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Capítulo Quatro

Quando entrei, Luiza me chamou e avisou que enviou algumas matérias para que eu verifique a ortografia. O primeiro era de um cantor que havia sido alvo de um esquema criminoso, o segundo era de atores que estavam especulando que o casamento deles era de fachada. A manchete era bem sensacionalista, e me perguntei quem em sã consciência se casaria com outra pessoa por contrato.

— Avah, você viu que Luiz Antonio Calazans e Juliana Calazans estão sendo acusados de ter um casamento de fachada? Quando essa matéria sair, os fãs ficarão enlouquecidos.

— Me pergunto se isso é uma fonte segura. – Digo enquanto continuo a ler a matéria.

— É sim, pois a Martinha nunca posta uma mentira, eles vão perder muitos contratos, e os haters vão cair de pau neles.

— Não sei pra que as pessoas perdem seu precioso tempo se preocupando com a vida alheia. Pra mim, são um bando de desocupados.

— Amiga, se fossemos nós a nos casarmos por contrato, ninguém ligaria, agora eles são famosos, é outro nível.

Digo a ela que nunca me casaria por contrato, e ela me diz a mesma coisa. Antigamente, eu entendo que as pessoas precisam se casar por contrato para garantir sobrevivência, mas em pleno século 21, quem faria uma coisa dessas? Para casar é preciso ter amor e cumplicidade. “Falou a garota que só se fodeu no amor, vai trabalhar Avah.” Meu cérebro trata de me jogar no limbo, juro que às vezes sinto como se habitassem duas almas dentro de mim, comecei a rir sozinha e só parei quando Luiza passou por mim me encarando.

Na hora do almoço, como combinado, meu amigo conseguiu convencer a minha chefe a estender o meu horário de almoço. Quando perguntei o que ele ofereceu a ela em troca, ele apenas sorriu maliciosamente.

— Não sei por que perco meu tempo com você. – Revirei os olhos.

— Por que você me ama.

— O amor e o ódio caminham de mãos dadas. – Fiz meu pedido e permaneci quieta.

— Estou fazendo amor com todas as mulheres, mas meu coração vai ser pra sempre seu. – Ele cantarolou para me perturbar.

Ao retornar do meu almoço, me deparei com um bilhete de Luiza avisando que quando ela retornasse, eu deveria acompanhá-la à casa de Fabrício de Lucca, pois ela tentaria uma entrevista com ele. Acredito que ela não irá conseguir nada.

“Avah, vamos comigo em uma festinha hoje?” Me despedi de Noah, não tem nem uma hora, e ele já está me enviando mensagem.

“Está louco? Sai praticamente a semana inteira, se eu sair hoje também a minha mãe vai brigar comigo.”

“Então tá babyboo, não quero ver a tia Mira irritada com você, nos falamos depois.”

Travei meu celular e finalizei o que havia sido me solicitado. Quando Luiza chegou, me levou para a casa de Fabrício, onde um segurança nos pediu para nos retirarmos. Eu já previa isso, só que a minha chefe parece que tem titica na cabeça. Ela disse que não iria desistir, demos a volta, e quando chegamos atrás da propriedade, Luiza me mandou escalar o muro e entrar.

— Você percebe que não tem como, e outra eu posso ser processada por invasão. – Minha chefe soltou uma lufada de ar frustrada.

— Já não se fazem funcionários como antigamente.

Se ela está tão curiosa assim, porque não entra lá sozinha, agora vem querer me botar na rabuda, nunca será.

Voltamos para a redação, com Luiza completamente emburrada e reclamando de tudo e todos; ela se trancou na sala do senhor Ismael, e tenho certeza que deve estar reclamando. O restante do dia passou voando, e finalmente fui para casa; quando cheguei, minha mãe perguntou se eu iria sair novamente e neguei balançando a cabeça, ela então ergueu as mãos aos céus, e eu comecei a rir.

Estava dormindo quando meu celular começou a tocar insistentemente, quem será uma hora dessas?

— Alô! – Atendi ainda sonolenta.

— Senhora Avah Aparecida? – Credo! Só minha mãe me chama assim. — Aqui é do hospital Santa Luzia, o seu contato é o primeiro da lista.

— Dá onde? – Estava completamente confusa.

— Hospital Santa Luzia, um rapaz chamado Noah Rech Schimidt deu entrada a pouco. – Me levantei da cama em um pulo.

— Ele está bem? Já estou a caminho. – Digo tudo de uma vez e depois desligo.

