguém, será muito bom para os dois e não vai influenciar na carreira dela e nem na sua, porque de agora em diante você terá mais responsabilidades na empresa e não vai ficar passeando de um lado a outro, feito um idiota transando com qualquer uma que te dê confiança.

Eu estava muito fodido, como iria contar para Avah que acabei mentindo para os meus pais e eles querem marcar a data do nosso casamento, com certeza meu funeral aconteceria antes do meu casamento.

Saí do escritório do meu pai e com dificuldade andei até o meu quarto, me deitei e fiquei pensando.

Ouço barulho na porta e dou permissão para entrar. Avah surgiu fechando a porta atrás de si.

— Oi, como está? – Ela se aproxima da minha cama.

— Tô bem, vem deitar aqui, meu potinho de pimenta.

— Você e seus apelidos, vou pintar meu cabelo de azul e aí quero ver me chamar assim.

— Gosto do seu cabelo vermelho. – Ela olhou para mim por algum tempo e suspirou.

— Não faço mais idiotices Noah, você me assustou, o que eu faria sem meu chato de galochas? – Avah alisou meu rosto e depois olhou para o cinzeiro. — Você anda fumando mais que o normal.

— Tem hora que você parece a minha mãe.

— Só queremos o seu bem.

O silêncio voltou a reinar, e me virei para ficar de frente para Avah. Preciso tomar coragem e contar para ela que “acidentalmente" acabei a pondo em uma enrrascada. Me preparei para conversar com ela quando a porta é aberta por minha mãe que ao nos ver deitados sorri. Avah rapidamente levanta e pega a bandeja da mão de minha mãe, ela ficou nos encarando por um tempo e depois se retirou.

— Noah, por que a sua mãe está mais estranha que o normal? Você viu como ela nos encarou? Tia Sophie cismou que casaremos algum dia, coitada! Mal sabe ela que somos completos opostos.

— Avah, acho que fiz uma merda e você vai me matar. – Ela me encarou e me entregou o copo de suco de laranja para que eu tomasse a minha medicação.

— Nada que você faz me abala Noah, mas por curiosidade, me conte o que aprontou dessa vez?

— Meus pais, na verdade meu pai, quer me casar em um desses lugares que arranjam casamentos, segundo ele, irei sossegar depois de me casar.

— Credo! Em que séculos estamos? Tio Joseph pegou pesado agora e o que você respondeu? Aposto que falou alguma coisa idiota que o fez querer te matar.

— Na verdade, meus pais ficaram surpresos e agora estão ansiosos para que eu me case.

— E que doida se casará com você? – Ela gargalhou.

— Você será essa doida?

Avah me encarou de olhos arregalados.

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