Bato na porta do quarto da minha mãe e aviso a ela sobre o que está acontecendo, na mesma hora ela fica preocupada e diz que irá ligar para os pais dele; peço um Uber e rapidamente cheguei no hospital, fui até a recepção e perguntei pelo meu amigo. A recepcionista com cara de cansada me avisou que o doutor surgiria em breve, então me sentei na cadeira e fiquei um tempo ali aguardando. Já estava cochilando quando o doutor surgiu.

— E então doutor, como ele está? – Perguntei preocupada.

— Seu namorado precisou realizar uma cirurgia de emergência.

— Ele é meu amigo. – O doutor olhou meio confuso.

— Engraçado, durante a cirurgia ele não parava de chamar o seu nome.

O doutor mudou de assunto e me explicou sobre a cirurgia, perguntei se poderia ver o meu amigo e ele me disse que sim. Quando cheguei ao quarto, vi Noah deitado, ele estava com a perna no alto e alguns hematomas nos olhos.

— Oi, Babyboo. – Ele disse com a voz fraca. Primeiro dei um tapa em seu braço e depois o abracei. — Quer me matar?

— Deveria, você dirigiu bêbado e sofreu um acidente, ainda bem que não feriu ninguém. Você me deixou preocupada, sabia. Seu cabeça de vento? – O abracei mais uma vez.

Os pais dele entraram correndo e ficaram ao lado do filho, meu amigo levou um sermão daqueles e olhou para mim sorrindo.

— Por favor, gente, depois vocês “comem meu rabo.” Eu só queria um cigarrinho e descansar.

Noah sorriu para nós, e seus pais reviraram os olhos.

— Eu desisto! Ele está por sua conta. – Tia Sophie se levantou.

— Vou amenizar os danos. – Tio Joseph se retirou sobrando apenas nós dois.

— Eles não entendem meu humor negro.

Dei mais um tapa nele e passamos o restante da madrugada conversando, quando ele dormiu me despedi da tia Sophie e fui para casa, pois já estava quase na hora de ir para o trabalho.

— Como ele está? – Minha mãe perguntou assim que cheguei em casa.

Expliquei o ocorrido a ela que apenas balançou a cabeça em negativa e depois disse que nós dois temos que tomar um rumo na vida, quando ela diz um rumo na vida quer dizer arrumar uma pessoa e se casar.

— Mãe mais eu sou uma pessoa certa.

— Você tenta minha filha, mas é tão descabeçada quanto Noah. Vocês vivem em festas, vivem de cara cheia, acho que tá na hora de você arrumar um cara bacana e sossegar.

— Dona Altamira, você não existe! Me deixa tomar um banho porque preciso ir para o meu estágio. – Minha mãe disse que faria um café bem reforçado para mim, e agradeci a ela.

O dia de hoje foi uma verdadeira loucura, Luiza estava de péssimo humor, porque discutiu com seu noivo, depois reclamou comigo e disse que eu deveria valorizar o emprego que muitas pessoas se matariam para ter. Para piorar, acabei dormindo no ônibus e passei do ponto, precisei pegar um outro ônibus para ir poder chegar ao hospital e quando cheguei lá me deparei com Amanda falando com aquela voz irritante de bebê.

— Não sabia que você viria aqui. – Precisei respirar fundo para não dar um murro nela.

— Você não precisa saber de nada, na verdade não era pra você estar aqui, vem cá meu potinho de pimenta. – Ele me chamou e o encarei.

— Amorzinho! Está me dispensando? – Revirei os olhos.

— Não sou seu amor Amanda, para de graça. Vem cá. – Amanda olhou para nós e depois saiu do quarto irritada. — Me conta como foi o seu dia? – Depois de contar todos os detalhes a ele, Noah apenas riu. — Olha pelo lado positivo pelo menos, você está bem, já no meu caso. – Ele aponta para a sua perna que ainda está elevada.

— “Mad” você está proibido de morrer, não sei como seria a minha vida sem my Close Friend. – Ele soltou uma gargalhada e só parou quando sentiu dor.

— Me chamou de louco e de amigo íntimo na mesma frase, é por isso que amo você. – O estava abraçando quando a tia Sophie entrou e sorriu, Ela não tira da cabeça esse lance de casamento.

Me despedi deles, e tia Sophie pediu para Maciel me levar para casa, ele era o motorista da família que tem uma queda pela minha mãe. Apesar de Maciel ser legal, minha mãe só tem espaço para uma pessoa em seu coração que é o meu pai.

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